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ESTUDEMED – BIOQUÍMICA.2 – MIKAIO DELGADO 47 URINANÁLISE – URANÁLISE – EXAME DE URINA CARACTERÍSTICAS GERAIS DO EXAME DE URINA Por este exame vemos a saúde de órgãos e inclusos de sistemas como um todo aliado a uma boa Anamnese e a um bom Exame Físico do paciente. A COLETA • Deve-se prezar pela contaminação mínima. • Desprezar o primeiro jato de urina, pois ele geralmente contém uma concentração bastante alta de substâncias metabólicas, pois a urina está sendo armazenada e conforme o corpo filtra, mais substâncias se concentra na urina que é enviada a bexiga. • Higienização da Genitália antes da coleta. ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS • No geral deve-se pedir que seja a primeira urina do dia, porém pode ser feito com no mínimo 2h de retenção. A Análise necessita deste tempo para avaliação de substâncias que são presentes na urina conforme ocorre a retenção e a concentração desta urina. • O Paciente deve evitar exercícios físicos, pois estes em grande intensidade podem acarretar em Proteinúria e Creatinúria. • Evitar por no mínimo 7 dias o uso de contrastes para exames de imagem. ARMAZENAMENTO • Deve ser feito em ambiente frio de 2 a 24 horas, depois disso a amostra já não terá a mesma confiabilidade para se fazer a análise. COMPONENTES DA ANÁLISE • Análise Física, refere-se a macroscopia da urina com o pH e a Densidade da mesma. • Análise Química, refere-se a análise feita pela Fita reagente ou pela Análise Automatizada. • Sedimentoscopia, refere-se principalmente aos fatores microscópicos presentes na urina. EXAME DE URINA ANÁLISE FÍSICA Exame Físico Valores Normais Odor: Sui Generis Cor: Amarelo Citrino Aspecto: Límpido Ph: 5,5 – 6,0 Densidade: 1.010 – 1.025 Abordando os Aspecto Macroscópico do exame, veremos a que se referem cada aspecto. ESTUDEMED – BIOQUÍMICA.2 – MIKAIO DELGADO 48 • Cor da Urina: Sui Generis, significa dizer que deve ter o odor comum de urina, sem odor de pus, adocicado dentre outros. • Cor: Amarelo Citrino, um amarelo bem vivo, bem claro. • Aspecto: Límpido, uma urina clara, com aspecto mais transparente, sem ser concentrada. • Atenção: Devemos estar atentos há fatores externos que podem alterar a coloração, o que significa dizer que o paciente pode não estar doente, mas Medicamentos, a Desidratação por Exercício Físico e outros fatores podem ser congruentes para a mudança da cor da urina. • pH: O Potencial de Hidrogênio, pode variar de 4,5 até 8,0, isso com valores específicos para mulheres e para os homens. O Ciclo do pH é variável ao horário do dia, ao que comemos, a degradação e síntese de proteínas. • Densidade: Varia entre 1.010 a 1.025, este fator indica a capacidade do rim de reter substâncias, portanto quando o rim não trabalha bem a urina se torna mais densa, mais concentrada seja em proteínas, aminoácidos, eletrólitos ou glicose. ANÁLISE QUÍMICA Exame Químico Valores Normais Glicose: Negativo Cetonas: Negativo Hemoglobina: Negativo Proteínas: <0,15g/L Urubilinogênio: <1 EU/dL Bilirrubinas: Negativo Nitrito: Negativo Essa é em si a Análise mais importante da Urina. • Sobre a Fita Regente: É um método colorimétrico e semiquantitativo. Esse método consiste em que após a Fita Reagente ser mergulhada na Urina, ela mostra uma cor, marcando se a urina está bem ou não. Este método aponta na Tabela de Cores que acompanha as fitas, uma tabela com os Marcadores de Análise mostrados acima define cada coloração da fita. Este método também é semiquantitativo, pois a Fita pode apontar cruzes para os Marcadores, o que indica se é algo Normal +, Leve ++, Moderado ou Grave +++ e Agudo ++++. • Glicose: Indica um quadro Hiperglicêmico, necessariamente não aponta Diabetes Tipo 2, porém é um quadro preocupante. Antes de 160 a 170 mg/dL, o Rim já não consegue absorver a Glicose, portanto ela vai para a Urina, isso se caracteriza em quadros de Hiperglicemia e de Diabetes Tipo 2. Porém quando o valor está em torno de 125 a 130 mg/dL, já temos um provável quadro de Diabetes Tipo 2 e vale salientar que problemas Glomerulares podem gerar também a má absorção de Glicose. • Cetonas (Corpos Cetônicos): Quando a glicose não consegue ser reabsorvida para ocorrer o processo de Respiração Celular, o corpo passa a utilizar os Ácidos Graxos, que são Gorduras. Estes Ácidos Graxos formam Acetoacetato e Beta Hidroxibutirato. Vale salientar que a Fita Reagente, as mais comuns detectam apenas o Acetoacetato, porém um paciente diabético pode ter Ácidos Graxos Altos sendo apresentados na forma de Beta Hidroxibutirato. Este quadro também é característico de longos períodos de jejum. ESTUDEMED – BIOQUÍMICA.2 – MIKAIO DELGADO 49 • Hemoglobina: Normalmente não deve haver, porém pequenos sangramentos internos, que todavia podem não ser patológicos podem levar a presença de Hemoglobina na Urina. • Proteínas: A proteína aponta a função primordial do Rim, que é a reabsorção de Proteínas, Glicose e Íons. Porém quando há Proteinúria (proteínas na urina) vemos que o rim está deixando de exercer sua função fisiológica. FUNÇÃO RENAL E PROTEINÚRIA A quantidade de Proteínas que adentra na urina pode levar a indícios de quadros onde pode estar ocorrendo o problema renal. • Glomerular: Indica que há aumento da Permeabilidade Capilar Glomerular, portanto há saída anormal de Proteínas pelo Plasma Sanguíneo que é basicamente o Filtrado Glomerular. Indica ao Médico Glomerulopatias Primárias ou Secundárias. • Túbulos Renais: O Filtrado Glomerular adentra os Túbulos Renais, onde ocorre a reabsorção de substâncias, falhas nesse mecanismo podem apontar má reabsorção, sendo aliado ou não a Glomerulopatias. Pode indicar ao Médico Doença Tubular ou Intersticial. • Superprodução: Aumento da produção de proteínas, principalmente de baixo peso molecular, que podem passar facilmente pelos Glomérulos e Túbulos Renais. Pode apontar quadros de Leucemias, Gamopatia Monoclal, o que pode indicar lesões ósseas, anemias, hipercalcemias por excesso da M-Proteína. • Prognóstico de Doenças Cardiovasculares: Quadros clínicos apontam que pacientes com Microalbuminúria (quantidades pequenas de Albumina na Urina) podem ter ou desenvolver problemas cardiovasculares. • Urubilinogênio: A Bile envia ao Intestino a Bilirrubina Direta, a Bilirrubina Direta é Transformada em Urubilinogênio e uma fração vai a Urina (10%) e outra retorna a bile (90%). Quando há aumento da Bilirrubina Direta no sangue, pode ser indicativo de Hepatite ou Síndrome Colestática. Na Síndrome Colestática, temos a obstrução das Vias Biliares, portanto a Bile não entra ao Intestino e então não é possível converter Bilirrubina Direta em Urubilinogênio, portanto o Urubilinogênio aumenta, mas não aparece na Urina. Já na Hepatite o Urubilinogênio pode aumentar, ligado ao fator de ter maior concentração de Bilirrubina Direta. • Bilirrubina: Não deve aparecer, porém em situações em que a bilirrubina sérica, direta e indireta aumenta, além do Intestino ela acaba sendo secretada na urina, pois como visto antes, a bilirrubina entra na corrente sanguínea, chega aos Capilares Glomerulares e passam para o Filtrado Glomerular. • Nitrito: Associa-se muito a Infecções Urinárias. Algumas Bactérias que apresentam Nitrato- redutase (uma enzima bacteriana), quando se alojam no sistema urinário acabam transformando o Nitrato em Nitrito, o que é um quadro que aponta Infecção Urinária. SEDIMENTOSCOPIA ERITRÓCITOS - HEMATÚRIA Avalia a presença de Eritrócitos na Urina, essa presença se Classifica como Hematúria. A Hematúria pode ocorrer de 2 formas, Glomerular e Extraglomerular. Análise Glomerular Extraglomerular Coloração: Marrom (Cor de Coca) Vermelho • Glomerular: Indica lesões dos Capilares Glomerulares. ESTUDEMED – BIOQUÍMICA.2 – MIKAIO DELGADO 50 • Extraglomerular: indica Patologias renais fora dos Glomérulos,Tumores do Aparelho Urinário, Anemia Falciforme, Processos de Calcificação do Aparelho Urinário, Coagulopatias, uso de Anticoagulantes e Estresse por Exercício Físico. Coágulos: Ausentes Frequentes • Indicam lesões extraglomerulares pelo fato dos Glomérulos não produzirem Coágulos em suas Patologias. Salienta-se que os coágulos são produzidos geralmente em grandes sangramentos. Proteinúria: >500mg ao dia <500mg ao dia • Em ambos ocorre com a entrada de Hemácias, consequentemente leva a presença de Proteínas, porém vemos que os rins ainda conseguem exercer função de reabsorção de proteínas em Hematúrias Extraglomerulares, mesmo que em pouca quantidade. Morfologia: Dismórficas Sem Alteração Hemática Quando ocorre Hematúria Glomerular, as Hemácias se apresentam de forma dismórficas, isso pelo fato de exercerem pressão e força contra a Membrana Basal Capilar. Sangramentos fora do glomérulo geralmente ocorrem em órgãos do sistema urinário em geral e isso caracteriza a presença de hemácias sem dismorfismo. Porém devemos saber que, quando há lesão renal, os glomérulos deixam de agir fisiologicamente, deixando assim passar as hemácias sem haver uma Membrana Basal Capilar forte, o que evidencia a falta de dismorfismo das hemácias em lesões renais. Cilindros: Frequentes Ausentes Hemáticos • Visto que quando ocorre Hematúria, vemos que as Hemácias se tornam dismórficas e com isso elas adentram os Túbulos Renais, pelo fato de serem na forma de um Cilindro, no decorrer destes a Hemácia adquire este formato. LEUCÓCITOS Em pequena quantidade pode-se encontrar, pelo fato dos Leucócitos que atuam na patrulha do sistema imune 24h por dia, quando estes excedem seu tempo de vida, ou de atuação geralmente pegam o caminho da urina para serem excretados. • Piúria: É a presença de Pus na urina. Portanto é uma inflamação, onde se observa a presença de Leucócitos. • Piúria+Bactérias: É a análise que aponta se a infecção, a Pus na Urina, presente no Aparelho Urinário é advinda de bactérias. • Urina Estéril: A urina é um líquido estéril, o que significa dizer que não apresenta bactérias e nem excesso de leucócitos. Portanto quando há bactérias presente, vemos então uma Infecção do Aparelho Urinário. Já quando há leucócitos é indicativo de inflamações do Aparelho Urinário. • Piúria Estéril: É a presença de Pus na urina, sem ter bactérias, ou simplesmente a presença de Leucócitos. Este fator pode indicar alguma inflamação do Aparelho Urinário sem a presença de bactérias como inflamação dos glomérulos, da uretra, da próstata, da bexiga, cálculos renais, necrose papilar, cânceres, rejeição de transplante renal, patologias intersticiais, infecção fúngica ESTUDEMED – BIOQUÍMICA.2 – MIKAIO DELGADO 51 e parasitária, cateter no Aparelho Urinário, infecção do sistema genital. Deve-se estar atento a Infecção Urinária Bacteriana Mascarada, esta pelo uso de antibióticos mascara uma infecção que apresenta Piúria+Bactérias. CILINDROS – CORPOS CILÍNDRICOS Cilindros Composição Fator (Significado) Clínico Hialinos: Proteína Uromodulina Fisiológico (ou Tamm-Horsfall) • É uma Glicoproteína produzida durante a formação da Urina nos Túbulos Renais. Granulosos: Células dos Túbulos Descamada Lesão Tubular, Necrose Tubular Aguda • As lesões tubulares, levam consigo Células Tubulares, por este motivo se associa as Patologias acima com os Cilindros Granulosos. Leucocitários: Leucócitos Degenerados Pielonefrite, Nefrite Intersticial • Nos Cilindros Leucocitários, as Inflamações do Aparelho Urinário, levam consigo Leucócitos, apresentando-os como Piúria na urina. Gordurosos: Gotículas de Lipídeos Síndrome Nefrótica • Geralmente gotículas de lipídeos se apresentam com a Proteinúria, um quadro de alta permeabilidade da barreira glomerular, o que caracteriza essa Síndrome que é relativamente rara de ocorrer. Hemáticos: Hemácia Dismórfica Síndrome Nefrítica • Como visto acima, hemácias dismórficas na urina significa que a barreira glomerular não está firme como deveria fisiologicamente. A síndrome nefrítica, ou glomerulonefrite é a inflamação dos glomérulos, o que acarreta na aparição de Hemácias, Leucócitos, Proteínas e Glicose. • Salienta-se que todos os valores obtidos nos exames de urina e sangue são complementos do exame físico, da boa anamnese onde se recolhe as queixas do paciente e se faz o quadro comparativo das possíveis patologias pelo relato do paciente. CRISTAIS Geralmente se apresentam em quadros de Litíase Urinária, os Cálculos Renais. Comumente é relatado bastante dor pelos pacientes que apresentam cristais na urina, acompanhando ou não Hematúria e Piúria. Os Cristais se apresentam comumente das seguintes formas: Cristais de Ácido Úrico Cristais de Fosfato Cristais de Oxalato de Cálcio • Nefrolitíase: Formação ou presença de Cálculos Renais. Os Cristais podem aparecer também com o mal funcionamento glomerular. Em suspeita de Nefrolitíase é importante pedir o Exame de Imagem, para constatar a presença ou não de Cálculos Renais. ESTUDEMED – BIOQUÍMICA.2 – MIKAIO DELGADO 52 Outro fator importante para salientar é que a conduta para o tratamento varia de acordo com o tipo de Cristal, havendo fármacos específicos para estes. FILAMENTOS DE MUCO E CÉLULAS EPITELIAIS • Filamentos de Muco: Necessariamente não indica uma patologia, pois o Muco que é constituído por um Líquido Proteico pode estar presente na Urina, visto que também há renovação celular e consequentemente da Muco. • Células Epiteliais: Necessariamente não indica algo patológico, dependendo do tempo que tem estado presente e dos valores, pois este processo ocorre constantemente em renovação Celular. Deve-se observar as possíveis patologias que levam a descamação celular, para haver base em caso de possíveis patologias associadas a descamação do Aparelho Urinário.