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ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 1/37 FRANÇA I França é o mais extenso dos países europeus, precedendo a Espanha, Alemanha e Suécia. Situada a oeste do continente europeu, faz fronteira com seis países: Bélgica e Luxemburgo ao norte, Alemanha e Suíça ao leste, Itália ao sudeste e Espanha ao sudoeste. O território francês tem a forma de um hexágono, cujos lados não superam 1.000 km., mas que em cuja superfície se estende uma excepcional diversidade de paisagem; esta situação contribui amplamente com o desenvolvimento do turismo, ainda mais quando a ela se soma um rico patrimônio cultural. O estão constituindo desde a Idade Média, por pelo menos um milênio. O hexágono, bem equilibrado, se abre a quatro litorais marinhos, gozando de um privilégio excepcional. Ao sul está o Mediterrâneo, com um litoral ensolarado, costas escarpadas e pitorescas em Provence e Côte d'Azur, e longas praias de areia em Languedoc. Ao sudoeste, com um clima um pouco mais úmido, porém ameno e luminoso, e litorais compostos em sua maior parte por praias arenosas beiradas por pequenas lagoas ou por dunas, se encontra o ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 2/37 Atlântico. Ao noroeste se abre ao canal da Mancha e ao mar do Norte, o canal marítimo mais transitado do planeta, entre o Atlântico e os grandes portos belgas, holandeses, britânicos e alemães do mar do Norte. A população da França metropolitana está composta por vários grupos étnicos, principalmente os gauleses ou celtas, que deram nome à região da Gália. As populações de origem romana, grega e germânica também são importantes, junto com os árabes e judeus, que se situaram no sul do país, onde também vivem os ciganos na fronteira com Espanha. O maior número de imigrantes nas últimas décadas provém de Magreb. Sua posição central no território da União Européia está valorizada por excelentes redes de comunicações. Sua capital é Paris, seu idioma oficial é o Francês e sua moeda atual é o Euro, antes era o franco. A religião majoritária na França é a católica. Existem também vários núcleos de protestantes, islâmicos e judeus. A COZINHA DA FRANÇA “A cozinha francesa é a primeira das cozinhas ocidentais, porque França é um país feliz que possui ao mesmo tempo azeite de oliva e manteiga fina; vinho e cerveja, que colhem castanhas; laranjas; centeio e limões, que cria toda a sorte de animais domésticos, cuida com zelo da caça; cultiva hortaliças e legumes, inventa queijos, destila aguardentes, distingue e conhece os cogumelos, recolhe o mel, pesca os peixes, fabrica açúcar e finalmente, não desdenha nada que possa ser comido, nem as rãs nem as trufas”. Este magnífico e petulante parágrafo foi escrito por Georges Duhamel, da Academia Francesa, que foi médico, novelista, gastrônomo, e com ele nos dá uma idéia de que França, favorecida por tantos produtos e movida por tantas sabedorias do bom viver, tem conseguido converter a alimenta- ção em uma arte. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 3/37 Assim, não é de se estranhar que esta arte seja uma alta cozinha, montada, oficial, refinada, mutável através dos tempos, que coexiste com a persistência de outra grande cozinha: a das especialidades regionais. Existe, por tanto, uma cozinha francesa criada pela magia do homem e as cozinhas das distintas regiões históricas que formam França. A cozinha regional francesa de grande qualidade, uma vez que a alta cozinha deve sua popularidade atual não só a fato de que em Paris existem restaurantes de todas as regiões, como também à riqueza intrínseca da maioria destas regiões nas quais seus habitantes têm sabido conservar com muito zelo e até ciúmes as receitas tradicionais. Porém ao lado disto está o que o mundo conhece por cozinha francesa, a máxima formulação da gastronomia ocidental. A COZINHA FRANCESA, UM DESEJO NACIONAL Desde antigamente a França soube converter a monotonia da alimentação em um prazer refinado. Já em plena Idade Média França teve um cozinheiro gênio, Taillevent, chefe de cozinha de Carlos V que, em suas obras escritas e em suas receitas, assentou as bases da cozinha francesa. Por outra parte, França recebeu através de Catalina de Médicis e logo do cardeal Mazarino, a delicadeza culinária da Itália, e o século XVII francês já se ilustra com os mais extraordinários pratos. Luis XIII e Luis XIV presidem este brilhantismo com apetite insaciável. O melancólico Luis XIII inclusive cozinhava, com certa graça e soberania em pratos de ovos. Em plena Fronda, Guy Patin, médico medíocre e escritor temível, descreve um banquete no qual tomaram parte vinte e cinco prelados na ocasião da consagração do bispo Sanguin. Nesse banquete, embora nenhum dos cardeais haja comido mais que quinze pratos inteiros, foram servidos até dois mil. O mesmo Luís XIV era um homem de uma capacidade estomacal impressionante. Em uma só refeição, segundo a princesa Palatina, acumulava em seu elástico estômago, quatro pratos de distintas sopas, um faisão inteiro, uma perdiz, uma enorme saladeira, uma grande perna de ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 4/37 cordeiro em seu suco e temperado com alho, dois grandes pedaços de presunto, vários pratos de doces, frutas e confeitos. Para dar exemplo de quão copiosas eram as comidas, recordemos que em um banquete oferecido por Louvois, ministro da Guerra, ao Grande Delfim, foram servidas onze sopas, onze entradas, treze aperitivos para o primeiro serviço, vinte e quatro pratos leves e onze pratos, além de omeletes, cremes, foie- gras e trufas. O grande Conde deu uma festa em honra de Luís XIV em Chantilly que custou cento e oitenta mil libras, além da vida do mordomo Vatel, que se suicidou em um excesso de zelo por não ter chegado a tempo o robalo. Assim lhe conta precisamente Madame de Sevigné a sua filha madame de Grignan. “O grande Vatel, homem de grande talento que teria podido hospedar em sua mente todas as preocupações próprias do governo de um Estado, não pôde suportar a vergonha a que se acreditou exposto ante o sucedido e tirou a própria vida”. Na época da Regência o luxo gastronômico chegou a seu máximo brilhantismo, um moralista exclama, com justa ira: “Não se pensava em outra coisa que não fora comer”. No centro daquelas mesas daquela época na França, erguiam-se pirâmides de pedaços de aves e de caça. Em casa de uma abastada dama de Paris eram consumidos diariamente um boi, dois novilhos, seis cordeiros e perto de uma centena de diversas aves. Porém na época de Luís XV a cozinha francesa chegou a seu máximo esplendor. O príncipe de Soubise, favorito de madame Pompadour e incapaz marechal de França, fez esquecer a Luis XV a derrota de Rosbach ante Federico XI, convidando-lhe a uma ceia que custou mais de oitenta mil libras. Nessa ceia foi servida a majestosa omelete real, invento do cozinheiro Marin, que se compunha de cristas de galo e ovas de carpa e cada um valia mais de cem libras. O príncipe de Condé consumia em sua mesa mais de cento e cinqüenta faisões semanais, e quando o duque de Penthiévre se transladou a Borgonha para inaugurar as Cortes levou para a cozinha nada menos que cento e cinqüenta e duas pessoas. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 5/37 A COZINHA DA REVOLUÇÃO E DO IMPÉRIO A Revolução Francesa acabou com tudo, menos com a cozinha. Em plena fome de Paris, Danton oferecia comidas pelo valor de quatrocentos francos por talher e Barras, diz-se que fazia com que lhe chegassem os cogumelos de Sabóia y dafoz do Ródano por meio de mensageiros ultra- rápidos. Foi a época de Grimod, da Reyniére Brillat-Savarin, os grandes escritores gastronômicos que tinham o apetite burguês, porém refinado, da toda poderosa nobreza da toga. Com a Revolução e o Império aparece o primeiro grande cozinheiro da França, Antonin Caréme, chef entre outros do príncipe de Talleyrand. Em seguida o foi de Rotschild e do czar Alexandre. É o momento daquele grande gourmet, ex bispo de Autun e ministro de Napoleão, que pagava dois mil e quatrocentos napoleões mensais a Caréme (napoleões de ouro do império) e destinava cem mil como orçamento mensal de cozinha. Talleyrand recebia cada manhã o projeto da minuta de uma só refeição, que era a ceia. Para comer só tomava duas ou três xícaras de infusão de camomila. Para jantar normalmente tinha dez ou doze convidados, e o cardápio era composto de duas sopas, dois pratos de peixe, quatro entradas, dois assados, quatro pratos frios e duas sobremesas. Comia com apetite a sopa, o peixe e uma das entradas, que quase sempre era coração de filé de novilho ou umas costelas de cordeiro assadas. Comia ás vezes um pouco de carnes de caça; seus pratos frios habituais eram espinafres. Provava raramente as sobremesas e não bebia nada mais que os vinhos envelhecidos de Bordô e um pouco de xerez. Depois de passado um século a cozinha se faz pública. Com a burguesia inauguram-se os grandes restaurantes de Paris: “Le Palais Royale”, “Chez Véry”, “Chez Véfour”, “Fréres Provençaux” e os outros grandes restaurantes parisienses: “Hotel Des Américains” e “Café de Paris”. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 6/37 O primeiro «Café de Paris» fecha em 1856 e com ele desaparece a grande cozinha da primeira metade do século XIX. Conta-se que o doutor Veron -o gastrônomo mais consciencioso do momento- foi o último cliente. Pediu a última bisque d'écre visses, e ao acabá-la chamou ao chef de cozinha e lhe dirigiu com voz trêmula o seguinte discurso: «Francisco -lhe disse- no momento de separar-nos quero dizê-lo publicamente que estou contente com você. Ninguém pôde igualar sua torta de calandras desossadas à Santa Isabel, e me comprazo em afirmar que é você o rei dos faisões trufados à Santa Aliança. E não quero falar de outros pratos que me produziram tanta e inesquecível felicidade. Adeus, Francisco; nosso século te desconhece, porém tens minha estima e quem sabe nos encontraremos algum outro dia». O doutor Veron, que sempre levou uma imensa gravata, que foi amante da trágica Rachel e que Heine descreve como um tipo «entre heróico e cômico, metade Sancho Pança, metade Sganarelle», deixou cair uma lágrima, talvez a única em sua vida de cínico freqüentador de boulevards, de petulante epicúreo, cujo lema era «Eu padeço de uma falta absoluta de privações». Fechado o Café de Paris, o “Café Anglais” adquire, na época do Segundo Império, a fama de ser o melhor restaurante do mundo. E A HISTÓRIA CONTINUA... A cozinha da Belle Epoque foi tão importante que se manteve, com algumas restrições, porém com igual peso quanto à qualidade, entre as duas guerras do século. O texto de Augusté Escoffier «Le guide culinaire», com suas 2363 receitas, era o livro de cabeceira de qualquer cozinheiro que se preze. Datava de 1902, e estava feito para um tempo em que os preços das matérias-primas eram singularmente baixos a gente dispunha de dinheiro suficiente e do tempo necessário, não só para cozinhar, como para sentar-se à mesa. Entre as duas guerras, competindo com os grandes da restauração, «os herdeiros da Belle Epoque» de Paris, nasceram na França três importantes ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 7/37 restaurantes em províncias, sob o amparo da paulatina motorização dos epicúreos: «Fernand Point», em Vienne; «Alexandre Dumaine», em Saulieu; «André Pic», em Valence. E, ao lado deles, uma crítica ativa, presidida por Curnonsky, que recorreu toda a província francesa e reanimou a França gastronômica contra o totalitarismo de Paris. E então aparecem, ao lado destes grandes que temos assinalado, as sólidas cozinhas provincianas: a das «mães» de Lyon; Fillioux, Brazier, Cuy, Blanc, no próximo Vonnas -a que Curnonsky considerava a primeira cozinheira da França-. Toda a cozinha de entre guerras foi recolhida por Prospére Montagné em sua «Larousse Gastronomique». Era um cozinheiro imaginativo e barroco que abriu um restaurante na Rue de l'Echelle, em Paris, e arruinou-se por seu louco esbanjamento de foiegras e trufas. E assim, aproveitando as lições da grande cozinha montada de Escoffier, sem renunciar a nenhuma das opulên- cias da Belle Epoque, se manteve a cozinha francesa até a Segunda Guerra Mundial. Alguns grandes cozinheiros, o primeiro deles Point, davam-se conta de que tudo tinha que mudar. O sagaz Curnonsky ia pelo mesmo caminho. A guerra ia ser, para Curnonsky, uma revelação. Os velhos cozinheiros, teimosos e gloriosos, afirmavam que existiam cinco mil receitas na cozinha francesa, e que só podia ser cozinheiro aquele que se sujeitara às linhas principais destas receitas. Porém as circunstâncias eram distintas e a alta cozinha havia entrado na desoladora tristeza dos crepúsculos das grandes artes. Em nosso tempo não podem sobreviver àqueles soberbos pratos montados, aquela cozinha solene da trufa e o foiegras, a opulenta sucessão de vinhos sussurrados pelo sommelier ao ouvido, a gravidade acadêmica dos molhos, a majestosa lentidão do serviço. E não somente por razões de cunho econômico, como porque não se adaptam aos novos ritmos de vida, à concepção dinâmica do mundo moderno. Repetimos que quem conheceu este problema em seu patetismo foi Curnonsky, que exerceu até 1956 uma autoridade irrefutável, com seu bom humor e ironia, sobre toda a cozinha francesa. E ao lado de Curnonsky, o máximo cozinheiro dos anos 40 e 50: Fernand Point, de ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 8/37 Vienne, que dava novas diretrizes e criou uma verdadeira escola culinária. Mencionando que foram alunos seus, Paul Bocuse, os irmãos Troisgros, Outhier, e tantos outros nos daremos conta de que a nova cozinha proce- de da maestria enorme, irônica e báquica do gigante Point, que era um homem de imaginação, de perfeição, de alegria, infatigável bebedor de champagne. Curnonsky, além de pretender que as coisas tivessem o gosto do que são, adicionava um conselho imutável aos cozinheiros: «et surtout... faites simple», fazei as coisas simples. Curnonsky era um sábio malicioso que atacava assim a grande cozinha que temia que pudesse impor-se, pomposa e falsa, tóxica e opulenta, em substituição da cozinha de grandes produtos da Belle Epoque. A revolução se realizou na segunda metade dos anos 60. A CHAMADA NOVA COZINHA FRANCESA Esta cozinha teve um pai, um mestre impecável em Raymond Oliver, cozinheiro clássico que tem sabido de todas as ousadias modernas e que, da televisão, recordou as certeiras bases da cozinha a toda a França. Oliver, mais velho que a nova geração, soube pôr-se rapidamente a sua margem, proteger-lhes com seu prestígio e logo, quando se lançou, ir cabeça a cabeça com eles. Talvez a cozinha francesa tivesse feito a mesma evolução se não houvera existido Paul Bocuse, porém em Paul Bocuse se cifra toda a imaginação, toda a força, toda a imensa vitalidade e, sobre tudo, a delirante alegria que veio iluminar o mundo mortiço, suntuoso e acadêmico da grande cozinha. Paul Bocuse, de seu restaurante de Collonges, cerca de Lyon foi o primeiro dos jovens cozinheiros premiado com três estrelas. Sua personalidade é extraordinária. Ele lança a nova cozinha francesa e cria o que se chamao “bando de Bocuse”, que é um ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 9/37 grupo de cozinheiros jovens que revolucionam as mais estritas e totalitárias cozinhas da Belle Epoque. Para tanto, Paul Bocuse reúne todas as condições: uma personalidade solar, subjugante, uma obsessão pela perfeição, uma imaginação viva, disposta a todas as ousadias, a profunda crença de que os produtos do mercado são os que se tem de usar diariamente e, sobretudo, uma enorme generosidade que faz com que comparta suas receitas com seus companheiros, que criou pela primeira vez na França uma irmandade entre mais de cem cozinheiros que lançam esta nova cozinha. COZINHA FRANCESA A grande cozinha francesa não se trata de um prato, ou uma série de pratos prestigiosos, senão uma forma de tratar os alimentos, integrando-os, dando como resultado não uma soma de sabores senão um sabor novo, único. França tem uma das cozinhas mais variadas, deliciosas e sofisticadas do mundo. Por isso os ingredientes essenciais da cozinha francesa são de excelente qualidade. A cozinha francesa é famosa no mundo inteiro. Naturalmente, não a totalidade de tal cozinha, senão sua Grande Cozinha, a Cozinha Clássica como a de seus hotéis e restaurantes, explicada e estendida pelos cinco continentes por meio de seus grandes "Chefs". Os estabelecimentos mais típicos são os restaurantes, bares e os bistrôs. A cozinha francesa tem uma variante conhecida como haute cuisine (alta cozinha), que é a que se pratica nos restaurantes de luxo pelos chefs. A maioria dos restaurantes costuma oferecer comida à la carte (um menú com uma seleção de entradas, segundos pratos e sobremesas) e o ménu (duas ou três opções para cada prato, preparadas especialmente para essa jornada). O menú tem um preço fixo para toda a refeição, enquanto que os pratos do cardápio têm preços individuais. Na França o almoço é das 12:00 às 13:30 e a janta das 20 às 21:30. Nas grandes cidades estes horários costumam prolongar-se um pouco mais. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 10/37 Os pratos mais prestigiosos da cozinha francesa são: tournedos (lombo com toucinho); châteaubriand; entrecôte (tipo de bisteca que se serve com molho béarnaise,); gigot de pre-salé (perna de cordeiro assada) que se serve com uma guarnição de feijões verdes ou batatas fritas; bruschettas; ratattouille Niçoise (um refogado à base de abobrinhas, tomates, berinjelas com alho e azeite de oliva); pôt-au-feu (um refogado de carne de vaca com verduras, condimentado com sal grosso); blanquette de veau (carne de novilho cozida com champignons em um molho de nata e vinho branco) e vichissoise (uma sopa fria de batatas, alho-poró, creme de leite, manteiga e leite que se serve com um pouco de ciboulette em cima). Na França são produzidos aproximadamente 365 tipos diferentes de queijos: Camembert, Brie, Roquefort, Reblochon, e os queijos azuis de Auvérne y Bresse. As sobremesas mais famosas são o soufflé grand-marnier îles flottantes (creme com merengue), crème brûlé (flan com açúcar queimado) e mousse au chocolat. A bebida alcoólica mais popular é, sem dúvidas, o vinho. Apesar da reconhecida fama de bebidas espirituosas como o armagnac, o cointreau, a sidra ou o calvados, o rei por excelência é o vinho. As regiões vinícolas mais importantes são: Bordô, Borgonha, Loire, Rhône e Champagne. A qualidade dos vinhos é regulada com base em uma série de denominações: Apellation Contrôlée (denominação de origem), vinhos de qualidade superior, vinhos do país e vinhos de mesa. Os garçons sempre podem recomendar um bom vinho para a comida que foi escolhida; nos restaurantes de luxo os sommeliers são os encarregados da adega e sua função é exclusivamente aconselhar aos clientes sobre os vinhos. O vinho da casa costuma ser acessível e bom. Depois das refeições costuma- se tomar café e algum licor (digestif) como Chartreuse, Framboise, Eau de Vie, Calvados ou Genepi. A região da Alsácia produz algumas das melhores cervejas da França, além de vinhos com sabor a fruta e licores como o Kirsch. Junto à cozinha clássica, está a regional, da qual a primeira se tem apropriado e melhorado muitíssimas receitas, e tão variada, que há tantas quanto tem regiões agrícolas, pecuárias e inclusive vinícolas o país. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 11/37 AS GRANDES COZINHAS REGIONAIS Para fins administrativos, França está dividida em 22 regiões. Cada uma dessas regiões tem sua própria identidade, donde se pode descobrir a grande variedade de especialidades culinárias, de folclore e de tradições que nela convivem. Cada região tem seu próprio setor de atividade, seja no âmbito econômico, industrial, agrícola, marítimo ou turístico. A fama do bem comer francês é em grande parte responsabilidade da variedade de sua cozinha regional. Os segredos da elaboração de pratos tradicionais são transmitidos de geração em geração. Deste modo, cada região tem conservado sua especialidade: choucroute alsaciana, cassoulet do país basco, rillons de Touraine, saucisse de Troyes, tourte de Ardenas, etc. As regiões francesas têm seu próprio caráter, definido tanto pela comida e o vinho ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 12/37 como por sua geografia, história e idioma inclusive. Cada região conta com uma herança única, as especialidades de cada região são um guia cultural e culinário. Tanto na costa noroeste como na mediterrânea encontramos peixes de qualidade, assim como viveiros de marisco, ostras e mexilhões, especialmente na zona de Aquitania, Charente, Normandia e Bretanha. Na Bretanha a cozinha utiliza muito peixes (o atum, a merlusa e o bacalhau) e frutos do mar como matérias primas: o homard à l’armoricaine (lagosta com um molho cremoso) é um bom exemplo. O país dos crêpes, das ostras, das lagostas e as tortas de manteiga. Os rios franceses oferecem também bom pescado, enquanto que em vales e colinas encontramos a "horta francesa", sua variedade pecuária e os produtos lácteos, especialmente suas mais de 400 variedades de queijos. Os mais famosos são Brie, Roquefort, Camembert e os de cabra. Em Alsácia e Lorena destacam-se o choucroute e o quiche, a cozinha se baseia nas boas carnes, de caça, cordeiro, porco e vaca. Em todo o norte em geral também são muito populares as tortas de fruta e os mexilhões. A manteiga e o creme de leite são a base culinária na Normandia, onde os queijos são os reis, sem esquecer-se dos frutos do mar. Na Borgonha são bastante populares o novilho "charolais" combinado com mostarda, e os caracóis, consumidos de todas as formas imagináveis. Pato, ganso, e por extensão o foie gras, são elementos da cozinha da região de Dordonha, Pirineus; são servidos marinados e acompanhados de ameixas, passas, compotas ou trufas. A região dos Pirineus é famosa por sua cozinha de grande qualidade e preço módico, pelas trufas, foie gras, cogumelos, confit, cassoulet, roquefort e melão de Lectoure. Os pratos típicos de Auvérne são a couve refogada, o porco, as ervilhas e as sopas de alho, bem como algum de seus bons queijos, enquanto que em Provence podemos degustar a típica cozinha mediterrânea baseada em azeitonas, alho, sopas de peixe e saladas várias. Especialmente peculiar resulta a gastronomia da Córsega, baseada em porco defumado, enguias, trufas e ervas silvestres. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 13/37 Um ponto à parte merece a cidade de Lyon, meca mundial da gastronomia. Suas carnes defumadas, o salame, o frango "bresse" e a torta lyonnais,são algumas das características delícias desta cidade. Ainda que sejam os grandes restaurantes de alta cozinha os que outorgam sua fama a Lyon, o certo é que a melhor maneira de degustar seus pratos típicos é fazer uma parada em um de seus "bouchons", tabernas típicas da cidade. No norte (Nord/Pas de Calais e Picardie) o peixe e os frutos do mar (mexilhões, ostras, camarões, mariscos e berbigões) são a base de muitos pratos. Na região de Champagne-Ardenas a estrela é o presunto. Do champagne, de Reims, é o presunto en croute e as tripes spannaciennes, uma receita na qual se mesclam a manteiga, o blanc de blancs, a farinha e a carne com um resultado espetacular. Gasconas são as receitas de fígado de pato com uvas e as perdizes al armagnac. Da Borgonha têm surgido novas formas de cozinha que têm elevado o humilde ao sublime; as pernas de rã, convertidas em refinado manjar, e os scargots, lerdos gastrópodes que, preparados à borgonhesa, perdem sua condição terrena e se fazem etéreos, definitivos. A cozinha do País Basco-Francês é também de uma grande riqueza e qualidade. Muito desta magia tem a ver com as gorduras utilizadas nos refogados: azeite na cozinha provençal; banha de porco e gorduras de ganso na cozinha do sudeste (a zona que vai desde Bordeaux a Toulouse) e manteiga fina na região que se estende desde a Ille de France até o norte, oeste e nordeste do hexágono. Nem toda a cozinha francesa é alquimia. O entrecôt a la bordolesa, por exemplo, não tem mais magia que o sabor da manteiga, do vinho de Bordeaux, dos echalotes e da carne, que os franceses mimam desde a engorda até o corte. Por último, a cozinha burguesa, familiar, pouco conhecida e que em realidade não é senão uma adaptação abreviada dos anteriores, ou seja, uma cozinha normal baseada mais na pressa própria de nossos tempos que no refinamento que caracteriza as cozinhas clássica ou regional francesas. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 14/37 A cozinha francesa é eminentemente regionalista e cada província tem seus produtos, suas receitas e seus gostos. Faremos um recorrido através de suas regiões. BRETAGNE A Bretanha parece desafiar a imensidão do mar que a rodeia: o canal da Mancha até o norte e o oceano Atlântico a oeste e ao sul. Na França, Bretanha é um mundo à parte. Orientada em direção ao mar, a Bretanha marítima é ao mesmo tempo a região dos ventos, da forte maré e das tempestades; também é a dos portos, das ilhas, das enseadas, dos estuários e das praias. É uma costa recortada na qual os cabos, os promontórios e as rochas protegem uma multidão de praias de areia fina, de portos comerciais ou pesqueiros. A Bretanha interior é a terra das cidades com caráter, dos rios e dos canais. Bretanha está dividida em cinco departamentos: Finistère, Côtes D'Armor, Ille-et-Vilaine, Morbihan e Loire-Atlantique. É uma província repleta de riquezas e de atrativos sugestivos, com suas zonas de frutos do mar, de sidra e de crêpes. Bretanha tem todos os manjares procedentes do mar, desde peixes a crustáceos, passando pelas ostras. A região interior, pobre, tem sua forte cozinha de cozidos e o delicioso vinho Muscadet. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 15/37 NORMANDIE Com o transcurso do tempo, a Normandia tem sabido preservar sua identidade e sua autenticidade, ao mesmo tempo em que se tem aberto à vida moderna. Aliança entre a terra e o mar, tem ao longo de seu litoral amplas praias de areia e sua campina é célebre por suas macieiras em flor, suas vacas e cavalos. Normandia possui 5 departamentos: Le Calvados, La Manche, Orne, Eure e Seine Maritime. Normandia, conhecida por sua sidra, é o melhor lugar onde se pode degustar um delicioso pato ao molho, um peixe ao creme de leite, um doce de maçã ou o famoso queijo camenbert. A maçã intervém em um grande número de pratos salgados, doces e guloseimas. Tem excelentes produtos do mar, queijos, manteigas e aves de quintal. A região da Normandia é reconhecida pelas deliciosas tortas de frutos do mar. PAYS DE LA LOIRE Esta região está situada entre Bretagne, Normandie, Centre y Limousin – Poitou Charente. Os departamentos de Pays de la Loire são, Loire Atlantique, Maine et Loire, Mayenne, Sarthe y Vendée. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 16/37 CENTRE O rio Loire forma a unidade geográfica da Região Centre, já que atravessa a região de leste a oeste. O relevo desta região se constitui de planícies e planaltos cujas características geográficas são diferentes a outras. O sul e o leste da região são formados por costas com planícies e planaltos calcários e depressões argilosas que por sua vez formam as colinas. Ao norte e ao centro se estendem também as planícies calcárias e os depósitos de barro e areia e os bosques. A história e a natureza de seus solos têm favorecido a formação de milhões de tanques artificiais e de pequenos bosques, é considerado como o paraíso das aves e da caça das mesmas. A região Centre está constituída por 6 departamentos: le Cher, l'Eure- et-Loir, l'Indre, l'Indre-et-Loire, le Loir-et-Cher e le Loiret. Esta região tem como capital regional a cidade de Orléans e por sua vez cada departamento tem sua própria cidade capital: BLOIS (Loir-et-Cher), BOURGES (Cher), CHARTRES (Eure-et-Loir), CHATEAUROUX (Indre) e TOURS (Indre-et-Loire). A região Centre conta com 2440329 habitantes. LIMOUSIN – POITOU CHARENTE Limousin Limousin é celebre por seus telhados e suas suculentas tortas de cereja, é uma região bastante atrativa. Os departamentos de limousin são: Corréze, Creuse e Haute Vienne. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 17/37 Poitou charente Esta região se encontra no Oeste da França. Poitou-Charentes tem 4 departamentos: Charente (Angoulème), Charente Maritime (la Rochelle), Deux Sèvres (Niort), Vienne (Poitiers). AQUITAINE É uma região coberta pela magnificência do oceano, atravessada por rios, maravilhosos lagos e tanques. Aberta ao Golfo de Vizcaya, Aquitânia, terra de espaços, tem como fronteiras naturais o oceano, suavizado pela Corrente do Golfo, e a cadeia dos Pirineus, que a converte em vizinha da Espanha. Cinco Departamentos forma a região de Aquitânia. Ao Sul se encontra o departamento de les Pyrénées-Atlantiques, para o norte les Landes, Gironde, ao leste Lot et Garonne, e mais ao norte encontra-se la Dordogne. Desde a invasão romana, Bordeaux é a capital administrativa desta região, é a maior zona produtora de vinhos de qualidade do mundo. Aqui a cozinha se diminui, se converte em auxiliar. A comida é só a armação que põe em evidência a pedra preciosa, o vinho. A cozinha é simples, clássica, suavemente perfumada, está feita para sua exaltação. Existe uma grande diversidade de produtos originários de Aquitânia que gozam de muito prestígio. Sua reputação se deve à ampla variedade de paisagens e à riqueza de seus solos causados pelos diferentes climas particulares que favorecem cultivos e produções animais variadas. Além disso, um conjunto de produtos típicos e especialidades regionais, obtidas por práticas ancestrais e hábitos culturais marcados por uma grande tradição de savoir faire e da arte de viver, complementam a riqueza da região nos diferentes setores alimentícios. Assim, Aquitânia oferece uma gama infinita de odores e sabores; aqui ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 18/37 a cozinha revela a arte gastronômica. MIDI PYRENEES A região de Midi-Pyrénéesé a maior região francesa. Está composta de 8 departamentos que são: Ariège, Aveyron, Garonne, Gers, Lot, Pyrénées, Tarn, Tarn et Garonne. LANGUEDOC-ROUSSILLON Ao extremo sul da França, a região de Languedoc-Roussillon se compõe pelo norte por uma grande massa central montanhosa e ao sul pelos Pirineus e o mar mediterrâneo. Sobre a costa mediterrânea, as estações balneárias mostram suas imensas praias, areias finas ou rochas de tons castanhos. Uma campina que oferece vinhedos, pinhais, bosques de carvalhos verdes e até montanhas. O rico patrimônio histórico de Languedoc Roussillon dá testemunho de sua diversidade cultural. A região de Languedoc-Roussillon tem 5 departamentos: Aude, Gard, Hérault, Lozère y Pyrénées-Orientales. Languedoc-Roussillon segue estando fortemente vinculada a suas tradições e costumes. Tem terras diferentes e origens raciais distintas, que dão lugar a uma infinidade de procedimentos culinários (há dez maneiras de refogar os caracóis, quatro tipos de "cassoulets", etc). Os vinhos e seus sabores são variados, de grande qualidade e por todas as partes sempre presentes. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 19/37 PROVENCE ALPES CÔTE D'AZUR Situada ao sudoeste da França, a região se chama oficialmente Provence Alpes Côte d'Azur (P.A.C.A). Culturalmente, a região é reconhecida por seu caráter profundamente latino e mediterrâneo. Predominam três tipos de paisagens: a marítima, a provençal e a alpina, altas montanhas, marismas, pradarias, despenhadeiros e canyons. A fama do azeite de oliva de BAUX-DE-PROVENCE, de vinhos como os de CHATEAUNEUF-DU-PAPE ou BANDOL, Côte du Rhône ou Côte de Provence, dos santarrões de AUBAGNE, hoje vai além das fronteiras. A arte da mesa figura entre as grandes tradições regionais e a gastronomia provençal é um de seus elementos mais relevantes. A região compreende seis departamentos: Alpes de Haute Provence, Hautes Alpes, Alpes Maritimes, Bouches du Rhône, Var y Vaucluse. CÓRSEGA Uma natureza abundante e variada, cumes, colinas e vales. Dos matagais selvagens cuja fragrância persegue passo a passo até os bosques de castanhas, passando pelos olivais, os imensos pinheiros, as cascatas, os rios chegando até as águas do Mediterrâneo, esta região oferece numerosas e variadas paisagens. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 20/37 A gastronomia tem peixes, porco, cabras criadas em liberdade, caça, um queijo: o Broccio (fresco ou seco) e entre as frutas, castanha e sidra. Seus vinhos são bastante espirituosos. RHÔNE - ALPES Cidades como Lyon, Grenoble, Annecy, Chambéry, Saint-Etienne, Valence assim como povoados célebres como Perouges e Yvoire, a gastronomia e os vinhos de Beaujolais, de Cotes du Rhône e de Saboya transformam Rhône-Alpes em uma região a descobrir. Edificada ao redor de um vale fluvial natural, a Região Rhône-Alpes se estende sobre um amplo território. Rodeada pelos Alpes na parte leste e o Maciço Central no oeste, a região se distingue pela diversidade de suas paisagens: chapadas, planaltos, montanhas médias e altas. Por todas as partes, sua natureza é radiante: montanhas prestigiosas, parques naturais, inumeráveis lagos. Com respeito aos rios, Rhône-Alpes está entre as regiões melhores dotadas da França. Uma água abundante cavou os vales alpinos os leitos de seus rios: os principais eixos de desenvolvimento da política de produção energética da parte Sudeste da França. Beneficia-se de um clima atlântico continental no norte e mediterrâneo no sul, marcado por verões cálidos e invernos rigorosos. Os maciços montanhosos conhecem importantes variações climáticas. Rhône-Alpes conta mais de 5 milhões de habitantes. É uma das regiões mais industriais da França. Lyon é o motor de uma densa e equilibrada rede de cidades medianas (Grenoble, Chambéry, Saint-Etienne, Annecy) que desenvolvem relações cada vez mais estreitas, permitindo deste modo à região Rhône-Alpes destacar-se entre as maiores regiões européias de influência. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 21/37 A cozinha lionesa deve sua maestria à riqueza e à qualidade dos produtos da "terrinha". A pecuária, os animais de caça, os peixes, as hortaliças e as frutas, têm proporcionado os ingredientes para pratos e saborosos manjares. Tem gerado numerosas e diversas especialidades culinárias: embutidos e queijos como a “cervelle de Canut”, o salame com pistaches, o frango trufado, “bugnes” (sonhos), “grattons” (torresmos de porco), salada lionesa, “tablier de sapeur” (tripa empanada), “grass-double” (dobradinha), “petit salé” (refogado de lentilhas), “quenelles”, “boudin” (morcilha), “andouillette”, “paillasson” (batatas empanadas), caranguejos condimentados em molho Nantua. A cozinha se alça ao nível de gastronomia, quando os homens contribuem com seu toque manual e sua imaginação criativa. As origens de grandes vinhos escorrem unidas ao leito de grandes rios. Trata- se de uma das regiões com maior tradição vinícola da França e, por extensão, do mundo. AUVERGNE A região de Auvergne possui uma natureza original onde habita uma fauna e uma flora cuja variedade dá forma às suas majestosas paisagens. Auvergne é a terra dos Grandes Espaços e do vulcanismo. Seus quatro departamentos, Allier, Cantal, Haute-Loire e Puy-de-Dome estão situados no centro da França. Estes departamentos oferecem um imenso território verde, salpicado de lagos, bosques e vulcões. É apreciada a cozinha local, simples e autêntica, que os chefs gostam que se descubra. Auvergne, sendo uma região rude, não conta por natureza própria com uma cozinha sábia e rebuscada, trata-se mais de receitas familiares onde a abundância e a qualidade dos pratos são os traços predominantes. Esta região é conhecida pela pesca de trutas, a charcutaria artesanal, as castanhas que acompanham a numerosos pratos e por três queijos: Fourmé d'Ambert, ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 22/37 Saint Nectaire e Cantal. Também pelos vinhos Saint-Pourçain, e Chanturges e Le Carent. BOURGOGNE – FRANCE - COMTÉ: Bourgogne (Borgonha) É um slogan, certamente, mas também é uma realidade bastante concreta. Os vinhos de Borgonha figuram entre os mais prestigiosos do mundo e acompanham de maravilha uma gastronomia que reúne refinamento e tradição e que tem feito do habitante de Borgonha o arquétipo do "bon vivant". Além de seu vinho, em Borgonha se pode provar os caracóis ao alho e o boi borgonhês que constituem o sumo da cozinha deliciosa. Feliz com a riqueza de seus solos e a glória de seus vinhos, tem uma cozinha forte e ao mesmo tempo sutil, carnes, caça, ovos ou queijo, e predomina o molho com vinho. Borgonha é, provavelmente, a região mais difícil de entender e de explicar de todas as zonas produtoras, e também a fonte das maiores alegrias e decepções para os aficionados vinícolas. Não só está composta por diferentes regiões: de norte a sul, Chablis, Côte d'Or (que por sua vez se divide em: Côte de Nuits e Côte de Beaune), Côte Chalonnaise, Mâconnais, e Beaujolais, senão que cada uma se subdivide em muitíssimas denominações menores, até o extremo de que uma vinha é uma denominação. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 23/37 France - Comté Região ao leste da França, rodeada das regiões da Alsácia, Champagne Ardenne, Borgonha e os Rhône-Alpes. Esta região compartilha fronteira com a Suíça. France-Comté é considerado como paraíso turístico, comseus imensos bosques de abetos, suas planícies e águas vivas ou ribeiras, cascatas, olhos d’água e lagos, entre montes e vales. France-Comté compõe-se de 4 departamentos: le Doubs, le Jura, la Haute-Saône e o território de Belfort. Em seus bosques cerrados os cogumelos são abundantes, em seus rios, as trutas e os caranguejos, que por isso são umas das bases de sua cozinha. Tem uma excelente charcutaria e queijos notáveis: Sepimoncel e la cancoillotte, purê de queijo bastante forte. É característico, o Kirsch em Fougerolles. ALSACE – LORRAINE Alsace Situada ao Nordeste do país, entre os rios Rin e o Vosges, na fronteira com Alemanha e Suíça, a região alsaciana é a menor da França e é também uma das mais originais por sua diversidade cultural, gastronômica e geográfica. Oferece uma grande diversidade de paisagens, planícies, bosques, vinhedos, vales e montanhas. O clima alsaciano é semi-continental com verões cálidos e chuvosos e com invernos frios e freqüentemente com neve. Alsace está formada por somente dois departamentos: Bas-Rhin (Baixo Rin) ao norte, Haut-Rhin (Alto Rhin), ao sul. A região conta com 1.6 milhões de habitantes divididos nos dois departamentos. "Maïdele, d' Liab geht dich d'r Maga" (Menina, o amor entra pelo estômago). Este provérbio marca a importância que sempre se deu na Alsácia à comida. De fato, a arte culinária é onde as tradições se mantêm vivas. Os numerosos livros de receitas encontrados nas livrarias são testemunhas da grande ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 24/37 variedade de manjares; os pratos para os dias de festa não são mais que um pálido reflexo dos pratos de outrora. Cada região da Alsácia, inclusive cada pequena cidade, tem seus próprios sabores. Foi aí que se inventou um dos pratos mais delicados da cozinha francesa: o delicioso foie gras; e quanto à bebida, a cerveja desta zona é considerada uma das melhores do país. Excelentes vinhos brancos e licores. É a adega, o celeiro e a despensa das regiões limítrofes. É a terra do porco, do “choucroute” de peixe (salmões, trutas e carpas) bem como dos gansos e caças. Tem sobremesas variadas e muito saborosas. Lorraine Lugar cobiçado há muito tempo, esta região possui um passado muito rico em história. Os departamentos de Lorraine são: Meurthe e Moselle, Meuse, Moselle e Vosges. Como o alsaciano, o lorenês gosta do porco, ainda que sua cozinha seja mais refinada. Excelente confeitaria. Os vinhos “cinzentos” de Lorraine são agradáveis. CHAMPAGNE-ARDENNES Esta região é conhecida por suas planícies, planaltos e pregas, de onde surgem numerosas ribeiras e dois dos rios mais importantes do sul da França, o rio Meuse e o Sena. Recorrem de norte a sul os extensos bosques, os grandes espaços dos planaltos produtores de cereais, os vinhedos e vales cheios de verde por onde afluem numerosos rios. Com um passado que forma uma história sumamente interessante, um patrimônio arquitetônico impressionante, uma agricultura e uma vinicultura desenvolvida são só algumas das características desta região. Quatro departamentos a formam: Ardennes, Marne, Aube e Haute-Marne. Ao longo ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 25/37 destes departamentos podemos encontrar diversos tipos de terrenos e solos, além de uma grande variedade de climas. Goza de um renome internacional que, naturalmente procede do vinho de Champagne, um grande espumante, que tornou conhecido Dom Perignon. Graças ao esforço deste monge beneditino, a cultura gastronômica francesa tem-se enriquecido com esta emblemática contribuição. Existem estabelecimentos confortáveis e acolhedores nos quais a gastronomia sempre está presente ao redor do champagne. Sua charcutaria e sua confeitaria são, com os queijos Brie ou Coulommiers, ideais para saborear o champagne. ILE DE FRANCE - PICARDIE Ile de France É uma linda região, situada ao norte da França. Rodeada pelas regiões de Picardie, Champagne – Ardennes, Bourgogne e Centre. É formada por 5 departamentos, Pontoise, Versalles, Evry, Paris e Melun. Aí se resumem as cozinhas regionais. No que diz respeito à romântica Paris, devemos adicionar que não conta com uma cozinha própria, senão que herda todas as culturas e sua arte culinária é um compêndio das distintas regiões. Por tanto, Paris é a encruzilhada onde se fundem e “sublimizam” todas as cozinhas do mundo. Picardie Possuidora de um passado histórico bastante completo, a região de Picardie também é reconhecida por seu litoral, suas enormes praias e dunas, e a especialidade da região é o delicioso creme Chantilly. Os departamentos que a formam são: Aisne, Oise e Somme. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 26/37 NORD PAS DE CALAIS SITUAÇÃO geográfica excepcional, aberta a suas costas, as ilhas britânicas e, sobretudo ao nordeste do continente europeu: Nord e Pas de Calais , departamentos onde se descobrem rapidamente as velhas províncias do norte da França, como: Flandres , Artois , Hainaut , Cambrésis , Boulonnais , Calaisis , além de descobrir subitamente a maravilhosa paisagem da região. Passemos agora a falar da cozinha regional da França. Já temo suma idéia geral suficiente do diverso panorama gastronômico regional francês. Advertimos que, desde logo, há uma série de especialidades que, sem entrar na grande cozinha clássica da França, podem considerar-se pratos nacionais por estar presentes em quase todas as cozinhas regionais. Referimos-nos, por exemplo, ao Navarin Printanier, o universal refogado de cordeiro ou novilho, o al Chateaubriand, o grande filé de boi ilustrado com o nome mais literário do romantismo francês. Porém agora pretendemos tratar das especialidades gastronômicas da Região Provençal e da sudoeste, na qual compreendemos grosso modo, a cozinha gascona, girondina e do Périgord. A COZINHA PROVENÇAL Provence é um mundo à parte na cozinha francesa. Em primeiro lugar porque refoga com azeite de oliva e porque é uma gastronomia surpreendente pela variedade e abundancia de seus pratos. Um velho e erudito gastrônomo, o conde Austin de Croza, recolheu não menos de 419 pratos especiais absolutamente autóctones desta região histórica. A cozinha provençal é, antes de tudo, uma cozinha de mar, sem desdenhar não obstante, da gastronomia de terra adentro. O autor mais clássico sobre a arte culinária provençal segue sendo o venerável J. D. Reboul, que no séc. passado escreveu um livro “La cuisiniére provenzale”. Nesta obra enumera nada menos que as quarenta e cinco espécies marinhas peculiares na costa ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 27/37 provençal. A este sotaque marinho se juntam três características primordiais: o azeite de oliva, o alho e as ervas aromáticas. Esta três diferenças básicas distinguem a cozinha provençal do resto das cozinhas francesas. Por isso nos deteremos mais longamente nela, porque os provençais a consideram a “outra grande cozinha da França”, porque no resto da França geralmente tudo é à base de manteiga, de peixe do atlântico, da trufa, do foie-gras e dos molhos solenes e experts. No que diz respeito ao azeite de oliva, os provençais são realmente intransigentes. Gustave Thubon exclamava com o clássico exagero marselhês: “O mundo se divide em dois, uma fronteira estabelecida pelo rio Loire: ao sul desta linha são homens pequenos e morenos que comem a cozinha do azeite e são como deuses; ao norte deste rio são homens brancos que comem a cozinha da manteiga e, sabem vocês o que são? são esquimós”. Igualmente o marselhês Maurice Brun, cozinheiro doVelho Porto, afirmava que a cozinha com manteiga era “pura cosmética”. Como é natural, não vamos interceder nestes exageros, mas sim vamos dizer que esta cozinha tem um prestígio que vem de muito antigamente. “O azeite que se extrai aqui das mais lindas azeitonas do mundo, substitui a manteiga e tenho apreciado muito esta mudança. Sobretudo nos molhos, que, sem mentir, são os melhores do mundo” Assim escreveu o poeta Jean Racine em Uzés em 1661. O velho e patriarcal olival é o rei indiscutível da Provença. Dizem os provençais que seu azeite transparente e dourado, sagrado e precioso, é o melhor do mundo. Os espanhóis não podem aceitar esse exagero, tão tartarinesco e alegre. Digamos que é tão bom como alguns dos espanhóis, como algum azeite toscano ou grego. É o grande óleo cozinheiro da Provença, quando é um azeite virgem, frutado, perfumado, prensado a frio. Quando lhe agregam azeite de soja, de amendoim ou de girassol, é o mesmo ouro morto e gasto, sem brilho. O azeite é a base da cozinha provençal, é sua alma e seu segredo. É conseqüência de uma agricultura venerável, sob o sol do antigo Mediterrâneo. Não pode existir uma boa cozinha provençal sem a presença do alho como tempero. Devemos advertir ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 28/37 que o alho provençal é infinitamente menos agressivo que o nosso. O melhor alho de Provença é produzido em Cavaillon que também oferece um ótimo melão. Com o alho, o azeite e os ovos se produz o aióli, diferente do espanhol, que não leva ovos na elaboração. L’aióli é, no campo provençal, uma pequena festa, o presente dos dias frios de inverno. Nas prensas ou moinhos de azeite o desjejum dos trabalhadores era aióli todas as manhãs. E, além disso, é a base da grande sopa de peixe la bourride. A cozinha provençal se distingue, sobretudo pelo uso das ervas aromáticas: alecrim, endro, açafrão, alfazema, tomilho, sálvia, anis, manjerona, alfavaca, louro, zimbro. As essências voláteis que se desprendem destes nobres temperos associam-se à qualidade nutritiva dos pratos e destacam seu sabor. Como no caso do alho, é necessário usar com discrição e comedimento tais ervas e misturá-las sabiamente. Se não são usadas com um sutil discernimento, corre-se o risco de mascarar totalmente o sabor dos pratos. Porém, normalmente, o gênio popular e espontâneo da cozinha provençal chega a um grau de refinamento só igualado em alguns grandes pratos da cozinha italiana, no que diz respeito ao uso de ervas aromáticas. Como temos destacado, a cozinha de peixes é importantíssima em Provença. Sem dúvida, o prato provençal mais célebre, o que maior difusão tem alcançado fora da região, é a sopa la bouillabaisse. Esta grande sopa é composta de peixes brancos cozidos em água pura ou amenizada com um toque de vinho branco, temperada com açafrão, pimenta, louro, tomilho, alho, salsa, uma casca de laranja, etc. Outros elementos básicos são a presença de azeite de oliva e de tomate. Segundo os mais creditados conhecedores da gastronomia francesa, o nome bouillabaisse vem, tanto em provençal como em francês, do ato de ferver os crustáceos e peixes que compõem este prato nunca suficientemente cantado ou enaltecido: põem-se os dezessete peixes e frutos do mar convenientes, alho, bastante azeite, a salsa e o açafrão. Além da bouillabasse e da bourride, duas grandes sopas de peixes, está também o Aigo-Sau, que não difere grande coisa da buillabasse clássica. Provavelmente o que mais as distingue são os pescados que entram em ambas as composições, pois geralmente o Aigo-Sau leva salmonete e ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 29/37 merluza e outros peixes parecidos. Na preparação de outra sopa, Revesset , entram peixes azuis como a sardinha ou a anchova. Logo também tem sua representação, no caldo, os vegetais: acelga, espinafre e radiche. Quando estas hortaliças estão cozidas se agrega o peixe, que não deve ser cozido por mais de 15 minutos. Como no caso da bouillabasse, verte-se o caldo sobre o pão, serve-se o peixe à parte e pica-se toda a verdura finamente e se adiciona à sopa. Até aqui as sopas de peixe: outros pratos de peixe ilustríssimos são o rape com alcaparras e azeitonas negras, os salmonetes en papillote ou simplesmentente a la nague, o robalo flambado ao anis e o dourado com o imponderável e suave creme de ouriços do mar, as lulas recheadas, as sardinhas com passas, amêndoas e louro, a sopa de congrio e a sopa de ouriços do mar e tantos outros pratos de primeira categoria. De animais de água doce, desde as pernas de rã à provençal e os papillotes de enguias do Ródano, há toda uma grande cozinha de peixes de terra adentro. Em salmoura são conservadas as anchovas, base dos grandes pratos estivais: o tapenade (anchovas com alcaparras e azeitonas negras) e a anchoiade (que é um purê de anchovas com molho de alho, vinagre e pimenta). Também salgadas e prensadas as ovas de mújol são a famosa poutargue. Os pratos de carne são também bem característicos: daube de boi a provençal é um dos grandes refogados da França, que passou à alta cozinha. Um célebre prato marselhês, rústico e jovial, é o pieds en paquets , que é um típico refogado de patas e tripas de cordeiro. Em seguida vem o pot-au-feu provençal, que tem como originalidade ir temperado com aióli. Este pot-au-feu não leva aves e sim as três grandes carnes: cordeiro, boi e porco. Porém a glória da cozinha provençal se cifra nos pratos de cordeiro borrego: o gigot persillé, o gigot en croüte e, sobretudo o gigot au romarin, disputam em qualidade com os pratos de caça. Deliciosa e excêntrica é a caça em Provença: ráble de lebre com bagas de endro, codornizes com trufa de Provença, espetos de suculentos papa-figos, salmis de tordos, refogados de tordos dos Alpes com azeitonas negras e o aromático coelho montês à provençal, são pratos extraordinários como o é a lebre com ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 30/37 amoras, molho solene e eclesiástico. Dizia Curnonsky que existia em Provença não menos de sessenta e sete pratos à base de legumes e produtos hortícolas. Entre todos eles se destaca a berinjela, que está presente em quase todos os pratos mediterrâneos e é base principal da cozinha turca e de sua herdeira, a cozinha grega. A França chegou ao séc. XVII. Por certo que o nome francês “aubergine” vem do catalão “aubergínia”. Pois bem, o catálogo de berinjela provençal é infinito: salteadas, recheadas com anchovas, recheadas com carne de porco, gratinadas, com queijo, refogadas com molho de tomate, etc. Ao lado da berinjela está outro produto hortícola: a alcachofra, que vai desde as alcachofras recheadas de foie-gras e refogados a alcachofras à barigoule. A célebre ratatouille que muitos situam em Niza, é um compêndio de toda a representação de verão da riqueza da horta de Provença. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 31/37 FICHAS TÉCNICAS RECEITAS COZINHA II AULA 1 Cozinha francesa Receita: TAPENADE Quant. Unid. Ingredientes A 60 Grs Azeitonas negras B 30 Grs Alcaparras C 15 Grs Anchovas D 3 Grs Dente de alho E 50 Grs Azeite de oliva F 20 Grs Rodelas de pão G Preparação : Dessalgar as anchovas com água quente, enxaguar e escorrer e descaroçar as azeitonas. Esmagar o alho descascado, as anchovas, as azeitonas e as alcaparras no morteiro e agregar pouco a pouco o azeite. Servir em fatias de pão tostado. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 32/37 COZINHA II AULA 1 Cozinha francesa Receita: QUICHE LORRAINEQuant. Unid. Ingredientes A 150 Grs Farinha B 75 Grs Manteiga C 150 Grs Ovos D 150 Grs Bacon defumado E 80 Grs Queijo ralado F 150 Grs Creme de leite G Sal, pimenta, noz moscada Preparação : Colocar a farinha sobre a bancada formando uma coroa, agregar um ovo, o sal, a manteiga em pedaços e unir os ingredientes até formar uma pasta homogênea. Deixar repousar na geladeira por 30 minutos coberta com filme. Cobrir uma fôrma de 18 cm. de diâmetro, furar a massa, cobri-la com papel alumínio e cozinhá-la a branco, em forno pré-aquecido a 180º durante 15 minutos. Cortar o bacon em tiras e dourar ligeiramente, bater os ovos restantes e misturar com o creme de leite e temperar. Retirar a massa do forno, colocar as tiras de bacon, o queijo no interior e sobre tudo a mistura de ovos e creme, até a superfície. Levar ao forno por 25 minutos, deixar repousar 10 minutos e servir. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 33/37 COZINHA II AULA 1 Cozinha francesa Receita: FRICASSE Quant. Unid. Ingredientes A 10 Cc Azeite B 20 Grs Manteiga C 1 Unid Coxa de frango D 20 Grs Farinha E 50 Grs Cebola F 50 Grs Cenoura G 20 Grs Aipo H 50 Grs Alho poro I 20 Grs Champignons J 50 Cc Vinho branco K 100 Cc Caldo de ave L 50 Grs Creme de leite M 10 Grs Ervas frescas N Sal e pimenta Preparação : Cortar as coxas e as cebolas em emincé. Cortar as verduras em brunoise. Temperar e enfarinhar o frango. Fritá-lo rapidamente em uma frigideira, retirá-lo e reservá- lo. Agregar as cebolas, refogá-las e polvilhar com a farinha restante. Deglacer com vinho branco, completar com caldo de ave e levar a ferver. Adicionar o emincé de frango e refogá-lo a fogo baixo até que o frango esteja cozido. (se é necessário, passar o molho por um chinoise.) Agregar o creme de leite no final e reduzir até obter o ponto desejado. Servir o fricassê com o molho, opcional: batatas e cenouras torneadas. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 34/37 COZINHA II AULA 1 Cozinha francesa Receita: BLANQUETTE Quant. Unid. Ingredientes A 20 Grs Manteiga B 10 Grs Azeite C 200 Grs Peito de frango D 50 Grs Cenoura E 50 Grs Abobrinha F 20 Grs Champignons G 20 Grs Alho-poró H 100 Grs Caldo de ave I 50 Grs Creme de leite J 10 Grs Ervas frescas K Sal pimenta L M Preparação : Cortar os peitos em cubos e as verduras em julienne. Limpar os champignons e reservar. Branquear as verduras por separado e os cubos de ave no caldo. Juntar o frango e as verduras, corrigir o ponto, cobrir com creme e deixar reduzir até que tome corpo. Servir a ave com o molho, as verduras e polvilhar com salsa picada. NOTA: A blanquette não é uma preparação que requeira dourado, justamente seu nome se deve à carência de cor, se se quer realçar o sabor pode-se alterar o método sugerido, porém deixaria de receber o nome blanquette. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 35/37 COZINHA II AULA 1 Cozinha francesa Receita: LOMBO WELLINGTON Quant. Unid. Ingredientes A 250 Grs Lombo B 20 Grs Champignons C 20 Grs Echalottes D 20 Grs Conhaque E 40 Grs Patê de foie F 10 Grs Manteiga Envolt ório G 150 Grs Farinha H 75 Grs Manteiga I 20 Grs Água fria J 3 Grs Sal k 20 Grs Ovo (para pintar) Guarni ção I: Bata tas Anna L 100 Grs Batatas M 10 Grs Manteiga Sal, pimenta, Ervas Guarn ição II: Batatas Paillason 100 Grs Batata 50 Grs Cebola Sal, pimenta, ervas Prepara ção . Pré-aquecer o forno. Limpar o lombo a fim de utilizar a parte central. Em seguida, atar com fio de algodão dando-lhe forma de cilindro. Salpimentar e selar. Regar com só uma parte do conhaque. Flambar e reservar. Mesclar o patê com o conhaque reservado, a fim de deixá-lo mais leve. Derreter a fogo médio a manteiga e cozinhar a cebola até que esteja transparente. Adicionar os champignons, polvilhar com a farinha, agregar a mistura de patê e baixar a mínima chama. Continuar a cocção revolvendo com colher de madeira, até que se forme um molho espesso. Retirar do fogo e reservar. Para a massa: Unir todos os ingredientes, levar à geladeira. Logo dar 3 dobras simples. Esticar a massa de folhado sobre uma superfície enfarinhada, dividi-la em duas partes para formar duas folhas com dois cm de diferença aprox. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 36/37 Logo, sobre o centro da folha de maior tamanho, distribuir a metade do molho de cogumelos, com a mesma forma que a peça de carne, deixando livres as bordas. Escorrer o lombo, retirar os fios e colocá-lo sobre o molho. Corrigir o sabor, salpimentando. Logo cortar uma tira, de 2 ou 3 cm. de espessura de cada lado da massa e pintar a borda da massa com água, para umedecê-la. Depois, com a outra folha de massa, cobrir o lombo e recortar os lados da folha base, para emparelhar, reservando. Fazer uma dobra para fechar e arrematar. Untar a fôrma com água, para umedecê-la, colocar a massa, e decorar com restos de massa. Pintar a superfície com o ovo batido e levar ao forno por 15 minutos. Logo reduzir a temperatura média e continuar a cocção até que a massa esteja dourada de forma parelha. Então retirar e passar para uma travessa. Guarnições: Batatas Anna: cortar fatias circulares e muito finas de batata, sobre um silpat ou alumínio untado com manteiga, dispor as fatias em forma de flor. Levar a fogo baixo por 15 min. aproximadamente. Batata Paillason: ralar batata crua, cebola crua, unir e salpimentar. Cozinhar em frigideira com manteiga e azeite formando mini panquecas. Cozinhar dos dois lados. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 1 - FRANÇA 37/37 COZINHA II AULA 1 Cozinha francesa Receita: BAGUETTE Quant. Unid. Ingredientes A 250 Grs Farinha B 150 Grs Água C 20 Grs Banha D 5 Grs Levedura de cerveja E 10 Grs Fermento F 2 Grs Sal Preparação . Pré-aquecer o forno a 220°C. Dissolver em água morna a banha e a levedura. Formar um bolo mais homogêneo e liso com farinha, sal, fermento e os líquidos. Deixar repousar tapada, em lugar cálido. Esticar e cortar em duas tiras. Enrolamos dando forma de baguette. Voltar a repousar. Realizar cortes transversais, apenas superficiais. Levar a forno os primeiros 10’ a 220 graus, logo baixamos a 190 graus e terminar a cocção. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 2 – COZINHA FRANCESA 1/7 FRANÇA II A GRANDE COZINHA DO SUDOESTE Passamos agora a tratar da cozinha do sudoeste da França, ou seja, do reino do cassoulet. A versão mais clássica deste refogado de ervilhas tem como base carne de porco fresca, presunto, salsichas. Toucinho fresco e o confit de ganso. É um prato popular e, sem dúvida, não pode ter muito mais que um século, segundo os eruditos. A operação do confitado consiste em submergir em uma banha derretida de ganso ou pato, as coxas ou asas das aves (também se pode usar frango, galinha, etc.) Nessa banha dissolvida são colocados alguns alhos e alguma especiaria como pimenta para dar-lhe sabor e cozinha-se durante largo tempo em fogo muito lento. O feijão, dentro da cozinha francesa, entra a passo furtivo no final do século XVIII e no século XIX o cassoulet e sua prima bouillabaisse, são os dois pratos regionais que conquistam Paris. Anatole France conta em sua “História Cômica” a paixão que chegou a despertar na capital este grande refogado do Languedoc. O cassoulet contém coxas de ganso confitados, vagens brancas, manteiga de porcoe pequenas salsichas. Para ser bom, é necessário que haja cozinhado a fogo muito lento. O cassoulet de Clemente é cozido há vinte anos. Adiciona-se à caçarola, ás vezes, o ganso ou o toucinho, ás vezes, uma salsicha, ou as vagens, mas é sempre o mesmo cassoulet. No fundo do recipiente sempre está o mesmo prato. La Garbure é a grande sopa familiar gascona, ainda que sua área seja muito maior que a da antiga Gasconha. Como todas as soupas populares, tem uma infinita variedade de matizes. É, em sua origem, a sopa ou ensopado de couves, a qual se adiciona vagens verdes ou ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 2 – COZINHA FRANCESA 2/7 favas, ervilhas secas, batatas, etc. Se distingue a garbure do pote galego pela presença de ganso salgado e confitado, o célebre confit d'oie. Entre as tantas variedades, apreciamos singularmente a que inclui confit d'oie e toucinho, ainda que os mais aficionados agreguem um pequeno rabo de porco que esteja um pouco rançoso. Há também ponha salsichas e quem faça flutuar uns pedaços de pão gratinado com queijo ou com manteiga sobre a ardente superfície da sopa. Segundo os clássicos, há quatro classes de garbure: a bearnesa, a paloise, a hendayesa e a de Tréhoux. As écrevisses á la bordelaise são cozidas em vinho branco seco de Bordeaux e acompanhadas de um mirepoix com manteiga, que se adiciona depois de flambar as écrevisses com Armagnac. As cépes à la bordelaise constituem um prato típico e muito simples. A cépe é um cogumelo que cresce nos lugares muito sombrios dos bosques. Seu nome científico é Boletus Edulis, e tem um diâmetro de 5 a 20 cm, com uma superfície parda, quase castanha, e ás vezes aproximando-se ao vermelho ou ao amarelo. Pode-se comer a cépe crua em saladas, mas, sobretudo cozida. Para fazer as cépes à la bordelaise, salteiam-se os cogumelos em azeite de oliva, uma cabeça de alho e um pouco de farelo de pão, para que absorva um pouco de sua água, e se come com guarnição de echalottes, salsa picada e uns cubos de presunto de Bayona. Um prato típico desta zona da França, e um tanto singular, são os ortolans en caissette. O escrivão ou hortelão é um pássaro delicioso, de uns 15 centímetros do bico ao rabo. Tem a cabeça e o peito de uma cor oliva clara, garganta amarela, bico rosado, olho vivaz e o canto breve, doce e trinante. É um animal imigrante que nos meses de agosto, setembro e outubro, passa pelas Landas francesas em direção à África Oriental. Aí são caçados com rede e logo cevados generosamente. Depois da captura, começa para o hortelão uma maravilhosa e amável existência muito diferente dos azares de sua vida selvagem. Dado que é um pássaro de infatigável gulodice, consome enormes quantidades de alpiste, colocados em jaulas onde pode estar de pé, mas não voar. Esta dieta pantagruélica converte ao hortelão em uma espécie de pequeno ganso cheio de gordura de uma qualidade deliciosa. A maneira de servir a estes pássaros é dentro de umas caixinhas de madeira um pouco maiores que um maço de cigarros. São assim os ortelans en caissette que se temperam ao forno com sua gordura natural e ás vezes com não mais que uma pincelada de molho périgeux. Não se costuma considerá-los como o prato fundamental da comida, senão como um sábio e delicadíssimo complemento da mesma e se costuma oferecer um hortelão por pessoa. Outra grande especialidade da cozinha regional que estamos tratando é a paule au pot, a galinha cozida com um pouco de novilho, porco fresco, cebola, alho e salsa. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 2 – COZINHA FRANCESA 3/7 COZINHA II AULA 2 Cozinha francesa Receita: Vichyssoise Quant. Unid. Ingredientes A B 100 Grs Alho-poró C 40 Grs Cebola D 100 Grs Batata E 200 Grs Caldo F 50 Grs Creme de leite G 10 Grs Manteiga H Sal-pimenta-salsa Preparação: Picar a cebola em brunoise e a parte branca dos alhos-poró e refogar com a manteiga tudo junto em uma panela, sem dourar, até que fiquem tenros. Adicionar a batata cortada em macedonia, colocar o caldo, sal e a pimenta. Deixar cozinhar a fogo lento uns 30 minutos. Passar todo por uma peneira ou um esmagador para purê para que fique um creme fino. Deixar esfriar e adicionar o creme de leite. Convem deixar a sopa preparada com 12 horas de antecipação. Servir em uma xícara, bem fria e polvilhada com salsa picada. (Se quiser servir bem fria ou apenas morna). ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 2 – COZINHA FRANCESA 4/7 COZINHA II AULA 2 Cozinha francesa Receita: MOULES A LA PROVENÇA LE (MEXILHÕES À PROVENÇAL) Quant. Unid. Ingredientes A 100 Grs Mexilhões B 20 Grs Azeite de oliva C 10 Grs Manteiga D 10 Grs Alho E 10 Grs Salsa F 50 Grs Vinho branco G Sal - pimenta Preparação: Em uma caçarola fundir a manteiga com o azeite de oliva, amornar o alho e a salsa. Incorporar os mexilhões e o vinho branco. Tapar. Esperar uns minutos até que os mexilhões se abram com o vapor. Uma vez abertos todos (os que não se abrirem descartar), corrigir sal e pimenta. Servir em uma caçarola de barro com o caldo do cozimento. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 2 – COZINHA FRANCESA 5/7 COZINHA II AULA 2 Cozinha francesa Receta: MAGRET DE PATO À LARANJA E ARROZ CANTONÊS Quant. Unid. Ingredientes A 250 Grs Filé Magro de pato B 100 Grs Suco de laranjas C 10 Grs Raspas de laranjas D 40 grs Cointreau E 25 Grs Manteiga F 100 Grs Caldo Arroz cantonês G 50 Grs Arroz H 50 Grs Ovo I 40 Grs Presunto cozido J 50 Grs Cebola K 25 Grs Azeite de oliva L 30 Grs Molho de soja M Sal – pimenta Preparação: Em uma frigideira com azeite e manteiga dourar o peito de um lado e de outro três minutos de cada lado. Retirar, deglacer com uma colher de cointreau, acrescentar o suco de laranja deixando evaporar o caldo. Deixar reduzir em fogo lento e se é necessário agregar-lhe manteiga bem gelada para espessar. Terminar a cocção do peito no forno durante 5 a 6 minutos mais (importante: deve-se servir bem suculenta). Para o arroz : lavar bem até que saia mais amido, em seguida prepará-lo em panela. Bater os ovos e fazer um omelete bem fino, cortar o presunto em julienne bem fina, refogar a cebola em brunoise e juntar o presunto e agregar ao omelete cortado em tiras. Por último agregar o arroz e o molho de soja, integrar e reservar para a apresentação. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 2 – COZINHA FRANCESA 6/7 COZINHA II AULA 2 Cozinha francesa Receita: TERRINA CONFIT DE PATO Quant. Unid. Ingredientes A 200 Grs Coxas/sobrecoxas de pato B 300 Grs Azeite de oliva C 50 Grs Alho D 20 Grs Tomilho E 10 Grs Pimenta em grãos Preparação: Desossar as coxas de pato, cobrir com azeite de oliva, agregar alho, tomilho e grãos de pimenta e levar a fogo mínimo até cozinhar por completo e esteja bem tenro. No mínimo 2 hs. Se não levar ao forno a 80-90°C, 2 ou 3 hs. Retirar, esfriar, desarmar a carne em pedaços. Em uma terrina, forrada com filme prensar a carne com um pouco da gordura do confit. Levar a frio, por 24 hs. Desenformar e cortar. Servir acompanhado de folhas verdes e vinagrete. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 2 – COZINHA FRANCESA 7/7 COZINHA II AULA 2 Cozinha francesa Receita: OVOS BENEDICT Quant. Unid. Ingredientes OVOS POCHE A 100 Grs Ovos B 10 Grs Vinagre C 10 Grs Sal MOLHO HOLANDÊS D 100 Grs Manteiga clarificada E 10 Grs Sugo de limão F 120 Grs Gemas G 10 Grs Água H Sal – pimenta OUTROS I 100 Grs Pão de leite J 40 Grs Presunto cru K 10 Grs Ciboulette L Pimenta negra Preparação: Para os ovos : Escalfar os ovos de um em um no fogo em água fervendo com vinagree sal. A medida que vão estando prontos, tirar, escorrer e reservar em um prato ao calor. Para o molho holandês : colocar as gemas, a água, o sal e a pimenta em uma caçarola de fundo grosso e bater até obter uma gemada. Retirar e seguir batendo até chegar aos 60° C aprox. para começar a emulsi onar com a manteiga clarificada. Por último incorporar umas gotas de limão. Pode-se reservar em banho Maria por um curto prazo a 60°C. Se aconselha preparar e serv ir no momento. Tostar o pão, dourar o presunto cru numa frigideira e cortar o ciboulette. Montagem : Sobre a tostada, colocar o presunto cru dourado, sobre o ovo. Cobrir com o molho holandês, polvilhar com ciboulette picado e pimenta negra recém moída. ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 3 - Espanha 1/21 ESPANHA A maior parte do território da Espanha se encontra na península ibérica, que está situada ao sudoeste da Europa. Compartilha este território peninsular com Portugal, ocupando 80% do mesmo. À parte da península, inclui as ilhas Baleares, no Mar Mediterrâneo, as ilhas Canárias, compostas por 7 ilhas e várias ilhotas no Oceano Atlântico, ao sudoeste da península, frente à costa do Marrocos; e ao norte da África conta com as cidades de Ceuta e Melilha. Em relação ao continente europeu, Espanha é o terceiro maior país, depois de Rússia e França. Limita-se ao norte com o mar Cantábrico, França e Andorra, a oeste com o Oceano Atlântico e Portugal, ao sul com o oceano Atlântico, o Mar Mediterrâneo e Marrocos; e ao leste com o mar Mediterrâneo. Geograficamente possui 5 grandes cadeias montanhosas que a atravessam e quase 50% de seu território de assenta sobre planaltos. A Espanha tem mais de 3.500 quilômetros de costa, que refletem os contrastes físicos e geográficos que caracterizam a Península Ibérica. Assim, as costas do leste e do sul da Espanha banhadas pelo Mediterrâneo são planas e arenosas e as do noroeste têm lindas entradas no estilo dos fiordes, enquanto que as do lado Cantábrico são rochosas e com muitos penhascos. Sua estrutura nos permite diferenciar diversas paisagens, segundo sua orientação. Apresentam uma extraordinária variedade, passando desde áreas desérticas até os mais verdes e ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 3 - Espanha 2/21 frutíferos campos, onde montanhas, vales, rios e praias originam uma grande variedade climática. As montanhas do Cantábrico marcam a primeira zona de divisão climatológica bem definida. Ao norte desta cadeia, na estreita franja do norte, onde se situa o País Basco, Cantábria, Asturias e Galícia, se encontra o que poderíamos chamar a Espanha chuvosa, com um clima marítimo por excelência, somente com leves variações de temperatura, invernos amenos e verões frescos, um céu quase constantemente nublado e freqüentes chuvas, ainda que menores durante o verão. Ao sul da cadeia cantábrica encontra-se a Espanha seca, com um clima extremamente variável, sempre caracterizado por chuvas esparsas e um implacável sol ardente em um céu intensamente azul, ocasionalmente cruzados por ferozes tormentas locais de curta duração. Em termos de superfície, a Espanha chuvosa ocupa um terço do país, enquanto que os outros dois terços correspondem à Espanha seca. As Ilhas Canárias têm um clima oceânico subtropical de grande estabilidade térmica e de regime de chuvas. O clima canário está temperado pela presença da corrente fria de Canárias A relação entre relevo, clima e vegetação é evidente assim como sua influência em setor setores sócio- econômicos, na agricultura e no turismo. A vegetação de um país é um claro reflexo de sua diversidade climática. Suas paisagens diversas e sua rica flora (umas 8.000 espécies) constituem outro tipo de cruzamento de caminhos, em que as plantas procedentes de toda a Europa se encontram e se misturam com a vegetação do norte da África. Desta maneira faia européia cresce junto ao carvalho mediterrâneo, ao pinheiro carrasco, a palmeira africana e até o eucalipto australiano. Esta cruza de caminhos botânicos se caracteriza por zonas bem definidas que correspondem em grande medida aos principais tipos de clima espanhóis. Na Espanha úmida predomina o bosque, no qual abundam espécies como a faia ou o carvalho devido ao acidentado relevo do terreno, a altitude e o tipo de solo. A Espanha seca se divide em outros grupos distintos de vegetação, de acordo com sua temperatura peculiar e aridez, que se corresponde com a Meseta e a depressão Ibérica, de um lado, e a Espanha Mediterrânea de outra. Estes dois grupos têm em comum sua adaptabilidade à aridez, que tem dado lugar a uma combinação de bosque e mato que podem crescer com muito pouca umidade. Portanto, um bosque típico de azinheiras e sobreiros sobrevive na Meseta. Nas zonas costeiras do Mediterrâneo existe uma mistura botânica mais complexa. Na costa da mesma, os bosques de azinheira estão intercalados com os pinhais. Nas costas mais altas, encontra-se um tipo de paisagem sem árvores coberto com matagal xerófito que se tem adaptado às temperaturas frias e secas típicas das regiões montanhosas mediterrâneas. Pelo contrário, na orla do Mediterrâneo se estende um tipo de deserto com escassa vegetação, no sudoeste de Murcia e Andaluzia. Nesta última, é fácil encontrar algumas espécies de plantas exóticas como a palmeira anã, a pereira indígena espinhosa e pés de babosa. Ocasionalmente brotarão arvoredos compactos ou dispersas palmeiras se há suficiente quantidade de água subterrânea. Sua agricultura consiste em grãos, verduras, olivais, parreirais, beterrabas açucareiras, frutas cítricas, carne de gado, de porco, avicultura, leite e queijo, pesca e sua indústria têxtil, de roupas (incluindo ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 3 - Espanha 3/21 calçados), indústrias de alimentos e bebidas, siderurgia, produtos químicos, estaleiros, automóveis, ferramentas mecanizadas e turismo. A Espanha é um dos países mais ricos da Europa em produção mineral, que está centrada em fontes de produção não energéticas. A diversidade da produção mineral espanhola é tão grande que podemos encontrar em solo espanhol quase todos os tipos de minerais. A distribuição desigual da população no território tem criado desequilíbrio entre as regiões, observando-se amplas diferenças de densidade. Há uma crescente tendência da população a concentrar-se nas regiões costeiras e um crescente despovoamento no interior, com exceção de Madri (a capital) e outras poucas cidades, graças à industrialização e urbanização. Seu idioma é o Espanhol (Castelhano) 74%, Catalão 17%, Galego 7%, Basco 2% e sua moeda é o Euro. Durante a Idade Média, o Cristianismo coexistiu junto com o judaísmo e o Islã, mas desde a época dos reis católicos, se converteu em religião obrigatória dos espanhóis. As Constituições liberais do século XIX estabeleceram a liberdade religiosa, mas a influência da Igreja Católica é ainda muito importante. Praticamente todos os espanhóis são católicos. A COZINHA ESPANHOLA Os alimentos que têm marcado a cozinha espanhola são os legumes e o arroz, que já em XIV deixava de ser um alimento exótico para converter-se em regiões como Valência e Murcia em um alimento habitual. O arroz no Renascimento chegou a estar tão estendido, que dele se realizou o manjar branco, de origem catalã (manjar blanc) que deu lugar ao arroz com leite, por influências árabes. Com respeito ao consumo da carne de porco, o homem do século XIV segue os costumes dos séculos anteriores: sua carne se salgava ou faziam embutidos ( chouriço e morcilha), que consumiam a nobreza e o clero. Os camponeses, ESPECIALISTA EM GASTRONOMIA E ALTA COZINHA COZINHA II AULA 3 - Espanha 4/21 servos e outros grupos, ao contrário, consumiam os miúdos e a banha, que também era
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