Prévia do material em texto
Gangrena Gasosa Síndrome de Fournier Ana Claudia Bueno 21907739 Priscila Paim 21907451 Gangrena Gasosa Agente Etiológico Ø As infecções de tecidos moles causadas por espécies de Clostridium têm sido descritos na literatura por centenas de anos em grande parte devido à sua natureza fulminante, apresentações clínicas e à dificuldade de manuseio. Ø As espécies Clostridium perfringens, septicum e histolyticum são as principais causas de gangrena gasosa associada a trauma e sua incidência aumenta drasticamente em tempos de guerra, furacões, terremotos e nas condições de acidente em massa. Recentemente, houve também aumento da incidência de gangrena gasosa espontânea (GGE) causada por Clostridium septicum (C. septicum) em associação com anormalidades gastrointestinais e neutropenia(1,2). Ø A patogênese da gangrena gasosa envolve o desenvolvimento de forma contígua de uma área de trauma ou via hematogênica de outros focos, com semeadura muscular. O reconhecimento precoce e tratamento agressivo são essenciais. Epidemiologia § É uma infecção que progride rapidamente, destruindo os músculos em razão de sua toxicidade, e pode causar a morte; § Infecções por clostrídio do tecidos moles podem ocorrer após uma lesão ou de forma espontânea; § A infecção tipicamente resulta em gás nos tecidos moles; § A presença de material estranho (até mesmo estéril) aumenta significativamente o risco de infecção por clostrídios; § A infecção também pode ocorrer em feridas cirúrgicas, em particular em pacientes com doença vascular oclusiva subjacente. Fatores de riscos e características • Normalmente se desenvolvem horas ou dias depois que uma extremidade é lesionada por esmagamento intenso ou ferimento perfurante que desvitaliza o tecido, criando condições anaeróbias; • Pode ocorrer após algum ferimento na pele ou nas membranas mucosas, cirurgia, punções venosas, deficiência dos vasos ou infecção decorrente de outros micro-organismos. • Transmite-se através dos tecidos necrosados e secreções de um paciente in- fectado; da poeira, do solo e das fezes contaminadas. O período de incubação pode variar de algumas horas até 5 ou 6 dias. Quanto à susceptibilidade não há resistência natural Manifestações clínicas • Febre, sudorese, ansiedade, baixa da pressão sanguínea; • Dor e inchaço na região afetada, gás nos tecidos e destruição dos mesmos; • Mau cheiro em virtude do gás acumulado e da putrefação da matéria orgânica; • Algumas espécies produzem toxinas, que levam o paciente à confusão mental, perturbação respiratória, emagrecimento rápido, palidez, pulso intermitente, coloração amarelada. Manifestações clínicas Gangrena gasosa com Mionecrose por Clostrídio (traumática) Mionecrose por Clostrídio (espontânea) Diagnóstico • Suspeitar de infecção por clostridium de partes moles pela avaliação clínica, particularmente pela inspeção da ferida e áreas adjacentes (incluindo o odor). • Na mionecrose, o tecido muscular é visivelmente necrótico; o músculo afetado se torna cor-de-rosa não intenso, depois vermelho profundo e finalmente verde-acinzentado ou roxo manchado, que não se contrai ao ser estimulado. Radiografias podem mostrar a produção de gás local e a tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM) delineiam a extensão da necrose e do gás. Diagnóstico – Cultura e coloração de Gram � Cultura pelo meio anaeróbio (com CO2). - Exame direto de esfregaço corado pelo método de Gram, através do qual se verifica a presença de bastonetes Gram positivos em grande quantidade. � Hemocultura em meios anaeróbios e aeróbios. (Padrão-ouro) � Deve ser cultivado o exsudato da ferida para microrganismos anaeróbios e aeróbios. Como o número de clostrídios dobra a cada 7 minutos, culturas anaeróbicas de Clostridia podem ser positivas em menos de 6 h • Poucos polimorfonucleares (PMN) são encontrados nos exsudatos. • A chegada ao laboratório deve ser rápida e as condições de transporte devem fornecer uma atmosfera isenta de oxigênio, dióxido de carbono, hidrogênio e nitrogênio. Swabs devem ser transportados em meio semissólido anaeróbico esterilizado, como o meio de transporte de Cary-Blair. Tratamento • Drenagem e desbridamento • Penicilina associada à clindamicina • Quando sinais clínicos de infecção por clostrídios estão presentes, como gás ou mionecrose, a intervenção rápida e agressiva é obrigatória. Drenagem completa e desbridamento são tão importantes quanto o uso de antibióticos; ambos devem ser instituídos rapidamente. • Administrar imediatamente penicilina e clindamicina (inibe a produção de toxinas) • Se houver suspeita ou comprovação de microrganismos Gram- negativos, administrar um antibiótico de amplo espectro (p. ex., ticarcilina com clavulanato, ampicilina com sulbactam ou piperacilina com tazobactam, um carbapenêmico) com clindamicina. • Se os pacientes alérgicos à penicilina tiverem uma infecção com risco de vida, clindamicina, com ou sem metronidazol. • O tratamento com oxigênio hiperbárico pode ser útil na mionecrose extensa, particularmente nos membros, como um complemento aos antibióticos e à cirurgia. O tratamento com oxigênio hiperbárico pode salvar o tecido e diminuir a morbidade e a mortalidade se iniciado precocemente, mas não deve postergar o desbridamento cirúrgico.2 SÍNDROME DE FOURNIER Agente Etiológico ØA etiologia geralmente é polimicrobiana. ØClassificação: � Tipo l - polimicrobiana representada por bactérias anaeróbias, anaeróbias facultativas e enterobactérias. � Tipo II - monomicrobiana representado pelo Streptococcus pyogenes ou, mais raramente, pelo Staphylococcus sp. ØO principal agente isolado em culturas: � E.Coli. Epidemiologia ØA síndrome de fournier (SF) ou Fasciíte Necrotizante (FN) é uma infecção rara e grave, causada por bactérias extremamente agressivas, caracterizada por necrose extensa e rapidamente progressiva, que acomete o tecido celular subcutâneo e a fáscia muscular. ØA síndrome de Fournier é a forma de FN que atinge bolsas escrotais e região perineal. ØOcorre predominantemente no sexo masculino, entre a terceira e a sexta décadas de vida, também pode acometer mulheres, com a proporção de aproximadamente 10 casos no sexo masculino por 1 no sexo feminino – com acometimento da genitália vulvar. ØApresenta altos índices de mortalidade, que variam de 13 a 70%. Fatores de riscos ØFatores de riscos associados: � Doenças renais e hepáticas; � Imunossupressão; � Diabetes mellitus (DM); � Alcoolismo; � Tabagismo; � Hipertensão arterial; � Obesidade; � condições de baixa imunidade associadas à radioterapia, quimioterapia, leucemia, entre outras. Características ØCaracterísticas: • As lesões podem ocorrer a partir de pequenos traumas,picadas de insetos, ou incisões cirúrgicas. (20% sem nenhum evento prévio). • O processo inflamatório necrotizante agudo afeta, a princípio, o tecido subcutâneo profundo e a fáscia. (Fase primária). • Os tecidos mais superficiais e a pele são acometidos secundariamente. (Fase secundária). • A destruição de nervos subcutâneos ocorre em fases avançadas. � O começo da lesão caracteriza-se pelo edema (inchaço) local e pelo avermelhamento da pele. � Com o avanço da infecção, o local torna-se cianótico (azulado) e inicia-se a formação de bolhas com conteúdo amarelado ou avermelhado. Posteriormente, há o surgimento de uma borda avermelhada, e a área torna-se coberta por tecido necrótico. Manifestações clínicas ØManifestações clínicas: • Dor intensa e hipersensibilidade na genitália. • Febre, astenia, mialgia e cefaléia com piora dos sintomas em 2 a 7 dias. • Piora da dor genital e edema progressivo com hiperemia e calor local, aparecimento de gangrena e crepitações subcutâneas. • Drenagem purulenta de fragmentos. • Odor fétido. • Os efeitos sistêmicos deste processo variam de sensibilidade local, sem toxicidade a choque séptico. Em geral, quanto maior o grau de necrose, mais importantes os efeitos sistêmicos. DiagnósticoØExame clínico; ØExames laboratoriais; ØCultura bacteriológica; ØPCR; ØExames de imagem: • Radiografia, ultrassonografia e tomografia computadorizada para confirmação e definição de extensão da doença (diagnóstico diferencial). ØPadrão ouro: • Principalmente exame clínico. � A biópsia da fáscia. ✭ Na bacterioscopia pelo método de Gram é observado a presença de cocos gram-positivos e negativos, além de bastonetes gram-negativos pleomórficos. TratamentoØ O tratamento é baseado no desbridamento cirúrgico, naantibioticoterapia e em alguns casos a oxigenoterapia hiperbárica, como adjuvante. Referencias Bibliográficas: . Referencias bibliográficas: Fasciíte necrosante: revisão com enfoque nos aspectos dermatológicos* Necrotizing Fasciitis: new insights with a focus on dermatological aspects* Izelda Maria Carvalho Costa, Andrea Leão Santos Veiga Cabral, Simone Saraiva de Pontes, Janaina Figueiredo de Amorim. Infecção fulminante por Clostridium septicum. Relato de caso* Fulminant Clostridium septicum infection. Case report Henrique Pott Junior1 , Fernando Sabia Tallo1 , Renato Delascio Lopes1,2 MOURA, R.A et al. Técnicas de Laboratório. 3 ed.Rio de Janeiro: Atheneu, 2002. RMMG - Revista Médica de Minas Gerais - Diagnóstico e tratamento da Fasciíte Necrotizante: relato de dois casos. SANTOS, Vanessa Sardinha dos. "Fasciíte necrosante: a doença da bactéria comedora de carne"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/doencas/fasciite- necrosante-doenca-bacteria-comedora-carne.htm. Acesso em 15 de outubro de 2019. TORTORA, GJ; FUNKE, BR. Microbiologia. 8ed. São Paulo: Artmed, 2005. VASCO, M.L.T. e RODRIGUES, E. - Gangrena gasosa -Assistência de enfermagem. Rev. Bras. Enf.; DF, 30· : 244-253, 1977.