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Nathalia de Tarso Síndrome de Fournier Definição ↣ A gangrena de Fournier é uma infecção polimicrobiana que desenvolve-se como uma fasciite necrosante sinérgica do períneo e parede abdominal, que tem origem no escroto e no pênis, em homens, e na vulva e na virilha, em mulheres. ↣ A infecção pode desenvolver-se sob pele aparentemente normal, dissecando o tecido com necrose. Aspectos Epidemiológicos ↣ A mortalidade relacionada à síndrome reportada na literatura, desde a antiguidade até os dias atuais, fica em torno de 20%. ↣ Afeta mais sexo masculino, com a proporção de 10/1 casos em relação ao sexo feminino. ↣ A síndrome tende a afetar pacientes entre a 2a e 6a décadas de vida, com comorbidades predisponentes como: o Estados debilitantes (desnutrição, sepse); o Imunossupressores (DM, alcoolismo crônico, doença maligna subjacente, AIDS, sarampo, uso de quimioterápicos, leucemias); o Doenças colorretais e urogenitais, pós- operatório (com uso de instrumentação urológica, herniorrafia, hemorroidectomia, orquiectomia, prostatectomia); o Uso de drogas endovenosas e o Trauma (local, mecânico, técnico, químico, incluindo mordeduras, arranhões, intercurso/sexo anal e o próprio coito). Etiologia Uma variedade de microrganismos tem sido encontrada em culturas de secreção da ferida e tecidos necróticos, apresentando flora mista na maioria dos casos, dentre eles: o Bactérias Gram negativas (Escherichia coli, Proteus mirabilis, Klebsiella sp, Pseudomonas, Bacteroides, Acinetobacter sp), o Bactérias Gram positivas (Estafilococos, Estreptococos, Enterococos, Clostridium) e o Fungos. Fisiopatologia ↣ Caracteriza-se por endarterite obliterante seguida de isquemia e trombose dos vasos subcutâneos. ↣ Resultando em necrose da pele e do tecido celular subcutâneo e adjacentes (tipicamente não causa necrose, mas pode invadir fáscia e músculo), tornando possível a entrada da flora normal da pele. ↣ À medida que ocorre disseminação de bactérias aeróbias e anaeróbias, a concentração de O2 nos tecidos é reduzida; ↣ As bactérias contribuem com a fisiopatologia da doença, de forma que a oclusão vascular por agregação plaquetária é facilitada pela ação de bactérias aeróbicas, pela produção de heparinase por bactérias anaeróbias e pela ação trombogênica da endotoxina de bactérias Gram Negativas. ↣ A hialuronidase, produzida por estreptococos, estafilococos e bacterióides provoca a despolimerização do ácido hialurônico existente no tecido conjuntivo, causando destruição tissular. Habitualmente não são patogênicas, mas quando associadas, e em condições favoráveis, são devastadoras. A endarterite obliterante, também conhecida como arterite obliterante, é uma condição médica dos vasos onde há inflamação proliferativa grave da camada íntima de uma artéria, resultando em oclusão no lúmen. O que inviabiliza a circulação sanguínea e pode resultar em gangrena. Existem diferentes causas, sendo que as mulheres são mais acometidas do que os homens; e os pés e as pernas são as regiões mais comumente afetadas. Nathalia de Tarso ↣ A destruição tissular é agravada pela ação de outras enzimas como as estreptodornases e estreptoquinases produzidas por estreptococos. Os bacterióides ao inibir a fagocitose impedem a destruição dos microorganismos aeróbicos. ↣ Devido a hipóxia e a isquemia tecidual, o metabolismo fica prejudicado, provocando maior disseminação de microrganismos facultativos, que se beneficiam das fontes energéticas das células, formando gases (H e N) responsáveis pela crepitação, demonstrada nas primeiras 48 horas a 72 horas de infecção. ↣ A parede do abdômen, membros inferiores, membros superiores e retroperitônio são algumas das possíveis regiões de irradiação. ↣ Além disso, pode ocasionar uma septicemia, falência múltipla dos órgãos e, inclusive, a morte. Manifestações Clínicas ↣ Quadro dramático de início insidioso, há presença de dor insuportável, febre, edema, eritema, choque, alteração do estado mental e ferida caracterizada por necrose tecidual. ↣ Lembrando que após alta hospitalar, o paciente ainda pode evoluir com dor discreta e desconforto testicular. Tratamento ↣ Exige uma equipe multidisciplinar. ↣ A maioria dos casos se configura como emergência cirúrgica, portanto, o tratamento médico deve ser imediato a fim de manter a estabilização hemodinâmica do paciente, administração de antibióticos de amplo espectro e tratamento cirúrgico. ↣ O objetivo do tratamento cirúrgico é a remoção extensa de tecidos desvitalizados, bem como interromper a progressão do processo infeccioso e tecidos para que seja conduzida uma remoção de tecidos desvitalizados. ↣ A indicação de Oxigenoterapia Hiperbárica colabora com o controle da infecção e acelera o processo de reparação tecidual. Diagnósticos e Cuidados de Enfermagem 1. Integridade tissular prejudicada relacionada a fatores mecânicos e mobilidade física prejudicada, evidenciada por tecido lesado. 2. Risco de infecção (generalizada) relacionada às defesas primárias e secundárias inadequadas e destruição de tecidos. 3. Dor aguda relacionada a agentes lesivos. 4. Deambulação prejudicada relacionada à dor, evidenciado pela capacidade prejudicada para percorrer as distâncias necessárias. 5. Conforto prejudicado evidenciado pela ansiedade, medo, padrão do sono prejudicado e sintomas relativos a doenças. 6. Distúrbio na imagem corporal relacionada à doença e seu tratamento. 7. Risco de sentimento de impotência relacionado à doença, baixa autoestima, conhecimento deficiente (doença) e imagem corporal perturbada. 8. Disfunção sexual relacionada à função corporal alterada (processo de doença), evidenciado pelas limitações percebidas impostas pela doença. As condutas de enfermagem podem variar de acordo com as especificidades de cada caso, mas geralmente relacionam-se com: o Cuidados com a ferida (curativos, aparecimento de novas áreas de necrose e sinais de infecção), Administração da antibioticoterapia, o Monitoração da glicemia, sinais vitais e de sepse, o Mudança de decúbito, o Nutrição desequilibrada rica em fibras, o Cuidados com os acessos venosos, o Exercícios físicos de amplitude equilibrados e o Orientação ao paciente e/ou familiares sobre a patologia, cuidados adequados com a ferida e a manutenção da saúde física e psicológica para um bom prognóstico clínico. Nathalia de Tarso Além disso, pode ser solicitado apoio do psicólogo e nutricionista para atender a todas as necessidades do paciente. Referências Bibliográficas DORNELAS, Marilho Tadeu et al. Síndrome de Fournier: 10 anos de avaliação. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, v. 27, n. 4, p. 600-604, 2012. AZEVEDO, Cassius Clay SF Azevedo et al. Síndrome de Fournier: um artigo de revisão. CONNECTION LINE- REVISTA ELETRÔNICA DO UNIVAG, n. 15, 2016. CARNEIRO, Técia Maria Santos et al. Síndrome de Fournier: diagnósticos de enfermagem segundo a NANDA. Revista de Epidemiologia e Controle de Infecção, v. 4, n. 4, p. 262-263, 2014.
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