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TRANSCRIÇÃO_AULA_MENSAL_FEV19_INTRODUÇÃO_12_CAMADAS_PB

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1
AULA ESPECIAL | FEV | 2019
TRANSCRIÇÃO DAS LIVES @italomarsili
INTRODUÇÃO ÀS 
12 CAMADAS DA 
PERSONALIDADE 
HUMANA
2
ÍNDICE
A ORIGEM DA TEORIA DAS 12 CAMADAS ______________ 3
UM CONCEITO VIVO, PULSANTE
E QUE SANGRA DEPESSOA _______________________ 4
O QUE É PERSONALIDADE _______________________ 7
AS 12 MOTIVAÇÕES HUMANAS: 
UMA ESCALADA ______________________________ 9
A 1a CAMADA DA PERSONALIDADE __________ 9
A 2a CAMADA DA PERSONALIDADE __________ 11
A 3a CAMADA DA PERSONALIDADE __________ 12
A 4a CAMADA DA PERSONALIDADE __________ 15
A 5a CAMADA DA PERSONALIDADE __________ 18
A 6a CAMADA DA PERSONALIDADE _________ 19
A 7a CAMADA DA PERSONALIDADE _________ 21
A 8a CAMADA DA PERSONALIDADE ___________ 22
A 9a E A 10a CAMADAS DA PERSONALIDADE ____ 23
A 11a CAMADA DA PERSONALIDADE _________ 24
A 12a CAMADA DA PERSONALIDADE _________ 25
3
A ORIGEM DA TEORIA DAS 12 CAMADAS
Sejam bem-vindos à nossa aula especial sobre a Introdução às Doze Cama-
das da Personalidade Humana. A idéia hoje é fazer uma introdução do as-
sunto. Será algo breve e direto, para que você possa entender do que se trata 
as doze camadas. Você já deve ter me ouvido falar sobre isso nos stories e 
nas lives e, se você fez parte do meu curso presencial para psicólogos, psi-
quiatras, coaches e intrometidos, aí sim, já me ouviu falar longamente sobre 
isso; mesmo para você vai ser interessante, porque vou fazer um amarrado 
mais direto, direcionado e resumido.
Se você digitar hoje no Google “As Doze Camadas da Personalidade Huma-
na”, encontrará um PDF de 19 páginas de autoria do Prof. Olavo de Carvalho, 
cujo conteúdo é uma transcrição revisada de uma aula que ele deu há mais 
de 20 anos. 
Vamos começar pelo começo.
As Doze Camadas da Personalidade Humana é uma teoria do Prof. Olavo de 
Carvalho na qual ele faz uma análise das motivações humanas e coloca os 
elementos fundamentais para que possa ser uma psicologia geral. Mesmo 
para uma pessoa que não seja técnica, que não seja um psicólogo ou peda-
gogo, tal assunto tem a máxima importância, porque é uma tipologia muito 
específica para entender as motivações humanas. Ainda que você não seja 
psicólogo ou pedagogo, o tema haverá de lhe interessar, pois permitirá que 
você entenda suas próprias motivações, aquilo que o faz agir, e também as 
pessoas com quem você convive no seu dia-a-dia — seus filhos, alunos, ma-
rido, esposa etc. 
Como eu disse, se você digitar no Google, terá em mãos uma apostila do 
Prof. Olavo cujo título é “As Doze Camadas da Personalidade Humana e as 
formas próprias de sofrimento”. Nesse texto, o Prof. Olavo faz uma descrição 
do que são as camadas e de como identificar a camada de uma pessoa a 
partir do sofrimento que ela apresenta.
Hoje faremos um pouquinho diferente, afinal de contas o texto dele está dis-
ponível; se você quiser, pode procurá-lo e lê-lo. Antes de entrar propriamente 
nas doze camadas, queria bater um papo e fazer uma reflexão mais profun-
da sobre o que é a personalidade humana.
4
UM CONCEITO VIVO, 
PULSANTE E QUE SANGRA
DEPESSOA
Se fizermos a pergunta “O que é personalidade?”, cada um provavelmente 
terá sua própria definição. No linguajar comum, dizemos que determinadas 
pessoas “têm muita personalidade” ou “pouca personalidade”. “Aquele ator 
tem muita personalidade!” Ou então: “Nossa! Olha a personalidade desse 
menino!”. Em geral, falamos de personalidade como uma marca de força: um 
sujeito que tem muita personalidade é inabalável, tem idéias próprias. Essa é 
uma definição muito pouco clara e pouco técnica. Tentaremos chegar a um 
conceito de personalidade que sirva para todos nós, para que possamos nos 
comunicar de modo mais direto. 
Vamos começar a entender uma coisa que vem antes da personalidade, que 
é o conceito de pessoa. E qual o motivo de aprender o conceito de pessoa an-
tes do conceito de personalidade? Porque pessoa é um conceito mais abran-
gente, e personalidade é aquilo que de próprio a pessoa tem.
Se tomarmos a história da Filosofia, da Psicologia, da Antropologia, veremos 
dificultosas definições sobre o conceito de pessoa. Lá no início da Grécia, 
vemos os filósofos gregos se interessando muito pelo mundo, pela physis, 
pelo funcionamento do mundo; o interesse sobre o que é a pessoa ficava em 
segundo plano. Existe um livro importante chamado Ética a Nicômaco, de 
Aristóteles. Nele o filósofo escreve os princípios de funcionamento da pes-
soa, ou seja, se a pessoa age do modo descrito no livro, ela vai se aproximar 
da felicidade. 
Por outro lado, o sujeito que se afasta do que está descrito no livro vai tender 
a ser triste e infeliz. É disso que se trata a ética: um tipo de operar, um tipo de 
conhecimento, um tipo de conduta, de ação, de pensamento que aproxima o 
sujeito da felicidade.
Mesmo nessa obra (Ética a Nicômaco) não existe uma definição clara do que 
é a pessoa. Parte-se de uma intuição, eu sou uma pessoa, você é uma pessoa; 
se eu me afasto desse agir, dessa conduta ética, eu vou me entristecer; se eu 
me aproximo da conduta ética, eu vou me alegrar. Mesmo lá na Grécia, na 
profunda Filosofia Grega, existe uma dificuldade de definir o que é pessoa.
Anos depois, 2.000 anos depois, perto do medievo, alguns filósofos voltaram 
5
a se interessar pelo conceito e definição de pessoa. Claro que havia aí um 
intuito teológico, afinal de contas queriam definir o que eram as pessoas 
divinas. Ora, se existe uma Trindade, são três pessoas; temos de entender 
de fato do que se trata esse assunto para podermos definir o conceito teo-
lógico da Trindade, e dele deriva o conceito antropológico, também ainda 
com certa impropriedade. No medievo, no século XII, define-se pessoa como 
“substância individual de natureza racional”. No jargão técnico, em latim, 
falava-se individua substantia rationalis naturae. Interessante, bonito! A gen-
te pode, entre uma cerveja e outra, lançar essa! Anote aí que essa vai servir 
para um monte de coisa, você vai impressionar seus amigos. Porém, no fim 
das contas, tal conceito não serve muito para a gente. 
O primeiro problema: definir o que é substância. Em “substância individual” 
há uma intuição. O que é uma pessoa? Definiram como “substância individu-
al”. É um indivíduo com uma natureza racional. O jeito dele, a natureza dele, o 
mais próprio dele é ser racional, é conseguir usar a inteligência, o raciocínio. 
Mas temos um problema aí. Muitos de nós conhecemos pessoas que não 
agem quase nunca raciocinando, agem por impulso, pelo afeto ou não agem, 
são passivas. Aí temos vários problemas para definir o que é pessoa. 
Lógico que é uma definição muito técnica, muito objetiva, e a maior parte de 
nós não é filósofa – só estamos interessados em conviver melhor com os nos-
sos amigos, com a nossa família, com os nossos filhos. Assim, o conceito de 
pessoa para nós, que estamos operando no dia-a-dia com gente, com pessoa 
de carne e osso e não só como questão de prova, precisa ser muito mais pró-
ximo. Ele tem de respirar, tem de ter carne, tem de sangrar se a gente passar 
uma navalha no peito dele; tem de ser um conceito que a gente toque, que 
conviva conosco, que sente à mesa e tome um café conosco. Não pode ser 
um conceito distante, abstrato. Não é assim que eu trabalho, e vocês sabem 
disso. Eu pego esses conceitos, essa erudição filosófica e trago aqui para a 
mesa, para que a gente sinta, para que, chegando pertinho do conceito, a 
gente sinta o bater do coração dele.
O conceito de pessoa é tal que precisaremos ir aos espanhóis do século 
XX. Os filósofos espanhóis do século XX tinham uma idéia de pessoa muito 
concreta, uma idéia de pessoa de carne e osso, e alguns deles são muito in-
teressantes para nós aqui. Alguns deles vocês já me ouviram mencionar: Ju-
lián Marías, filósofo espanhol que eu amo (ele está na minha assembléia de 
vozes); também Ortega y Gasset, professor de Julián Marías. Ortega y Gasset 
escreveu Rebelião das massas, um grande livro, vale a pena vocês darem uma 
6
olhada, é uma leitura que vaiabrir a cabeça dos senhores. Coloque esse li-
vrinho debaixo do braço e, em vez de ficar jogando Candy Crush e perdendo 
tempo, leia-o, trata-se de um livro excelente! Dica de amigo! Temos também 
Pedro Laín Entralgo, um médico que escreveu um tratado sobre antropologia 
fascinante. Esses espanhóis do século XX olharam para a pessoa não só num 
conceito, mas para a pessoa de carne e osso. 
Esse filósofos espanhóis, aperfeiçoados por Julián Marías, dizem o seguinte: 
pessoa é instalação e projeto. Uma pessoa de carne e osso está instalada 
num lugar e tem um projeto, tem uma projeção. “Veja, Italo, tudo é assim 
na vida!” Não, meu amigo, claro que não. Pare para pensar no celular que 
está aí na sua frente ou a telinha do seu computador. O objeto não tem uma 
projeção; ele está fixo, estático na sua frente, está dado. Ele não tem um pro-
jeto, não tem uma intenção própria, nada disso. Você dispõe, você usa dele 
conforme o seu interesse, e o objeto, via de regra, não opõe uma resistência 
intencional. Com pessoa não é assim.
Quando você olha para um bebezinho, quando você olha para o seu filho, 
para o seu sobrinho, para uma criancinha na praça, ela está instalada, ou 
seja, tem um corpo, uma idade, uma altura, uma constituição física, possui 
uma língua por meio da qual vai se manifestar e falar (é isso que são insta-
lações). Além dessas instalações, ela tem uma projeção, ou seja, essa criança 
tende a ser alguém. Que bonito isso! Quer dizer, quando a gente olha para 
uma criança, para um adulto, para uma pessoa humana, quer ela saiba, quer 
ela queira ou não, ela tem um projeto, ela virá a ser. Ou seja, uma pessoa 
humana não está perfeita, por assim dizer, ela não está feita por completo, 
ela não está dada: ela tem de fazer a sua vida entre a sua instalação e os ele-
mentos que a constituem. Como diria Ortega y Gasset, “eu sou eu e minhas 
circunstâncias”. 
“Eu sou eu e minhas circunstâncias” significa o quê? Quando você olha para 
alguém, quando você olha para um eu, ele não é apenas “eu”, ele é ele e 
suas circunstâncias. Ou seja, aquela pessoa vai se fazendo consigo e com 
o mundo. Isso é pessoa. A pessoa é instalação e vetor, instalação e projeto, 
instalação e projeção. 
Quando você olha para o rosto de alguém que você ama, quando está fitan-
do aquele rosto com certo amor, você não consegue saber exatamente o que 
está dentro daquela pessoa a não ser que ela se manifeste, a não ser que ela 
fale o que está por dentro dela. A pessoa humana tem um mundo interior ri-
quíssimo, que é um mundo de projeção, de tensão, de desejo e de frustração; 
não é um mundo estático. É um mundo dinâmico, que tende ou à felicidade 
7
ou à infelicidade. Tende a se realizar ou tende a se frustrar, e isso é propria-
mente o que a gente chama de pessoa. Esse segundo conceito é menos téc-
nico, até mais confuso talvez; mas ele sangra, respira, está na nossa frente! 
Ele é importante em todas as operações da nossa vida. Sempre que aborda-
mos alguém, um futuro amor, ou um atual amor, ou uma criança, ou um pai, 
ou um parente, vamos abordar essa pessoa sempre pensando nisto: ela está 
instalada num lugar, ela tem uma carga cultural, ela tem certa idade, ela tem 
uma constituição física e tem um projeto, que eu posso de certo modo intuir 
olhando para ela. Mas fica muito mais fácil de eu entender tal projeto se eu 
conviver com essa pessoa! Se eu convivo com alguém, eu entro no projeto 
vital dessa pessoa, porque ela vai me contar, porque eu vou ouvir, porque eu 
vou ajudá-la, porque eu vou atrapalhá-la, porque eu vou estar ali na tensão 
encarniçada do que é a convivência humana. ESSE é o conceito de pessoa 
com o qual vamos trabalhar.
O QUE É PERSONALIDADE
Isso tudo para a gente chegar, no fim das contas, ao que é a personalidade. 
Dentro do palco de operações que é a pessoa, existe algo que é propriamen-
te seu e só seu: só você tem isso. “Eu sou eu e minha circunstância”, mas a 
circunstância é igual para muitas pessoas. Estamos eu e minha irmã aqui; 
ela está gravando este vídeo aqui na sala, temos uma circunstância espacial 
muito parecida. Temos também uma circunstância etária semelhante, quer 
dizer, a diferença de idade entre nós é pouca. Mesmo a nossa carga heredi-
tária, de família, é próxima. Claro que há determinações específicas, eu sou 
eu e ela é ela; sou uma substância individual e ela é outra. Embora tenhamos 
uma circunstância espacial muito semelhante, nós temos uma instalação 
que difere, porque eu estou instalado em mim e ela está instalada nela.
O que quero dizer: aquilo que eu coloquei para dentro da minha pessoa de 
modo próprio é o que chamo de personalidade. Eu queria que vocês fixas-
sem a imagem que vou criar aqui de tal modo que pudessem repetir isso 
uma e outra vez e não se esquecer mais. O que é a personalidade? É aquilo 
que de próprio você tem em você. 
Vamos imaginar um tecido, um pano bonito, um pano castanho. Esse pano é a 
sua pessoa. Imagine que estamos bordando uma imagem nesse pano; temos 
uma agulha, atrás da qual passa uma linha, e ela vai costurando e enfiando 
para dentro do pano uma linha. Não é assim? No final, temos o desenho, o 
8
bordado instalado, inscrito no pano. O pano é a sua pessoa; a agulha que vai 
colocando para dentro a linha é a sua psique, esse elemento articulador; a 
linha é o que vamos chamar de mundo. Temos o mundo passando pela gen-
te, o ambiente externo, a nossa circunstância, o que falam, o que nos dizem, 
o que nos fazem sentir, enfim, e a nossa psique pega os elementos externos 
do mundo e vai alinhavando, vai colocando para dentro. Então, temos uma 
psique que costura o mundo, que alinha no pano (que é a nossa pessoa), que 
vai deixando ali algo próprio, deixando uma marca absolutamente própria 
que é o bordado; isso é o que a gente chama de personalidade. A personali-
dade é articulação entre mundo e pessoa feita pela psique. 
Não esqueça disso. Com essa imagem, quando vocês estiverem olhando uma 
pessoa, existe ali aquilo que é, por assim dizer, não personalizado; e aquilo 
que é mais personalizado, aquele conjunto de crenças, de idéias, aquilo que 
vai por dentro dela, o seu mundo espiritual, seu mundo psicológico, seu 
mundo afetivo, aquilo vai por dentro, é aquilo que ela colocou em si; isso é 
a personalidade, aquilo que ela tem de mais próprio. Aqui entramos, então, 
nas doze camadas. Vamos entender as camadas como aquilo que motiva o 
sujeito a agir, as motivações mais próprias daquele sujeito. Ou seja, o mundo 
todo acontecendo, vários elementos passando por aquela pessoa, passando 
por mim, passando por você, e eu escolho colocar para dentro de certo modo 
ou escolho me manifestar de certo modo. Esse certo modo é a sua motivação. 
Como você vai agir nessa circunstância em concreto? Não é de qualquer 
modo que agimos. Se você já reparou que é assim ao longo da sua vida, se 
você amadureceu, você nota que um monte gente diz: “Agora eu escolhi ser 
feliz, não escolhi ter razão”. Que mudança esquisita é essa? “Antes eu só pen-
sava em dinheiro, agora eu penso em outras coisas, agora o que me motiva é 
a boa convivência com os outros, é a religião, é o amor a Deus.” Não é assim 
que funciona? As motivações não vão mudando? Aí reside o ponto! 
Ao longo da vida o ideal é que fôssemos mudando as nossas motivações. No 
total são 12 motivações (12 motivações autoconscientes) possíveis ao homem. 
Ou seja, o sujeito pode agir, pode operar de 12 modos diferentes ou com 12 
motivações diferentes. Essa é a teoria das 12 Camadas da Personalidade Hu-
mana. Se você ler a apostila do Prof. Olavo de Carvalho, você vai ver tudo 
muito bem descrito ao longo das 19 páginas. Aqui a nossa idéia é deixar isso 
um pouco mais próximo, um pouco mais presente para nossa vida cotidiana 
e fazer um resumão amarrado com a pequena introdução anterior do que é 
a personalidade.
9
AS 12 MOTIVAÇÕES HUMANAS: 
UMA ESCALADA
A 1a CAMADA DA PERSONALIDADE
Abordaremos aqui quais são as camadas. Vamos falar da 1.ª à 12.ª e como 
elas funcionam. Vamostentar particularizar a abordagem para o nosso inte-
resse pessoal, para que possamos operar bem, com maturidade etc.
Vamos entender como funciona a primeira camada da personalidade huma-
na. A primeira e a segunda camadas são um pouco diferentes, são um pouco 
curiosas, porque as suas motivações não são conscientes. O Prof. Olavo colo-
ca a primeira camada da personalidade humana como Astrocaracterologia. 
O que é isso? Aqui precisaremos fazer um mergulho profundo na meditação 
sobre coisas do mundo e infelizmente não temos linguagem própria para 
tratar sobre isso hoje. Imagine que você está com uma xícara de café, que 
é um objeto, feita com um material específico. A gente tende a falar assim: 
eu pego a xícara e bebo o que está dentro dela; eu uso esse objeto. Isso está 
100% certo. Vamos olhar por outro ângulo. 
Ao mesmo tempo em que eu desejo pegar a xícara com café e eu a coloco na 
minha boca e bebo, podemos dizer também que a xícara deseja ser bebida. 
Que interessante! Não paramos para pensar assim no nosso tempo. A gente 
vive hoje num mundo utilitarista, num mundo prosaico, num mundo em que 
a poesia, o lirismo de algum modo estão em falta. Ora, é disso que tratam 
os poetas: eles olham para os desejos do mundo e fazem poesia, descrevem 
exatamente esse movimento. Por que eu estou falando disso tudo? Porque, 
assim como a xícara deseja ser bebida, ou seja, existe algo nela que deseja 
aparecer no mundo, existe nela algo que faz com que ela seja realizada en-
quanto xícara, do mesmo modo nós temos características que antecedem a 
própria aparição de um corpo que fazem com que nos manifestemos de um 
jeito e não de outro. É exatamente assim que funciona. 
Uma pessoa que tem uma constituição física, por exemplo, tem uma consti-
tuição moral, intelectual, vai se manifestar de certo modo, ou seja, ela tem ap-
tidões físicas, morais, intelectuais que tendem a aparecer. Quer dizer, o fato 
de ela aparecer no mundo já faz com que apareça para ser usada ou para 
funcionar de modo distinto de outro; isso não é exatamente a genética, é an-
terior à genética. O Prof. Olavo fala o seguinte: a ciência que daria conta de 
explicar esse funcionamento anterior ou essa tensão interior, essa instalação 
e projeção anterior a tudo é propriamente a Astrocaracterologia. Quer dizer, 
10
talvez a comparação entre os astros e o caráter e a personalidade da pessoa 
desse conta de dizer como ela tende a funcionar. Esse é um dos assuntos da 
astrologia, a pretensão de relação entre as qualidades e características dos 
astros e o funcionamento da pessoa, do sujeito.
Ora, se dá para prever, se não dá, se isso é validado ou não, é outra questão. 
Mas o importante é entender o seguinte: existe um jeitão de a pessoa se ma-
nifestar que é anterior mesmo a ela, que é anterior à consciência, ou seja, a 
pessoa tem mais facilidade de agir de certo modo do que de outro, e não há 
nada capaz de mudar isso. Algumas pessoas são de um jeito; algumas pesso-
as são de outro. Isso é a primeira camada. A motivação da primeira camada 
não é, por assim dizer, consciente, e sim própria do sujeito, uma motivação 
que é anterior a tudo. Assim como se pode dizer que a xícara tem uma moti-
vação, uma motivação de ser pegada e bebida, ainda que não seja uma moti-
vação, porque ela sequer tem consciência, mas a própria forma da xícara faz 
com que ela tenha um desejo de ser usada assim. A mesma coisa acontece 
conosco: cada um tem um jeito de aparecimento, como se fosse um tipo de 
motivação, um jeito de funcionar no mundo que vai ser assim e vai continuar 
desse jeito até a morte, e não há nada que possa mudar esse assunto. 
É bom dizer que isso em nada tira a nossa liberdade, já para matar eventuais 
críticas. Isso aí é o que você é. É o mesmo que dizer o seguinte: “O fato de 
você ter 1,76 m vai tirar a sua liberdade de ser jogador de basquete”. Meu fi-
lho, não é que “vai tirar a minha liberdade de ser jogador de basquete”, o fato 
é que eu tenho 1,76 m! Essa é a minha constituição; eu não tenho 1,90 m, não 
tenho 2,10 m! Eu não vou conseguir, pela minha altura, entrar na NBA, na liga 
de basquetebol americano. Está lá, é pré-requisito, precisa ter mais de 2 m de 
altura, senão você está fora do páreo. Claro! Eu também dificilmente vou ser 
jóquei — o cara tem de ser baixinho para não pesar em cima do cavalo. Em 
que isso tira a liberdade? Em nada! Pelo contrário, é isso que o inscreve na 
realidade. Você é isso aí e não outra coisa. O fato de eu ser homem me tira a 
liberdade de ter um filho no meu ventre, gestar por 9 meses um filho no meu 
ventre? Não! É justamente isso que define o que sou; não sou uma mulher, eu 
sou um homem. Isso não tira em nada a liberdade, isso apenas lhe dá certas 
características de instalação a partir das quais você vai operar e construir a 
sua personalidade. 
11
A 2a CAMADA DA PERSONALIDADE
A segunda camada é interessante como a primeira. É um tipo de motivação 
quase que inconsciente. Ao passo que a motivação da primeira camada é 
constitutiva, a segunda camada é um pouco diferente, porque é a camada 
da hereditariedade; não a hereditariedade entendida como genética, não 
a hereditariedade entendida como a questão dos cromossomos, como que 
isso se manifesta etc. Não é bem isso. 
Para entender bem a segunda camada da personalidade humana, recorrerei 
a um conceito teórico de um psiquiatra húngaro chamado Lipot Szondi (ou 
Leopold Szondi). Você dificilmente vai encontrar algum material de Szondi 
traduzido para o português. Existe um livro dele traduzido e publicado pela 
É Realizações chamado Introdução à Psicologia do Destino, no qual o autor 
explicita a sua Teoria do Inconsciente Familiar. 
Ao passo que o Dr. Freud fala do inconsciente pessoal e o Dr. Jung discorre 
sobre o inconsciente coletivo, o Dr. Szondi diz ser possível explicar as mo-
tivações de uma pessoa se entendermos que os antepassados pedem para 
que ela repita os seus sucessos e os seus fracassos. Essa é a teoria do Dr. 
Szondi – não estou dizendo que acredito nela, nem que não acredito. Estou 
explicando uma maneira de entender a segunda motivação, que é a forma 
sugerida pelo próprio Prof. Olavo.
Indo ao Dr. Lipot Szondi, entendemos que existe na operação básica do su-
jeito uma certa tendência a repetir processos dos seus antepassados. Aqui 
na introdução eu não vou falar da minha contribuição pessoal à segunda 
camada, na qual eu ponho outra referência teórica, nem da Constelação Fa-
miliar, de Bert Hellinger — esse não é o meu referencial teórico. Falo de outro 
referencial que eu não vou abordar aqui agora. 
A segunda camada da personalidade humana é justamente a camada do 
inconsciente familiar abordada teoricamente pelo Dr. Lipot Szondi. Ou seja, 
uma parte das suas operações aparece através de um sucedâneo, quer dizer, 
é como se fosse uma linha contínua dos seus antepassados que desembo-
ca em você e, quando você percebe, se pega agindo de um modo que você 
nem sabe exatamente como ou por quê. Segundo Szondi, trata-se do palco 
giratório, no qual cismam em reaparecerem os desejos e as tensões dos seus 
antepassados. Você tem de alguma forma dar tratos a essa bola, para que 
ordene ou coordene aqueles impulsos negativos e amplifique e cultive os 
positivos. Existe certa psicodinâmica, certa abordagem psicoterapêutica que 
tenderia a conhecer, a ver e a ordenar esses impulsos e tensões. 
12
Tanto a primeira como a segunda motivações (a primeira e a segunda cama-
das) estão fora do seu controle. Não estão na sua mão, quer dizer, você não 
pode fazer muito sobre isso, você não coordena os seus antepassados, você 
não coordena aquela sua constituição física que talvez tenha uma corres-
pondência com os astros ou não. Você não tem acesso a isso, mas você pre-
cisa lidar com isso até o fim da vida. É como se fossem duas camadas cujas 
tensões estão sempre com você; você tem um corpo que vai se manifestar de 
certo modo. A primeira e segunda motivação estão com você. As técnicas de 
abordagem a essas camadas– a Astrocaracterologia e a Psicologia do Desti-
no – são muito mais diagnósticas do que terapêuticas, nós as usamos muito 
mais para entender o material bruto de que dispomos, a nossa constituição 
enquanto pessoa, para que possamos construir uma personalidade de fato 
madura com aquilo que temos na mão. Quer dizer, a gente não tem acesso 
direto a essa motivação, e sim um conhecimento possível dessa motivação 
intrínseca e não consciente do sujeito.
A 3a CAMADA DA PERSONALIDADE
A história começa a ficar interessante agora, ao entrar na terceira camada. 
Na terceira motivação começa, pela primeira vez, a aparecer o elemento pró-
prio de consciência. A motivação da terceira camada da personalidade hu-
mana já é consciente: é do aprendizado.
Alguém poderia dizer: “Italo, engraçado, eu adoro aprender, eu adoro estu-
dar, o que me motiva é aprender!” Mais ou menos, né, amigo! Você aprende 
para ganhar dinheiro, para se mostrar para os seus amigos, para passar no 
concurso público, por outros motivos, porque você é curioso e gosta de se 
sentir bem. O aprendizado da criancinha não tem esse ganho secundário; 
ele aparece justamente como uma motivação primária.
A criancinha aprende porque o que ela sabe fazer é só isso! É a grande fase 
dos porquês. Para a criança, saber, aprender, é tudo numa certa fase do seu 
desenvolvimento. Ela está relacionando tudo; é quando a criança se entre-
tém com aquele brinquedinho de encaixar o triângulo, o quadrado, o círculo 
no buraquinho correspondente etc. Aquilo é o mundo da criança! Um adulto 
normal olha para aquilo e se pergunta como a criança consegue ficar ali 
tanto tempo. Imagine um adulto fazendo uma brincadeira dessa. Adulto gos-
ta de brincadeira elaborada. Os jogos educativos que criança tem hoje em 
dia só servem para criança mesmo. Por quê? Porque aquilo ali é tudo para a 
criança, você está dando ferramentas de cálculo – não cálculo matemático, 
13
mas um cálculo de relacionamento –; ela está relacionando o mundo, está 
lidando com o mundo, isso é tudo para ela! Para um adulto, isso seria um 
teste de paciência. Para a criança, não! Ela acha o máximo! A criança está, 
no mundo, motivada a calcular, a aprender. Esse é o tipo de motivação do 
aprendizado — não o seu, mas o da criança.
Um adulto não tem mais essa motivação. A sua motivação é se sentir amado, 
a sua motivação é ganhar dinheiro, é ter prazer com aquela comida que está 
na sua frente. A criança, absolutamente, não! A motivação da terceira cama-
da é a do aprendizado pelo aprendizado, e ainda não é um aprendizado in-
telectual, mas o aprendizado mais básico, aprendizado de cálculo do mundo. 
A criança está entendendo como o mundo funciona, qual o seu tamanho, o 
que pode fazer nele. Por isso, é interessantíssimo para uma criancinha pegar 
uma pirâmide e ficar tentando enfiar dentro do triângulo daquela casinha. 
Uma pessoa, por mais infantil, mais imatura que seja, um sujeito que passou 
dos 10, 12 anos, não consegue mais fazer um negócio desses. “E videogame?”, 
poderiam perguntar. Videogame é outra história. Não é o mesmo cálculo. A 
pessoa está ali inserida em toda uma dinâmica com uma série de elementos 
de gosto, de desejo, a pessoa fica vibrando, quer ganhar, é outra coisa. Nes-
ses joguinhos educativos de criança pequena sequer entra o elemento de 
disputa e de ganhar.
Uma pessoa que já passou dessa fase ou que não tenha uma lesão cerebral 
grave não está mais presa na terceira camada. Alguns autistas graves e al-
gumas pessoas com retardo mental ou com lesão em alguns lugares especí-
ficos do cérebro podem estar presas ou voltar para a terceira camada. Tudo 
para a pessoa volta a ser esse aprendizado mais básico da sua operação no 
mundo. Como aprendo a articular a minha musculatura, o meu aparelho fo-
nador, como faço para poder falar, isso é elemento da terceira camada. 
Um sujeito adulto não se põe essas questões de modo consciente, isso não 
é mais a motivação dele. Um sujeito adulto fala, mesmo que de modo im-
preciso, já está falando, está se comunicando. Uma criancinha tem muita 
dificuldade para conseguir se expressar, porque ainda não está madura, a 
sua mãozinha não responde direito, a sua boquinha não responde direito, 
então toda a história da motivação de uma criança até os 4, 5, 6 anos é a da 
conquista desse lugar no mundo, que lhe dá o cálculo, mais ou menos, im-
preciso.
Uma criança que consegue se entreter passando círculos de um lado para 
o outro num arame ainda tem essa motivação. A motivação não é outra ain-
14
da. Então, ela não vai entender motivações como a de ganhar dinheiro. Por 
exemplo, imagine que você está com uma criança pequena e está tentando 
lhe dar comida. Você quer convencer o seu filho, o seu sobrinho ou o seu alu-
no a abrir a boquinha para ele comer. Você, muito esperto, pois é um adulto, 
vira para esse sujeitinho e fala assim: “Que coisa horrível! Você está despre-
zando comida enquanto todas aquelas pessoas da África passam fome!”. 
Pare para pensar. Essa criatura brinca com círculo de madeira que passa 
num arame. Essa é a motivação! A criança não sabe o que é passar fome, não 
sabe o que é África, não sabe o que é sofrimento. Esses não são os concei-
tos com os quais ela trabalha. Não adianta querer convencer uma criança a 
abrir a boca porque os molequinhos na África passam fome, pois ela não se 
motiva por isso, ela ainda não tem formados os conceitos intelectuais de mi-
séria, de sofrimento, de criancinha na África. Ela não sabe nem o que é Áfri-
ca! Ela nunca viu a África, ela não sabe o que é fome — você não deixa essa 
criatura passar fome. Não há como convencer uma criança a comer fazendo 
esse discurso louco. Isso só pode estar na cabeça de um adulto. 
Daí você entende como é importante saber quais são as motivações do ser 
humano. Se você não entende que existem etapas de motivação, você vai 
querer motivar o sujeito de um modo que ele simplesmente não pode entre-
gar, porque ele não está entendendo o que você está falando. Uma criança 
de 4 anos não entende o que é fome na África, meu Deus do céu! Você preci-
sa tomar outra atitude para ela comer.
A motivação básica de uma criança de 3 anos é organizar o mundo. Por isso, 
em termos de educação de filho até os 5, 6 anos, você só tem de organizar 
um mundo material para ele. Sono, higiene, alimentação e ordem, é só isso. 
Quando você põe essas coisas em ordem, a criança fica organizada, porque 
você limpa a sujeira. Você põe o mundo material organizado, de tal modo 
que ela tenha calma para amadurecer esse cálculo. É assim que se educa 
filho, até 5 ou 6 anos, isso é tudo. Quanto ao restante, não importa. “Ah, olhe 
para a tia e diga obrigado!” A criança vai falar obrigado naquela hora e no 
minuto seguinte dar um cuspe na cara da tia, está tudo desorganizado. Não 
adianta ficar cismando com isso, porque a criança ainda não formou o con-
ceito da boa educação. Ela não tem isso. Tudo o que ela tem é o mundo ma-
terial e os seus músculos, os seus nervos tentando se localizar neste mundo. 
Deixe a criança limpa, sem fome, sem sono, organize o mundo externo que a 
coisa vai funcionar. 
15
A 4a CAMADA DA PERSONALIDADE
Quanto à quarta camada, gravei uma aula só sobre ela, então não me es-
tenderei. O título da aula – “Como sair da quarta camada em um dia” – não 
é figura de linguagem. Claro que o nome poderia parecer uma jogada de 
marketing. Mas dá para sair e não é preciso nem um dia. Dá para sair num 
instante da quarta camada. 
Citando o Prof. Olavo, só se pode sair da quarta camada na vida adulta com 
psicoterapia, e ele tem razão. O que eu estou fazendo aqui é um tipo de psi-
coterapia. Sozinho, o sujeito não sai. Você tem de ser conduzido. O que não 
significa que você precise se sentar num divã para sair da quarta camada. 
Aplique o exercício que eu passei na aula “Como sair da quarta camada em 
um dia” e você sairá da quarta camada em um dia, se quiser. Lógico, tem de 
fazer o exercício, não adianta somente ouvir a aula.
Na primeira camada você temum corpo; na segunda é que se manifesta; na 
terceira camada, aprende; agora que o sujeito já está mais ou menos orien-
tado no mundo, ele nota que aparece um negócio dentro dele. O que é? 
Fome? Não. Não é uma sensação bruta; trata-se de uma sensação diferente, 
é o mundo da afetividade que começa a aparecer dentro dele. Ele começa 
a notar que existe ali certo tipo de sofrimento que vem de um afeto, de um 
afeto não preenchido, de um afeto não recebido. 
Ou seja, um sujeito que passou pela sua segunda infância – e aí já é uma 
infância um pouquinho estendida, dos 6 até os 8, 12 anos, não há uma cor-
relação cronológica muito exata, depende do tempo, depende da família – 
sem receber um tipo específico de afeto dos pais vai ter problemas na vida 
adulta. Ele vai ter um tipo de sofrimento na adolescência e na vida adulta até 
resolver esse problema. Que tipo de afeto é esse, ou que tipo de abordagem 
é essa, que o sujeitinho deveria ter recebido quando criança e sem o qual vai 
apresentar o sofrimento próprio da quarta camada, ficando aprisionado lá 
até resolver a questão? Que tipo de abordagem é essa? O afeto mais próprio 
que um pai e uma mãe têm de entregar para o seu filho é um afeto abnega-
do, constante, gratuito e benévolo. Essas são as características do afeto que 
o pai precisa entregar para o seu filho.
O que isso significa? O pai e a mãe deveriam estar na vida do filho mais do 
que para fazer que ele passe bons momentos, jogue bola, role na grama, dê 
pirueta, mais do que isso. Isso aí criança faz com amigo. Um velho barbado, 
uma mulher com pelanca, vão ficar rolando na grama? Não é isso o que im-
porta na relação de pai e filho. O próprio da relação de pai e filho, o que só 
16
você pode fazer pelo seu filho, é o seguinte: você tem de ser um solo seguro 
no qual ele vai se movimentar para poder se desenvolver. Você tem de dar 
sobretudo uma segurança estável para essa criatura, ou seja, não ficar mais 
preocupado com vizinho do que com seu filho quando eles fizerem uma bes-
teira lá no parquinho. Digamos que o seu filho pegou o carrinho da mão do 
amiguinho. Como você não quer que o seu vizinho ache que você é um mau 
pai, você fala assim: “Pedrinho, devolve o carrinho para o seu amigo agora!”. 
Você sabe se o correto é devolver? Você observou a cena? Vai que o seu fi-
lho estava esperando a vez para brincar com o carrinho, aí vem o Joãozinho, 
aquele demônio do terceiro andar, e pega o carrinho. O que o seu filho fez? 
Ele tomou o carrinho, pois era a sua vez! O seu filho está certo! É a vez dele! 
Só que você, porque está mais preocupado com o vizinho do que com a edu-
cação do seu filho, ordena: “Devolva o carrinho”. Você foi injusto com o seu 
filho. Você não é mais aquele solo seguro, você rompeu o elemento de pre-
visibilidade. O seu filho esperou pela sua vez, e você, por não querer passar 
por um pai que não presta atenção, o mandou devolver o carrinho. Isso lesou 
a educação do seu filho, ele não sabe se pode mais contar com você. Ele já 
passou da terceira camada, ele já aprendeu a calcular, ele já sabe mais ou 
menos do que o mundo é feito, ele sabe o que é um antes e depois, ele sabe 
o que ele tem de esperar. Está entendendo? Ele já tem certa constância do 
mundo, o mundo para ele já está mais ou menos fixo, está seguro. Ele já sabia 
que o próximo a pegar o carrinho seria ele. Isso é o natural, é assim que a 
ordem do mundo se desenrola. E aí vem uma interferência externa daquele 
que devia garantir o amor, daquele que devia garantir a segurança, daquele 
que devia garantir o afeto. 
Essa interferência externa não só não garante como rouba, toma, abre, re-
parte, despedaça, tira a segurança da criatura. Todos nós no Brasil passamos 
por pais desatentos que provavelmente não tinham esse amor constante, 
abnegado e benévolo. Ou seja, provavelmente todos nós aqui, ou uma parte 
de nós, de algum modo tivemos algum tipo de lesão no ambiente domiciliar, 
familiar. Ou muitos de nós somos pais assim também. Então, você não sai da 
quarta camada enquanto não experimentar esse tipo de afeto constante, ab-
negado, generoso, benévolo; enquanto não experimentar esse tipo de afeto, 
você não fecha um contorno no seu coração, você tem ali um buraco aberto. 
Você tem dúvida se o mundo é bom, você tem dúvida se dá para confiar, 
você tem dúvida neste mundo. Você fica toda hora querendo validar o que 
está sentindo ou o que está fazendo pelo sentimento do outro. Isso é a quarta 
camada. Qual a motivação do sujeito que está na quarta camada? Ele vai va-
lidar as suas ações, os seus sentimentos pelo afeto do outro, pelo carinho do 
outro. Tudo ele acha que é pessoal, que é auto-referente, ele acha que tudo 
17
diz respeito a ele. Ele não consegue entender que existe um mundo objetivo 
que está acontecendo independentemente do que ele está sentindo.
Temos de querer sair desse lugar o quanto antes. A linha teórica que trata da 
quarta camada é a psicanálise. A psicanálise freudiana está falando da quar-
ta camada. Aqui entra o conceito de transferência, tão usado e abusado. O 
que é o conceito de transferência em terapia? Muita gente acha que transfe-
rência é quando o paciente se dá bem com o terapeuta; quando o terapeuta 
gosta do paciente, a gente fez uma “contratransferência”. Isso é explicação 
de botequim. Não é o conceito de transferência. 
A terapia foi desenvolvida de um modo habilidoso e, no momento em que o 
paciente coloca o terapeuta no lugar do seu pai ou da sua mãe, aconteceu 
a transferência. Isso é ruim ou é bom? Isso é fundamental para o processo 
se resolver. Se houver a transferência e o terapeuta conseguir controlar a 
técnica, ele fecha esse circuito, ele consegue fechar esse contorno e o pa-
ciente pode sair da quarta camada. Claro que o conceito das Doze Camadas 
é estrangeiro, estranho; a maior parte dos terapeutas nunca ouviu falar so-
bre isso e fica meio às cegas, não sabe exatamente o que fazer no momento 
da transferência. O momento da transferência é aquele momento no qual o 
terapeuta – sem medo – tem de ser benévolo, constante e dar segurança ao 
paciente. Esse é o momento no qual vai acontecer o fechamento da quarta 
camada. Fechou a quarta camada, o paciente vai para a próxima. 
Como eu disse, descrevi aqui um processo no ambiente terapêutico, dentro 
de consultório, no divã. Mas existe outra forma de fazer, sobre a qual falo na 
aula “Como sair da quarta camada em um dia”. Ao sair da quarta camada, o 
sujeito vai para a quinta.
Novamente, na primeira camada temos um corpo; a segunda camada é a 
que se manifesta; a terceira camada, a que aprende; a quarta camada é a 
que contorna o seu domínio de afeto interior, em que se ganha uma estabi-
lidade interior. A terceira é uma estabilidade da sua relação com o mundo; a 
quarta camada é uma estabilidade interior. Você não precisa ficar toda hora 
validando as suas ações pelo afeto do outro, porque há um afeto que ficou 
estável por meio da benevolência e do amor. Quando esse afeto está con-
tornado, quando esse mundo interior está bem resolvido, pela primeira vez 
ele desloca a sua motivação para o mundo externo, ele olha para o mundo 
externo e fala: “há um mundo em que eu tenho de me autodeterminar”. 
18
A 5a CAMADA DA PERSONALIDADE
A quinta camada é a motivação da autodeterminação do Ego.
Ou seja, o sujeito tem de levar a sua conduta, a sua força, até que ela esteja 
identificada com os arquétipos superiores da manifestação do eu. Mas você 
não precisa saber disso; o que precisamos saber é que, na quinta camada, o 
sujeito está testando a sua força no mundo, ele virou um rebelde. É a camada 
própria dos adolescentes. O que não significa que todo adolescente esteja 
na quinta camada.
Vamos entender exatamente como funciona a quinta camada. Agora você 
tem uma estabilidade interior e olha pela primeira vez para o mundo exter-
no, quer dizer, o mundo da objetividade aparece de certo modo pela primeira 
vez quando você tem tal motivação. Qual a motivação em si da quinta cama-
da? É vocêvalidar não mais o seu afeto, mas a sua força; você vai encontrar 
certos inimigos e vai se testar com eles; você vai se testar por meio de uma 
discussão verbal, vai testar a vida pela força física, pela implicância. Testar 
a sua força no mundo, essa é a quinta camada da personalidade humana, 
a quinta motivação do sujeito. Isso deveria idealmente aparecer, como eu 
disse, nos adolescentes. Mas nem todo adolescente está na quinta camada.
Muitos adolescentes ainda estão na quarta camada, ainda precisam validar 
seus afetos, naquele mundo da interioridade mal resolvido, que não está 
100% completo; trata-se de um sujeito que precisa de validação o tempo todo. 
Se o sujeito está validando a sua força, está se testando no mundo, ficou meio 
brigão, deslocou um pouco do seu pai, isso é saudável, ele está amadurecen-
do. A gente sabe que às vezes é mais chato conviver com alguém da quinta 
camada do que da quarta, porque na quarta camada um beijinho resolve. Na 
quinta camada, não! O sujeito precisa testar a força dele; ele estava sofrendo, 
ele precisa vencer, senão continua sofrendo; ele precisa achar que é forte, 
precisa testar sua força, ele valida sua força com o mundo.
Em muitos casos, um beijo na pessoa que está na quarta camada resolve a 
questão; é mais fácil conviver com uma pessoa assim do que com uma que 
está na quinta camada. Mas a pessoa da quinta camada está amadurecendo, 
está no processo mesmo de amadurecimento, está saindo daquele processo 
da auto-referência e indo para o mundo objetivo, que é o mundo no qual to-
dos nós estamos. Todos estamos no mesmo mundo, e é mais fácil conversar 
com um quinta camada quando ele está calmo do que com um quarta cama-
da, pois este só tem as suas auto-referências; está tudo meio bagunçado na 
cabecinha, ele ainda está se autovalidando. O quinta camada já está fazendo 
19
referência ao mundo exterior; a referência de um quinta camada ainda é ele, 
mas é ele em relação ao mundo exterior. 
Pense num adolescente e você vai entender bem a quinta camada. É chato, 
mas você vê que ele já tem mais força, que está ganhando uma segurança. 
“Em alguma coisa eu realmente sou forte, sou melhor, eu tenho essa força, eu 
consigo”; por isso as artes marciais são importantes para o adolescente, para 
a criança. Ali ela está se testando, se confrontando num ambiente seguro, 
num ambiente controlado, num ambiente de academia, de ringue, existe re-
gra. Para ele não importa; ele está validando a sua força. Quando essa força é 
validada, ao notar que de fato possui uma força, a sua motivação pode alçar 
vôos mais mais maduros. 
A 6a CAMADA DA PERSONALIDADE
Qual a motivação da sexta camada? O sujeito que está na sexta camada já 
validou a sua força, já sabe que tem certa capacidade, certa força, mesmo 
que ela seja inútil – “Ganhei uma discussão, ganhei um debate, ganhei um 
campeonato de judô”. Ele já testou, ele tem uma segurança em certo domínio. 
Ele vai agora colocar as suas capacidades a serviço da conquista de um bem 
objetivo. É a camada do sujeito que vai trabalhar e o que ele quer é ganhar 
dinheiro. Ele não quer mais que o patrão fale bem dele, ele não quer mais ser 
o funcionário do mês, se isso não gerar algum lucro financeiro. E daí que sou 
o funcionário do mês? Não quero nem que você me dê valor, só quero ga-
nhar dinheiro para poder botar comida em casa para o meu filho ficar bem, 
para poder comprar meu carrinho, para pagar a prestação da minha casa. 
Você entende a diferença? O cara não precisa mais da validação da foto. Fun-
cionário do mês é validação de força, mesmo que o cara não ganhe nada. 
Isso aqui é trocar; você dá um biscoitinho para o cara poder se automotivar. 
Um sujeito que está na sexta camada não precisa de biscoitinho de cachor-
ro para se motivar. “Dê-me dinheiro que é melhor, não precisa botar minha 
cara aí não; eu troco a minha estampa ali por dinheiro, me dá cinquentão 
que eu prefiro, porque com cinquentão eu pago a comidinha dos meus fi-
lhos.” Há uma diferença grande da quinta para a sexta camada, sobretudo 
da quarta para a sexta. A sexta camada é a objetividade mesma, é o sujeito 
lutando por conquistar capacidades, conquistar habilidades que o instalam 
melhor na sua aptidão, na sua vocação.
20
A sexta camada diz respeito ao mundo objetivo. Outro dia eu falava que no 
Brasil a educação é um caos. Nossos alunos vão mal em todos os testes in-
ternacionais; no PISA, por exemplo, estamos sempre em penúltimo ou último 
lugar. A maior parte dos professores universitários, dos sujeitos que se for-
mam como professores, é analfabeta funcional. O curso de Pedagogia atrai 
os piores alunos do Ensino Médio. E, curiosamente, o Brasil é um dos países 
que têm a maior porcentagem do PIB investido em educação. Ora, se tem 
dinheiro entrando na educação, qual o problema, então?
O problema é que os professores não conseguem ensinar. E eles querem 
transmitir esse problema para o aluno: “Meu aluno não consegue aprender”. 
Meu filho, essa é a sua profissão! Qual o seu ofício? Tirar o sujeito da ignorân-
cia para a sabedoria, tirar o sujeito da burrice para a inteligência. É a mesma 
coisa o médico dizer a um paciente “Mas a febre não melhora”. Meu amigo, 
esse é o seu trabalho, é você que tem de dar o diagnóstico e fazer a febre 
baixar. “Italo, você já entrou numa sala de aula de periferia, com 40 alunos?” 
Por acaso já, várias vezes eu já entrei e dei aula. Apesar de ser médico, já en-
trei, já lidei com situação barra pesada. O trabalho do professor é justamente 
pegar a massa ignorante, a massa mal educada e educá-la, levá-la para a 
sabedoria. O professor diz: “eu não consigo!”. Pois eu digo que não consegue 
porque não tem habilidade. Não consegue – quarta camada aqui! – porque 
acha que o fato de você ser professor lhe dá imediatamente certa autoridade, 
todo mundo deveria respeitá-lo e valorizá-lo só porque virou professor, só 
porque virou médico, só porque virou advogado. 
Isso é coisa de quarta camada: você está auto-referente ao extremo. As pes-
soas não estão se importando com o cursinho que você fez, seja de Medici-
na, seja de Direito. Um bacharelado qualquer coisa aí... E daí, cara? A gente 
quer o seguinte: você sabe? Você tem as competências que desenvolvem 
a sua vocação? Você luta por conquistar habilidades no dia-a-dia? Essa é 
a pergunta da sexta camada. E daí que eu sou advogado, e daí que eu sou 
médico, e daí que eu sou professor; estou olhando para o que estou fazendo 
e tenho de fazer melhor, para poder ter mais resultado, para poder ganhar 
mais dinheiro, para entregar melhor para os outros. A sexta camada é in-
teressantíssima! É a conquista das habilidades que me dão mais meios de 
ação para desenvolver o negócio que eu estou fazendo. Magnífico!
Um professor maduro, quando houve a crítica que eu estou fazendo, diz: “É 
mesmo, por isso estou aqui estudando pra caramba, estou me dedicando, 
estou aqui para não reclamar, estou trabalhando para educar melhor esses 
demônios que estão na minha mão naquela turma de 40 alunos de periferia”. 
ISSO é sexta camada. O cara de quarta camada fica profundamente magoa-
21
do, porque não estou validando um sentimento do qual ele se achou mere-
cedor. Ele acha que é merecedor de todo carinho, de toda atenção da comu-
nidade só por ser professor. Meu filho, você acha que é professor! Professor 
é quem educa, é quem ensina, não é quem tem um diploma de bacharel. O 
diploma de bacharel o habilita a exercer legalmente algumas funções do-
centes, só isso! Mas você estar habilitado legalmente não significa que esteja 
habilitado na realidade. Você só está habilitado na realidade para exercer 
certa função quando possuir as capacidades e habilidades para desenvolver 
a função. Isso só alguém que está na sexta camada entende. Um sujeito que 
está na quarta camada já ficou ofendido.
Um cara da quarta camada não sai da quarta camada recebendo carinho; ele 
sai enfrentando desafios e vencendo. Aqui está o ponto. Eu não quero nin-
guém coitado, por isso que a gentefala essas coisas. Um sujeitinho coitado 
não me interessa! É bom um sujeito que tenha capacidade, que tenha habili-
dade. O sujeito que luta por conquistar habilidades reais, luta por conquistar 
capacidades reais está dentro da sexta camada. Ele nota que pode enfrentar 
o mundo e luta por aprimorar tal enfrentamento por meio da conquista de 
certas habilidades. Isso é a sexta camada da motivação, a sexta camada da 
personalidade humana.
A 7a CAMADA DA PERSONALIDADE
Quando o sujeito está há um tempo lutando para conquistar habilidades, ele 
começa de fato a ter aquelas qualidades, aquelas competências e capacida-
des, começa a ter aquilo mesmo. E fica natural para ele agir a partir desse lu-
gar. Quando um sujeito age a partir do lugar de muitas habilidades – muitas 
são quatro ou cinco –, ele masterizou quatro ou cinco habilidades, ele sabe 
entregar um valor para a comunidade. Então, o que começa a acontecer? A 
comunidade começa a olhar para esse sujeito como aquele que pode entre-
gar algo, e a motivação dele passa a ser entregar algo para essa comunida-
de. Não é para se sentir amado, não é para ganhar dinheiro, não é para ser 
o gostosão. Mas é por que, então? É porque ele pode e só ele pode entregar 
aquilo para a comunidade. Isso é o que ele é, isso é o seu papel social. Papel 
social entendido profundamente. Muita gente tem um papel social de políti-
co, de médico, de advogado, mas não tem as habilidades, ou seja, você não 
pode contar com o sujeito como médico, não pode contar com ele como ad-
vogado, não pode contar como político. Ele, a toda hora, trai e defrauda, seja 
por uma incapacidade moral, seja por uma incapacidade técnica. 
22
O sujeito que está na sétima camada, não. Ele já dominou aquele conjunto 
de habilidades e se apresenta para a comunidade como aquele que sabe, 
porque pode cumprir o seu dever. Ele sabe qual a expectativa daquela comu-
nidade, e a vida dele é entregar. Mas entenda: não é para se sentir bem, não 
é só para ganhar dinheiro; é porque isso é o lugar dele no mundo. Quando 
o sujeito fica um tempo agindo na sétima camada, pode aparecer para ele 
uma determinada pergunta. O sujeito pensa: eu tenho uma força útil, eu con-
quistei várias forças úteis e estou entregando para aquela comunidade já faz 
algum tempo (sétima camada). Diante dessa vida, estável de algum modo, eu 
tenho meu papel social no mundo, eu sei quem eu sou no mundo. A pergunta 
é: eu sei mesmo quem eu sou? Aqui já ficou um pouco mais profundo.
A 8a CAMADA DA PERSONALIDADE
Você está há um tempo trabalhando, entregando, cumprindo o seu dever, 
você sabe quem você é no mundo, você sabe qual o seu papel social, e pode 
ser que apareça a seguinte pergunta: quem eu sou diante da morte? Você, 
para ser você diante da morte, quer retificar (precisará consertar as coisas 
que tem feito até aqui) ou quer ratificar. “Esse sou eu mesmo. Isso sou eu mes-
mo e vou continuar fazendo o que eu tenho feito até meu último dia.” Essa é 
a motivação da oitava camada. “Eu vou fazer as coisas que eu faço porque 
elas têm sentido mesmo diante da minha morte.” Há técnicas para você estar 
mais bem instalado na oitava camada. 
As coisas que eu faço aqui continuam tendo valor mesmo diante da morte 
ou, se eu soubesse que fosse morrer, ou na morte, eu faria outra coisa, de 
outro modo, com uma outra qualidade, com outra intensidade. Mas aqui está 
o pulo do gato, para você não achar que é fácil assim. “Italo, eu acho que 
estou na oitava camada, porque eu estou doido para mudar de vida.” Preste 
atenção, o sujeito que entra mesmo na oitava camada tem um drama, tem 
um sofrimento específico. Se ele achar que precisa mudar, ele vai mudar de 
vida sem largar a posição anterior. 
Olha só a sétima camada: qual é a minha vida? É cumprir meu dever diante 
de uma comunidade. E pode ser que apareça a seguinte pergunta: mas essas 
coisas que você faz, isso é você mesmo diante da morte? Ele vai dizer “não” 
e, então, vai precisar mudar. Só que ele não vai mudar, ele não pode mudar 
jogando tudo para o alto. Ele vai precisar achar uma solução para que aque-
le seu dever anterior continue sendo cumprido. O sujeito que simplesmente 
dá na telha e declara “agora vou vender minha arte na Argentina, vou lar-
23
gar tudo que eu fiz aqui, minha família, minha mulher, porque quem sou eu 
diante da morte?” é um fanfarrão de quarta camada que está querendo sentir 
algo no seu peitinho que nunca sentiu. Sempre que na sua cabeça estiver 
algo como “vou largar tudo o que estava fazendo para fazer outra coisa”, sem 
medir as conseqüências, você não está na sétima camada ainda. A sétima 
camada é: eu cumpro meu dever, eu não defraudo, eu vou ficar aqui até o fim, 
eu vou tentar achar soluções. Se a solução que você acha é boa ou não, é 
outro problema, porque você é falível. Essa é outra questão. Mas a sua luta é: 
eu vou tentar achar uma solução para que as pessoas não se sintam defrau-
dadas. E aí sim eu dou essa resposta diante da morte. Não é assim: “quem 
sou eu diante da morte, retifico ou ratifico e largo tudo”, abandono uma vida 
para seguir essa nova. Isso é quarta camada, querendo se sentir o gostosão.
O sujeito maduro não abandona o seu posto, ele não deserta. Ele dá um jeito 
de continuar cumprindo o seu dever mesmo sem estar ali, no caso de ele 
precisar fazer uma mudança de trajetória. A oitava camada é muito séria, é 
muito profunda, porque ele pode não conseguir achar uma solução prática 
neste mundo. E ele vai ter de carregar aquela tensão, aquele conflito até a 
sua morte. 
Amadurecer dói! Porém a felicidade também se dá de um modo muito mais 
pleno no amadurecimento. A motivação de uma oitava camada é muito supe-
rior à de uma quarta camada, por exemplo. Depois que você entrou na oitava 
camada e se confrontou diante da morte, aparece, pela primeira vez para 
você, a noção da verdade, ou seja, algumas coisas são de verdade! Diante da 
morte, certas coisas relativas ganham determinado peso. Diante da morte, 
você toca em coisas que são e não têm como deixar de ser, você apreende 
a noção da verdade pela primeira vez e deseja conhecer a verdade. E então 
você entra na motivação da nona camada, que é a camada da vida intelec-
tual.
A 9a E A 10a CAMADAS DA PERSONALIDADE
O que é a vida intelectual? É uma vida devotada à verdade. Não é uma vida 
devotada ao estudo, porque existem analfabetos que podem estar na nona 
camada. Como? Eles estão querendo conhecer e viver dentro da verdade 
custe o que custar. Isso é a nona camada, camada do conhecimento da ver-
dade. É a camada intelectual. Você vai formar a sua personalidade intelectu-
al às custas de buscar a verdade doa a quem doer. 
24
Quando você entra na nona camada, quando você busca a verdade doa a 
quem doer, você pode passar depois para a décima camada. A décima ca-
mada é a da vida moral. Que é a vida moral? Eu não só conheço a verdade, 
mas eu vou agir diante da verdade, eu sei qual a verdade. Agora, para mim, 
tudo na minha vida corresponde à verdade, à natureza humana, àquilo que 
eu devia estar fazendo dentro da verdade? Essa é a pergunta do sujeito que 
está na décima camada. A vida moral profunda, propriamente dita, só entra 
nesse momento. Tudo que está lá para baixo tem peso relativo. Na décima 
camada, essa luta pela conquista da personalidade moral entra verdadei-
ramente no sujeito. Ali o sofrimento é muito profundo, você vê que pode de 
fato ser mau, pode não caminhar diante da verdade, pode não agir moral-
mente. Quando o sujeito comete maldades, na quarta ou na quinta camada, 
é tudo auto-referente, é tudo relativo, tudo muda, um beijinho faz passar a 
dor, um sorriso da mulher faz com que o cara fique bem. 
Lá em cima, na décima camada, não é assim. O cara, quando age de modo 
imoral, sabe que está agindo de modo imoral e essa dor aparece como que 
rasgando a sua biografia. 
A 11a CAMADA DA PERSONALIDADE
Uma vez que o sujeito age moralmente por muito tempo, ele pode conquistar 
a décima primeira camada da personalidade humana, que é acamada do eu 
histórico. O que é o eu histórico, o que é uma personalidade histórica? Aquele 
sujeito que agiu de modo consistente diante da verdade por muito tempo 
passa a ter um efeito histórico quase que naturalmente. Esse sujeito que age 
diante da verdade há muito tempo, lutando por agir verdadeiramente, é só 
essa ação que tem efeito histórico. As ações que são feitas neste mundo aca-
bam, porque elas são deste mundo. As ações feitas diante da verdade, essas 
sim permanecem.
A motivação da décima primeira camada é construir uma personalidade his-
tórica, é agir diante da verdade, porque você sabe que essa ação tem um 
efeito permanente e duradouro por cima dos tempos.
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A 12a CAMADA DA PERSONALIDADE
E, finalmente, a motivação do sujeito de décima segunda, fechando o ciclo 
das doze camadas, é agir diante de Deus. Agora você tem uma personalidade 
transcendental. A oitava camada é a motivação diante da morte; a décima 
segunda é a motivação diante de um Deus, aquele sujeito que sabe, que co-
nhece o seu coração, que sabe qual o melhor e qual o pior. É você agir diante 
de Deus. Você pode dizer: “Eu sou muito religioso, eu adoro Deus, eu quero 
agir diante de Deus”. Eu sei, meu filho, mas isso é uma coisa que você quer; 
eu estou falando que você faz. Muitos de nós gostam de Deus, têm religião, 
mas estamos pensando no dinheiro no fim do mês, estamos pensando em 
brigar com o amiguinho e ganhar o debate, estamos pensando na nossa 
própria morte... Você pode gostar de Deus, você deve gostar de Deus em 
qualquer camada. O problema não é esse.
Só que provavelmente, se você está numa camada de baixo, o que explica 
melhor a sua motivação em cada ato não é a presença de Deus ainda. Isso 
acontece quando o sujeito chega à décima segunda camada, ou seja, o que 
tem peso para esse sujeito, o que importa para ele é dar uma resposta pes-
soal diante daquele que transcende, controla, prevê e o ama benevolamente, 
de modo abnegado, de modo total e age na sua vida. Essa é a resposta do 
sujeito que está na décima segunda camada. Ele dá tal resposta diante desse 
agente, diante do ser em Ato Puro, conhecido também como Deus.
É dessa realidade que tratam algumas linhas de psicologia, como as psicolo-
gias místicas e a psicologia do Dr. Viktor Frankl, a Logoterapia, do sentido da 
vida. Ele está falando desse sentido, o sentido do sujeito que caminha diante 
de Deus, porque aceita o sofrimento inevitável, porque serve a um ideal e 
ama a uma pessoa, o próprio Deus. 
Assim a gente fecha o ciclo do sujeito que tem um corpo, que se manifesta, 
que aprende, que contorna os seus afetos, que, uma vez estáveis, se confron-
ta com o mundo e o vence, conquista habilidades específicas, se estabiliza 
diante de um papel social, que é confrontado com a morte, que apreende a 
noção da verdade e deseja conhecê-la e, portanto, caminha diante dela. O 
caminhar diante da verdade gera um efeito histórico que sobe para um mun-
do supra-histórico, que é o mundo da transcendência, no qual o sujeito final, 
derradeiramente se confronta com o próprio autor de tudo: Deus.
Aqui foi só uma breve introdução às doze camadas da personalidade hu-
mana. Espero que vocês revejam esta aula e que ela tenha jogado algumas 
luzes sobre a apostila de 19 páginas do Prof. Olavo de Carvalho. 
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Se você ainda não leu, não perca tempo. Baixe o PDF na internet e aproveite. 
As doze camadas são uma grande tipologia para que você possa compreen-
der o ser humano e se compreender na jornada rumo ao amadurecimento, 
que é tudo o que a gente quer aqui em nosso Guerrilha Way.
Um abraço, até à próxima.

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