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Cálculo Renal: Definição e Características

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DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS 
 cálculo renal, pedra nos rins 
 NEFRO = identifica que se trata do rim / LITÍASE = formação de pedras 
 
 
 massa cristalina (cristal) que se forma nos rins e tem tamanho suficiente para ser 
clinicamente identificável, ou por sintoma ou por imagem. Essa massa começa a ser 
formada a nível molecular, como um cristal microscópico, e vai gradativamente crescendo. 
Então, apenas diz-se que o paciente tem pedra nos rins, no momento em que essa massa 
consegue ser identificável. 
 
• CRISTALÚRIA: presença de cristais na urina. Nesse caso, o cristal ainda não cresceu o 
suficiente para virar uma pedra em si. O cristal na urina se forma por um desequilíbrio de 
concentração de certas substâncias, em que ocorre uma supersaturação da urina. 
 
(ex prático: um suco de laranja está amargo e coloca-se açúcar, mexe, e ele dissolve. Ainda 
continua amargo, então coloca-se açúcar novamente, e ele dissolve. Mas, ele continua 
amargo e continua-se botando açúcar e mexendo. Vai chegar um ponto (ponto de 
supersaturação) em que, não importa o quanto você mexa, o açúcar não consegue mais ser 
dissolvido, e o açúcar em excesso fica acumulado no fundo do copo) 
 
Isso ocorre, tanto no suco quanto na urina, porque já tem diluído, em cada líquido, a 
quantidade máxima de certa substância que é possível ser diluída naquele volume. Seria 
necessário, então, mais solvente, já que o soluto está em excesso 
 
 o cálculo mais comum é o de Cálcio, porém ele não é puro, é composto por oxalato de cálcio 
 
 a prevalência varia bastante de acordo com a população estudada, porém não é algo raro 
 
 do total, 30% dos pacientes acometidos necessitam de hospitalização e 15% são 
submetidos a algum procedimento 
 
 comum em indivíduos jovens: 20 a 40 anos 
 
 possui uma alta recorrência, em que 50% dos portadores terão novo episódio em algum 
momento da vida. 30% das vezes, esse novo episódio acontece em 3 anos 
 
 
FATORES DE RISCO 
 
• FATORES EXTRÍNSICOS 
- sexo masculino: mais comum que em mulheres 
- brancos 
- alterações anatômicas 
- 3ª a 4ª década de vida (dos 20 aos 30 anos) 
- fatores genéticos 
- distúrbios metabólicos ou endócrinos 
- pH urinário 
 
• FATORES EXTRÍNSICOS 
- ingesta hídrica: beber muita água favorece na diluição do soluto de cálcio. Pode-se até ter 
muito cálcio na urina, mas que é equilibrado pela grande ingesta hídrica 
- dieta: tem alguns alimentos que possuem o oxalato de cálcio, favorecendo a formação do 
cálculo 
- ocupação: quando se tem uma profissão em que não é possível beber água e urinar com 
frequência 
- uso de drogas litogênicas: existem certos medicamentos que facilitam a formação de 
cálculos 
- sedentarismo 
- clima quente 
 
 
FORMAÇÃO DO CÁLCULO 
 
 existem diferentes componentes possíveis para os cálculos e diferentes fatores de risco para 
cada um, assim como diferentes implicações clínicas e a necessidade de diferentes métodos 
diagnósticos 
• CÁLCIO 
- formado: por oxalato de cálcio 
- fatores de risco: cálcio na dieta e urina 
- identificado no raio-x e na TC 
 
• ÁCIDO ÚRICO 
- formado por: 
- fatores de risco: 
- transparente ao raio-x 
 
• FOSFATO AMONÍACO MAGNESIANO (ESTRUVITA) 
- formado por: fosfato, magnésio e amônia 
- fator de risco: gerado por bactéria que favoreceu as condições na urina para a combinação 
desses elementos e formação do cálculo. Pode ser em um paciente com ITU que nem 
apresenta sintomas de infecção, o que pode fazer cálculos gigantes, porque a bactéria está 
ali silenciosamente alimentando o aquele crescimento 
 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 
 assintomática na maior parte do tempo. O cálculo em si não é o problema, e sim na hora que 
ele tenta se mexer ao longo do trato urinário e fica preso. Se for um cálculo pequeno, ele pode 
sair e o paciente nem sentir 
 
 quando o fluxo urinário está obstruído por conta da presença da pedra, haverá o aumento da 
pressão desse sistema, já que a urina não consegue sair, que repercutirá até o rim, podendo 
levar ao quadro de insuficiência renal (pós – renal) 
 
 assim como no cálculo de estruvita a infecção gera a massa cristalina, também ocorre o 
contrário, em que há urina parada, devido a obstrução pela pedra, que vira um meio de cultura 
para bactérias. Portanto, qualquer cálculo pode gerar uma infecção secundária 
 
 
 
 
 
• DOR: CÓLICA RENAL 
 
❖ CARACTERÍSTICAS TÍPICAS: 
- abrupta e lancinante, muito intensa 
- caráter ondulante: dói muito, de repente fica insuportável, e permanece variando 
- sem posição de alívio 
- localização mal definida, visceral, não é possível ter muita noção 
- piora com a ingestão de água, porque aumenta o volume de urina, que não consegue 
passar, aumentando a pressão 
- a irradiação é típica: irradiação inguinal ou genital homolateral 
 
 
❖ PRÓDROMOS FREQUENTES: por ser uma dor muito forte, pode induzir reflexos 
neurológicos 
 
- náuseas e vômitos 
- hipotensão 
- hipersudorese 
 
 
• SINTOMAS E LOCALIZAÇÃO DO CÁLCULO: 
 
❖ NO RIM (cálculo renal) 
- não há necessariamente cólica renal, pois o tamanho da pedra pode não ser 
suficiente para causar a obstrução (menor que o diâmetro da pelve renal) 
- Hematúria: acontece devido ao movimento do cálculo rolando pelo rim e batendo 
nas paredes renais, causando lesões 
- Infecção urinária: a presença da pedra pode ser fator de risco para pielonefrite 
 
❖ NO URETER (cálculo ureteral) 
- há cólica renal, já que a pedra tenta sair do rim e passar pelo ureter, que é muito 
mais estreito 
- Hematúria macro (visível na urina, avermelhada) ou microscópica (não visível a olho 
nu, mas detectável no sumário de urina 
- dor que irradia para região inguinal/testículos 
- pode parecer uma cistite, pois, ao chegar na bexiga, essa pedra pode causar uma 
hiper-reatividade e inflamá-la 
 
- reflexo vaso vagal: a distensão do ureter, que causa a cólica renal pode disparar 
esse reflexo, que é uma síncope causada por dor intensa 
 
 
 
 
 
 OS 3 ESTREITAMENTOS 
 
1. JUNÇÃO URETERO-PÉLVICA (JUP) 
- dor alta, lombar + flanco direito 
- não costuma irradiar para um ponto muito baixo 
 
2. PONTO DE CRUZAMENTO COM OS VASOS ILÍACOS 
- faz uma pequena curva 
- a dor irradia tanto pra cima quanto pra baixo, lombar + fossa ilíaca 
 
3. JUNÇÃO URETERO-VESICAL (JUV) 
- faz um ângulo 
- dor baixa, fossa ilíaca + sintomas de cistite (pois está havendo a irritação 
da bexiga) 
 
 
 
❖ NA BEXIGA (cálculo vesical) 
- Hematúria 
- Disúria 
- sintomas de obstrução 
- ITU 
 
 
1 
3 
2 
• DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
 é necessário conhecer muito bem as características que determinam uma cólica 
renal, detectando pistas e fatores que levem à confirmação ou descartem essa 
doença, pois os sintomas de dor podem ser facilmente confundidos 
 
- lombalgia osteomuscular: a dor lombar pode ser também por causa do músculo ou da 
coluna, porém, costuma se relacionar com melhora ou piora com a postura, não é súbita 
- hidronefrose: é a dilatação da via urinária devido a urina acumulada por conta da passagem 
obstruída. É um quadro que pode ser causado por qualquer outra causa de obstrução, não só 
cálculos no sistema urinário 
- pielonefrite aguda: a infecção também pode causar dor lombar 
- abdome agudo: pacientes com outras alterações de abdome, devido à dificuldade de 
localização da dor nessa região, podem apresentar sintomas que levem a parecer uma 
nefrolitíase (colecistite, pancreatite, apendicite, etc) 
- doenças ginecológicas: pela localização dos genitais, pode confundir (ex: cisto nos ovários, 
que dói na fossa ilíaca) 
- dor nevrálgica: é uma dor de origem neurológica, que pode ser confundida devido a região 
semelhante de manifestação (ex: a herpes zoster fica guardado no nervo e, ao atingir o 
dermátomo causa uma dor muito forte naquele local, que pode ser, por exemplo, uma dor 
lombar. Isso pode levar a confundir com cálculosrenais, porém, a dor nevrálgica é superficial, 
enquanto a dor da nefrolitíase é mais profunda. Pode ser também compressão de nervos 
por conta de hérnia de coluna, mas nesse caso piora com a posição) 
 
 
 
EXAME FÍSICO 
 
 estado geral e sinais vitais: é muito importante avaliar e estar atento a esses dados do 
paciente, já que a dor pode levar, por exemplo, a taquicardia, pressão baixa e outros 
sintomas, além de que, serão essenciais, já que pode haver complicações no seu quadro 
(evolução para ITU, insuficiência renal, etc) 
 
 o paciente tende a querer ficar em posição antálgica, ou seja, inclinado para o lado afetado 
na intenção de melhorar a dor, apesar de que, na nefrolitíase não há posição de melhora 
 
 
 Sinal de Giordano: é importante pesquisar esse sinal, pois, a nefrolitíase, por si só até pode 
fazer Sinal de Giordano positivo, porém, caso haja a presença, deve-se pensar que esse 
paciente pode estar complicando com pielonefrite, até porque, o cálculo renal é um fator 
de risco para fazer infecção urinária 
 
 
EXAMES LABORATORIAIS 
 
 ao chegar um quadro de nefrolitíase aguda é imprescindível o requerimento de exames 
 
• SUMÁRIO DE URINA / UROCULTURA 
- serão de importância para avaliar o estado da urina e todos os componentes nela presentes 
- procura-se evidências de cálculos, a presença de cristais, hematúria, sinais de infecção 
 
• FUNÇÃO RENAL E ELETRÓLITOS 
- busca ver se o cálculo afetou o funcionamento do rim 
 
• HEMOGRAMA 
- para ver se há evidências de infecção 
 
• PROVAS DE FUNÇÃO INFLAMATÓRIA: procura por possíveis alterações bioquímicas que 
costumam aumentar na presença de uma infecção 
 
❖ VHS: VELOCIDADE DE HEMOSEDIMENTAÇÃO 
 
❖ PCR: PROTEÍNA C REATIVA 
 
• RADIOGRAFIA SIMPLES DE ABDOMEN 
- é a confirmação final do diagnóstico: achar o cálculo 
- deve incluir sempre a bacia 
- não é o exame mais importante e nem o 1º a ser feito, pois o cálculo pode não ser 
encontrado 
- é importante lembrar que cada caso é um caso, então, na prática, o paciente acaba sendo 
diagnosticado por raio-x naquelas situações em que não há tantos sinais claros para 
investigação e o paciente possui um estado clínico e dor abdominal inespecíficos. Então, sem 
uma suspeita específica, pede-se a radiografia para investigar possíveis causas e acaba 
encontrando a imagem do cálculo 
 
 
 (cálculos enormes) 
 
 
 
 
 
• ULTRASSOM (ECOGRAFIA) 
- método mais fácil e rápido para ver a presença do cálculo, sendo o exame inicial 
- como o ultrassom consegue mostrar a dilatação do ureter, é possível identificar se há 
obstruções 
- sugere se o paciente já tem alguma repercussão crônica, se é algo antigo e se há a presença 
de cicatrizes 
- pode mostrar a presença de infecções, edemas e possíveis alterações anatômicas daquele 
indivíduo 
 
 
 
SOMBRA ACÚSTICA: a pedra aparecerá branca e com uma sombra por trás dela, devido ao 
princípio de funcionamento do ultrassom, em que, as ondas sonoras ultrassônicas penetram 
ou não o tecido de acordo com a sua densidade. Logo, por ser bem mais denso, o cálculo não 
deixa a luz passar e resulta nesse padrão de imagem. 
 
exemplo de CÁLCULO DE ESTRUVITA, o 
cálculo infeccioso que tende a crescer 
muito, tendo, na imagem já acometido 
toda a pelve renal, formando um típico 
cálculo em formato de coral (coraliforme) 
• TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA 
- é o exame padrão ouro, e usado na maioria dos casos 
- a TC permite analisar qual será a melhor abordagem terapêutica 
- não precisa usar contraste 
- permite a visualização de cálculos radiotransparentes (como os de ácido úrico), aqueles 
que não são capazes de serem bem identificados com o exame de raio x 
- boa noção anatômica 
- é possível localizar cálculos em todo o trajeto do ureter 
 
 
 
• UROGRAFIA EXCRETORA (INTRA – VENOSA) 
- faz-se o uso de contraste para observar a sua excreção pelo trato urinário, com o objetivo 
de identificar possíveis regiões de obstrução, em que o contraste fique preso ou tenha 
dificuldade de passar 
 
 
TRATAMENTO 
 a importância aqui não é aprofundar os tratamentos específicos, mas sim, ter uma noção 
de uma série de passos básicos que devem ser tomados 
 
• DOR: uma boa analgesia é a 1ª coisa que deve ser feita, já que o paciente está com muita dor 
• OBSTRUÇÃO: é importante realizar a desobstrução assim que detectada, para evitar que 
evolua para uma insuficiência renal e infecções 
• INSUFICIÊNCIA RENAL: se já tiver no estado de insuficiência renal, tem-se que intervir 
diretamente nesse quadro 
• INFECÇÃO: agir diretamente na infecção 
• CÁLCULO: é o último a ser resolvido, já que os outros quadros causados por ele, caso 
existam, possuem urgência em serem estabilizados. Geralmente os cálculos são expelidos, 
mas podem necessitar serem resolvido na urgência em algumas situações 
PREVENÇÃO 
 além do tratamento daquele paciente, é importante orientá-lo quanto a ingestão hídrica, 
dieta, de acordo com o tipo de cálculo que o acometeu, investigar o possível motivo que 
possa ter feito a formação da litíase, para que consiga-se evitar um novo episódio de 
cálculo, que costuma ser uma doença muito recorrente

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