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Pensamento clinico e postura terapeutica

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PENSAMENTO CLÍNICO E 
POSTURA 
TERAPÊUTICA
PROFESSORA
Me. Andressa Tripiana Barbosa
ACESSE AQUI 
O SEU LIVRO 
NA VERSÃO 
DIGITAL!
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/8092
EXPEDIENTE
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. 
Núcleo de Educação a Distância. BARBOSA, Andressa.
Pensamento Clínico e Postura Terapêutica. 
Andressa Tripiana Barbosa.
Maringá - PR.: UniCesumar, 2021. 
168 p.
“Graduação - EaD”. 
1. Pensamento Clínico 2. Terapêutica EaD. I. Título. 
FICHA CATALOGRÁFICA
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 
Coordenador(a) de Conteúdo 
Waleria Henrique dos Santos Leonel
Projeto Gráfico e Capa
Arthur Cantareli, Jhonny Coelho
e Thayla Guimarães
Editoração
Lavígnia da Silva Santos
Design Educacional
Agnaldo Ventura; 
Patrícia Ramos Peteck
Revisão Textual
Carla Cristina Farinha
Meyre Aparecida B. da Silva
Ilustração
Bruno C. Pardinho Figueiredo
Fotos
Shutterstock
CDD - 22 ed. 150.195 
CIP - NBR 12899 - AACR/2
ISBN 978-65-5615-367-4
Impresso por: 
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
DIREÇÃO UNICESUMAR
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora 
Leite Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo 
Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie 
Fukushima Head de Produção de Conteúdo Franklin Portela Correia Gerência de Contratos e Operações 
Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos 
Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Supervisora 
de Produção de Conteúdo Daniele C. Correia
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de 
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino 
de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
BOAS-VINDAS
Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra-
balhamos com princípios éticos e profissiona-
lismo, não somente para oferecer educação de 
qualidade, como, acima de tudo, gerar a con-
versão integral das pessoas ao conhecimento. 
Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis-
sional, emocional e espiritual.
Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com 
dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, 
temos mais de 100 mil estudantes espalhados 
em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais 
(Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e 
em mais de 500 polos de educação a distância 
espalhados por todos os estados do Brasil e, 
também, no exterior, com dezenas de cursos 
de graduação e pós-graduação. Por ano, pro-
duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos 
mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe-
cidos pelo MEC como uma instituição de exce-
lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos 
e estamos entre os 10 maiores grupos educa-
cionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos edu-
cadores soluções inteligentes para as neces-
sidades de todos. Para continuar relevante, a 
instituição de educação precisa ter, pelo menos, 
três virtudes: inovação, coragem e compromis-
so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, 
para os cursos de Engenharia, metodologias ati-
vas, as quais visam reunir o melhor do ensino 
presencial e a distância.
Reitor 
Wilson de Matos Silva
Tudo isso para honrarmos a nossa mis-
são, que é promover a educação de qua-
lidade nas diferentes áreas do conheci-
mento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
P R O F I S S I O N A LT R A J E T Ó R I A
Andressa Tripiana Barbosa
Possui Mestrado em Análise do Comportamento, pela Universidade Estadual de 
Londrina (2012). É Especialista em Psicopedagogia Institucional e Clínica e Especia-
lista em Educação Especial. Graduada em Psicologia, pela Universidade Estadual de 
Maringá (2006). Atualmente, é professora na Unicesumar de Maringá, Psicóloga da 
Prefeitura do Município de Maringá e Psicóloga Clínica.
http://lattes.cnpq.br/3914705800753006
A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A
PENSAMENTO CLÍNICO E 
POSTURA TERAPÊUTICA
Desejo boas-vindas a você, caro (a) aluno (a). Estamos iniciando nossa disciplina Pensamento clíni-
co e postura terapêutica, a qual foi construída para que possamos refletir sobre nossa constituição 
pessoal, profissional e relacional, elementos favorecedores de nossa prática psicopedagógica. 
Neste caminho que percorreremos, iniciaremos fazendo uma autoanálise buscando conhecer 
aspectos importantes sobre identidade. Assim, na Unidade 1, Conhece-te a ti mesmo e a seus 
alunos, exploraremos a importância de nos conhecermos, quais aspectos são relevantes à cons-
tituição dos indivíduos, enfatizando o que nos torna semelhantes e únicos ao mesmo tempo, 
elementos importantes à nossa identidade. 
Partindo da identidade individual, chegaremos à Unidade 2, em que o foco estará na Identidade 
profissional. Diferenciaremos o papel do psicólogo, a atuação pedagogo, a identidade do psi-
copedagogo, a atuação do fonoaudiólogo e as contribuições da neurologia, visando explicitar 
o papel e a contribuição de cada no processo de aprendizagem. 
Na Unidade 3, analisaremos a construção de conhecimento e pensamento clínico, as ciências 
que embasam o pensamento clínico e crítico, suas características e a importância de um olhar 
supervisionado para sustentar uma prática crítica e responsável. 
A Unidade 4, Desenvolvimento ético, foi reservada para falarmos sobre moral e ética, sua dife-
renciação, como estão presentes no nosso dia a dia, no Código de Ética do Psicopedagogo e 
na intervenção multidisciplinar. 
Na Unidade 5, Relação terapêutica, exploraremos os elementos facilitadores a esta relação, 
como as emoções do psicopedagogo e o educando podem influenciar no processo terapêutico 
(por meio da transferência e contratransferência) e como formar uma aliança terapêutica sólida.
 Nesta disciplina, falaremos muito sobre emoções, sentimentos, autoconhecimento, identidade, 
postura e pensamento críticos, elementos essenciais para relações e desenvolvimento pessoal 
e profissional. Espero que este conteúdo venha a somar com as suas experiências e repercutir 
na sua atuação. Seja, realmente, muito bem-vindo(a). 
ÍCONES
Sabe aquele termo ou aquela palavra que você não conhece? Este ele-
mento ajudará você a conceituá-lo(a) melhor da maneira mais simples.
conceituando
No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida 
para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos. 
quadro-resumo
Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco 
mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos. 
explorando ideias
Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e 
transformar. Aproveite este momento! 
pensando juntos
Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes 
on-line e aprenderá de maneira interativa usando a tecno-
logia a seu favor. 
conecte-se
Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar 
Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicati-
vo está disponível nas plataformas: Google Play App Store
CONTEÚDO
PROGRAMÁTICO
UNIDADE 01 UNIDADE 02
UNIDADE 03
UNIDADE 05
UNIDADE 04
FECHAMENTO
CONHECE-TE A TI 
MESMO E A SEUS 
ALUNOS
8
IDENTIDADE 
PROFISSIONAL
38
74
CONSTRUÇÃO DE 
CONHECIMENTO 
E PENSAMENTO 
CLÍNICO
104
DESENVOLVIMENTO 
ÉTICO
138
RELAÇÃO 
TERAPÊUTICA
168
CONCLUSÃO 
GERAL
1
CONHECE-TE A
TI MESMO E A 
SEUS ALUNOS
PLANO DE ESTUDO 
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • A importância de conhecer a si 
mesmo • Aspectos filogenéticos e a constituição dos indivíduos • Aspectos ontogenéticose aprendi-
zagem de novos comportamentos • Aspectos culturais e sua influência • Identidade e Psicopedagogia.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
• Investigar aspectos importantes para a compreensão de si mesmo e do outro • Compreender como 
aspectos filogenéticos estão presentes na constituição dos indivíduos • Abordar a aprendizagem de 
comportamentos ao longo da vida, sua aquisição e formação da identidade • Explorar a cultura como 
elemento fundamental para a constituição de regras, vivências e condutas • Sintetizar os aspectos 
importantes a constituição da personalidade.
PROFESSORA 
Me. Andressa Tripiana Barbosa
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), você já parou para pensar sobre quem é você, do que 
você gosta (e por que gosta), o que te faz ser diferente dos outros, por que 
você se expressa de um jeito só seu, trabalha da sua maneira, vive como 
você vive? A princípio, essas questões podem nos deixar sem respostas e até 
um pouco, confusos para responder. Mas, nesta unidade, falaremos sobre 
a constituição da nossa identidade. O que nos faz iguais e diferentes uns 
dos outros e porquê somos assim.
Abordaremos os aspectos herdados filogeneticamente, o que temos de 
características de nossa espécie e que fazem parte de nossa constituição 
genética, e os aspectos relacionados à variação e seleção de características 
importantes à sobrevivência e reprodução da espécie.
A partir da compreensão das características que nos sãos inatas, explo-
raremos como aprendemos comportamentos ao longo da vida a partir de 
nossas experiências, como adquirimos a fala, aprendemos a ler, a escrever e 
por que o cálculo pode ser mais complexo de ser adquirido. Falaremos do 
quanto as consequências do que fazemos interferem diretamente na pro-
babilidade de voltarmos, ou não, a realizar algo e o quanto a aprendizagem 
pode auxiliar nosso desenvolvimento e na constituição de quem somos. 
Abordaremos o quanto nosso comportamento é estável, e ao mesmo tem-
po, em constante mudança.
Investigaremos a influência que a cultura tem em nossa vida, anali-
sando as influências que recebemos de nossa sociedade, do local em que 
vivemos, de nossa família, da arte, da religião e de nossos costumes, em 
relação aos comportamentos que emitimos sempre sobre o que pensamos 
da vida, da morte, e o quanto esses elementos nos ajudam na aprendizagem 
de nomeação do que sentimos.
Por fim, falaremos de identidade e o quanto esta pode ser maleável, não 
permanente e diferente, dependendo do contexto em que o indivíduo se 
encontra, e que ela não é algo que governa nossa vida, mas nosso próprio 
comportamento em interação com as influências socioculturais, nas quais 
estamos inseridos.
Espera-se que você embarque nessa aventura incrível de descoberta de 
si mesmo, da importância que as relações e os aspectos culturais têm em 
nosso repertório, e que isso possa refletir em vários aspectos da sua vida. 
Vamos iniciar essa jornada?
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1 A IMPORTÂNCIA DECONHECER a si mesmo
Quem é você? 
Talvez, você se sinta desconfortável em ter uma pergunta logo no início deste 
material e pode estar se questionando o quanto a resposta é óbvia: eu sou eu! 
E, talvez, você possa complementar com seu nome, idade, sexo, filiação, local de 
nascimento, estado civil, profissão. E, dependendo do contexto, essa resposta pode 
satisfazer quem esteja o(a) perguntando. 
Queremos, porém, ir além. Vamos analisar como nos constituímos enquanto 
sujeito, enquanto indivíduo, enquanto “Eu”, o que nos ajuda na compreensão de 
quem somos e na nossa visão sobre o indivíduo com o qual estaremos lidando 
no decorrer de nosso trabalho.
“Conhece-te a ti mesmo” era a máxima da sabedoria grega, recomendada a 
todos os cidadãos, descrita a cima da porta do Templo de Apolo. Conhecer-nos 
é mergulhar no que temos de mais íntimo, dar um sentido mais profundo à vida. 
Às vezes, estamos tão preocupados com os problemas, com ganhar dinheiro, com 
nossos afazeres, com o consumo, que esquecemos de nós mesmos, de quem so-
mos, do que gostamos. A riqueza interior (conforme Sócrates, Mandela e vários 
outros pensadores e filósofos) é mais importante que a riqueza exterior. 
Conhecendo-nos e examinando nossa própria vida, construímos um ca-
minho, organizamos metas e projetos na descoberta de um ideal de excelência 
humana. Para isso, é importante que tenhamos um tempo de reflexão, de olhar 
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contemplativo e de silêncio (RAMOS, 2016). Além da reflexão pessoal, outros 
fatores favorecem nosso autoconhecimento, como nossa formação, nossas rela-
ções, orientações que recebemos dos outros, ciência e a cultura da qual fazemos 
parte (RAMOS, 2016).
As áreas de conhecimento da ciência estão muito voltadas à compreensão do 
ser humano e a sua forma de se comportar no mundo. Cada uma fornece con-
tribuições que nos ajudam a entender nossa espécie, os indivíduos e a sociedade, 
nossa interação com a natureza e as condições do planeta que permitiram nossa 
sobrevivência (CARMO, 2012). Neste momento, falaremos sobre a constituição 
do indivíduo, baseada na Análise do Comportamento, uma das teorias da Psico-
logia, dentre tantas outras. Para esta abordagem, constituímo-nos como homens 
a partir de aspectos relacionados à nossa história evolutiva (das espécies), à nossa 
história de aprendizagem e à nossa aprendizagem cultural.
Inicialmente, a teoria da evolução das espécies nos ajuda a compreender nossa 
origem, com evidências de que não somos os únicos com linguagem complexa 
e inteligência. Mesmo com limites, outras espécies apresentam um sistema lin-
guístico complexo, resolvem problemas com criatividade, transmitem cultura e 
possuem um sistema de cooperação, como golfinhos, baleias, formigas, chimpan-
zés e elefantes. Entretanto nossa espécie se destaca por tantas outras qualidades 
(CARMO, 2012).
Quando abordamos as características da nossa espécie e entendemos nossa 
história no mundo, podemos estudar a nós mesmos através de nossa constitui-
ção anatômica e fisiológica ou através de nossas vivências e concepção histórica. 
E, dentre as várias maneiras de conhecermos a nós mesmos, todas iniciaram a 
partir de questionamentos, indagações e curiosidades que nos impulsionam a 
conhecer mais e mais. 
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Talvez, para compreender “quem sou eu?”, seja necessário entender “quem 
somos nós?” e nos questionar “de onde vim?” e “para onde vou?”. Para entender 
quem somos, é necessário analisar os aspectos que extrapolam o indivíduo. Ao 
questionarmos nossa origem, destacamos a origem do ser, da vida. “Para onde 
vou” refere-se ao futuro, à finalidade do viver. No geral, somos membros da es-
pécie humana, Homo sapiens, da subespécie Homo sapiens sapiens, e:
 “ Somos mamíferos, bípedes, primatas; possuímos um cérebro com-plexo em termos anatômicos e funcionais; temos uma linguagem articulada e complexa; somos capazes de simbolizar, abstrair, pensar 
sobre o próprio ato de pensar; conseguimos ir além do tempo, vol-
tando-nos ao passado e projetando-nos no futuro; criamos artefa-
tos, ferramentas, instrumentos, tecnologia a partir da manipulação 
e controle sobre a natureza; armazenamos informações para uso 
atual e para a posteridade; escrevemos sobre nossa própria história 
e sobre a história de outras espécies; exploramos tudo o que está 
em nós e em nosso entorno, do micro ao macrocosmo; olhamos 
para dentro de nosso próprio corpo através de sondas especiais e 
viajamos para outros mundos através de sondas espaciais; criamos 
mundos virtuais; desenvolvemos uma capacidade extraordinária de 
criar vidas por meio de manipulação genética e, paradoxalmente, 
somos capazes de destruir o próprio planeta; criamos obras de arte, 
obras que emocionam, enternecem; criamos armamentos e sistemas 
que escravizam e exploram os próprios membros de nossa espécie 
(CARMO, 2012, p. 23-24). 
Sabemos muitas coisas e temos possibilidade infinita de aprender tantas outras. 
Dominamos o planeta, mas, ainda, estamos no início do conhecimento de nós 
mesmos.Embora pareça contraditório, ajuda-nos na compreensão de quem so-
mos entender aspectos que nos diferencia. Cada ser é único no modo de agir, no 
jeito de falar, em se relacionar, na maneira de ensinar e de aprender. Temos gostos 
e pensamentos diferenciados, além de uma capacidade de sermos flexíveis e de 
nos adaptar, transformando o mundo que nos cerca e sendo por ele transforma-
dos continuamente (CARMO, 2012). 
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Mas, se somos da mesma espécie, o que nos torna 
diferentes? 
 Podemos entender nossa constituição individual por meio do Modelo de 
Seleção pelas consequências, o qual compreende que nosso aparato genético, nos-
sos comportamentos e nossa cultura foram selecionados de um modo análogo à 
Seleção natural, em um processo contínuo de variação e seleção. A variação está 
relacionada ao aparecimento de uma característica genética, comportamental ou 
cultural, enquanto que a seleção contempla as consequências que fazem com que 
esses traços permaneçam, ou não, na nossa constituição individual. 
 Nossos comportamentos e mudanças, nossas emoções e toda a infinita 
diversidade do ser humano podem ser compreendidos a partir das dimensões: 
Filogenética, Ontogenética e Cultural, as quais são, didaticamente, separadas para 
nossa compreensão, porém complementares entre si. A variação e a seleção estão 
presentes em cada uma dessas dimensões.
A Filogênese está relacionada à história da espécie, comportamentos que 
foram importantes à sobrevivência e reprodução, e é constituída por caracterís-
ticas anatômicas e fisiológicas e carregada da história evolutiva e de toda carga 
genética herdada por nós, antes mesmo de nascermos. 
A ontogênese diz respeito à história de cada indivíduo, pessoal, desenvolvi-
mento e aprendizagem. E a cultura engloba as manifestações culturais, influências 
que temos de nossa família, local em que vivemos, valores que aprendemos e reli-
gião. Essas três dimensões são interdependentes. Nossa história de vida (ontogê-
nese) tem profundas influências da cultura e depende do arcabouço evolutivo da 
espécie (filogênese), assim como nosso comportamento, que influencia o mundo 
e nos transforma individualmente, em relação ao nosso grupo (cultura), e pode 
alterar nossa história evolutiva (CARMO, 2012).
Falaremos, na próxima aula, um pouquinho mais de cada uma dessas di-
mensões, para compreendermos nossa individualidade e constituição de nossas 
características e identidade.
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ASPECTOS FILOGENÉTICOS 
E A CONSTITUIÇÃO 
DOS INDIVÍDUOS
Na filogênese, estão os comportamentos inatos, herdados geneticamente, uma sé-
rie de eventos que ocorreram, ao longo do tempo, com variação de características 
genéticas e seleção das mais adaptadas. A maioria dos genes que um indivíduo 
herda foi selecionada, ao longo de muitas gerações, porque, de alguma maneira, 
contribuiu para a sobrevivência da espécie e para a reprodução (BAUM, 2019). 
Apesar de sermos únicos, cada um difere de outro membro da mesma espécie 
com características anatômicas, fisiológicas e comportamentais únicas. Geneti-
camente falando, temos características de espécie semelhantes, favoráveis à nossa 
sobrevivência no ambiente em que nos encontramos. Dizemos que a espécie 
está adaptada ao meio em que vive. Enquanto este ambiente se mantiver com 
poucas mudanças, há uma probabilidade de que tais características da espécie 
se mantenham, mesmo que cada membro seja diferente. Havendo mudanças no 
meio, aqueles indivíduos que apresentarem características mais adequadas ao 
novo ambiente terão mais chance de sobreviver e de passar sua genética adiante. 
A seleção de um traço que favoreça a espécie pode demorar milhões de anos 
(MOREIRA, 2013). 
Sobre isso, podemos falar sobre a clássica história das girafas. Cada girafa 
apresenta característica variada, um tamanho de pescoço diferente das demais, 
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Descrição da Imagem: A imagem representa a linha da evolução do homem, iniciando pelo primata, que anda-
va com as mãos no chão e ao longo do tempo foi tendo seu comportamento modificado. O segundo primata já 
está mais ereto, o terceiro, ainda mais e já está com instrumento para caça na mão. O quarto é bípede e segura 
uma lança. O quinto está andando com passos mais largos, e o último carrega pasta de trabalho e celular. 
algumas com pescoços mais curtos, outras, mais cumpridos. À medida que o 
ambiente e clima se alteraram, vegetações mais altas se tornaram mais frequentes, 
as girafas com pescoços mais altos conseguiam comer mais, e em consequência, 
eram um pouco mais saudáveis, mais resistentes a doenças e mais ágeis para se 
livrar de predadores. Assim, elas tiveram mais chance de deixar descendentes 
com suas características, tornaram-se mais frequentes, tiveram novas combina-
ções genéticas, e a população aumentou. Dizemos, então, que a característica de 
pescoço longo foi selecionada pelo ambiente (BAUM, 2019). 
E assim como a girafa, temos outros exemplos de características da espécie 
selecionadas, como o casco da tartaruga, que se protege ao se encapsular dentro 
dele, ou a mudança de cor do camaleão, mediante o ambiente, facilitando que os 
predadores não o vejam e que não sejam devorados. E nós, humanos, quais das 
nossas características foram selecionadas ao longo do tempo que favoreceram a 
sobrevivência e a reprodução da nossa espécie? Estudos da biologia evolutiva, da 
antropologia cultural, registros fósseis e paleontologia demonstram que a espécie 
a qual pertencemos, Homo sapiens, tem seu aparecimento registrado em torno 
de 35 a 40 mil anos atrás. 
Figura 1 - Linha de evolução do homem
Podemos dizer que tivemos uma evolução genética que nos permitiu ficar com 
a postura ereta, andar com dois pés, movimentar-nos. É a filogênese que con-
templa nossas características anatômicas (altura, tamanho do pescoço, cor da 
pele, aparato vocal etc.), fisiológicas (metabolismo, funcionamento do sistema 
respiratório, cardiovascular, hormonal etc.) e comportamentais (funcionamento 
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cerebral, inteligência, capacidades inatas, reflexos), aspectos necessários para o 
desenvolvimento de comportamentos, cada vez mais, complexos (CARMO, 2012; 
MELO et al., 2013). 
Além de toda estrutura corporal e de funcionamento, nascemos com com-
portamentos reflexos, como espirrar, piscar, tremer, excitar, liberar adrenalina 
frente a perigos, dilatar e contrair pupila de acordo com a iluminação, salivar, 
sucção, porque os indivíduos que apresentavam estes comportamentos tinham 
mais chance de sobreviver e de reproduzir e, assim, maior probabilidade de passar 
suas características adiante. 
Vamos analisar alguns desses reflexos. O piscar e a contração da pupila pro-
tegem os olhos de perigos externos. Já a dilatação (aumento do campo visual) 
ocorre quando estamos no escuro e, assim, podemos enxergar melhor. De alguma 
maneira, estes reflexos foram selecionados ao longo do tempo; de um lado, evi-
tando que o olho seja danificado, e de outro, para que possamos enxergar melhor 
os perigos que possam haver no nosso ambiente. 
Ao analisar a reprodução, podemos dizer que “a corte, o acasalamento, a cons-
trução de ninhos e os cuidados com as crias são coisas que os organismos fazem 
e, mais uma vez, presume-se que fazem por causa da maneira por que evoluíram”, 
(SKINNER, 1974, p. 34). Situações que acompanham o acasalamento induzem a 
excitação sexual e promovem mudanças corporais importantes para que a espécie 
reproduza e passe suas características adiante. 
Não podemos esquecer das nossas reações frente ao perigo. Nosso corpo todo 
se prepara com respostas fisiológicas de “luta ou fuga” frente a uma ameaça. Em 
algum momento da evolução das espécies, ter determinadas respostas corporais 
emocionais, em função da apresentação de alguns estímulos do meio, mostrou 
ter valor de sobrevivência. As pessoas que apresentavam respostas corporais pre-
paratórias para lutar ou fugir do perigo ajudaram nossa espécie a sobrevivere 
puderam ser transmitidas para as próximas gerações. 
Existe, ainda, variabilidade entre os membros da mesma espécie, e boa parte 
dela se deve à nossa genética. Grande parte dos genes permanecem inalterados 
e são transmitidos para as sucessivas gerações, e a permanência desses genes de-
pende da expressão fenotípica na interação com o ambiente. Contudo, na divisão 
meiótica, a qual permite o reagrupamento dos genes, pode haver variação, sur-
gindo novas unidades genéticas. Se essas mutações favorecerem a sobrevivência 
e a reprodução no ambiente atual, o organismo terá condições de transmitir para 
seus descendentes metade de seus genes (MELO et al., 2013). 
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Esses eventos que estamos abordando e chamando de filogenéticos são im-
portantes por induzir reações comportamentais para todos os membros da espé-
cie, o que sugere uma história evolutiva em que os indivíduos que apresentaram 
tais características foram mais aptos (BAUM, 2019). 
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ASPECTOS ONTOGENÉTICOS
E APRENDIZAGEM
DE NOVOS
comportamentos
A partir da nossa base filogenética, desenvolvemos novos comportamentos ao 
longo da vida. A constituição do indivíduo parte do alicerce biológico herdado 
filogeneticamente e moldado pelo contato com outras pessoas e padrões culturais 
específicos (CARMO, 2012).
Na Ontogênese, estão todos esses comportamentos aprendidos como a ma-
neira de nos comunicarmos com o outro, nosso jeito de falar, de andar, de escrever. 
É, durante nosso desenvolvimento, que a personalidade é formada, nossa sub-
jetividade, aprendemos ou não a descrever nossos sentimentos, a nos conhecer, 
a lidar com o que acontece à nossa volta e uma infinidade de outros comporta-
mentos. 
Nossas características biológicas proporcionam etapas de desenvolvimen-
to pelas quais todos os membros da nossa espécie irão passar, os quais seguem 
uma certa sequência e vão se desenvolvendo com o passar dos anos. Um bebê 
apresenta algumas capacidades motoras que lhe permite rolar, posteriormente, 
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manter-se de bruços, erguer o tórax, sentar, engatinhar, ficar em pé, dar os pri-
meiros passos. O mesmo ocorre com a aquisição da linguagem, que começa com 
sons inespecíficos, balbucios até a produção de palavras isoladas e frases. Para 
aquisição dos nossos comportamentos, é importante que essa base inicial esteja 
presente (CARMO, 2012).
Temos, então, um repertório básico, inato e nascemos suscetíveis à influência 
ambiental na nossa vida, sensível às consequências de nossos comportamentos. 
A maior parte de nossas ações produz consequência, mudanças no ambiente, 
e estas interferem no que fazemos, no nosso repertório, na aquisição de novos 
comportamentos e na manutenção ou eliminação destes na nossa vida. 
Variamos comportamentos, e aqueles que tiverem consequências reforçado-
ras tendem a se manter, enquanto que aqueles que não estão recebendo conse-
quências que o favoreçam tendem a diminuir ou a desaparecer. E isso está relacio-
nado ao processo de variação e seleção que abordamos anteriormente, segundo o 
qual variamos comportamentos ao longo da vida, os quais são selecionados por 
consequências ambientais. Essas consequências selecionam os comportamentos 
mais eficazes para o indivíduo (MELO et al., 2013).
Tendo sido selecionado, formamos nosso repertório comportamental, 
em que nossas ações seguem uma linearidade, acontecem de maneira muito 
parecida, ou seja, não nos comportamos de maneira caótica, fazendo tudo 
diferente o tempo todo. A maioria das nossas ações é semelhante e se mantém 
se o ambiente permanece o mesmo, porém, quando variamos nosso compor-
tamento, aqueles com melhores consequências poderão ser selecionados em 
nosso repertório. Um comportamento ontogenético “nunca é selecionado em 
definitivo” (MELO et al., 2013, p. 40). 
Devido à variação e à seleção dos comportamentos na ontogênese, mes-
mo que tenhamos comportamentos parecidos no nosso desenvolvimento, 
influenciados filogeneticamente, cada um tem sua especificidade quanto à 
velocidade de aprendizagem, idade e intensidade. As primeiras experiências 
escolares, a aprendizagem de novos conteúdos, o primeiro namoro, uma re-
provação escolar, a perda de um ente querido, cada um desses eventos será 
vivenciado de maneira diferente para cada um, dependendo de sua história de 
vida. Somos únicos tanto geneticamente quanto em experiências do mundo 
e no que guardamos de cada uma delas.
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Nossa singularidade inicia antes mesmo da concepção, se fomos desejados, 
se a gravidez foi planejada, inesperada, se a relação familiar era estável ou não, 
se os pais estavam preparados, quais expectativas tinham em relação ao filho 
etc., e essa influência se estende ao longo da vida, se houve amamentação, afeto, 
conversa, incentivo. Quais consequências estas situações podem gerar no desen-
volvimento do ser? 
Skinner (1969, p. 179), pontua que “mesmo sabendo que os pais de uma crian-
ça tratam-na com afeição, e os de outra, com as medidas disciplinares de um 
sargento, não podemos antecipar qual a criança que vai se conformar e qual se 
rebelará”. Ou seja, não sabemos dizer, de antemão, como o meio interferirá nos 
comportamentos do indivíduo; porém um ambiente que tenha mais atenção e 
cuidado, certamente, é mais agradável do que aquele com incertezas, angústia e 
despreparo (CARMO, 2012).
O ambiente familiar ajuda muito no desenvolvimento do indivíduo e na esti-
mulação de aprendizagens, podendo criar condições favoráveis quando presente. 
Pais e adultos que interagem com suas crianças, que brincam junto, que jogam, que 
estão atentos ao enriquecimento do vocabulário e aos pequenos cuidados criam 
melhores condições para o desenvolvimento global da criança. Eles podem auxiliar 
na constituição do sujeito e nas aprendizagens que ele terá (CARMO, 2012). 
E como o meio interfere na aprendizagem de um comportamento, como 
o falar, por exemplo? O bebê começa a emitir seus primeiros balbucios, sons 
que compõe muitas palavras do nosso dia a dia (chamados de fonemas pela 
linguística). Ele pode emitir todos os fonemas de todas as línguas do mundo, 
de maneira aleatória. Digamos que, em um desses momentos, a mãe esteja 
presente e fique repetindo para o bebê: “mamãe, diga mamãe”, e a criança diz: 
“gu”, “da”, “ê”. O tempo vai passando e uma hora o bebê emite algo parecido com 
“mã”, e a mãe bate palma, sorri e acaricia seu filho. Se essa consequência de dar 
atenção e carinho resultar no aumento da chance de o bebê voltar a dizer “mã” 
quando ela estiver próxima, dizemos que a consequência foi reforçadora ao 
comportamento da criança, e provavelmente, o fonema “mã” será, cada vez mais, 
frequente. Depois de algum tempo, a mãe deixa de dar atenção ao comporta-
mento de “mã”, pedindo que o bebê fale “mamãe”, e a criança começa a variar 
o comportamento, falando, por exemplo, “mãb”, “mãg” e em algum momento, 
acaba emitindo “mãmã”, e a mãe passará a reforçar este novo comportamento, 
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tornando-o mais provável. E por aí vai. Se você tem contato com alguma criança 
que está iniciando a vocalização, preste atenção em como ele aprende a falar. 
Faça o exercício com ela (MOREIRA; MEDEIROS, 2019).
Embora a fala, a leitura e a escrita sejam comportamentos adquiridos, se com-
pararmos a aprendizagem de ambas, podemos dizer que a fala não requer grandes 
instruções, enquanto que as aprendizagens acadêmicas necessitam de professores 
e instrutores. Como resultado da nossa fisiologia, alguns comportamentos são, 
mais facilmente, desenvolvidos do que outros.
Os comportamentos de ler e escrever facilitam a interação das pessoas com o 
ambiente, favorecem que tenham acesso a informações, ajudam a locomover-se, 
ler instruções, compreender anúncios e placas, comunicar-se com o outro por 
meio de bilhetes, mensagens e inúmeras outras possibilidades, (BARBOSA, 2013). 
Para a Análise do Comportamento, teoria Psicológica que estamos nos em-
basando, consideramos que, embora estes comportamentosde leitura e escrita 
sejam importantes, envolvem uma cadeira de pré-requisitos e comportamentos 
complexos para que possamos adquirir tal habilidade, como o estabelecimento 
efetivo de relações entre conjuntos de figuras, conjuntos de letras, sílabas e/ou 
palavras impressas e faladas, para a promoção da leitura com compreensão e 
escrita de palavras isoladas (ROSE, 2005).
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E cálculos? São importantes, porém vistos como um “bicho de sete cabeças” 
para muitas pessoas, diferente de dirigir, que, mesmo exigindo coordenação mo-
tora e controle de olhos, mãos e pés, apresenta exigência similar ao que nossos 
ancestrais eram expostos para caçar a presa e espantar os predadores, por isso, 
mais facilmente, adquirido por nós do que a matemática e o pensar abstrato, que 
exigem maior esforço. 
Mesmo sendo comportamento complexos, com dificuldade em sua aquisi-
ção, as limitações podem ser diminuídas ou amenizadas com procedimentos de 
ensino eficazes (ROSE, 2005). Uma mesma técnica de ensino pode não favorecer 
a todos os aprendizes, havendo, assim, uma necessidade constante em se desen-
volver metodologias diferenciadas (AZEVEDO; MARQUES, 2001). 
Nossos comportamentos são aprendidos em função de suas consequências 
e das modificações que produzem no ambiente. O meio influencia, sobremanei-
ra, nosso comportamento, sinalizando como devemos nos comportar para que 
tenhamos boas consequências. Imagine o comportamento de um professor em 
uma sala de aula; dependendo de como a turma age, seu comportamento tende 
a ser um ou outro. 
Comecemos por uma turma disciplinada, em que todos prestam atenção 
e, rapidamente, ficam em silêncio quando o professor assim solicita. Em uma 
outra turma, o professor pede: “Silêncio, por favor”, “Silêncio” e um “Silêêêncio” 
mais enfático e mesmo assim, os alunos não prestam atenção. Novas formas de 
pedir atenção podem surgir (até algumas mais grosseiras), e se os alunos pararem 
a conversa, é muito provável que o professor aumente a emissão destes com-
portamentos nesta turma em específico, pois foi a resposta que teve melhores 
resultados. E assim, um comportamento tem maior probabilidade de ocorrer no 
futuro (MELO et al., 2013).
Podemos dizer que nosso repertório comportamental, ou seja, nossa ontogê-
nese, é recheado de comportamentos que tiveram consequências reforçadoras, 
onde só continuamos fazendo uma série de coisas porque determinadas conse-
quências ocorreram. É interessante, ainda, pensar que as consequências não in-
fluenciam somente a frequência de comportamentos adequados ou socialmente 
aceitos, mas interferem na chance de comportamentos considerados inadequados 
ou indesejados voltarem a ocorrer, caso tenha consequências reforçadoras. 
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ASPECTOS CULTURAIS 
E A CONSTITUIÇÃO 
DOS INDIVÍDUOS
A linguagem permitiu o surgimento de ambientes sociais cada vez mais comple-
xos, favorecendo o desenvolvimento de cooperação, formação de regras, acon-
selhamento, aprendizagem por instrução, práticas éticas e, assim, o desenvolvi-
mento da cultura (SKINNER, 2007). Por cultura, entendemos as manifestações 
que vão desde a escrita à arte, da religião à medicina, da criação de pequenos 
instrumentos à tecnologia avançada, ou seja, toda influência do ambiente social.
Aprendemos a nomear o que está a nossa volta a partir das possibilidades 
linguísticas que o meio nos proporciona; por exemplo, algumas palavras que 
conhecemos em algumas regiões e são, totalmente, desconhecidas ou com outro 
sentido em lugares diferentes. 
Aprendemos gestos e expressões faciais que fazem sentido no contexto em 
que nos encontramos. Valorizamos e julgamos ações, escolhemos o que vestir 
(ou não vestir), aprendemos a como nos comportar, como lidar com o mundo, 
a dançar e utilizar instrumentos e tecnologias de acordo com a cultura em que 
vivemos. As práticas culturais de um povo produzem consequências para esse 
grupo (CARMO, 2012; SKINNER, 2003a).
Carmo (2012, p. 56) resume dizendo que “tudo o que o homem produz e 
toda e qualquer manifestação humana é cultura. Uma conclusão imediata é a 
afirmação de que só nos tornamos humanos (isto é, pertencentes à nossa espécie) 
a partir da cultura que nos forja”. 
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Os padrões culturais são ensinados a cada um de nós desde que nascemos. 
Para dar uma ideia da importância da cultura na determinação do que somos, 
falaremos de dois acontecimentos. Você já deve ter ouvido algumas histórias so-
bre crianças criadas por animais, como lobos, ursos, gansos, cães, durante anos. 
Quando encontradas, apresentavam características, puramente, animais, com os 
sentidos mais apurados que os nossos e extrema dificuldade em adquirir com-
portamentos humanos ou em se adaptar ao novo ambiente. Isso porque a cultura 
a qual foram criadas interferiu na aprendizagem de seus comportamentos.
Não precisamos ir tão longe, porém, se falarmos de uma criança que nasceu 
no Brasil, filha de brasileiros e muito nova foi adotada e criada por pais estran-
geiros, em uma cultura, totalmente, diferente da nossa, ela adquirirá hábitos e 
comportamentos muito distintos dos nossos. Caso retorne ao Brasil, apresentará 
dificuldade em se comunicar e compreender nossas gírias, costumes. Embora seja 
brasileira, terá uma maneira estrangeira de existir no mundo (CARMO, 2012). 
Esses acontecimentos mostram um pouquinho da influência da cultura na 
nossa vida, podemos dizer que aprendemos a ser humanos. Nascimento e morte 
são frutos da cultura. O jeito de lidar com a gravidez, o acompanhamento pré-na-
tal, a alimentação neste período são eventos diferentes dependendo da cultura em 
que nos encontramos. Um bebê recém-nascido, antigamente, era todo enfaixado, 
sem possibilidade de se movimentar, ficava em casa e não recebia visitas. Na nos-
sa cultura atual, o bebê está mais livre, passeia pela rua já nos primeiros meses, 
expõe-se a uma diversidade de estimulação desde pequeno. Isso mostra como 
mudanças culturais proporcionaram mudanças para os indivíduos, ou melhor, 
como a variação no comportamento dos indivíduos pode favorecer mudanças 
culturais. 
E o que pensamos sobre morte? É totalmente influenciado pela cultura que 
vivemos. Algumas culturas tratam o assunto com naturalidade, comemoram pelo 
fato de a pessoa estar em um lugar melhor, outras choram a perda.
Através da linguagem compartilhada, aprendemos a descrever o que senti-
mos. Inicialmente, o bebê manifesta seu desconforto através do choro, e os pais 
deduzem o que está acontecendo (se está com fome, com frio, com dor, molhado). 
Com o passar dos dias, vão aprendendo a discriminar “do que é o choro” e vão 
interagindo com mais segurança e passando a nomear o estado do bebê. Quando 
os pais falam, por exemplo, “o bebê está com sono!” ou “está com fome?”, estão 
ensinando o bebê a relacionar uma palavra à uma condição ou estado interno. 
E, assim, os adultos auxiliam as crianças a nomear o que sentem. Eles observam 
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Descrição da Imagem: Homem sentado frente a um laptop, com os cotovelos sobre a mesa, testa franzida, 
uma mão segurando os óculos e a outra pressionando os olhos. 
o contexto em que o comportamento está acontecendo, seguem algumas pistas e 
inferem que seja algo interno. Agora, preste atenção na imagem (ou na descrição 
da mesma):
Figura 2 - Análise da linguagem compartilhada
Ao nos depararmos com um homem sentado frente a um laptop, com os cotove-
los sobre a mesa, testa franzida, uma mão segurando os óculos e a outra pressio-
nando os olhos, logo inferimos que ele possa estar cansado, com dor de cabeça ou 
até estressado. Mas nem sempre temos pistas ambientais claras, principalmente, 
quando falamos de emoções e sentimentos (CARMO, 2012). Por isso, dizemos 
que palavras que descrevem sentimentos não são ensinadas com tanto sucesso 
quanto aquelas que descrevem objetos (SKINNER, 2003b). 
Aprendemos a falar sobre o que acontece e sobre nós mesmos, baseados nas 
nossas experiências e aprendizagens.Você sabia que os esquimós do ártico conse-
guem distinguir diferentes brancos em um pedaço de gelo, desde o mais fino até 
o mais espeço, reconhecendo aquele que sustenta um corpo daquele que não se 
deve pisar? E que os índios discriminam mais tons de verdes do que nosso olhar 
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urbano, sabendo se uma planta está ou não pronta para ser utilizada? Aprende-
ram por orientações daqueles que vieram antes deles e que transmitiram suas 
experiências, formando um conhecimento cultural (TEIXEIRA et al., 2017). 
A sobrevivência dos membros de uma cultura é a primeira condição para 
que ela seja transmitida entre gerações, assim, práticas culturais bem-sucedidas 
garantem a sobrevivência dos membros da cultura e, em consequência, a con-
tinuidade de suas práticas. A cultura, também, pode variar e ter selecionado as 
práticas que melhor mantém a sobrevivência da própria cultura. Ela vai além do 
período de vida dos membros, é formulada através de leis, costumes, tradições, 
constituindo as condições nas quais um grupo de pessoas vive. 
 A partir disso, podemos dizer que aprendemos a ser quem somos. Trans-
formamo-nos dia após dia, e a Cultura tem um papel fundamental na nossa cons-
tituição enquanto sujeitos. Como encaramos a vida, como as crianças são criadas 
e cuidadas, como reagimos a algo, se o choro é permitido e incentivado, o que 
pensamos sobre a morte, nossa linguagem, a nomeação de nossos sentimentos e 
aprendizagem de distinção de cores são fenômenos determinados culturalmente.
Filogênese contempla as características da espécie, aspectos 
importantes para a sobrevivência e reprodução.
Ontogênese é a história individual de cada um, é toda aprendi-
zagem que adquirimos durante a vida.
Cultura é toda influência do meio em que vivemos, do local, da 
família, das tradições sobre a nossa ação.
Fonte: a autora.
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Agora que já falamos sobre o que nos torna únicos por meio das influências 
filogenéticas, ontogenéticas e culturais, juntaremos todas elas e pensaremos na 
constituição da nossa identidade. Falamos, a princípio, que o meio nos modifica 
e modificamos o mundo. Assim, ajudamos no estabelecimento da identidade do 
outro, enquanto, também, formamos a nossa. Historicamente, o termo identidade 
estava atrelado à personalidade, privilegiando a perspectiva individual e médica, 
com debates sobre “normalidade” e “patologia”, o “natural” e o “essencial”. 
O conceito de personalidade oferecia um conjunto de princípios que classifi-
cava, previamente, os indivíduos em categorias, confirmando uma concepção de 
sujeito sem considerar a diversidade dos ambientes sociais. Os comportamentos 
expressos pelas pessoas serviam para justificar as “interpretações científicas”, res-
tando pouco a fazer por parte daqueles que manifestam tais condutas, como se 
estivessem confinados às características classificatórias. O comportamento em si 
era visto como recurso para justificar os princípios constitutivos da personalidade 
normal ou patológica, e sua história social e singular era, apenas, vista como um 
pano de fundo para a expressão dos comportamentos, cientificamente, conheci-
dos (LAURENTI; BARROS, 2000). 
Pensando nisso, podemos fazer uma pausa e pensar se, ao longo da nossa 
trajetória, já rotulamos os comportamentos das pessoas e os justificamos por uma 
patologia ou uma personalidade. Será que você já ouviu alguém dizer: “Ah, fula-
no faz isso porque tem personalidade forte” ou “ele faz isso porque tem TDAH”, 
e, a partir dessa classificação, enxergamos a pessoa sob o viés de uma patologia 
ou de uma personalidade, sem compreender como o meio contribuiu para esta 
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constituição ou como o ambiente pode ajudá-lo a superar as limitações. 
Diferente dessa perspectiva e preocupados em compreender o homem em 
seu aspecto relacional e inserido em um contexto sócio histórico, os psicólogos 
sociais adotaram o termo identidade. Inicialmente, dividiram a identidade em 
pessoal e social, uma dicotomia em que a identidade pessoal estava relacionada 
aos atributos específicos do indivíduo e/ou à identidade social qualificada como 
atributos que assinalam a pertença a grupos ou categorias, privilegiando, de um 
lado, o indivíduo e, de outro, a coletividade na constituição da identidade (JAC-
QUES, 1998).
Partindo desta dicotomia, a identidade pessoal estaria vinculada à ideia de 
natureza humana, onde as potencialidades ou limitações do indivíduo já nascem 
com o indivíduo, são inatas e determinam sua personalidade, sendo função do 
ambiente promover condições para a manifestação dessas características pré-es-
tabelecidas. Dessa maneira, o contexto social teria um papel secundário, confi-
gurando-se, apenas, como contato com outros homens, (LAURENTI; BARROS, 
2000). Por outro lado, ao falarmos de identidade social, iríamos nos remeter ao 
meio como responsável por todo processo de construção de conhecimento e 
pensamento do fenômeno identidade. 
Ao juntarmos as duas colocações, superamos a falsa dicotomia e podemos 
dizer que é, na articulação destas, que é tecida a identidade propriamente dita. 
Dessa forma, abdicamos da ideia de identidade como algo da natureza humana 
e assumimos uma concepção de homem como um ser sócio histórico, em que 
os aspectos biológicos são condições que favorecem desenvolvimento das suas 
relações.
Assim, o homem se constitui, a partir de um suporte biológico que lhe dá 
condições gerais de possibilidades (próprias da espécie Homo Sapiens Sapiens) 
e condições particulares de realidade (próprias de sua carga genética). No en-
tanto as características humanas, historicamente, desenvolvidas se encontram 
objetivadas na forma de relações sociais que cada indivíduo encontra como dado 
existente, como formas históricas de individualidade, e que são apropriadas no 
desenrolar de sua existência através da mediação do outro. 
Logo, a identidade não é inata. Mesmo que tenhamos aspectos genéticos e 
filogenéticos que nos forneçam um aparato básico e necessário para nosso de-
senvolvimento, nossa personalidade é construída histórica e socialmente, a partir 
das nossas relações. E quantas coisas podemos aprender. 
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Novos comportamentos podem ser adquiridos, ajudando as pessoas a supe-
rarem uma limitação genética. Devido às nossas relações e consequências do que 
fazemos, podemos adquirir novos comportamentos, permitindo que as pessoas 
ajam de maneira eficiente quando expostas a novas situações, superando sua con-
dição inata. Você já deve ter ouvido falar, por exemplo, de pessoas que nasceram 
sem os braços (ou sem os movimentos) e que aprenderam, no decorrer da vida, 
a realizar múltiplas coisas com os pés, como tocar violão e dirigir de maneira 
adaptada. O meio sociocultural nos ajuda nesta aquisição.
Além disso, o contexto social nos fornece condições para as mais variadas 
formas de identidade. Podemos utilizar o termo identidade, para expressar uma 
singularidade construída a partir das relações. Dessa maneira, nossa identidade 
não é permanente, uma vez que participa de diferentes sistemas culturais e, em 
cada um desses sistemas, assume um contorno identitário diferenciado. Assim, 
somos identidades diferentes, dependendo do contexto em que nos encontramos. 
Para exemplificar, preste atenção em como você se comporta quando está em 
casa, na sala de aula, na igreja e em uma festa de aniversário. Aprendemos a nos 
comportar de maneira diferente em cada um desses eventos, e tudo bem. Isso é 
ótimo! Seria estranho se sempre fizéssemos as mesmas coisas quando o ambiente 
não é mais o mesmo. Nossas relações sociais e culturais nos ensinam que devemos 
ter ações diferenciadas para locais e contextos distintos; ao nos comportarmos 
como esperado, seremos reforçados, caso contrário, podemos ser advertidos ou 
punidos, dependendo da situação.
Nessa multiplicidade de papéis, a identidade vai se manifestando. Na execu-
ção de um papel social, como o de mãe, por exemplo,está contemplado nela sua 
dimensão social, desde a formação da palavra mãe e sua suposta função, bem 
como a dimensão individual, constituída no social. Espera-se da mãe determi-
nados comportamentos, e ela vai assumindo a função, socialmente, esperada, 
de acordo com a expectativa da sociedade. Enquanto ser ativo (que não está só 
recebendo as impressões do mundo), a mãe (e, também, cada um de nós) atribui 
um sentido pessoal às significações sociais, num constante processo de vir a ser. 
Além do papel de mãe, quando está na relação com seu filho, comporta-se como 
filha, ao se relacionar com sua própria mãe. Se for, também, professora de seu 
filho, assumirá papel de professora/mãe, e aquele se comportará como aluno/
filho. E essa mesma mãe é, também, amiga, companheira e uma infinidade de 
outras possibilidades com pessoas diferentes.
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Cada expressão de uma parte da identidade não a revela por inteira, a identi-
dade não se esgota ou se resume a concretização de personagens. Ao se apresentar 
frente a um determinado contexto, o indivíduo se comporta de uma maneira e, 
nesse momento, as “outras identidades” pressupostas estão ocultadas. Os papéis 
são uma parte do que somos, sendo a identidade um universo de personagens já 
existentes e tantas outras possibilidades a surgir. Identidade é totalidade, multi-
plicidade, contraditória, mutável.
Abandonando a noção de personalidade estanque e imutável, podemos dizer 
que a identidade é o ponto de referência, a partir do qual surge o conceito de si, 
a autoconsciência e a autoimagem, e essa singularidade do auto reconhecimento 
vai sendo edificada ao longo da vida. Estamos mudando e nos constituindo, en-
quanto sujeitos singulares e cientes de nós, o tempo todo. Identidade é movimento 
(LAURENTI; BARROS, 2000). 
E, sendo movimento, aquela mãe que falamos antes, que, também, é filha 
e tantas outras representações, vai tendo mudanças à medida que o tempo vai 
passando; ela continua sendo mãe, mas não a mesma mãe do início. Outros 
significados vão surgindo e sendo internalizados, mesmo que imperceptíveis. 
E essas mudanças pequenas dão a impressão de não-movimento. Às vezes, são 
necessárias várias pequenas mudanças para serem reconhecidas; outras vezes, a 
mudança é tão visível que as pessoas chegam a dizer que ocorreu “de repente”, mas, 
na verdade, trata-se de um acúmulo desses elementos que, uma hora, tornam-se 
distintos na forma de serem percebidos. Estamos mudando o tempo todo.
O mais interessante é que a identidade não se manifesta como uma entidade 
ou algo dentro de nós que governa nossa vida, ela é o nosso próprio fazer, nossas 
próprias ações, em consonância com o social. Sem separação entre o individual 
e o social, eles se misturam e se confundem. Laurenti e Barros (2000, p. 1, grifos 
do autor) complementam: 
 “ Para existir um, são necessários dois, não apenas do ponto de vista da concepção, da genética, da sobrevivência, mas sobretudo em se tratando do homem ser reconhecido como tal; o homem só se vê 
como homem se os outros assim o reconhecerem.
O homem é singular e social, em que sua individualidade repercute no social e 
este forma e transforma sua identidade. Todo esforço em compreender o homem, 
recorrendo à História, só nos confirma a dependência do ser humano das relações 
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Agora que já falamos sobre a constituição dos indivíduos, você pode responder, de manei-
ra mais completa, à pergunta: “Quem é você?”.
pensando juntos
em que está envolvido. Portanto, para compreender a identidade, não podemos 
compreender o sujeito de forma isolada.
Falar em identidade nos leva a entender que é, através das ações, que o homem 
realiza junto aos outros, que cria sentido para o mundo em que vive, que traça 
objetivos, que trilha caminhos, que troca sua rota, que altera uma “predestinação” 
e se constitui enquanto sujeito singular, dia após dia. 
Falar em identidade implica, também, em nos reconhecermos iguais e dife-
rentes, evocando nossa qualidade que é idêntica aos demais e, ao mesmo tempo, 
com características tão individuais que torna cada um diverso dos demais. É um 
sujeito, com suas características próprias, que, ao mesmo tempo, pertence ao todo, 
a um grupo, a uma classe. O nome diferencia um indivíduo dos demais, enquanto 
o sobrenome o iguala aos membros da sua família (JACQUES, 1998).
Essa igualdade e diferenciação nos ajuda a compreender quem somos. Marx e 
Engels (1979, p. 37) afirmam que “não é a consciência dos homens que determina 
o seu ser, mas o contrário, é o seu ser social que determina sua consciência”. Po-
demos dizer que será possível desenvolver consciência de si quando o indivíduo 
for capaz de encontrar razões históricas e sociais que explicam porque o homem 
age da forma que age. E essa consciência de si pode alterar a identidade social. E, 
assim, o homem constrói seu mundo e, ao mesmo tempo, constrói a si mesmo a 
partir do social. 
Conhecemos a nós mesmos quando conhecemos o que nos influencia, quan-
do descrevemos nosso meio e entendemos quem somos na nossa relação com 
os demais. Skinner (2003b) fala que a consciência de si é discriminar os próprios 
comportamentos e as variáveis que os controlam, é distinguir o que pensamos, 
o que sentimos, o que queremos e o que fazemos e em que condições sentimos 
ou agimos de determinada forma. Ele defende que o autoconhecimento só será 
possível na interação social. 
Sintetizando, nossa identidade é um misto de nossas experiências na vida, resul-
tante de nossas características enquanto espécie, genéticas e de nossas relações 
socioculturais. Estamos a nos estabelecer enquanto indivíduos, sujeitos únicos e 
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em constante mudança. Nossa atividade social, nosso papel no mundo, diz muito 
sobre quem somos ou o que nos tornamos na nossa jornada. O levantamento 
destas questões forma uma base para abordarmos sobre a Identidade Profissional, 
tema da nossa próxima unidade. Aguardo você!
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, falamos sobre a constituição dos indivíduos, como nos desenvol-
vemos ao longo da vida e como cada aspecto influencia na nossa identidade, a 
partir do levantamento desses aspectos importantes para a composição de cada 
um de nós.
Abordamos as influências das espécies sobre nosso comportamento, como 
anatomia, fisiologia e comportamentos únicos, e as características herdadas, fi-
logeneticamente, que favorecem nosso desenvolvimento enquanto seres huma-
nos, proporcionando base para o andar ereto, o estabelecimento da fala e da 
aprendizagem de novos comportamentos devido a estas características inatas, 
selecionadas ao longo de milhares de anos.
Tendo como parâmetro os comportamentos filogenéticos, abordamos a on-
togênese, comportamentos adquiridos ao longo da vida. Analisamos a influên-
cia do meio e o quanto o modificamos mutuamente a partir das nossas ações. 
Aprofundamo-nos na aquisição do comportamento de fala, sobre requisitos para 
aprendizagem de leitura e escrita, sobre cálculos e o quanto nossa ação tem chan-
ce de voltar a ocorrer caso tenha consequências reforçadoras.
Ao abordarmos cultura, exploramos quanto de nossos comportamentos são 
influenciados pela região que vivemos, por nossa religião, por nossa família e pe-
los padrões culturais como um todo. Demos atenção especial para o quanto nosso 
meio sociocultural molda nossos pensamentos sobre vida e morte e o quanto nos 
ensinam na nomeação e entendimento sobre o que sentimos.
Finalmente, falamos em identidade, a qual não é inata ou preestabelecida, 
mas vem se construindo a partir de um suporte biológico em constante inte-
ração com o meio sociocultural, transformando-se ao longo da vida, em um 
processo contraditório e mutável. Exploramos a multiplicidade de papéis que 
desempenhamos, o reconhecimento de si enquanto igual e diferente dos demais 
e a possibilidade de conhecer a si mesmo, somente, a partir das relações que 
estabelecemos. 
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na prática
1. Identidade é o conjunto de característicasde uma pessoa, que a torna única e dife-
rente das demais. Sobre a identidade dos indivíduos é correto afirmar que:
a) A personalidade é pré-determinada. O indivíduo já nasce com uma personalidade 
e esta é imutável. 
b) Muito mutável, está, a todo momento, mudando muito rapidamente.
c) Influenciada pelo meio, e uma vez que um comportamento foi aprendido não 
pode ser desaprendido. 
d) Proveniente de signos, de acordo com os ancestrais.
e) Construída ao longo da vida do indivíduo, com influência da história genética, da 
vivência diária e da cultura.
2. A filogênese engloba comportamentos selecionados ao longo da seleção natural 
pelas espécies. Assinale a alternativa que contempla, somente, características filo-
genéticas:
a) Reflexos e aprender a escrever.
b) Emissão de frases e fisiologia humana.
c) Ensinar o que a criança pode fazer e influência genética.
d) Anatomia e fisiologia humana.
e) Regras e condutas.
3. Filogênese, ontogênese e cultura interferem na realização de todos os nossos com-
portamentos, inclusive, na constituição de nós mesmos, de quem somos. Sobre 
esses aspectos, observe as assertivas:
I - Em todos os níveis, ocorre variação e seleção dos comportamentos mais adap-
tados, e estes serão transmitidos para a próxima geração e ficarão no repertório 
do sujeito ou serão passados culturalmente. 
II - Os três níveis são independentes, se a filogênese determina que o indivíduo 
irá apresentar um comportamento, não é possível que uma mudança seja da 
ontogênese ou da cultura. 
III - A Cultura é a influência mais importante, pois determina como a filogênese e a 
ontogênese ocorrerão. 
33
na prática
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas, I está correta.
b) Apenas, II está correta.
c) Apenas, III está correta.
d) Apenas, I e III estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
4. Ontogênese contempla os comportamentos adquiridos ao longo da vida. Sobre 
esta temática, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F) nas alternativas:
( ) Devido à base genética, todos os seres humanos desenvolvem as mesmas ca-
racterísticas ao longo da vida, em fases determinadas.
( ) Cada indivíduo pode adquirir comportamentos diferentes, devido às circunstân-
cias às quais está exposto.
( ) Comportamentos que tiverem consequências reforçadoras têm mais chances 
de voltar a acontecer. 
Assinale a alternativa correta:
a) V, V, F.
b) F, V, V.
c) V, F, V.
d) F, F, F.
e) V, V, V.
5. A cultura abrange manifestações artísticas, culturais, regionais, as quais são trans-
mitidas às gerações para que sobreviva. Sobre o tema, é correto afirmar que:
a) Cultura foi criada por um único homem para que suas vontades fossem trans-
mitidas aos demais.
b) A cultura é sempre a mesma, não pode se modificar.
c) A cultura influencia nosso modo de pensar e de ser no mundo. 
d) Todas as culturas têm uma ideia de morte associada ao sofrimento.
e) Uma cultura pode sobreviver mesmo que todos seus membros não sobrevivam. 
34
aprimore-se
A UNIDADE DO EU
Um eu pode se referir a um modo de ação comum [...] Em uma mesma pele encon-
tramos o homem de ação e o sonhador, o solitário e o de espírito social. Por outro 
lado uma personalidade pode se restringir a um tipo particular de ocasião - quando 
um sistema de respostas se organiza ao redor de um dado ambiente. Tipos de com-
portamento que são eficazes ao conseguir reforço em uma ocasião A são mantidos 
juntos e distintos daqueles eficazes na ocasião B. Então a personalidade de alguém 
no seio da família pode ser bem diferente da personalidade na presença de amigos 
íntimos.
Quem está privado de algo pode ter seus comportamentos influenciados por 
isso. Uma reunião pode ser encerrada na hora do almoço, mostrando “o homem 
faminto falando”. A personalidade de alguém pode ser bastante diversa antes e de-
pois de uma excelente refeição.
Variáveis emocionais também estabelecem personalidades. Sob circunstâncias 
apropriadas a alma tímida pode dar lugar ao homem agressivo. O herói pode lutar 
para esconder o covarde que habita a mesma pele.
Os efeitos das drogas sobre a personalidade são bem conhecidos. A euforia do 
vício em morfina representa um repertório especial de respostas cuja frequência é 
atribuída a uma variável óbvia. O alcoólatra acorda no dia seguinte um homem mais 
triste e mais sábio.
O conceito do eu pode ser uma primeira vantagem na representação de um sis-
tema de respostas relativamente coerente, mas pode nos levar a esperar consistên-
cias e integridades funcionais que não existem. A alternativa para o uso do conceito 
é simplesmente lidar com covariações demonstradas na frequência de respostas.
Fonte: Skinner (2003b, p. 312-313).
35
eu recomendo!
 Origem das Espécies
Autor: Charles Darwin
Editora: Madras
Sinopse: durante cinco anos, o jovem Charles Darwin esteve a 
bordo do navio britânico Beagle, destinado a coletar espécimes 
vegetais e animais e anotar suas observações. Ele reuniu compo-
nentes suficientes para elaborar e defender uma das teorias mais 
evolucionárias de sua época: a teoria da seleção natural.
livro
Mogli, o menino lobo
Ano: 2016
Sinopse: a trama gira em torno do jovem Mogli (Neel Sethi), ga-
roto de origem indiana que foi criado por lobos em plena selva, 
contando, apenas, com a companhia do urso Baloo (Bill Murray) e 
da pantera negra Bagheera (Ben Kingsley), sem nenhum contato 
com humanos. O menino é amado pelos animais, mas visto como 
uma ameaça pelo temido tigre Shere Khan (Idris Elba), que está 
decidido a matá-lo. Com a família de lobos ameaçada, Mogli decide se afastar. 
Baseado na série literária de Rudyard Kipling.
filme
No texto “O lugar dos sentimentos na Análise do Comportamento”, Skinner fala 
sobre a construção dos sentimentos: Amor, Ansiedade e Medo, do ponto de vista 
da Análise do Comportamento, compreendendo as influências Filogenéticas, On-
togenéticas e Culturais.
http://www.itcrcampinas.com.br/pdf/skinner/lugar_sentimento.pdf
Esse vídeo conta a história de Tony Melendez, um cantor e compositor nicara-
guense, que nasceu sem os braços e desenvolveu habilidades surpreendentes.
https://www.youtube.com/watch?v=mSf2S3ov09I
conecte-se
http://www.itcrcampinas.com.br/pdf/skinner/lugar_sentimento.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=mSf2S3ov09I
referências
36
AZEVEDO, M. A.; MARQUES, M. L. Alfabetização hoje. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2001. 
BAUM, W. Compreender o behaviorismo: comportamento, cultura e evolução. 3. ed. São 
Paulo: Artmed. 2019.
CARMO, J. dos S. Fundamentos psicológicos da educação. Curitiba: InterSaberes, 2012.
ROSE, J. C de. Análise comportamental da aprendizagem de leitura e escrita. Revista brasilei-
ra de Análise do Comportamento, v. 1, n. 1, 2005.
JACQUES, M. G. C. Identidade. In: STREY, M. N. et al. Psicologia social contemporânea. Petró-
polis: Vozes, 1998. p. 159-167.
LAURENTI, C. BARROS, M. N. F. de. Identidade: questões conceituais e contextuais. Revista de 
Psicologia Social e Institucional, Londrina, v. 2, n. 1, jun. 2000. Disponível em: http://www.
uel.br/ccb/psicologia/revista/textov2n13.htm. Acesso em: 6 out. 2020.
MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã. 2. ed. São Paulo: Ciências Humanas, 1979.
MELO, C. M. et al. O Modelo de seleção pelas consequências: o nível filogenético. In: MOREIRA, 
M. (org.). Comportamento e práticas culturais. Brasília: Instituto Walden4, 2013.
MOREIRA, M. B. Comportamento e práticas culturais. Brasília: Walden4, 2013.
MOREIRA, M, B. MEDEIROS, C. A. Princípios Básicos da Análise do Comportamento. 2ª. Ed. 
Porto Alegre: Artmed. 2019.
RAMOS, J. M. R. Conhece-te a ti mesmo: excelência humana e ética. São Paulo: Quadrante, 
2016.
SKINNER, B. F. Seleção por consequências. Revista Brasileira de Terapia Comportamental 
e Cognitiva, v. 9, n. 1, 2007.
SKINNER, B. F. Ciência e Comportamento Humano. Tradução de João Claudio Todorov e 
Rodolfo Azzi. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
SKINNER, B. F. Questões Recentes na Análise do Comportamento. São Paulo: Papirus, 2003.
SKINNER, B. F. Sobre oBehaviorismo. São Paulo: Cultrix, 1974.
TEIXEIRA, F. et al. Entre os silêncios daquela sala branca. Rascunhos, Uberlândia. v. 4, n. 
4. p. 47-54, 2017. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/rascunhos/article/
view/39531/20809. Acesso em: 6 out. 2020.
BARBOSA, A. T. O uso de um jogo de tabuleiro educativo no ensino de leitura e escrita a 
deficientes intelectuais. 2013. 47 f. Tese (Mestrado em Análise do comportamento) – Univer-
sidade Estadual de Londrina, Londrina, 2013.
http://www.uel.br/ccb/psicologia/revista/textov2n13.htm
http://www.uel.br/ccb/psicologia/revista/textov2n13.htm
http://www.seer.ufu.br/index.php/rascunhos/article/view/39531/20809
http://www.seer.ufu.br/index.php/rascunhos/article/view/39531/20809
http://www.seer.ufu.br/index.php/rascunhos/article/view/39531/20809
gabarito
37
1. E.
2. D.
3. A.
4. B.
5. C. 
2
IDENTIDADE 
PROFISSIONAL
PROFESSORA 
Me. Andressa Tripiana Barbosa
PLANO DE ESTUDO 
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • O Papel do Psicólogo • A atuação 
do Pedagogo • O Psicopedagogo • A atuação do Fonoaudiólogo • Contribuições da Neurologia.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
Explorar o papel do Psicólogo Escolar em sua atuação • Compreender as formas de atuação do Pe-
dagogo • Examinar a construção histórica do psicopedagogo e sua atuação profissional • Contemplar 
o papel do fonoaudiólogo e sua atuação na aprendizagem • Abordar aspectos da área médica que 
podem auxiliar na prática psicopedagógica.
INTRODUÇÃO
Estudante, falamos, até agora, o quanto estamos em desenvolvimento, cons-
tituindo-nos, todos os dias, enquanto sujeitos, e de nossas características 
individuais e coletivas. Através do nosso primeiro nome, temos a indicação 
do singular e, pelo sobrenome, somos incluídos no contexto familiar. O 
passo seguinte é a identificação com papéis que desempenhamos como 
sujeitos e personagens da história, e, dentre estas identificações, está a iden-
tidade profissional.
Ao falarmos sobre a identidade do psicopedagogo, podemos dizer que, 
geralmente, é um profissional proveniente de graduações diversas, como 
Pedagogia, Psicologia, Letras, Matemática, e está em busca de transfor-
mações sobre sua atuação. Hoje em dia, como no nosso curso, temos a 
possibilidade de nossa primeira graduação ser, especificamente, em Psico-
pedagogia, devido à importância que essa ciência foi adquirindo ao longo 
do tempo.
O corpo de conhecimentos da área, também, é proveniente de seus 
grupos de referência, como a Pedagogia e a Psicologia, e, assim, a identidade 
individual é construída junto à identidade coletiva. Dessa forma, podemos 
dizer que a construção da identidade do Psicopedagogo está relacionada 
à atuação desses grupos. A partir desses modelos, surge a diferenciação 
de atuação e a identidade do psicopedagogo com sua especificidade. Não 
basta, para explicar o termo psicopedagogia, falarmos em aplicação da 
Psicologia à Pedagogia.
Para pensar nessa diferenciação, exploraremos um pouco sobre es-
tas áreas de conhecimento: a Psicologia, a Pedagogia e a Psicopedagogia. 
Além dessas áreas, que nos ajudam na atuação diária de nossa prática, di-
ferenciaremos a atuação da Fonoaudiologia e da Neurologia, favorecendo 
a compreensão de suas particularidades e como todas as ciências podem 
trabalhar juntas, em prol do estudante que estamos atendendo.
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1 
O PAPEL 
DO PSICÓLOGO
Seja bem-vindo(a) a este conteúdo em que exploraremos as particularidades 
de cada ciência envolvida no processo de ensino-aprendizagem. Sabemos que, 
nesta atuação, diversos atores são importantes para que tenhamos êxito no nosso 
trabalho. Algumas vezes, podemos nos confundir com o papel de cada um deles, 
sem saber, ao certo, quem poderia lidar, da melhor forma, com alguma dificuldade 
apresentada. 
Iniciaremos nossa aula explorando a atuação do psicólogo escolar; poste-
riormente, abordaremos a atuação do pedagogo, examinaremos a construção 
histórica e atuação do psicopedagogo, como atua o fonoaudiólogo e sobre as 
contribuições do neurologista para a prática psicopedagógica. Então, vamos lá!
Para compreender a vida humana, a Psicologia estuda a subjetividade, o que 
torna o homem único, analisando o comportamento visível, os sentimentos, as 
emoções, em sua forma singular (entender porque somos o que somos) e genérica 
(porque somos todos assim). 
Psicologia é a ciência que estuda o homem. É uma ciência recente (do final do 
século XIX), com objeto de estudo que varia de acordo com a teoria psicológica 
a qual nos referimos, ou seja, cada teoria da Psicologia entende o homem de uma 
maneira singular, podendo o objeto de estudo ser o comportamento (tudo o que 
organismo o faz), o inconsciente, os processos mentais (experiências subjetivas), 
entre outros. 
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Quando falamos sobre as influências filogenéticas, ontogenéticas e culturais, 
por exemplo, apresentamos a visão de homem da Análise do Comportamento, 
teoria psicológica que estuda o comportamento a partir do próprio comporta-
mento, em sua relação com o ambiente. Dessa forma, o comportamento não é 
produto passivo do ambiente, mas um processo que envolve relação recíproca, 
em que o homem é o produtor do meio que o determina (MICHELETTO, 1999). 
Ao falar da Psicanálise, o foco está no conhecimento sobre o funcionamento 
da vida psíquica, a relação entre conteúdos conscientes e inconscientes, os me-
canismos de defesa que impedem que as pessoas entrem em contato com seus 
conteúdos mais íntimos. Freud compara nosso aparelho psíquico a um iceberg, 
pois temos acesso a porção que fica sobre a superfície, que seria o conteúdo cons-
ciente. A porção que se torna visível, conforme o movimento das águas, seria o 
conteúdo pré-consciente, já a parte sempre submersa e maior corresponde ao 
inconsciente (BOCK, 2001). 
E temos tantas outras teorias psicológicas e visões de homens diferentes que 
seria impossível trazer todas neste momento, só para você ter uma ideia, temos 
a Teoria da Gestalt, a Cognitiva, a Humanista, a Psicologia Histórico Cultural, 
Psicologias do desenvolvimento, Psicologias da aprendizagem, Psicologia Social 
e tantas outras. Assim, Bock (2001, p. 27) confabula que “não existe uma Psico-
logia, mas Ciências psicológicas embrionárias e em desenvolvimento”. Por isso, 
quando alguém pergunta: “o que a Psicologia diz sobre isso?”, podemos responder, 
somente, com uma das teorias, entre tantas existentes. 
Neste momento, abordaremos, especificamente, a Psicologia escolar e edu-
cacional cujo “objetivo básico é ajudar a aumentar a qualidade e a eficiência do 
processo educacional através da aplicação dos conhecimentos psicológicos” 
(PATTO, 1997). 
O início da Psicologia Escolar, no Brasil, foi no Período Colonial, caracte-
rizado por um viés clínico e psicométrico em relação aos fenômenos escolares 
e acompanhado da culpabilização da criança ou da família pelo desempenho 
acadêmico, reduzindo fatores educacionais e pedagógicos à interpretação “psico-
logizante”, com vista ao ajustamento (ANTUNES, 2008). Assim, o fracasso escolar 
era concebido de maneira reducionista, responsabilizando o aluno e atendendo 
aos anseios da escola de avaliar, corrigir e “curar o aluno-problema” (OLIVEIRA; 
FONTOURA, 2015). 
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Posteriormente, na década de 80, novas concepções críticas de atuação profissio-
nal foram surgindo, baseadas na tese de Patto (1987), distanciando a Psicologia 
Escolar e educacional do modelo clínico-médico e aproximando-se de uma atua-
ção junto aos membros da comunidade escolar (FONSECA, 2018). 
Nessa atuação, o sucesso ou o fracasso escolar não é visto como decorren-
te das escolhas individuais do sujeito, mas concebido a partir de suas relações 
sociais, onde atua e modifica o mundo e é por ele modificado. Assim, mais do 
que conhecer o processo de desenvolvimento, o psicólogo concebe o processo 
educacional em sua complexidade, passando a questionar a universalidade das 
teorias psicológicas edas técnicas de avaliação, visando compreender a relação 
entre Psicologia e sociedade, começando, inclusive, a defender a interdiscipli-
naridade como recurso fundamental para a compreensão do comportamento 
humano (VIANA, 2016).
Podemos dizer que, hoje, a preocupação amplia sua abrangência para adul-
tos da escola, como pais, professores e comunidade. O psicólogo escolar pode 
contribuir na ressignificação de concepções e práticas, segundo uma perspectiva 
preventiva, institucional, relacional e, socialmente, comprometida (CAVALCAN-
TE; BRAZ AQUINO, 2019).
O Conselho Federal de Psicologia (CFP), órgão que regulamenta a profissão 
no país, acompanhando a orientação à Associação Brasileira de Psicologia Escolar 
e Educacional (ABRAPEE), configura o Psicólogo Escolar e Educacional como 
o profissional que: 
 “ Atua no âmbito da educação formal realizando pesquisas, diagnós-tico e intervenção preventiva ou corretiva em grupo e individual-mente. Envolve, em sua análise e intervenção, todos os segmentos do 
sistema educacional que participam do processo de ensino-aprendi-
zagem. Nessa tarefa, considera as características do corpo docente, 
do currículo, das normas da instituição, do material didático, do 
corpo discente e demais elementos do sistema. Em conjunto com 
Psicométrico está relacionado à psicometria, métodos quantitativos em Psicologia, rela-
cionado, principalmente, a testes.
Fonte: a autora.
conceituando
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a equipe, colabora com o corpo docente e técnico na elaboração, 
implantação, avaliação e reformulação de currículos, de projetos 
pedagógicos, de políticas educacionais e no desenvolvimento de 
novos procedimentos educacionais (BRASIL, 2007, p. 18).
Partindo desses pressupostos, o Psicólogo escolar pode atuar desenvolvendo 
práticas favorecedoras de aprendizagem e desenvolvimento, mediar o processo 
de ensino, promover espaços de reflexão crítica conscientização, ressignificação 
de papéis e práticas de agentes educacionais, familiares e comunidade em geral, 
contribuindo para o desenvolvimento de competências de todos os envolvidos 
no processo de escolarização.
Ele é mediador de relações, importante para o suporte à prática docente e 
pedagógica e no desenvolvimento de atividades junto ao aluno, visando melhoria 
no processo de ensino-aprendizagem, articulação entre o saber e as experiências 
afetivo-emocional, aquisição de conhecimentos científicos, projeto de vida pes-
soal, autonomia, dentre outros. 
Souza (2010) identificou como práticas críticas desenvolvidas pelos psicólo-
gos escolares propiciar um espaço reflexivo, intervir nas relações interpessoais, 
contribuir para a reflexão, implementação e consolidação de políticas públicas 
(com destaque para a Educação Inclusiva), colaborar com a formação docente, 
com o projeto político-pedagógico e curricular, além de realizar um trabalho 
interdisciplinar e multiprofissional, agregando conhecimentos da Psicologia ao 
campo educacional. Assim, vemos como são diversificadas as possibilidades de 
atuação deste profissional no ambiente educacional. 
Martinez (2009) acrescenta que a atuação tradicional do Psicólogo escolar 
está relacionada a atendimento, diagnóstico, avaliação e encaminhamento de 
alunos com dificuldades escolares; a orientação de alunos, pais e professores; a 
orientação profissional; a orientação sexual; e a formação de professores. Além 
disso, os psicólogos podem atuar no diagnóstico, análise e intervenção institu-
cional; na construção, acompanhamento e avaliação da proposta pedagógica da 
escola; no processo de seleção da equipe pedagógica e no processo de avaliação 
dos resultados do trabalho; na contribuição para a coesão da equipe de dire-
ção pedagógica e para sua formação técnica; na coordenação de disciplinas e de 
oficinas direcionadas ao desenvolvimento integral dos alunos; na realização de 
pesquisas com o objetivo de aprimorar o processo educativo; e no envolvimento 
de forma crítica, reflexiva e criativa na implementação de políticas públicas.
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Falar destas possibilidades de atuação vai contra o que muitas pessoas pensam 
sobre o papel do psicólogo. Viana (2016) afirma que os profissionais da área da 
Psicologia Escolar e Educacional relatam que a comunidade desconhece ou não 
compreende seu papel, o que fica evidenciado nas demandas escolares apresen-
tadas, as quais centralizam ações direcionadas ao aluno, com perspectiva voltada 
ao psicodiagnóstico ou ao atendimento individualizado, representado em um 
problema cuja solução acredita ser exclusivo da psicologia. Apesar do psicodiag-
nóstico e da avaliação psicológica serem importantíssimas no contexto escolar, 
atividades inerentes e exclusivas dos psicólogos, absolutamente, não são as únicas 
formas de atuação deste profissional.
E a atuação deste profissional não se restringe ao ambiente escolar. A Psicolo-
gia Escolar tem lugar na escola e em instituições associadas ao processo de educar, 
criar e instruir. Já a Psicologia Educacional não se atém à atuação nas instituições 
de ensino, mas a atuação expande para locais em que possa haver prevenção e 
educação em saúde mental, seja em comunidades, em empresas, em organizações 
não-governamentais que desenvolvem trabalhos socioeducativos, uma ciência 
multidisciplinar (VIANA, 2016; MALUF, 2003). 
Sabemos que há muitas ações em que este profissional pode contribuir no 
âmbito escolar, que o modelo clínico é ineficiente no contexto educacional e não 
contemplaria todas as demandas apresentadas. É importante analisar o processo 
educacional de maneira sistêmica, ou seja, concebendo o todo e suas relações, 
associando reflexões sobre novos modelos de intervenção (VIANA, 2016). 
Barreto, Calafange e Lima (2009) fizeram uma pesquisa sobre a atuação do 
psicólogo escolar e suas atribuições em um levantamento sobre as atividades que 
os profissionais estavam desempenhando. Dentre as intervenções que os psicólo-
gos analisados realizaram com os alunos, os autores citaram identificação das difi-
culdades e possibilidades de aprendizagem, encaminhamento para atendimentos 
clínicos, orientação vocacional, avaliação psicodiagnóstica, atendimento individual 
(lembrando que esse atendimento não deve ser clínico, esse é papel de outra área 
da Psicologia, com demandas específicas e que não cabem no ambiente escolar).
 Com os pais, os profissionais realizaram palestras sobre temas que contri-
buíram para a formação dos alunos e orientação individual e familiar. Com os 
professores, auxiliaram o planejamento das ações, fizeram orientações e quali-
ficações sobre diversos temas e problemáticas. Com relação à instituição como 
um todo, participaram das reuniões pedagógicas, auxiliaram na elaboração de 
projetos com outros profissionais da instituição e ministraram orientações. 
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2 A ATUAÇÃO DOPEDAGOGO
Podemos dizer que o psicólogo deve atuar de maneira sistêmica e abrangente, 
englobando os diferentes atores sociais da escola, visando prevenção e promoção 
de saúde, de aprendizagem e do bem-estar subjetivo, considerando a multideter-
minação dos processos escolares.
O Pedagogo é um profissional essencial para a organização do trabalho pedagó-
gico na escola e do processo ensino-aprendizagem como um todo. Este profis-
sional é conhecido como aquele que ensina, o professor, o mestre, o interessado 
na formação de cidadãos sociais, “capazes de se desenvolver através das diversas 
formas e múltiplas metodologias” (SILVA et al., 2017, p. 3).
Pedagogia tem referência à teoria, à ciência da educação e do ensino, conjunto 
de técnicas, de princípios, de métodos e de estratégias da educação. A Pedagogia 
contempla um aglomerado de saberes, tendo a educação como objeto de estudo. 
Esta área tem a finalidade de ensinar teoria e prática, estimular o aprimoramento 
e disseminar o saber científico. O termo Pedagogia e o papel do educador surgi-
ram na Grécia antiga e em Roma, inicialmente, com uma função de transmitir 
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