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FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE
EDUCAÇÃO ESPECIAL E LUDOPEDAGOGIA
 
A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES NO CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL 
ITIRAPINA
 2020 
A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES NO CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL
Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços). 
RESUMO: o presente artigo trata-se de uma revisão bibliográfica e realizou um estudo acerca da inclusão das pessoas com deficiência na educação básica no Brasil e tem como objetivo promover uma análise sobre a trajetória da educação dessas pessoas que foram historicamente excluídas e marginalizadas, desde a integração que as segregava das demais crianças até a inclusão que trouxe essas crianças para as salas regulares e possibilitou que estas o atendimento educacional especializado. O estudo também aborda a importância das políticas públicas ao longo dessa história e a adequação do sistema escolar, dos recursos e metodologia, e aborda a importância da formação dos professores para atender esse público, bem como os desafios encontrados atualmente para garantir que todos tenham uma educação de qualidade. A pesquisa contou com a leitura e estudo de autores acadêmicos, artigos científicos, teses, dissertações e a legislação brasileira que aborda a modalidade educação especial.
PALAVRA CHAVE: Educação especial. Educação inclusiva. Pessoa com deficiência. 
 
INTRODUÇÃO
 	Atualmente as pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação fazem parte do público alvo da Educação Especial, modalidade da Educação escolar e segundo a Lei 9.394/96 que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) em seu artigo 59, as instituições regulares de ensino irão garantir a inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais por meio de “currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização especificas” (BRASIL, 1996). 
No entanto, sabemos que a Educação Inclusiva é algo recente, e as pessoas que apresentavam comportamentos e aparência considerados anormais, tinham pouca ou nenhuma participação na sociedade e consequentemente não eram matriculados nas escolas regulares, frequentavam apenas instituições especializadas ou classes especiais.
A Constituição Federal (CF/1988) estabeleceu que a educação é um direito de todos, inclusive as pessoas com deficiência que ainda lutavam por uma educação inclusiva, e com Declaração de Salamanca (1994) os sistemas escolares se comprometeram a adaptar-se para matricular todas as crianças e garantir-lhes uma educação inclusiva e de qualidade.
Dessa forma, foram necessárias diversas adaptações nos espaços físicos para que a escola tivesse acessibilidade, assim como nos currículos e materiais pedagógicos adaptados, e, sobretudo o investimento em formação continuada dos professores e profissionais da educação que é primordial para educação inclusiva.
Nesse sentido, este estudo pretende auxiliar professores, estudantes profissionais de áreas correlatas à pessoa com deficiência e demais interessados, além de contribuir e dialogar com outros estudos e produções acadêmicas nesta área.
 Sendo assim, este estudo procurou fazer uma breve análise da relevância da educação inclusiva com o auxílio de estudos acadêmicos, como teses e dissertações, artigos científicos, legislação brasileira acerca da temática e outros documentos oficiais no qual foi dividido da seguinte forma: primeiramente um breve contexto histórico, suas primeiras mudanças e as políticas públicas que impulsionaram a inclusão das pessoas com deficiência e a preparação do sistema escolar para receber esses alunos, seja nos aspectos físicos como adaptações arquitetônicas, recursos pedagógicos e a formação dos professores que estavam habituados apenas com a educação de crianças que não tinham deficiência.
ASPECTOS HISTÓRICOS SOBRE A INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIENCIA
Antes de se consolidar e garantir o atendimento educacional especializado às pessoas com deficiência, a Educação Especial percorreu um longo caminho que hoje possibilita a participação efetiva dessas pessoas na sociedade, mas há muito tempo atrás podiam ser mortas ou abandonadas. De acordo com Amaral apud Silva, Castro e Branco (2006) a deficiência possuía concepções bíblicas, filosóficas e científicas presentes em diferentes contextos históricos, na Antiguidade Clássica, segregar e abandonar as pessoas com deficiência era um ato legalizado e natural e na Idade Média, a visão cristã atribuía deficiência à culpa, ao pecado ou a qualquer transgressão moral e/ou social sendo a deficiência uma marca física, sensorial ou mental desse pecado. 
O período que antecede o século XX é marcado por atitudes sociais que excluem da educação as pessoas com deficiência, porque estes não eram considerados dignos ou capazes de receber uma educação escolar, mesmo que estudos científicos tentassem mostrar possíveis tratamentos para deficiência, prevalecia a marginalização e segregação dessas pessoas. 
Mazzota apud. Silva, Castro e Branco (2006) apontam três atitudes sociais que marcaram a história da Educação Especial no tratamento dado às pessoas com deficiência: marginalização, assistencialismo e educação/reabilitação.
A marginalização é caracterizada como uma atitude de descrença na possibilidade de mudança das pessoas com deficiência, o que leva a uma completa omissão da sociedade em relação à organização de serviços para essa população.
 O assistencialismo é uma atitude marcada por um sentido filantrópico, paternalista e humanitário, porque permanece a descrença na capacidade de mudança do indivíduo acompanhada pelo princípio cristão de solidariedade humana, que busca apenas dar proteção às pessoas com deficiência.
 A educação/reabilitação apresenta-se como uma atitude de crença na possibilidade de mudança das pessoas com deficiência e as ações resultantes dessa atitude são voltadas para a organização de serviços educacionais.( MAZZOTA apud SILVA, CASTRO e BRANCO 2006)
Amaral apud Silva, Castro e Branco (2006) relatam que a primeira tentativa científica de estudo das pessoas com deficiência surgiu no século XVI com os médicos alquimistas que defendiam a possibilidade de tratar as pessoas com deficiência. Mas a consolidação da concepção científica sobre a deficiência só aconteceu no século XIX com os estudos de Pinel, Itard, Esquirol, Seguim, Morei, Down, Dugdale, Froebel, Guggenbuehl, entre outros, que passaram a descrever, de maneira cientifica, a etiologia de cada deficiência, numa perspectiva clínica. Essa fase foi denominada de médico terapêutica por Mazzota (2003); que se caracterizou pelo surgimento de estudos sobre as deficiências e as primeiras instituições especializadas que tinham objetivo de oferecer apenas tratamento à essas pessoas. 
Esse período onde a concepção científica da deficiência predominou, Mazzota (2003) ficou marcado pelo assistencialismo que se caracterizou pela importância de proteger as pessoas com deficiência, mantendo-as em instituições especializadas, acompanhada pela atitude social e assistencial que foi reproduzido pelas instituições filantrópicas que atendiam crianças com deficiência.
Nesse sentido, Patto (1993) afirma que com os estudos médicos o final do século XVIII e o século XIX marcados pelo desenvolvimento das ciências médicas e biológicas, principalmente a psiquiatria,o que ocasionou rígidas classificações, tais como “anormais”, “idiotas”, entre outras, as crianças que não conseguiam acompanhar o nível de aprendizagem das demais crianças.
No Brasil, a defesa da democratização do ensino público obrigatório e gratuito surgiu em 1932 com o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, que defendia uma educação obrigatória, pública, gratuita, laica para todos, sendo intensificado como passar dos anos com a ampliação das oportunidades de escolarização para a população. No entanto, ainda não se falava em escolarizar crianças com deficiência como as como crianças típicas.
A expansão do ensino público ampliou o acesso das crianças a escola o que elevou o número das categorias de crianças que apresentavam dificuldades de aprendizagem eram classificadas. Esse aumento de categorias de classificação contribuiu para o aumento do número de instituições para se dedicar as crianças que eram classificadas, surgindo assim as “escolas especiais” para atender “retardados pedagógicos” considerados excepcionais.
A concepção de excepcionalidade dai em diante, vai se ampliando cada vez mais, e vai, também, aumentando o número de categorias que nela se enquadram. Assim, com o decorrer do tempo, já não são ‘excepcionais’ apenas os ‘débeis orgânicos e os retardados pedagógicos’, de acordo com o Regulamento de 1927, mas toda a série de ‘desvios’ do padrão de normalidade definido pela escola. Como ‘excepcionais’ se enquadram, então, as crianças com problemas de comportamento, conduta, emocionais, problemas de percepção, problemas na leitura, escrita e cálculo (chamados de dislexia, disgrafia, e discalculia) e também os chamados “imaturos” (COSTA, 1994. p.32).
A incapacidade da escola pública em atender todas as crianças teria sido um dos fatores para a criação das classes e escolas especiais, o despreparo do sistema fez com que fosse necessário buscar auxilio de especialistas para trabalhar com alunos que não atingiam o rendimento esperado.
Em suas análises Silva, Castro e Branco (2006) apontam que na década de 50 surgiram as primeiras escolas especializadas e as classes especiais. A Educação Especial era um subsistema da Educação Comum. Deste modo, Mazzota (2003) aponta que passamos por uma fase integracionista, na qual houve a intervenção centrada no aluno em que as crianças eram separadas em grupos por categorias de acordo com seu diagnóstico e eram atendidas apenas salas específicas e posteriormente a intervenção centrada na escola, que esta fica responsável por respeitar individualidade e atender as necessidades educacionais especiais de cada um.
Na década de 70, a proposta de integração possibilitou aos alunos com deficiência frequentar as classes comuns, porém permaneciam somente os alunos que mantinham nível de aprendizagem e rendimento como os outros alunos. Dessa forma ainda predominava a atitude de marginalização por parte dos sistemas educacionais que não criavam condições para que os alunos se adaptassem à escola e tivessem êxito, o que resultou em uma segregação entre alunos capazes e incapazes de aprender. 
Considerava-se que a deficiência era um problema que estava na pessoa e, portanto, era a pessoa que precisava ser modificada (habilitada, reabilitada, educada) para tornar-se apta a satisfazer os padrões aceitos no meio social (família, escola, emprego, ambiente). Quem não estivesse pronto para ingressar imediatamente na escola, precisava ser “preparado”, por uma classe especial ou Escola Especial, até ser considerado aceitável. (GIL, 2005, p. 32)
 A proposta de Inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais iniciou-se nas décadas de 80 e 90, teve início a proposta de Inclusão de alunos com numa perspectiva inovadora em relação à proposta de integração da década de 70, cujos resultados não modificaram muito a realidade educacional de insucesso e evasão desses alunos. 
A proposta de inclusão responsabiliza os sistemas educacionais na criação de condições de acesso e permanência, promovendo uma educação de qualidade, se adequando de modo atenda as necessidades educacionais especiais dos alunos com deficiência para que estes obtenham sucesso na escola regular, pois de acordo com Patto (1993) na década de 80, a escola pública brasileira apresentava altos índices de evasão e reprovações, cenários não muito diferentes quando comparado à década de 30. 
(...) inúmeras passagens levam à sensação de que o tempo passa, mas alguns problemas básicos de ensino público brasileiro permanecem praticamente intocados, apesar das intenções demagogicamente proclamadas por tantos políticos e dos esforços sinceramente empreendidos por muitos educadores e pesquisadores. (PATTO, 1993, p.106) 
No final da década de 80, a Constituição Federal de 1988 (CF/1988), estabelece, em seu artigo 205 a educação pública, gratuita e de qualidade é um direito de todos, dever do Estado, e segundo o artigo 206, inciso I deverá ocorrer segundo os princípios de igualdade de condições de acesso e permanência. No que se refere especificamente a educação especial, a CF/1988, em seu artigo 208, apresenta que o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, deverá ocorrer preferencialmente na rede regular de ensino; e segundo o 2º parágrafo, do referido artigo, “ o não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente”.
Com relação ao âmbito pedagógico, a
Inclusão de alunos que apresentam necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino não consiste apenas na permanência física desses alunos junto aos demais educandos, mas representa a ousadia de rever concepções e paradigmas, bem como desenvolver o potencial dessas pessoas, respeitando suas diferenças e atendendo suas necessidades. (Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica, 2001, p. 28)
Com a Declaração de Salamanca (1994), a proposta de Educação Inclusiva ganhou força e se consolidou e reforçou diretos já previstos na CF/1988, pois esse importante documento 
proporcionou uma oportunidade única de colocação da educação especial dentro da estrutura de “educação para todos” firmada em 1990 (…) promoveu uma plataforma que afirma o princípio e a discussão da prática de garantia da inclusão das crianças com necessidades educacionais especiais nestas iniciativas e a tomada de seus lugares de direito numa sociedade de aprendizagem.(MENEZES E SANTOS, 2001, n. p.)
Atualmente as crianças com necessidades educacionais especiais possuem dupla matricula na rede pública de ensino; uma referente a sala regular e a outra ao atendimento educacional especializado que a criança deve frequentar no contra turno a sala regular . 
Neste contexto é que se descortina o novo campo de atuação da Educação Especial. Não visando importar métodos e técnicas especializados para a classe regular, mas sim, tornando-se um sistema de suporte permanente e efetivo para os alunos especiais incluídos, bem como para seus professores. Como mencionado, a Educação Especial não é mais concebida como um sistema educacional paralelo ou segregado, mas como um conjunto de recursos que a escola regular deverá dispor para atender à diversidade de seus alunos.( GLAT e FERNANDES, 2005, n. p. ) 
Nesta perspectiva destaca-se a importância das salas de recursos multifuncionais, como ação complementar à prática pedagógica apresentada em sala de aula e a atuação de professores devidamente qualificados para atuarem em conjunto com o docente da sala regular de ensino visando a efetivação do aprendizado, segundo as necessidades e capacidades de cada aluno.
A importância da formação continuada na atuação dos professores no âmbito da Educação Inclusiva
Com o reconhecimento da necessidade e do direito das pessoas com deficiência o acesso à educação pública, obrigatória e gratuita como os demais alunos, passou-se a investir em formação de professores para atender as crianças com deficiência matriculados nas salas regulares, porem 
ainda que a legislação brasileira apresente uma sériede garantias no que concerne à inclusão de jovens com necessidades educacionais especiais no ensino regular (BRASIL, 1996; BRASIL, 2001a), a aplicação prática de tais medidas ainda esbarra na falta de recursos e na dificuldade do professor em lidar com estes alunos em sala de aula. Referindo-se especificamente à capacitação de professores, alguns avanços podem ser observados, como a iniciativa da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI) de implementar políticas nacionais de apoio à formação continuada de docentes, sobretudo na modalidade à distância (MEC, 2012). (GREGUOL, GOBBI e CARRARO 2013, p. 308) 
Apesar das medidas tomadas em busca de sanar as dificuldades no cotidiano docente, os professores ainda possuem muitas lacunas em sua formação que aumentam o “descompasso entre a formação inicial de docentes e as questões de ordem prática desencadeadas com a inclusão escolar” GREGUOL, GOBBI e CARRARO 2013, p. 308) 
Em 1999 ocorreu a Convenção Interamericana para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Pessoas Portadoras de Deficiência em Guatemala, e o Brasil firmou normas que estabelecia a garantia dos direitos fundamentais e o tratamento igualitário às pessoas com deficiência.
A Declaração de Salamanca e da Convenção de Guatemala provocou mudança na legislação brasileira, que de acordo com GREGUOL, GOBBI e CARRARO (2013) passou a primar pelo direito de acesso à escola regular e tal premissa repercutiu diretamente na forma como se pensava a capacitação de professores, que, até então, tinha como foco a especialização de professores que tinham interesse em trabalhar no segmento da educação especial. A partir deste momento, passou a ser necessário que todos os professores fossem preparados para atuar com a diversidade, necessidade esta que ainda impõe grande desafio para os cursos de formação inicial e continuada. 
A inclusão LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) e disciplinas que abordam o atendimento educacional especializado nos cursos de licenciatura apesar de muito importante não é o suficiente para sanar as dificuldades que os professores enfrentam no dia a dia. Para GREGUOL, GOBBI e CARRARO (2013) atualmente existe a necessidade de formar professores aptos a lidar com a diversidade em sala de aula, de modo que possam pensar sobre ela não como um obstáculo, mas como um possível aliado no processo de construção do ensino. 
GREGUOL, GOBBI e CARRARO (2013) destacam que em 2003 a portaria 3284 do Ministério da Educação (MEC, 2003), que dispôs sobre importantes critérios de acessibilidade para que pessoas com deficiência pudessem ingressar no ensino superior, fazendo emergir em diversas universidades brasileiras discussões mais aprofundadas sobre a falta de capacitação dos professores para atuar com esta nova demanda.
A partir do que foi posto anteriormente entende-se que professores licenciados das salas regulares são capacitados para trabalhar com estes alunos, porém não são especializados como professores com formação em Educação especial, que há poucas décadas atrás atuavam apenas em instituições filantrópicas, especializadas ou classes especiais. Conforme ressalta Bautheney (2010, p. 18): 
Muitos profissionais de educação, mesmo quando recorrem a cursos e capacitações, não sentem apaziguada sua angústia de saber “tudo” o que se passa na cabeça de seu aluno para só então poder atuar; ocupando muitas vezes, uma posição inoperante, pois não conseguem escapar do pêndulo imaginário do tudo saber ou nada poder fazer.
 
Alguns alunos requerem mais atenção do professor, são alunos mais comprometidos devido a deficiência e que precisam da ajuda de outro profissional para cumprir as tarefas e acompanhar as aulas. É necessário que o professor respeite o tempo de aprendizagem de alguns alunos, que podem demorar mais para executar determinadas tarefas, e conte sempre com a ajuda do Atendimento Educacional Especializado (AEE). Sobre isso, Alves et al (2006) salienta que
Cabe ao professor da sala de recursos, atuar conjuntamente com o professor da classe comum, para orientá-lo acerca da participação efetiva do aluno com deficiência física nas atividades recreativas, esportivas e culturais da escola, trabalhando, fundamentalmente, os aspectos relacionados ao desenvolvimento da autoestima, autovalorização e autoimagem, devendo buscar ainda, estimular a independência e a autonomia, bem como a socialização desse aluno com outros grupos. (ALVES, 2006, p.29)
Porem alguns educadores ainda tem certa resistência em acolher esses alunos, e compreendem a educação inclusiva como responsabilidade somente do professor de educação especial, portanto sabemos que é importante considerar o trabalho que o professor desenvolve junto aos alunos que apresentam essas características que podem afetar o desempenho escolar, pois mesmo que a culpa pelo insucesso não seja apenas do professor, a relação que este estabelece com o educando é muito importante e reflete no rendimento destes,
Quando o professor se depara com alunos com deficiência é necessário que realizar uma intervenção. Em relação a isso, Freire (2004) afirma que o educador deve compreender que não é só ser o “chefe” da sala, é necessário exercer a autoridade sem perder a visão e a postura de conselheiro, de orientador, possibilitando um espaço acolhedor para todos os alunos, principalmente àqueles alunos que possuem uma trajetória com dificuldades de aprendizagem e problemas de evasão;
No entanto, outro desafio encontrado no cotidiano dos professores das salas regulares é a dificuldade em conciliar e adaptar as atividades para as crianças com necessidades educacionais especiais, apesar das orientações dos professores especialista da sala de recursos multidisciplinares. Nesse sentido, Glat e Fernandes (2005) afirmam que ainda são poucas as pesquisas, experiências e práticas educacionais validadas cientificamente que mostrem como fazer para incluir no cotidiano de uma classe regular alunos que apresentem diferentes tipos de necessidades educativas especiais, o que faz com muitos desses alunos apenas socializem com outras crianças durante sua permanência na sala de aula. 
De acordo com Rocha (2017) a educação inclusiva atualmente desafia os professores na medida em que estes precisam refletir sobre sua forma de ensinar, sua cultura, sua política e suas metodologias e estratégias pedagógicas, diante das singularidades que encontrará na sua sala de aula, para desenvolver suas potencialidades e habilidades dentro das possibilidades de cada um. 
CONCLUSÃO 
Diante do que foi abordado, podemos concluir que houve importantes avanços em relação a inclusão das pessoas com deficiência nas ultimas décadas, não só na escola, mas na sociedade, porém, apesar das conquistas significativas, as pessoas com deficiência ainda encontram muitos obstáculos que impedem ou dificultam a sua efetiva participação social, econômica e política.
Para que a inclusão ocorra de maneira efetiva é necessário que a escola regular se adeque para atender o aluno com deficiência, visando oferecer recursos que aperfeiçoem o processo de ensino e aprendizagem e desenvolva sua autonomia e suas potencialidades.
A pessoa com deficiência ainda é alvo de muitos estigmas e preconceitos, pois ainda olha-se mais para as limitações físicas e intelectuais julgando as como incapazes ou invalidas, quando deveria ressaltar as capacidades dessas pessoas possibilitando que se assegurem por si só, mesmo que parcialmente, as necessidades de uma vida individual ou social.
A escola é a instituição mais importante e para Zolin, (2012) e possui a responsabilidade de transformação social que se dá por meio da inclusão e oferece oportunidades de mudanças, visando atender às necessidades educativas especiais, e possibilitar a participação das pessoas com deficiência na sociedade a fim de promover uma efetiva inclusão.
Por fim, conclui-se que o nosso país, nos últimos anos apresentou grandes evoluções e buscamos melhorar a cada dia com políticas públicas para que as pessoascom deficiência quebrem as barreiras que dificultam o exercício da cidadania, porem o sistema ainda possui obstáculos importantes a serem derrubados, e um dos principais refere-se à formação docente de qualidade, pois a escola sem recursos e suporte a alunos e professores não serão capazes de por fim a exclusão.
REFERÊNCIA
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