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TERAPÊUTICA ODONTO 2021.2 Bruna Mello Anestésic� locai� Para obter uma anestesia local segura e com profundidade e duração adequadas, o cirurgião-dentista deve conhecer a farmacologia e a toxicidade dos anestésicos locais e dos vasoconstritores, para assim poder selecionar a solução mais apropriada ao tipo de procedimento e condições de saúde do paciente. Com� age� � anestésic� locai� • Os anestésicos locais são fármacos que suprimem a condução do estímulo nervoso de forma reversível, promovendo a insensibilidade de uma determinada região do corpo. Sabe-se que o estímulo doloroso é transmitido pelas fibras nervosas desde sua origem (p. ex., polpa dental, periósteo, etc.) até o cérebro, na forma de potenciais de ação. • Podem inibir a condução nervosa não apenas no tecido nervoso periférico, mas também no sistema nervoso central (SNC) e em outros tecidos excitáveis,como os músculos cardíaco, esquelético e liso. Característica� gerai� d� anestésic� locai� • Bases fracas; • Pouco solúveis em água e instáveis quando expostos ao ar; • Para uso clínico, são adicionados ao ácido clorídrico,formando um sal, o cloridrato, • Possui 3 porções: ● Porção hidrofílica, que permite sua injeção nos tecidos. ● 2. Porção lipofílica, responsável pela ● 7 difusão do anestésico através da bainha nervosa. ● 3. Cadeia intermediária, ** Os ésteres foram os primeiros anestésicos locais a serem sintetizados, tendo como precursor a cocaína. Lidocaín� • Anestésico local mais empregado em todo o mundo, considerado como padrão do grupo, para efeito de comparação com os demais anestésicos; • Início de ação (tempo de latência) entre 2-4 min; • Devido a sua ação vasodilatadora, o que promove sua rápida eliminação do local da injeção, a duração da anestesia pulpar é limitada a apenas 5-10 min. Por isso, praticamente não há indicação do uso da solução de lidocaína 2% sem vasoconstritor em odontologia; • Quando associada a um agente vasoconstritor, proporciona entre 40-60 min de anestesia pulpar. Em tecidos moles, sua ação anestésica pode permanecer em torno de 120-150 min; • É metabolizada no fígado e eliminada pelos rins; • Sua meia-vida plasmática é de 60- 90 min; • Toxicidade: os níveis plasmáticos para o início de reações tóxicas são de 4,5 μg/mL no SNC e de 7,5 μg/mL no sistema cardiovascular; • A sobredosagem promove a estimulação inicial do SNC, seguida de depressão, convulsão e coma. * A lidocaína também é empregada na anestesia tópica, especialmente em pacientes com história de alergia aos ésteres. É comercializada no Brasil na forma de pomada ou solução spray. A forma de pomada é preferida, pois quando aplicada na forma de spray o paciente pode, inadvertidamente, deglutir certa quantidade da solução, gerando algum grau de desconforto, que muitas vezes é confundido com reação alérgica. Mepivacaín� • Potência anestésica similar à da lidocaína; • Início de ação entre 1,5-2 min; • Produz discreta ação vasodilatadora. Por isso, quando empregada na forma pura, sem vasoconstritor (na concentração de 3%), promove anestesia pulpar mais duradoura do que a lidocaína (por até 20 min na técnica in- filtrativa e por 40 min na técnica de bloqueio regional); • Sofre metabolização hepática, sendo eliminada pelos rins; • Meia-vida plasmática de 1,9 h; • Toxicidade semelhante à da lidocaína. Prilocaín� • Potência anestésica similar à da lidocaína; • Sua ação tem início entre 2-4 min. Por sua baixa atividade vasodilatadora (50% menor do que a da lidocaína), pode ser usada sem vasoconstritor, na concentração de 4%. No Brasil, não é comercializada na forma pura; . • É metabolizada mais rapidamente do que a lidocaína, no fígado e nos pulmões; • Eliminação renal; • Meia-vida plasmática de 1,6 h; • Apesar de ser menos tóxica do que a lidocaína e a mepivacaína, em casos de sobredosagem produz o aumento dos níveis de metemoglobina no sangue. Portanto, é recomendado maior cuidado no uso deste anestésico em pacientes com deficiência de oxigenação (portadores de anemias, alterações respiratórias ou cardiovasculares). Articaín� • Rápido início de ação, entre 1-2 min; • Potência 1,5 vezes maior do que a da lidocaína; • Possui baixa lipossolubilidade e alta taxa de ligação proteica; • É metabolizada no fígado e no plasma san- guíneo. Como a biotransformação começa no plasma, sua meia-vida plasmática é mais curta do que a dos demais anestésicos (40 min), propiciando a eliminação mais rápida pelos rins; • Por essas características farmacocinéticas, a articaína reúne as condições ideais de ser o anestésico de escolha para uso rotineiro em adultos, idosos e pacientes portadores de disfunção hepática; • Sua toxicidade é semelhante à da lidocaína; • A presença de um anel tiofeno em sua estrutura química parece ser responsável pela maior difusão tecidual da articaína, permitindo seu uso em técnica infiltrativa, mesmo na mandíbula, dispensando assim o uso de técnicas anestésicas de bloqueio. Bupivacaín� • Sua potência anestésica é 4 vezes maior do que a da lidocaína; • Por ser mais potente, sua cardiotoxicidade também é 4 vezes maior em relação à lidocaína. Por isso, é utilizada na concentração de 0,5%; • Ação vasodilatadora maior em relação à lidocaína, mepivacaína e prilocaína; • Quando associada à epinefrina, apresenta, em técnica de bloqueio do nervo alveolar inferior,tempo de latência variando de 10-16 min na região de molares e pré-molares; • Possui longa duração de ação. No bloqueio dos nervos alveolar inferior e lingual, produz anestesia pulpar por 4 h e em tecidos moles, por até 12 h; • Meia-vida plasmática de 2,7 h; • É metabolizada no fígado e eliminada pelos rins; • Não é recomendada para pacientes < 12 anos, pelo maior risco de lesões por mordedura do lábio, em razão da longa duração da anestesia dos tecidos moles. Vasoconstrictores Todos os sais anestésicos possuem ação vasodilatadora. Portanto, quando são depositados próximos das fibras ou dos troncos nervosos que se pretende anestesiar, a dilatação dos capilares sanguíneos da região promove sua rápida absorção para a corrente circulatória, limitando em muito o tempo de duração da anestesia.Ou seja, a ação vasoconstritora faz com que o sal anestésico fique por mais tempo em contato com as fibras nervosas, prolongando a duração da anestesia e reduzindo o risco de toxicidade sistêmica. obs: o risco de toxicidade é aumentado quando se empregam grandes volumes da solução. Epinefrin� • É o vasoconstritor mais utilizado em todo o mundo, devendo ser o agente de escolha para a maioria dos procedimentos odontológicos em pacientes saudáveis, incluindo crianças, gestantes e idosos; • Após a infiltração na maxila ou o bloqueio mandibular, a epinefrina promove a constrição dos vasos das redes arteriolar e venosa da área injetada por meio da estimulação dos receptores α1; • A dosagem de epinefrina deve ser minimizada para os pacientes com doença cardiovascular; • Por sua ação na vasculatura local, é eficaz na redução da perda de sangue durante os procedimentos cirúrgicos odontológicos; • Deve-se empregar soluções anestésicas com epinefrina na concentração de 1:100.000, pois se usada na concentração de 1:50.000, pode produzir isquemia intensa. . Norepinefrin� • Atua nos receptores α e β, com predomínio acentuado sobre os receptores α (90%); • Não apresenta vantagens sobre a epinefrina, tendo 25% da potência vasoconstritora desta. •Ao contrário, a maioria dos relatos de reações adversas devidas ao uso de vasoconstritores ocorreram com a norepinefrina; • Em função disso, seu uso em odontologia está sendo cada vez mais restrito. Corbadrin� (levonordefrin�) • Atua por meio da estimulação direta dos receptores α (75%), com alguma atividade em β (25%); • Tem somente 15% da ação vasopressora da epinefrina, sem nenhuma vantagem em relação a esta. Fenilefrin� • É um α-estimulador por excelência (95%), pois exerce pequena ou nenhuma ação nos receptores β1; • Apesar de apresentar apenas 5% da potência vasoconstritora da epinefrina pode promover vasoconstrição com duração mais prolongada; • Emcontrapartida, nos casos de sobredosagem, os efeitos adversos também são mais duradouros. Felipressin� • Análogo sintético da vasopressina (hormônio antidiurético), está contida em soluções cujo sal anestésico é a prilocaína; • As soluções são apresentadas na forma pura (na concentração de 4%), ou associadas à epinefrina; •A vasoconstrição promovida pela felipressina é decorrente de sua ação sobre os receptores V1 da vasopressina, presentes no músculo liso da parede dos vasos sanguíneos, com ação mais acentuada na microcirculação venosa, por esse motivo, tem valor mínimo no controle da hemostasia. Efeit� advers� d� anestésic� locai� • A incidência de efeitos adversos aos anestésicos é praticamente desprezível; • Entretanto, alguns desses efeitos adversos podem ser até mesmo letais, tendo como causa mais comum a sobredosagem absoluta ou relativa dos agentes empregados; • Reações alérgicas graves associadas à anestesia local em odontologia são raramente observadas, ainda mais após a introdução dos anestésicos do grupo amida e a diminuição do uso dos anestésicos do grupo éster; • Todos os anestésicos locais atravessam facilmente a barreira hematoencefálica. Por isso, a toxicidade sistêmica dos anestésicos locais, após sua absorção para a corrente sanguínea, ocorre primariamente pela depressão do SNC, mais sensível à ação desses fármacos. Com� calcular � volum� máxim� d� soluçã� anestésic� loca� • O volume máximo de uma solução anestésica local deve ser calculado em função de três parâmetros: concentração do anestésico na solução, doses máximas recomendadas e peso corporal do paciente. • Quanto à concentração, uma solução 2%, independentemente de qual seja o anestésico, contém 2 g do sal em 100 mL de solução, o que significa 20mg/mL. Assim, soluções 0,5%, 3% ou 4% deverão conter, respectivamente, 5 mg, 30 mg ou 40 mg do sal anestésico, para cada mL da solução • Como no Brasil o volume contido nos tubetes anestésicos é de 1,8 mL, as soluções 0,5%, 2%, 3% e 4% deverão conter, respectivamente, a quantidade de 9, 36, 54 e 72 mg do sal anestésico.
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