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CPC IV - AV 2 - ESTUDO DE CASO

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ESTUDO DE CASO PARA A AV2 – DPC IV
Os títulos executivos judiciais, normalmente, são as decisões condenatórias. Todavia, há divergência na doutrina e na jurisprudência se as sentenças declaratórias e constitutivas também poderiam ser consideradas títulos executivos judiciais, conforme o julgado a seguir transcrito:
PROCESSUAL CIVIL. MULTAS DE TRÂNSITO. AÇÃO DESCONSTITUTIVA. RECUPERAÇÃO DOS VALORES PAGOS A TÍTULO DE MULTA. TÍTULO EXECUTIVO E COISA JULGADA. EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA DE SENTENÇA EMINENTEMENTE DESCONSTITUTIVA. 1. Hipótese em que a decisão monocrática deu provimento ao Recurso Especial a fim de reformar o acórdão, que consignou: "considerando que a parte agravante, em sua ação de conhecimento, não postulou a devolução de qualquer valor, mas apenas a anulação da penalidade aplicada, não pode vir em sede de liquidação de sentença, invocar questão que não foi objeto de pedido". 2. A demanda ajuizada questiona a sanção como um todo e busca sua desconstituição. Sem adentrar vetustos debates sobre cargas de eficácia de decisões, a desconstituição da multa aplicada pressupõe a declaração de sua insubsistência por violação do devido processo legal. A alteração concreta produzida pela eficácia constitutiva negativa não esgota os efeitos do repúdio à sanção aplicada. O iter de rejeição à imposição estatal termina com a recuperação dos valores, corolário inquestionável da declaração de inexistência da multa, ainda que por motivos formais. 3. Decorrência disso é a alteração do CPC, que previu como título executivo não mais a sentença exclusivamente condenatória, e sim aquela que "reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia" (art. 475-N, I, do CPC), possibilitando a execução de sentenças formalmente declaratórias. Nessas situações, "não há razão alguma, lógica ou jurídica, para submeter tal sentença, antes da sua execução, a um segundo juízo de certificação, cujo resultado seria necessariamente o mesmo, sob pena de ofensa à coisa julgada" (REsp 1300213/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe 18.4.2012). 4. Tal posição reforça o entendimento de que o "pagamento de multa de infração de trânsito não exprime convalidação de vício, porquanto se julga da improcedente a penalidade imposta, será devolvida, a importância paga, atualizada em UFIR, ou por índice legal de correção dos débitos fiscais, conforme o art. 286, § 2º, do Código de Trânsito Brasileiro". 5. Agravo Regimental não provido. (STJ, AgRg no REsp 1018250/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/08/2014, DJe 25/09/2014)
Afinal, seria possível a execução dos efeitos decorrentes da sentença constitutiva? Discorra, fundamentadamente.
 As sentenças constitutivas são aquelas que produzem o efeito de criar, modificar ou extinguir uma relação jurídica. Para DINAMARCO (2009, p. 254), a tutela jurisdicional constitutiva consiste em dar efetividade ao direito do autor à alteração de uma situação jurídico-material que ele não deseja e pretende eliminar.
 Uma sentença constitutiva consiste no reconhecimento e na efetivação de um direito potestativo, Para DIDIEER Jr, o direito potestativo efetiva-se normativamente: basta a decisão judicial para que ele se realize no mundo ideal das situações jurídicas" (2008, p. 4), sendo suficiente que na decisão o juiz diga “anulo”, “rescindo”, “dissolvo”, “resolvo”, para que as situações jurídicas desapareçam, se transformem ou surjam (DIDIER Jr., 2012, p. 53).
 Nas sentenças constitutivas a eficácia preponderante ou pretendida pela parte é a modificação jurídica de um estado jurídico, criando assim, um estado jurídico novo que antes da sentença não existia, podemos assim, concluir que nas sentenças constitutivas existe uma coação potencial. A sentença constitutiva produz um estado jurídico, no entanto, para que a mudança jurídica ocorra é necessária uma atividade judicial maior que a simples cognição, é necessária uma atividade executiva. Num sentido específico, a execução é tida como toda aquela atividade que produz uma alteração no mundo dos fatos.
Para DONIZETTI (2008, p. 547), a atividade executiva “consiste na relação jurídica que se estabelece entre autor, juízo e réu, com a finalidade de acertar o direito controvertido, acautelar esse direito ou realizá-lo”
Segundo DIDIER JR. (2008, p. 6) “a sentença constitutiva pode ter por efeito anexo um direito a uma prestação e, assim, servir como título executivo para efetivar a prestação conteúdo deste direito que acabou de surgir”
Os efeitos anexos da sentença constitutiva tem a capacidade para certificar o direito a uma prestação, que pela coisa julgada material tem – se a máxima efetividade do direito, logo um novo processo de conhecimento para reconhecer e certificar direito a uma prestação, reconhecida e certificada pelos efeitos anexos da sentença constitutiva é, do ponto de vista processual, inútil, tendo como única justificativa o apego a formalismos em detrimento ao direito à tutela jurisdicional efetiva. 
Os efeitos anexos são verdadeiros pedidos condenatórios implícitos, cujo descumprimento pode dar ensejo à instauração da atividade executiva, que, somente buscará efetivar o comando judicial contido na sentença constitutiva, apresentando-se essa, nestes casos como um fato jurídico e um título judicial hábil a promover a execução forçada. Portanto, o direito a uma prestação advindo de uma sentença condenatória constitutiva tem a possibilidade de instauração da atividade executiva, se afigurando desnecessária a propositura de nova ação de conhecimento. 
As alterações promovidas pela Lei 11.232/2005, no sistema executivo do Processo Civil Brasileiro modificaram conceitos e previsões para adequá-lo à nova realidade, na tentativa de dar coesão ao sistema. O art. 475-N, no inciso I, definiu como título executivo judicial a sentença que reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia, em substituição à previsão contida no revogado art. 584, inciso I, que expressamente reservava tal qualidade à sentença condenatória no processo civil. 
Na sentença constitutiva, a carga executiva se encontra no seu efeito anexo, sendo este o que não decorre do seu conteúdo per si, mas da expressa previsão legal, tomando-se a sentença como fato jurídico que faz surgir um direito a uma prestação. Os efeitos anexos são pedidos condenatórios implícitos cujo descumprimento poderia ensejar à instauração da atividade executiva, que buscará efetivar o comando judicial contido na sentença constitutiva, apresenta-se esta, nestes casos como título judicial hábil a promover a execução forçada.
Referência:
DIDIER Jr., Fredie. A sentença constitutiva como título executivo. Acesso em 07 de dezembro de 2012, disponível em Direito brasiliano: http://xn--leggedistabilit2013- ub.diritto.it/docs/26541-a-sentença constitutiva como título executivo

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