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Conceitos e pressupostos de Donald Winnicott

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Trabalhando em um sistema de tópicos, inicialmente conheceremos quem foi Winnicott e qual sua contribuição para a psicanálise, o desenvolvimento de sua teoria será abordado subsequente a isso – apresentando os pontos principais, será trabalhada a Teoria do Amadurecimento em conjunto com a descrição das três principais funções da mãe suficientemente boa (holding, handing e apresentação dos objetos), e os respectivos esclarecimentos sobre os termos: integração, personalização e a realização, exploradps em sua obra.
1. Vida e inquietações de Winnicott 
Serão aqui apresentados pontos cruciais do desenvolvimento pessoal de Winnicott e sua vida, incluindo principalmente aqueles que influenciou sua carreira e constituição de suas obras. 
Nascido em Playmouth (Devon), Inglaterra, Winnicott cresceu em uma propriedade rural sendo o único menino em sua família – tinha 2 irmãs mais velhas; seu pai era ausente ao se ocupar com seu trabalho e obrigações, sendo visto como rigoroso, denominação justificada após mandar seu filho para o internato de Cambridge após ouvi-lo falar um palavrão. Foi em Cambridge que Winnicott deu início a sua formação, seu interesse pela medicina se deu após uma acidente em um jogo onde fraturou a clavícula – não queria depender de médicos e então decidiu tornar-se um (WINNICOTT, 1988).
Logo no início de seus estudos estava ocorrendo a 1ª guerra mundial, o inglês trabalhou no fronte como enfermeiro com seus colegas e decidiu por não permanecer ali, dando continuidade aos seus estudos em Londres. Apesar de querer atuar como clínico geral, Winnicott acabou se tornando pediatra (WINNICOTT, 1988), foi nessa trajetória que Winnicott se deparou com uma obra Freudiana e encantou-se com a psicanálise e a possibilidade dela abordar a doença psíquica e os distúrbios somáticos de um ponto de vista psicológico, tal vislumbre se justifica pelo seu convencimento da impossibilidade de se proceder a um diagnóstico dos distúrbios pertinentes à pediatria sem incluir na consideração os aspectos psicológicos. Em várias oportunidades reafirma a importância que a formação médica teve sobre o seu pensamento (DIAS, 2002).
Vislumbrado pela psicanálise, ele buscou Ernest Jones – responsável por o encaminhar para quem seria seu analista por 10 anos: James Strachey (e tendo retomado sua análise depois com Joan Ri). Ao mesmo tempo em que decidiu se dedicar a psicanálise, também obteve dois postos como consultor em Pediatria em hospitais distintos no ano de 1923, num dos quais trabalhou com um número elevado de crianças (WINNICOTT, 1988) e pôde constatar na sua prática que o físico e psíquico se influenciavam mutuamente, descobriu que apesar de crianças e bebês possuírem o físico saudável, poderiam estar emocionalmente doentes já nas primeiras semanas da vida – isso o levou a dar cada vez mais ênfase na importância de fatores psíquicos. Ao se aproximar da psicanálise no mesmo ano pôde ter uma noção mais clara do psíquico, porém não se prendeu o pensamento tradicional vigente, a descoberta dos distúrbios emocionais precoces influenciou a base de toda sua teoria, suas inquietações e questionamentos com o modelo psicanalítico deram início à Teoria do Amadurecimento como conhecemos hoje (DIAS, 2002) e veremos a seguir como esse processo ocorreu.
1.1. Bases de sua teoria
Winnicott introduz na psicanálise inovações e reconstruções no paradigma vigente, enquanto Freud trabalhava com a situação edípica e a interpretação através da associação livre, Winnicott nos conduz a novas questões e um novo arcabouço conceitual para as práticas e técnicas psicanalíticas. O principal motivo de sua ruptura foi a insuficiência do complexo de édipo em elucidar questões acerca do recém-nascido. Sabendo que as mesmas não poderiam ser reduzidas somente a explicação sobre castração e afins, Winnicott encontrou-se sem rumo e respostas, até que seu analista da época o apresentou a Melanie Klein – psicanalista em ascensão no trabalho com crianças –, após ouvir suas teorias e pressupostos ainda se manteve insatisfeito, se opôs a ideia de que as ansiedades ou distúrbios precoces eram produtos de forças e mecanismos mentais interno (LOPARIC, 2000). 
Loparic (2000) ainda evidencia a frustração de Winnicott com suas experiências de forma que traçou críticas a visão psicanalista voltada predominantemente para fatores internos em detrimento de outros aspectos. Percebendo essa resistência, passou a construir suas próprias bases, começou a trabalhar o relacionamento do indivíduo com o ambiente e a associação deste com a doença psíquica. Complementado por Oliveira (2012), o interesse nessas questões tem raiz nos trabalhos realizados com crianças evacuadas, bem como sua experiência adquirida pela formação em pediatria. Os atendimentos realizados levaram-no à constatação da importância de um relacionamento suficientemente bom da díade mãe-bebê e, ao mesmo tempo, dos prejuízos para o desenvolvimento psíquico derivados de uma provisão ambiental insuficiente, chegando assim a duas conclusões principais: é impossível falar do indivíduo sem falar da mãe; a relação mãe-bebê seria dual externa, assim como nenhum elemento terceiro ou paterno existe neste relacionamento estabelecido (OLIVEIRA, 2012).
Partindo desse interesse, Winnicott desenvolve uma teoria focada nessa relação e a forma como o bebê gradualmente conquista sua independência, tal processo ocorre em estágios de desenvolvimento emocional, constituindo assim a teoria do amadurecimento – espinha dorsal de seus escritos e práticas. Se aprofundando nesse processo, são descritos 3 estágios de desenvolvimento emocional: dependência absoluta, dependência relativa e rumo à independência. Na passagem de um estágio para outro, Winnicott enfatiza a ideia de continuidade, representada por uma "mãe suficientemente boa" e que, por servir como primeiro ambiente, tem a função de apresentar o mundo ao bebê, dando ênfase aos estágios iniciais – responsáveis pela construção da base da personalidade e saúde psíquica do indivíduo. (ROCHA, 2006). 
Sendo a relação mãe-bebê central em sua teoria, Winnicott enfatiza a importância dessa mãe suficientemente boa ao discorrer sobre três funções da mesma, cada uma propiciando um processo que auxiliará no desenvolvimento saudável do bebê.
1. Holding: Propicia a integração, sendo caracterizado pelo suporte físico e psíquico oferecido ao bebê pela mãe, no início do desenvolvimento, sendo uma experiência física e uma vivência simbólica, demonstrando ao bebê o quanto é amado e está seguro e acolhido, resultando em circunstâncias satisfatórias e acelerando o processo de maturação na medida em que o suporte fornece apoio egóico antes de sua integração, o que favorece a constituição do bebê como unidade (MEDEIROS E AELLIO-VAISBERG, 2014). Através da atividade de sustentação física, holding, a mãe proporciona ao bebê um sentimento de segurança e de confiabilidade no espaço. 
A capacidade da mãe em sustentar seu filho, de maneira de maneira a dar continuidade em sua existência é possível é devido ao estado emocional de extrema identificação com o seu bebê que ela se encontra, esse estado é chamado de “preocupação materna primária”. Neste início o bebê deve permanecer em um ambiente tranquilo tendo em vista que seu ego é sustentado pelo ego auxiliar materno (FERREIRA, 2011).
2. Handing: Propicia a personalização. Ao ser trabalhado o Holding, foi fornecido uma noção de ambiente estável, o handing continua o processo auxiliando o bebê a conhecer seu corpo de acordo com os modos de manejo da mãe, através do toque e do contato da pele da mãe com o corpo do bebê, ele começa a sentir que tem de fato um corpo e começa o processo de identificação de suas partes (SANTOS, 2006).
O processo que acontece neste período é o reconhecimento de si mesmo e aos outros como pessoas inteiras. É experenciado o sentimento de habitar o própri o corpo, isso é o que chamamos de “personalização” (FERREIRA, 2011).
3. Apresentação de objetos: Propicia a realização. Consiste em oferecer objetos substitutos de satisfação,possibilitando o interesse para o desenvolvimento o de uma curiosidade em busca de outros objetos. Caso a mãe for suficientemente boa, ela possibilitará ao bebê a ilusão de que é ele quem cria o que ele encontra (criatividade originária). O fato de sermos iludidos inicialmente e o reconhecimento disso, diminui sentimentos de aflição e ameaça na medida em que a criatividade possibilita relacionamento com os objetos mesmo na sua ausência (ARAÚJO, 2007).
A realização é quando a mãe passa a apresentar o mundo ao bebê, de maneira que ele tenha condições de conhecer sem que isso ameace sua integração ainda frágil (FERREIRA, 2011).
2. Teoria do amadurecimento 
A finalidade dessa teoria é a compreensão dos estágios de desenvolvimento emocional a partir de estados primários, perpassando por estágios de tamanha imaturidade que sequer pode ser considerado ali uma unidade humana até os estágios mais maduros nos quais se desenvolve um indivíduo saudável. Dessa forma, ele trabalha com estágios de dependência até o que poderíamos chamar de “independência” (SANTOS, 2006) ou (ARAÚJO, 2007).
As funções da mãe suficientemente boa tem relação direta com os estágios listados abaixo. A apresentação separada se deu para fins de organização do trabalho.
2.2.1 Dependência absoluta 
A primeira fase corresponde aos 5 primeiros meses de vida, no qual o bebê encontra-se totalmente dependente dos cuidados maternos, porém não tem consciência disto. É necessário uma mãe suficientemente boa e devotada às necessidades da criança nos primeiros meses pois o ambiente e o cuidado materno é onde o bebê encontrará suas bases para estabelecer um sentido de ser. Se torna fundamental a criação de um ambiente que o ambiente facilite o amadurecimento e a continuidade, auxiliando o começo do processo de “existir” – ligado ao conceito de holding, já que é um apoio para que o ser que está surgindo e existindo (SANTOS, 2006).
2.2.2 Dependência relativa 
Na segunda fase – dependência relativa –, ocorre uma mudança da relação da mãe com o bebê, fazendo com que ela saia do lugar de provedora constante. Neste momento, o bebê começa a conviver com as falhas ambientais, sendo o aceite importante para continuar seu desenvolvimento saudável. A mãe, a partir dessa fase, deve separar-se do bebê de forma gradual, ou seja, se na primeira fase o bebê e a mãe estava, fundidos, nessa eles começam a se desprender. Como forma de enfrentamento da ilusão de não ser uno com a mãe, Winnicott é enfático na importância do objeto transicional para o enfrentamento saudável. Dessa forma, a criança elege alguns objetos como representativos de sua mãe – os quais simbolizam a presença materna –, auxiliando na restauração do sentimento de continuidade de existência. O objeto transicional se apresenta entre o seu mundo interno e o mundo externo, na zona entre o objetivo e o subjetivo (JÚNIOR E SILVA, 2018). Para mais esclarecimentos, no objeto transicional, gradativamente a mãe faz o bebê compreender que aquilo é um objeto exterior a ela, a criança tem controle para escolher quando o quer perto ou não, auxiliando no processo de “perda” pelo afastamento materno. (OLIVEIRA, 2012). 
2.2.3 Independência relativa 
Na terceira e última fase inicia-se o seu percurso rumo à independência, ou seja, o mundo do bebê começa a se expandir e aos poucos abrange pessoas como o pai, a família, a comunidade e um grupo cada vez maior, iniciando as fases de relacionamentos interpessoais (ROCHA, 2006). A criança vai sendo capaz de “se defrontar com o mundo e todas as suas complexidades”, os relacionamentos vão se expandindo e relações se estabelecem (FERREIRA, 2011).
Apesar de Winnicott trabalhar em estágios, a busca pela independência não se esgota nas mesmas, segue um processo contínuo de aprendizado e frustrações no amadurecimento pessoal e emocional. 
	
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Conceição A. Serralha. Uma abordagem teórica e clínica do ambiente a partir de Winnicott. 2007. Tese (Doutorado em Psicologia clínica) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2007.
DIAS, Elsa Oliveira. A trajetória intelectual de Winnicott. Nat. hum., São Paulo ,  v. 4, n. 1, p. 111-156, jun.  2002 .   Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302002000100004&lng=pt&nrm=iso . acessos em  10  jul.  2021.
FERREIRA, Saulo Durso. A noção de ego na obra de D.W Winnicott. 2011. 96 p. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas, 2011.
LOPARIC, Zeljko. Esboço do Paradigma Winnicottiano. Cadernos de História e Filosofia da Ciência, Campinas, Série 3, v. 11, n. 2, p. 7-58, jul.-dez. 2001. Disponível em: https://www.cle.unicamp.br/eprints/index.php/cadernos/article/view/640/518. Acesso em: 07 jul. 2021.
MEDEIROS, Clarissa,; AIELLO-VAISBERG, Tânia Maria José. Reflexões sobre holding e sustentação como gestos psicoterapêuticos. Psicologia Clínica, Rio de Janeiro, RJ, v. 26, p. 1-8, 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-56652014000200004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt .DOI: 10.1590/s0103 56652014000200004.
OLIVEIRA, Fernando G., Do amadurecimento ao encontro analítico: um percurso clínico pela obra de Winnicott, Pontifícia Universidade Católica Do Rio De Janeiro - Puc-Rio, 2012. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=19882@1 . Acesso: 10 jun 2021
ROCHA, Marlene Pereira da. Elementos da Teoria Winnicottiana na Constituição da Maternidade. 2006. 138 p. Tese (Mestrado em Psicologia Clínica) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2006.
SANTOS, Eder Soares. D. W. Winnicott e Heidegger: a teoria do amadurecimento pessoal e a acontecência humana. 2006. Tese (Doutorado em Filosofia e Ciências Humanas) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006.
WINNICOTT, D. W, O ambiente e os processos de maturação: estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional. Trad. por Irineo Constantino Schuch Ortiz. 2ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.

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