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WBA0255_v3.0 LEGISLAÇÃO TRABALHISTA APRENDIZAGEM EM FOCO 2 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Autoria: Anderson Wanderley Casorla Pereira da Cunha Leitura crítica: Renato Traldi Dias A disciplina de Legislação trabalhista é certamente um dos temas mais empolgantes no dia a dia das corporações. Quer uma pessoa se encontre na condição de empregado, empregador ou gestor de equipe, o conhecimento dos dispositivos jurídicos que regulam as relações de emprego é tema vivo e pulsante no cotidiano de todos. Seu conhecimento é um valoroso diferencial para os profissionais de qualquer área. Nesta disciplina, você poderá compreender desde a formação até o encerramento da relação de trabalho. Serão vistos os princípios que norteiam este relacionamento, seus conceitos introdutórios e as respectivas definições legais aplicadas a cada situação entre empregados e empregadores. Desde a formação do contrato de trabalho e os principais tipos de empregados, a jornada de trabalho e a prorrogação de horas, o regramento das férias individuais e coletivas, gratificações e o complexo salarial, até o regramento rescisório do contrato de trabalho e os haveres do empregado em cada tipo de rescisão, além da conhecimento do FGTS e o direito coletivo do trabalho e a atuação dos sindicatos. Todo conteúdo está de acordo com as mais recentes alterações legais e normativas, incluindo a reforma trabalhista de 2017, e é abordada a visão dos tribunais do trabalho e do Supremo Tribunal Federal, na forma de súmulas e julgados jurisprudenciais, permitindo ao estudante um conhecimento atual e dinâmico. 3 INTRODUÇÃO Olá, aluno (a)! A Aprendizagem em Foco visa destacar, de maneira direta e assertiva, os principais conceitos inerentes à temática abordada na disciplina. Além disso, também pretende provocar reflexões que estimulem a aplicação da teoria na prática profissional. Vem conosco! TEMA 1 Introdução ao Direito do Trabalho ______________________________________________________________ Autoria: Anderson Wanderley Casorla Pereira da Cunha Leitura crítica: Renato Traldi Dias 5 DIRETO AO PONTO História do Direito do Trabalho O desenvolvimento do Direito do Trabalho foi uma história de muito sofrimento e difíceis conquistas. Apenas a partir da Revolução Industrial é que se iniciou um processo de proteção ao trabalho. No Brasil, com o governo de Getúlio Vargas, em 1930, iniciou-se decisivamente o desenvolvimento de regras de proteção ao trabalhador, culminando na aprovação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1943. Conquistas que vinham em franco desenvolvimento, até se iniciar um movimento de flexibilização dos direitos dos trabalhadores que culminou na reforma trabalhista em 2017. Princípios do Direito do Trabalho Existem diversos princípios de direito, elementos basilares para a condução do direito. Há ainda os específicos do Direito do Trabalho que se destacam, como: a. O princípio da proteção ao trabalhador, que potencializa a hipossuficiência do empregado frente ao seu empregador, dando-lhe as leis e a justiça do trabalho para garantir seus direitos. b. O princípio da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas, impossibilitando o trabalhador de renunciar integralmente a seus direitos do trabalho em prol do empregador, tornando nulo o ato. c. O princípio da continuidade da relação de emprego, que determina que quem romper o contrato de trabalho deverá indenizar a outra parte e que só se considera rompido o contrato de trabalho com a prova por escrito que a relação de trabalho se encerrou. 6 d. Princípio da primazia da realidade, que determina que o juiz busque a verdade dos fatos e não se detenha apenas no que dizem os documentos. Contrato de trabalho Para se iniciar um vínculo empregatício é necessário elaborar um contrato de trabalho. Embora a lei aceite o contrato de trabalho tácito (prestação pessoal de serviço a um empregador sem contratação prévia) ou expresso (que pode ser verbal ou escrito), é vantajoso que se desenvolva um contrato escrito dispondo todas as cláusulas que irão reger esta relação, nos termos da lei do trabalho. Determinando assim o livre acordo entre as partes, que se obrigam mutuamente a cumpri-lo. O contrato de trabalho é: a) bilateral, porque é feito entre duas partes (empregado e empregador); b) consensual, porque ambos são livres para aceitá-lo ou não; c) oneroso, porque o trabalho é remunerado; d) comutativo, porque estabelece obrigações recíprocas aos contratantes; e) e de trato sucessivo, porque define que a obrigação assumida por ambos é contínua, se cumprindo a cada dia, enquanto viger o contrato. Espécies de trabalho São diversas as espécies de trabalhadores. Dentre elas, vejamos: a. Trabalhador doméstico: são os que prestam serviço de forma contínua, pessoal, subordinada e remunerada, a pelo menos mais de dois dias por semana, e no âmbito doméstico do empregador, nos termos da Lei Complementar n. 150, de 1º de junho de 2015. b. Trabalhador avulso: são os que fazem carga e descarga de mercadorias, prestando serviços a diversos tomadores, sem gerar vínculo de emprego com nenhum deles, e ligados a 7 um Ogmo (Órgão Gestor de Mão de Obra), conforme a Lei n. 12.023, de 27 de agosto de 2009. c. Trabalhador temporário: contratado para substituição transitória de pessoal permanente, como férias, licença médica, ou à demanda complementar de serviços em situação de demanda extraordinária (a exemplo, produção para o natal, ou chocolate para páscoa), por empresa interposta de trabalho temporário (que o remunera) e disponibilizado ao tomador de serviço, prestando seu serviço por um período de até 180 dias, prorrogáveis por mais 90 dias, sob justificativa, e gerenciado pelo próprio tomador, nos termos do Decreto n. 10.060, de 14 de outubro de 2019. d. Trabalhador terceirizado: também contratado por empresa interposta, que fornece mão de obra para assumir atividade terceirizada por uma empresa tomadora de serviço (como limpeza, portaria, segurança etc.). A tomadora deixa de controlar a execução da atividade que passa a ser controlada e fiscalizada pela empresa de terceirização. Resta à tomadora apenas a fiscalizar se há cumprimento do contrato feito com a empresa terceirizada. É regido pela Lei n. 6.019, de 3 de janeiro de 1974, e versava comumente para atividades-meio do tomador. Porém, com o ADPF 324 de 2019 do STF, passou-se a permitir também terceirização para as atividades-fim. e. Trabalhador intermitente: inovação trazida pela reforma trabalhista de 2017, é aquele que presta seus serviços a empregador, sob contrato de trabalho, de forma descontínua, com alternância de dias, não possuindo necessariamente um cronograma definido ou dias específicos de trabalho. Será na verdade chamado pelo empregador apenas quando sua mão de obra for necessária, podendo prestar seus serviços por horas, dias, 8 semanas ou meses, retornando apenas quando houver novo chamamento. É permitido se negar a um chamamento sem que isso prejudique seu contrato de trabalho (com antecedência de três dias), já que é livre para contratar com vários empregadores, o que comprometeria sua agenda de disponibilidade. f. Teletrabalhador: outra novidade da reforma trabalhista de 2017, o teletrabalho foi a formalização de um modo conhecido por várias atividades laborais, agora extensivo a todos. Trata-se do trabalho desenvolvido fora das dependências do empregador, com o uso de tecnologia da informação e da comunicação, sem que isso configure trabalho externo (como o vendedor externo ou o motorista). Descontos salariais Em regra geral, os salários são imunes a descontos devendo ser preservada a sua integridade. São irredutíveis, segundo o princípio da irredutibilidade, com exceção exclusiva das negociações firmadas em acordos ou convenções coletivas. No entanto, a lei prevê situações em que os descontos são permitidos, como os que são fruto de convenção coletiva, de adiantamentode salários e aqueles determinados por lei, como a contribuição com o INSS, o IRRF, as faltas injustificadas, os expressamente autorizados pelo empregado por escrito, entre outros. Há ainda a previsão de desconto quando o empregado causa dano ao empregador, devendo o desconto ser previamente combinado. Quando o dano for doloso, intencional, gera ao empregador o direito ao desconto no salário sem autorização do empregado, conforme art. 462, § 1º, da CLT. Referências bibliográficas BRASIL. Decreto-lei n. 5.452, de primeiro de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis do trabalho. Disponível em: 9 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 30 jul. 2020. BRASIL. Decreto n. 10.060, de 14 de outubro de 2019. Regulamenta a Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974, que dispõe sobre o trabalho temporário. Disponível em: https://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/d10060. htm. Acesso em: 30 jul. 2020. PARA SABER MAIS Há um conhecimento essencial para todo estudante do Direito do Trabalho: o conceito de empregado e de empregador e a configuração do vínculo empregatício. Nos termos do art. 2º e §§ da CLT, considera-se “empregador”, toda pessoa física ou jurídica que admite, dirige e assalaria a prestação pessoal de serviço de um empregado, assumindo assim o risco da atividade econômica. Isso significa que quem contrata empregado, não precisando ser necessariamente uma empresa, deverá respeitar as regras do trabalho e remunerá-lo com todos os seus direitos, possuindo ou não condições para tal, envolvendo inclusive seu patrimônio pessoal se assim for necessário. Quanto ao empregado, o art. 3º da CLT determina que se considera “empregado” toda pessoa física que preste seus serviços ao empregador de forma habitual (não eventualidade), sob sua dependência (subordinação) e mediante o pagamento de salário (onerosidade ou remuneração). Vale aqui ressaltar que na definição de empregado temos presentes todos os institutos jurídicos que determinam o vínculo empregatício. Vínculo empregatício é a ligação jurídica que http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/d10060 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/d10060 10 Lorem ipsum dolor sit amet Autoria: Nome do autor da disciplina Leitura crítica: Nome do autor da disciplina determina a relação laboral entre empregado e empregador, gerando as recíprocas obrigações. A não eventualidade (habitualidade) se refere à condição de continuidade, permanência regular do empregado no seu posto de trabalho à disposição do seu empregador. Trabalhando diariamente, por exemplo, um funcionário administrativo ou em alguns dias da semana como um professor, o que importa aqui é a previsibilidade da regularidade de seu comparecimento ao trabalho. A subordinação (sob dependência) é instituto jurídico que determina a vinculação das funções do empregado ao seu empregador, que manifesta por ela diariamente seu poder de mando, controle e fiscalização das atividades do empregado. É importante aqui determinar que os poderes de mando do empregador devem estar relacionados aos termos do contrato de trabalho, mais especificamente a função contratada para o empregado, nunca podendo ser abusivo, excessivo ou ilegal, sob a égide da lei. O poder do empregador se limita ao poder de direção e controle da atividade empresarial e não sobre a pessoa do empregado. E a onerosidade (remuneração) é a obrigação do empregador em remunerar o empregado pelos serviços prestados. Logo, se na relação existe habitualidade, subordinação e remuneração, há aqui o vínculo empregatício. Modernamente, incluiu-se na configuração do vínculo empregatício a determinação de que a prestação de serviço, além dos três elementos citados, deve ser feita por pessoa física (impossível por pessoa jurídica) e deve haver a pessoalidade (identificação pessoal do trabalhador). 11 Referências bibliográficas BRASIL. Decreto-lei n. 5.452, de primeiro de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis do trabalho. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 30 jul. 2020. JUNIOR, M.; CANIZIO, P. Caracterização do vínculo empregatício nos contratos de representação comercial: uma análise à luz da jurisprudência do TRT da 9ª região. 2014. 55 p. Monografia (graduação) - Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2014. Disponível em: https://acervodigital.ufpr.br/ handle/1884/37868?show=full. Acesso em: 9 ago. 2020. TEORIA EM PRÁTICA O empregado de uma indústria opera um equipamento bastante sensível e complexo, requerendo um conhecimento técnico específico para sua utilização. Ele tem interesse em se ausentar do trabalho por um dia, então resolve usar seus conhecimentos sobre o equipamento para, durante sua operacionalização, causar um dano no equipamento, já que se isso ocorrer a empresa terá que chamar um técnico especializado para o conserto do equipamento que deverá ficar parado até sua inspeção, prevendo o retorno do funcionamento do equipamento para cerca de dois dias, situação em que ele seria dispensado até o equipamento estar funcional. Porém, após o ato, a câmera de segurança da empresa flagrou a ação do empregado, ficando claro sua ação dolosa. Considerando o evento descrito, qual deveria ser a atitude do empregador em relação ao dano causado (além da possibilidade de demissão)? Em que situação jurídica isto se encaixa? Fundamente sua resposta. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/37868?show=full https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/37868?show=full 12 Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 Este artigo traz um apanhado histórico do desenvolvimento do Direito do Trabalho retratando sua extensa dificuldade para o estabelecimento de conquistas em favor dos trabalhadores e analisa o movimento que havia, em prol da flexibilização, antes da reforma trabalhista, Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual da Kroton. CUNHA, W. A. M. F. A flexibilização dos direitos trabalhistas e a dignidade do trabalhador. Revista do Tribunal Regional do Trabalho do 13ª Região, João Pessoa, v. 8, n. 1, p. 91-110, 2000. Indicação 2 Este artigo traz luz a uma interessante consequência sobre a reforma trabalhista de 2017 no ordenamento jurídico brasileiro e salienta aspectos de situações práticas ocorridas nas lides do trabalho, utilizando um modelo baseado na teoria de jogos para a sua melhor compreensão. Para realizar a leitura, acesse a plataforma Biblioteca Virtual da Kroton. Indicações de leitura 13 JUSTO, G. D.; PARRÉ, J. L. Como a reforma trabalhista impacta litígios judiciais quanto à rescisão do contrato de trabalho? Uma resposta usando teoria dos jogos. 2019. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Uma indústria recebeu um grande pedido para fabricar um de seus produtos. Analisando sua capacidade produtiva percebe que precisa aumentar o número de empregados, mas apenas por quatro meses, tempo necessário para cumprir sua demanda extraordinária. Assinale abaixo que espécie de trabalhador ela pode contratar para resolver esta situação especial. a. Trabalhador avulso. b. Trabalhador intermitente. c. Trabalhador temporário. d.Teletrabalho. e. Trabalhador doméstico. 14 2. Assinale a alternativa abaixo que contém corretamente elementos que caracterizam o vínculo empregatício, configurando a relação de emprego. a. Onerosidade e eventualidade. b. Impessoalidade, subordinação e eventualidade. c. Onerosidade, subordinação, pessoalidade e eventualidade. d. Habitualidade, onerosidade e subordinação. e. Nenhuma das alternativas anteriores estão corretas. GABARITO Questão 1 - Resposta C Resolução: A forma de aumentar o número de empregados para cobrir uma demanda extraordinária, por um tempo específico, conforme descrito no enunciado da questão, é por meio da contratação de trabalhador temporário, que nos termos do art. 2º do Decreto n. 10.060, de 14 de outubro de 2019, permite contratação de empregados por até 180 dias para demandas complementares ou substituição transitória de pessoal permanente. Assim, não haverá a necessidade de demissão ao final dos quatro meses e suas consequências indenizatórias, já que ao finalizar o período, haverá o encerramento natural do contrato. Questão 2 - Resposta D Resolução: A única alternativa que não contém elementos incorretos é a “D”. Vale lembrar que os elementos que configuram o vínculo empregatício são: habitualidade (ou não eventualidade), onerosidade (ou remuneração), subordinação, pessoa física e pessoalidade, conforme o art. 3º da CLT. TEMA 2 Jornada de trabalho ______________________________________________________________ Autoria: Anderson Wanderley Casorla Pereira da Cunha Leitura crítica: Renato Traldi Dias 16 DIRETO AO PONTO Jornada de trabalho: jornada de trabalho corresponde ao tempo em que o empregado fica à disposição do seu empregador para cumprir as suas funções laborais. A jornada de trabalho normal, padrão, é a de 8 horas diárias e 44 horas semanais, definida pela própria Constituição. O empregado deverá cumprir 8 horas por dia trabalhando de segunda a sexta-feira e 4 horas aos sábados, ou diluindo estas horas durante a semana, completando 44 horas semanais. Existem também: a jornada de trabalho de 6 horas diárias e 36 horas semanais, habitualmente usada em atividades que possuem escala de revezamento de funcionários; a jornada em tempo parcial, em que o empregado cumpre até 30 horas semanais sem poder fazer horas extras, ou até 26 horas semanais podendo lhe ser exigido até 6 horas extras por semana; e a jornada de trabalho 12 por 36, em que o empregado trabalha por 12 horas ininterruptas e descansa por 36 horas consecutivas, limitando a jornada a 36 horas semanais. Outras poderão ser criadas, determinadas por acordo ou convenções coletivas de trabalho. Prorrogação e compensação de horas: ao empregado poderá ser exigido uma prorrogação do seu horário de trabalho, limitado ao máximo de 2 horas extraordinárias por dia, chegando a um limite máximo estabelecido por lei de até 10 horas de trabalho diárias, chamada horas extras. É necessário a existência de um acordo individual entre empregado e empregador dando ciência a ambos da possibilidade de sua ocorrência. Embora a legislação trabalhista aceite o contrato de trabalho das formas tácita e expressa, sendo a expressa verbal ou escrita, é necessário não deixar de registrar a combinação em documento apartado chamado acordo de prorrogação de horas, ou mesmo no contrato 17 de trabalho, determinando a existência da concordância entre empregado e empregador. A hora extra deve ser paga como acréscimo de no mínimo 50% sobre o valor da hora normal. Para se saber qual o valor de 1 hora de trabalho do empregado, deve-se pegar o seu salário e dividir por 220 (para as jornadas de trabalho de 44 horas semanais). Encontrando o valor de 1 hora trabalhada, soma-se mais 50% de acréscimo a este valor para se encontrar o valor de 1 hora extra deste empregado. As horas extraordinárias trabalhadas poderão ser compensadas em outro dia, situação em que não haverá mais a necessidade de pagamento destas horas em forma de horas extras. Esse sistema é chamado de compensação de horas e permite o acréscimo de horas de trabalho em algum dia para compensar a supressão de horas de trabalho em outro dia. A exemplo, o empregador poderá dispensar o empregado do trabalho aos sábados, fazendo compensar as horas suprimidas deste dia durante a semana, cumprindo-se assim a jornada de trabalho. A consequência natural da compensação é o banco de horas, em que as horas extraordinárias feitas pelo empregado serão registradas, permitindo ao empregado compensá-las posteriormente, faltando no trabalho ou chegando mais tarde em algum outro dia, com autorização do empregador. Caso seja demitido, receberá pelas horas remanescentes em forma de horas extras. Pode ser combinado por acordo individual, compensando- se em até 6 meses. Intervalo interjornada e intrajornada: o empregado tem direito a um tempo de refeição ou descanso durante o seu horário de trabalho, chamado intrajornada, período este que não será contabilizado como tempo de trabalho por não estar à disposição 18 do empregador. Os empregados que trabalham por mais de 6 horas por dia têm direito a um intervalo de no mínimo 1 hora e no máximo 2 horas, combinado entre empregado e empregador no seu contrato de trabalho, ou de 30 minutos quando acordo ou convenção coletiva determinar. Ele também possui direito há um período de no mínimo 11 horas consecutivas de descanso, entre o final de uma jornada de trabalho e o início da outra, chamado de interjornada. Se o empregador não respeitar os intervalos de interjornada e intrajornada, deverá indenizar o empregado pelo tempo suprimido, sendo pagos em forma de horas extras. Descanso semanal remunerado (DSR): a cada semana trabalhada o empregado tem direito a um dia de descanso de 24 horas consecutivas, respeitado ainda o intervalo interjornada de 11 horas, totalizando um período de 35 horas de descanso. Este descanso semanal é remunerado pelo empregador, e poderá recair em qualquer dia da semana, sendo ao menos um por mês aos domingos. No salário fixo já estão contabilizados os descansos semanais do mês. Os que recebem salário variável baseado em produtividade ou comissão terão que calcular a média de ganho da semana correspondente a um dia de serviço e somar aos recebimentos do mês como pagamento do repouso semanal remunerado desta semana. Caso o empregado se atrase ou falte injustificadamente do trabalho, poderá perder a remuneração do DSR, mas sem perder o dia de descanso. Ausências injustificadas são apenas aquelas que a lei determinar. Férias: férias são períodos de descanso que o empregado adquire como direito ao completar cada ano de trabalho para o mesmo empregador. Este período é chamado de período aquisitivo. Quando já conquistou o direito às férias ele terá um período de até um ano para gozar delas, chamado período concessivo. 19 Enquanto se inicia um período concessivo, automaticamente se inicia um novo período aquisitivo, e assim sucessivamente. O quadro a seguir demonstra a quantidade de dias de férias que o empregado terá direito caso tenha faltas injustificadas durante o ano: Quadro 1 - Faltas e dias de férias Faltas injustificadas no ano Dias de férias até 5 dias 30 dias de 6 a 14 dias 24 dias 15 a 23 dias 18 dias de 24 a 32 dias 12 dias mais de 32 faltas sem direito a férias Fonte: elaborado pelo autor. O salário de férias será pago até 2 dias antes do início das férias e será acrescido de 1/3 do seu valor, por determinação constitucional. O empregado pode converter 1/3 das férias a que tem direito em pagamento. Pode ainda dividir as férias em até 3 períodos, um com pelo menos 14 dias e os outros não menores que 5 dias. As férias podem ser coletivas a critério do empregador, podendo ser divididas em até 2 períodos, nenhum inferior a 10 dias, comunicando-se com antecedência mínima de 15 dias ao Ministério do Trabalho, ao sindicato e aos empregados. 20 Remuneração e salário: são coisas diferentes,já que determina a lei que o salário corresponde aos valores recebidos pelo empregado, pagos diretamente pelo empregador, composto de salário fixo, gratificações e comissões. Já a remuneração é o salário mais as gorjetas. Gorjeta não é salário porque é paga por terceiros, e não pelo empregador. Parte do salário também pode ser pago em utilidades, é o chamado salário in natura. Podemos entender como salário utilidade aquilo que é pago pelo trabalho do empregado, como habitação ou alimentação, e não para o trabalho do empregado, como uniforme ou ferramentas de trabalho. A lei também proíbe como salário utilidade a educação em estabelecimento próprio ou de terceiros, transporte destinado ao trabalho, assistência médica, hospitalar e odontológica, seguros de vida, previdência privada e vale-cultura. Gratificação natalina (13º salário): foi instituída pela Lei n. 4.090, de 13 de julho de 1962, e corresponde ao valor de um salário corrente do empregado, com os devidos acréscimos definidos por lei. A primeira parcela deverá ser paga de janeiro a novembro do corrente ano, e a segunda parcela até o dia vinte de dezembro, obrigatoriamente. A cada mês (com mais de quinze dias trabalhados) o empregado recebe o direito à remuneração do 13º salário em 1/12 do seu salário, pagos conforme citado acima. Serão acrescidos os adicionais como insalubridade, periculosidade etc., e os valores variáveis como horas extras habituais, comissões etc. Os valores variáveis incidentes no cálculo serão somados pela média mensal dos recebimentos no ano, compondo também o valor da gratificação. 21 Poderá ser proporcional caso o empregado não tenha trabalhado os doze meses no ano ou tenha seu contrato de trabalho encerrado. A primeira parcela pode ser paga junto com as férias, se solicitado ao empregador pelo empregado no mês de janeiro de cada ano. Referências bibliográficas BRASIL. Decreto-lei n. 5.452, de primeiro de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis do trabalho. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 30 jul. 2020. BRASIL. Lei n. 605, de 5 de janeiro de 1949. Dispõe sobre o repouso semanal remunerado e o pagamento de salário nos dias feriados civis e religiosos. Disponível em: https://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/l0605.htm. Acesso em: 15 ago. 2020. PARA SABER MAIS As faltas justificadas ou injustificadas do empregado são um problema constante nas lides trabalhistas. O assunto é vivo, presente no cotidiano das relações de trabalho, e constantemente gera grandes conflitos em decorrência da repercussão que causa no salário e nos direitos dos trabalhadores. Faltas injustificadas não são aquelas em que simplesmente o empregado não diz nada. Injustificadas são aquelas que não possuem justificativa legal, qual seja uma das justificativas elencadas na legislação trabalhista. Para que a falta possa ser revestida de justificativa, precisa estar descrita em algum dispositivo normativo autorizativo. O art. 473 da CLT, a exemplo, diz as situações em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l0605.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l0605.htm 22 que o empregado poderá faltar no serviço sem prejuízo dos seus recebimentos, a saber: 1 dia por ano para doação voluntária de sangue, ou para levar filho de até 6 anos ao médico; até 2 dias quando falecer o cônjuge, pais, filhos, irmãos ou dependentes, ou para alistamento eleitoral, ou para acompanhar esposa ou companheira grávida em consultas médicas e exames; até 3 dias para o seu casamento, ou em caso de realização de exames preventivos de câncer, a cada ano; 5 dias para o pai no nascimento de filho; e o tempo necessário para as exigências do Serviço Militar, ou para provas de vestibular de ensino superior, ou quando tiver que comparecer à justiça. As faltas embasadas em atestados médicos também são justificadas. Havendo justificativa, nenhuma implicação será gerada em desfavor do empregado. No entanto, o contrário gera desconto no salário pelo dia da falta e perda da remuneração do DSR. Pode implicar em redução das férias. Pode gerar advertências chegando à suspensão do trabalho ou até à rescisão do contrato de trabalho por justa causa. Mesmo tendo registro positivo no banco de horas, não significa que o empregado poderá faltar indiscriminadamente alegando recorrer a este recurso, porque estas horas só poderão ser usadas quando autorizadas pelo empregador. O mesmo se aplica aos atrasos, não apenas às faltas. A legislação do trabalho permite uma variação de 5 minutos na entrada ou saída do trabalho, não excedendo 10 minutos por dia, sem que caracterize atrasos ou horas suplementares. Fora isso, aplica-se o mesmo entendimento das faltas e suas consequências legais. Referências bibliográficas BRASIL. Lei n. 605, de 5 de janeiro de 1949. Dispõe sobre o repouso semanal remunerado e o pagamento de salário nos dias feriados 23 civis e religiosos. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l0605.htm. Acesso em: 15 ago. 2020. BRASIL. Decreto-lei n. 5.452, de primeiro de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis do trabalho. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 30 jul. 2020. TEORIA EM PRÁTICA O empregado de uma empresa de delivery fazia jornada de trabalho de 8 horas diárias e 44 horas semanais trabalhando no setor administrativo. Com o inesperado aumento da demanda nas entregas ele precisou fazer horas extraordinárias por quase dois meses, diariamente, oportunidade em que pediu demissão para desenvolver suas atividades em outra empresa que pagava melhor salário. No entanto, ele havia juntado muitas horas em seu banco de horas e estava preocupado se perderia este direito por sair da empresa sem ter feito a compensação das horas. Considerando que ele procurou sua orientação para saber como agir, o que você explicaria para ele? Ele tem direito a receber estas horas não compensadas? Se tiver, qual é o cálculo para o pagamento? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l0605.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l0605.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm 24 LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 O presente artigo faz uma análise da situação do teletrabalhador frente às alterações da CLT com a reforma trabalhista de 2017 e a realidade imposta a estes trabalhadores no que concerne ao controle de jornada de trabalho teoricamente inexistente nesta modalidade. Para realizar a leitura, acesse o link. SANTOS, A. E. C. dos. O controle de jornada no teletrabalho. 2018. Indicação 2 O Tribunal Superior do Trabalho reporta um julgado que analisou a situação de um profissional que desenvolveu suas funções em teletrabalho, alegou fazer horas extras e teve seu pedido negado, revelando a verdadeira questão relacionada à possibilidade ou não das horas extras no teletrabalho, apesar da indicação do art. 62, III, da CLT. Para realizar a leitura, acesse o link. BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Gerente de multinacional que trabalhava no sistema de home office não receberá horas extras. 2017. Indicações de leitura 25 QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. O gerente de umaempresa eventualmente recebe alguns pedidos de produção de seus produtos acima do esperado, algumas poucas vezes no mês. O eventual aumento de produção não justifica a contratação de um novo empregado para auxiliar na demanda, nem pretende despender gastos com horas extras já que o acréscimo de 50% obrigatório pesaria no custo do produto, impactando financeiramente. Ele resolveu então registrar as horas trabalhadas a mais pelos empregados e permitir que eles faltem ao trabalho ou cheguem mais tarde em outros dias de baixa na produção. Como se chama este recurso trabalhista? a. Prorrogação de horas. b. Descanso semanal remunerado. c. Férias coletivas. d. Banco de horas. e. Jornada em tempo parcial. 26 2. Como se chama a jornada de trabalho em que o empregado trabalha por até 30 horas semanais, sem poder fazer horas extras, ou até 26 horas semanais, podendo fazer até 6 horas extras por semana? a. Jornada normal de trabalho. b. Jornada em tempo parcial. c. Jornada de escala de revezamento. d. Teletrabalho. e. Jornada de trabalho externo. GABARITO Questão 1 - Resposta D Resolução: A forma de aumentar o volume de produção sem precisar contratar empregador e pagar horas extras é por meio da instituição do banco de horas, que é um recurso previsto no art. 59, § 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho de 1943, que instrui que não haverá a necessidade de acréscimo no salário do empregado quando este exercer excesso de horas em um dia com a devida compensação em outro dia, não ultrapassando o máximo de dez horas diárias. Questão 2 - Resposta B Resolução: A jornada de trabalho em que o empregado trabalha por até 30 horas semanais, sem poder fazer horas extras, ou até 26 horas semanais, podendo fazer até 6 horas extras por semana, é a jornada em tempo parcial, prevista no art. 58-A da Consolidação das Leis do Trabalho de 1943. TEMA 3 Rescisão do contrato de trabalho ______________________________________________________________ Autoria: Anderson Wanderley Casorla Pereira da Cunha Leitura crítica: Renato Traldi Dias 28 DIRETO AO PONTO Contrato de trabalho: a rescisão do contrato de trabalho é uma ocorrência comum no cotidiano das relações entre empregados e empregadores. Na atualidade, vê-se uma grande rotatividade de trabalhadores nas empresas motivada por ambas as partes. Esta rotatividade gera uma demanda trabalhista, decorrente das obrigações e direitos de ambas as partes. A admissão de um empregado se dá por meio de um contrato de trabalho que, nos termos da legislação trabalhista, pode ser tácito ou expresso, verbal ou escrito e por prazo determinado ou indeterminado. O contrato é a combinação prévia que determina os termos da relação laboral que passa a existir, e o rompimento desta relação tem de respeitar a legislação trabalhista e suportar as consequências geradas pelo ferimento do princípio da continuidade da relação de emprego; razão pela qual a prova deste rompimento é sempre obrigação do empregador. Razões para encerramento do contrato de trabalho: o contrato de trabalho pode cessar por vontade de uma ou ambas as partes, ou como consequência de atos praticados por uma ou ambas as partes. Por vontade do empregado, o contrato de trabalho pode ser terminado com o pedido de demissão, situação comum em que o empregado comunica seu empregador da sua decisão formalmente com antecedência de 30 dias – período em que cumprirá o aviso prévio. O encerramento também poderá ser feito pelo instituto jurídico da rescisão indireta, situação em que o empregado rescinde o contrato de trabalho em razão de falta grave cometida pelo empregador frente a esta relação trabalhista, gerando direito a receber todas as verbas trabalhistas como se 29 tivesse sido demitido. Só haverá rescisão indireta se o empregador cometer um dos atos descritos no art. 483 da CLT. Por vontade do empregador, o contrato de trabalho pode ser terminado por meio da demissão sem justa causa ou arbitrária – situação bastante cotidiana –, comunicando-se o empregado com 30 dias de antecedência, que corresponde à concessão do aviso prévio. Pode também haver o encerramento da relação trabalhista por justa causa, motivada por uma falta grave cometida pelo empregado frente a esta relação de trabalho. Neste caso, ele terá direito a um reduzido número de verbas rescisórias. Só se considerará justa causa o cometimento pelo empregado dos atos descritos no art. 482 da CLT. Basicamente, há duas formas de encerramento do contrato de trabalho por vontade recíproca entre empregado e empregador. Uma delas é a novidade trazida pela reforma trabalhista de 2017, inserta na CLT, que é o acordo entre as partes. No acordo, o empregado recebe direito à totalidade das verbas remuneratórias e metade das indenizatórios, conforme o art. 484-A da CLT. Outra forma é por meio da culpa recíproca, situação em que empregado e empregador dão causa ao encerramento do contrato de trabalho decorrente de falta grave na relação trabalhista cometida pelas duas partes, ferindo reciprocamente o artigo 482 e o 483 da CLT. O quadro a seguir resume estas modalidades: Quadro 1 - Modalidades Modalidades Vontade do empregado Vontade do empregador Vontade de ambas as partes Pedido de demissão X 30 Demissão X Justa causa X Rescisão indireta X Acordo X Culpa recíproca X Fonte: elaborado pelo autor. Verbas rescisórias: as verbas pagas ao trabalhador em decorrência da rescisão do contrato de trabalho variam em razão da forma pela qual foi rescindido. No pedido de demissão, o empregado terá direito ao recebimento do saldo de salário, às férias vencidas e proporcionais e ao 13º salário proporcional; e deverá cumprir aviso prévio de 30 dias, se não for dispensado pelo empregador. Caso o empregador exija o cumprimento do aviso prévio e o empregado decida não o fazer, o empregador poderá descontar o valor referente a ele (um mês de salário) das verbas rescisórias acima descritas. Sendo assim, não receberá os 40% de multa sobre o FGTS nem poderá sacá-lo, nem terá direito ao ingresso no programa de seguro-desemprego. Lembre-se que as horas extras feitas pelo empregado e ainda não pagas pelo empregador, ou não compensadas, compõem direito do empregado por terem sido efetivamente trabalhadas, de caráter remuneratório, devendo ser pagas sempre, em qualquer situação, no rompimento do contrato de trabalho. Na rescisão indireta – art. 483 da CLT – o empregado terá direito ao recebimento de todas as verbas rescisórias como se tivesse sido demitido, a saber: saldo de salário, férias proporcionais e 31 vencidas, aviso prévio indenizado, 13º salário proporcional, multa de 40% sobre o FGTS, saque do FGTS e ingresso no programa de seguro-desemprego. Todavia, o empregado precisará recorrer à justiça do trabalho para garantir seu direito. Na demissão sem justa causa, também chamada de arbitrária, o empregado tem direito às mesmas verbas trabalhistas descritas acima na rescisão indireta, com a diferença de que o aviso prévio poderá ser cumprido ou indenizado. Aqui ainda resta o direito do empregado em sair 2 horas mais cedo do trabalho durante o cumprimento do aviso prévio ou trabalhar 7 dias a menos ao final deste período. Na rescisão por justa causa, conforme o art. 482 da CLT, o empregado terá direito apenas ao saldo de salário e às férias vencidas, nada mais! No acordo – figura trazida à CLT no art.484-A pela reforma trabalhista de 2017 –, o empregado terá direito a todas as verbas remuneratórias comuns na demissão, porém, quanto às verbas indenizatórias, terá direito apenas à metade do aviso prévio (se for indenizado) e metade da multa do FGTS (20%). Poderá sacar 80% do saldo do FGTS e não poderá ingressar no programa de seguro- desemprego. Quanto à culpa recíproca, o trabalhador terá direito ao recebimento do saldo de salário e férias vencidas, e só a metade do aviso prévio indenizado, metade do décimo terceiro salário proporcional e metadedas férias proporcionais (Súmula 14 do TST) e apenas 20% da multa do FGTS (podendo sacá-lo). Aviso prévio: como o próprio nome diz, aviso prévio é uma comunicação antecipada de uma parte a outra informando que irá romper a relação de trabalho. Seu período é de 30 dias contados 32 da data do aviso e poderá ser cumprido, quando o empregado terá que trabalhar pelo período do aviso prévio, ou indenizado, que é quando o empregador demite o empregado e o libera do cumprimento do aviso prévio, remunerando-o pelo período. O aviso prévio pode ser superior a 30 dias, quando o empregado for demitido e tiver prestado serviço por mais de 1 ano ao mesmo empregador. Neste caso, serão acrescidos 3 dias de aviso prévio para cada ano trabalhado, depois do primeiro, até o máximo de 60 dias de acréscimo. Somados os 30 dias do primeiro ano aos até 60 dias de acréscimo, o aviso prévio, chamado “aviso prévio proporcional”, não poderá ser superior a 90 dias. Deste total, o empregado trabalhará apenas 30 dias, sendo o restante indenizado. Referências bibliográficas BRASIL. Decreto-lei n. 5.452, de primeiro de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis do trabalho. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 30 jul. 2020. BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. TST decide que aviso prévio proporcional é obrigação limitada ao empregador. 6 nov. 2017. Disponível em: http://www.tst.jus.br/noticias/-/ asset_publisher/89Dk/content/tst-decide-que-aviso-previo- proporcional-e-obrigacao-limitada-ao-empregador . Acesso em: 28 ago. 2020. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.tst.jus.br/noticias/-/asset_publisher/89Dk/content/tst-decide-que-aviso-previo-proporcion http://www.tst.jus.br/noticias/-/asset_publisher/89Dk/content/tst-decide-que-aviso-previo-proporcion http://www.tst.jus.br/noticias/-/asset_publisher/89Dk/content/tst-decide-que-aviso-previo-proporcion 33 PARA SABER MAIS O legislador, ao dispor sobre o contrato de trabalho na CLT, estabeleceu, no art. 443, que o contrato pode ser tácito ou expresso, verbal ou escrito. É perceptível que o legislador tentou cercar o empregador de todas as formas, estabelecendo o vínculo de emprego, protegendo o trabalhador no reconhecimento da sua prestação de serviço. No entanto, fica evidente a confusão que estas modalidades, além da escrita, podem gerar. O contrato de trabalho na modalidade tácita é definido como aquele em que alguém começa a prestar serviço para outro alguém e este, sabendo, não se opõe. Pronto, está feito o contrato de trabalho. Quais são as cláusulas desta relação? O valor pago? Os dias e os horários de trabalho? Há que se perceber que a presunção legal é que ambos os contratantes conheciam previamente estes elementos contratuais, talvez por serem sabidos dada alguma atividade específica de labor. Já quanto ao contrato de trabalho expresso na modalidade verbal, empregado e empregador apenas verbalizam as cláusulas do contrato, combinando nesta oportunidade como se dará a relação laboral com todas as suas variantes como partes, salário, função, endereço de trabalho e demais informações que possam compor uma relação trabalhista. Tudo apenas na palavra. Embora seja difícil comprovar o vínculo de trabalho e suas interações tendo apenas um contrato verbal, há ainda a Carteira de Trabalho. O art. 13 da CLT determina taxativamente que a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) é de uso obrigatório para qualquer situação de emprego. O artigo 29 determina que o empregador tem 5 dias para fazer as anotações na CTPS incluindo data de admissão, remuneração 34 e condições especiais da prestação do serviço. Sua existência prova definitivamente o vínculo de emprego entre as partes. Mas a diversidade de condições que podem estar presentes na relação trabalhista não será contemplada nas anotações deste documento, deixando margens a dúvidas. O adequado é preferir sempre a modalidade escrita para formalização de um contrato. Nela, todos os elementos que balizam esta relação estarão descritos nas cláusulas do contrato, restando evidente e sem confusão aquilo que ficou determinado por ambos, quando manifestaram sua vontade e concordância no ato da assinatura do contrato. Havendo divergência entre as partes de uma lide trabalhista, o contrato será evocado, demonstrando aquilo que foi anteriormente tratado; sempre, porém, parametrizado pela legislação do trabalho. Referências bibliográficas BRASIL. Decreto-lei n. 5.452, de primeiro de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis do trabalho. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 30 jul. 2020. BRASIL. Lei n. 13.874 de 20 de setembro de 2019. Institui a declaração de direitos de liberdade econômica. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/ L13874.htm#art15. Acesso em: 28 ago. 2010. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art15 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art15 35 TEORIA EM PRÁTICA Em uma dada empresa, um empregado se atrasava injustificadamente frequentemente no trabalho e descumpria ordens do seu empregador, atrapalhando o andamento das atividades. Em uma destas oportunidades, seu empregador flagrou este funcionário desobedecendo ordem diretamente dada no desenvolvimento de sua função. Furioso, o empregador ordenou-lhe que parasse imediatamente suas funções e, de tão nervoso, proferiu xingamentos ofensivos à moral do empregado na presença de todos, que se ausentou do local naquele momento para evitar maiores embates. No dia seguinte, mais calmos, ambos perceberam a impossibilidade de continuarem trabalhando juntos, mas cada um não abria mão de sua razão. Sendo você o responsável pelo RH da empresa, e consultado sobre a situação, quem você entente que agiu com falta grave? Qual situação jurídica ocorreu neste caso? E quais suas consequências? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 Esta matéria traz uma interessante visão sobre o procedimento de rescisão indireta, esclarecendo como isso pode se dar e as Indicações de leitura 36 consequências e variações da ocorrência, permitindo ao leitor ter uma visão ampla sobre o tema. Para realizar a leitura, procure pela matéria na internet: MORAES, M. Funcionário pode “demitir” a empresa? Entenda como funciona a rescisão indireta. Economia – IG, 28 abr. 2016. Indicação 2 O artigo indicado, disponível no site da revista Conjur, traz informação sobre um julgado favorável ao empregado de uma empresa que conseguiu o reconhecimento de seu direito por rescisão indireta e atribuiu a responsabilidade de provar o encerramento da relação laboral ao empregador, leitura que irá enriquecer muito seu conhecimento. Para realizar a leitura, procure pelo artigo na internet: ÔNUS de provar quem rescindiu contrato de trabalho é da empregadora, diz TRT-5. Conjur, 24 set. 2018. https://www.conjur. com.br/2018-set-24/onus-provar-quem-rescindiu-contrato- trabalho-empresa QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. https://www.conjur.com.br/2018-set-24/onus-provar-quem-rescindiu-contrato-trabalho-empresa https://www.conjur.com.br/2018-set-24/onus-provar-quem-rescindiu-contrato-trabalho-empresa https://www.conjur.com.br/2018-set-24/onus-provar-quem-rescindiu-contrato-trabalho-empresa 37 Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir detodos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. O empregado de uma empresa deseja encerrar o seu contrato de trabalho, mas não quer perder seus direitos trabalhistas, e, um dia, ficou sabendo que seu empregador também não quer mais a continuidade desta relação laboral. Pensou, então, em propor para seu empregador o encerramento da relação de trabalho por acordo, mas tem dúvidas de quais seriam seus direitos nesta situação. Indique abaixo a opção que retrata os direitos trabalhistas do empregado em caso de rescisão por acordo: a. Saldo de salário, férias vencidas, férias proporcionais, 13º salário proporcional, aviso prévio, não recebe multa do FGTS e não pode sacá-lo, nem direito ao seguro- desemprego. b. Saldo de salário, férias vencidas, férias proporcionais, 13º salário proporcional, 50% do aviso prévio se for indenizado, 50% da multa do FGTS, sacar 80% do FGTS e não terá seguro-desemprego. c. Saldo de salário, férias proporcionais e vencidas, aviso prévio indenizado, 13º salário proporcional, multa de 40% sobre o FGTS, saque do FGTS e seguro-desemprego. d. Apenas o saldo de salário e as férias vencidas. e. Saldo de salário, férias vencidas, 50% do aviso prévio, 50% da multa do FGTS, sacar 80% do FGTS e não terá seguro- desemprego. 38 2. Quais são os direitos do empregado demitido sem justa causa? Indique abaixo a resposta correspondente. a. Saldo de salário, férias vencidas, férias proporcionais, 13º salário proporcional, aviso prévio, não recebe multa do FGTS e não pode sacá-lo, nem direito ao seguro- desemprego. b. Saldo de salário, férias vencidas, férias proporcionais, 13º salário proporcional, 50% do aviso prévio se for indenizado, 50% da multa do FGTS, sacar 80% do FGTS e não terá seguro-desemprego. c. Saldo de salário, férias proporcionais e vencidas, 13º salário proporcional, aviso prévio indenizado, multa de 40% sobre o FGTS, saque do FGTS e seguro-desemprego. d. Apenas o saldo de salário e as férias vencidas. e. Saldo de salário, férias vencidas, 50% do aviso prévio, 50% da multa do FGTS, sacar 80% do FGTS e não terá seguro- desemprego. GABARITO Questão 1 - Resposta B Resolução: A instrução do artigo 484-A da CLT é de que, no caso de rescisão por acordo entre empregado e empregador, o empregado terá direito à metade da multa do FGTS e do aviso prévio, se for indenizado, e à integralidade das outras verbas rescisórias. O artigo determina ainda que não terá direito ao seguro-desemprego. Questão 2 - Resposta C Resolução: O empregado demitido sem justa causa, considerando o ferimento ao princípio da continuidade da 39 relação de emprego, receberá todos os direitos trabalhistas rescisórios como saldo de salário, férias vencidas, férias proporcionais, 13º salário proporcional, aviso prévio, multa de 40% sobre o FGTS, saque do FGTS e ingresso no programa de seguro-desemprego, segundo o art. 477 da CLT. TEMA 4 Direito coletivo do trabalho ______________________________________________________________ Autoria: Anderson Wanderley Casorla Pereira da Cunha Leitura crítica: Renato Traldi Dias 41 DIRETO AO PONTO Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS): é um capital que ampara o trabalhador principalmente em caso de encerramento do contrato de trabalho, em situações definidas por lei. É um direito do empregado, e um dever do empregador, desde a Constituição Federal de 1988, art. 7º, III. No início do desenvolvimento das legislações do trabalho no Brasil o trabalhador possuía um sistema protetivo chamado de estabilidade decenal, que garantia aos trabalhadores que tivessem mais de 10 anos de trabalho na empresa uma estabilidade, impossibilitando a demissão do empregado, possível apenas nos casos de falta grave cometida pelo empregado. Então foi criado o FGTS, permitindo aos empregados optar por um ou outro sistema. Se escolhessem o FGTS, perderiam a estabilidade. No entanto, a Constituição Federal de 1988 determinou a obrigatoriedade do regime do FGTS para todos os empregados, não recepcionando a estabilidade decenal, amputando-a do sistema jurídico do trabalho. A partir deste ponto, todos os empregados passaram a ser obrigatoriamente optantes pelo FGTS. Então, todo empregado tem direito ao recolhimento mensal, feito pelo empregador, em uma conta vinculada, mantida pela Caixa Econômica Federal – que figura como agente operador –, chamado Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. O quadro a seguir resume a evolução normativa do FGTS: Quadro 1 - Evolução normativa do FGTS Recurso legal Antes da Lei n. 5.107/1966 Após a Lei n. 5.107/1966 Após a CF/88 42 Estabilidade decenal X X FGTS X X Fonte: elaborada pelo autor. O empregador, sob suas próprias expensas, deverá recolher a alíquota de 8% sobre os ganhos mensais do empregado nesta conta vinculada, incluindo adicionais e horas extras (Súmula 66 do TST). O décimo terceiro salário, as comissões, as gorjetas, o aviso prévio, as férias (com exceção das indenizadas) e a rescisão contratual também servirão de base para recolhimento do FGTS. Para os aprendizes, a alíquota é de 2%. O art. 20 da Lei n. 8.036/90 enumera uma extensa lista das situações autorizativas de saque do FGTS pelo empregado. Direito Coletivo do Trabalho: permite o estabelecimento das diferenças normativas aplicáveis a certos grupos de trabalhadores, ou a complementação das leis trabalhistas para aqueles grupos carentes de específica normatização, tratando da normatização das especificidades dos diversos grupos de categorias profissionais, compostos por empregados, e sua relação com os grupos de categorias econômicas, compostos por empregadores. O direito coletivo do trabalho se manifesta pelos dos acordos e convenções coletivas do trabalho. A convenção coletiva do trabalho envolve um ou mais sindicatos dos empregados e um ou mais sindicatos dos empregadores. O acordo coletivo do trabalho, por sua vez, envolve na negociação um ou mais sindicatos dos empregados e uma ou mais empresas. Ademais, o texto do art. 611-A da CLT determina que a convenção coletiva e o acordo 43 coletivo de trabalho prevalecem sobre a própria lei do trabalho, nas situações descritas no artigo. A CLT, em seu art. 511 e seguintes, e o art. 8º da nossa Carta Magna, regulamentam o direito coletivo do trabalho. Os incisos I e II da CF/88 determinam que o Estado não pode promulgar lei que exija autorização para a criação de representações sindicais, com exceção do seu registro, e limita a existência de apenas um sindicato representativo por base territorial – compreendida por, no mínimo, um município, em respeito ao princípio da unicidade sindical. O inciso III estabelece que os sindicatos devem defender os direitos e os interesses coletivos ou individuais da respectiva categoria de empregados ou empregadores, inclusive na justiça ou nas representações administrativas, e o inciso VI obriga a participação dos sindicatos nas negociações coletivas. Os princípios do direito coletivo ou direito sindical são o da livre associação sindical, que determina que os empregados só se associam se quiserem, e o da liberdade sindical, que determina a liberdade de criação de associações sindicais sem interferência do governo. Os sindicatos se formam por estatuto e registro no órgão competente, e se estruturam em sindicatos, federações e confederação sindical. As federações são compostas pela associação de sindicatos em um número não inferior a cinco. Sua abrangência é estadual, e seu reconhecimento é feito pelo Ministro do Trabalho, que pode, inclusive, autorizar federações com abrangência interestadual ou nacional. As confederações são formadas por no mínimo três federações, com sede na Capital da República e reconhecidas via Decreto Presidencial. Após a reforma trabalhista de 2017, alterados os arts. 578 e 579 da CLT, passa a ser facultativaa contribuição sindical anual, principal 44 fonte de custeio dos sindicatos, podendo ser descontada da remuneração do empregado apenas com sua autorização prévia e expressa. Instituto da greve: o art. 9º da CF/88 assegura o direito de greve aos trabalhadores, e determina que os trabalhadores decidirão sobre quando exercê-lo e sobre os interesses que vão defender. Deve ser iniciado apenas após frustradas as negociações dos trabalhadores com seu empregador. Por meio da paralisação total ou parcial das atividades se exerce uma grande pressão sobre os empregadores para a constituição da negociação coletiva e este direito de greve é regulamentado pela Lei n. 7.783 de 1989. Para que a greve seja justa e considerada legal é necessário cumprir os requisitos estabelecidos pela legislação, devendo ser pacífica e temporária, sendo parcial ou não. Deve-se comunicar ao empregador e entidades representativas com antecedência de 48 horas, ou 72 horas para as atividades consideradas essenciais ou inadiáveis à comunidade. Torna-se abusiva quando há o descumprimento dos requisitos legais durante o movimento, ou na continuidade da paralisação após celebrado o acordo ou convenção coletiva, ou no descumprimento das determinações judiciais. É também proibido o lockout, técnica em que há a paralisação das atividades por determinação do empregador e não dos empregados, objetivando a aquisição indevida de benefícios escusos por este intermédio. Finalmente, aos militares é proibida a sindicalização e a greve, nos termos do ditame constitucional, art. 142, § 3º, inciso IV. 45 Referências bibliográficas BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm. Acesso em: 14 set. 2020. BRASIL. Decreto-lei n. 5.452, de primeiro de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis do trabalho. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 30 jul. 2020. PARA SABER MAIS A principal fonte de custeio dos sindicatos é a contribuição sindical anual, recolhida uma vez por ano, normalmente no mês de março. Esta contribuição passou a ser facultativa após a reforma trabalhista de 2017, podendo ser cobrada apenas com autorização prévia e expressa dos empregados. Esta atribuição de faculdade à contribuição gerou uma grande diminuição na renda dos sindicatos, que, apesar disto, mantêm as mesmas obrigações legais de representar os empregados administrativa e judicialmente, e proteger seus direitos. Porém, esta não é a única fonte de renda que os sindicatos possuem. Os órgãos representativos de empregados e empregadores contam ainda com a contribuição assistencial, a contribuição confederativa, a mensalidade sindical e as demais rendas previstas no art. 548 da CLT. A contribuição assistencial tem como objetivo retribuir o sindicato pelo resultado obtido na sua participação em negociações coletivas do trabalho, representando sua respectiva categoria http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm 46 de trabalhadores. É natural que haja diversos custos na atuação sindical, sendo justa sua recomposição financeira. O valor é definido pelos trabalhadores em Assembleia Geral realizada pelo sindicato para este fim. Aos empregados afiliados ao sindicato sua contribuição é obrigatória e é descontada de seu salário e repassada ao sindicato. Já quanto aos empregados não filiados é comum o questionamento do pagamento pelos trabalhadores, obtendo com frequência a obrigação de devolução pelos descontos indevidos e não autorizados. A contribuição confederativa é aquela que visa garantir o sistema confederativo ativo e vigente, promovendo o fomento e defesa das respectivas categorias por todo território nacional. Sua contribuição também é devida ao filiado, mas questionável igualmente à contribuição assistencial. A mensalidade sindical é aquela cobrada ao empregado associado pelo respectivo sindicato e seu valor deve ser definido em Assembleia Geral de trabalhadores ou definido pelo Estatuto Social do sindicato. Há inúmeras vantagens aplicadas aos empregados associados ao sindicato como colônias de férias, assistência médica, bolsas de estudo, participação em eventos culturais, viagens a custos reduzidos e diversos outros benefícios, mas não se deve esquecer que o maior benefício que os empregados associados recebem é o fortalecimento do capital do sindicato, contribuindo para sua firme atuação junto às respectivas categorias profissionais e econômicas. 47 Referências bibliográficas BRASIL. Decreto-lei n. 5.452, de primeiro de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis do trabalho. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 30 jul. 2020. SILVA, C. Sindicatos perdem 90% da contribuição sindical no 1º ano após reforma. Estadão, 5 mar. 2019. Disponível em: https:// economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2019/03/05/ sindicatos-perdem-90-da-contribuicao-sindical-no-1-ano-da- reforma-trabalhista.htm#:~:text=Sindicatos%20perdem%20 90%25%20da%20contribui%C3%A7%C3%A3o%20sindical%20 no%201%C2%BA%20ano%20ap%C3%B3s%20reforma,- 00%3A00&text=Sindicatos%20de%20trabalhadores%20e%20 de,contribui%C3%A7%C3%A3o%20sindical%2C%20como%20 era%20esperado. Acesso em: 14 set. 2020. TEORIA EM PRÁTICA Os empregados de uma empresa não recebiam recomposição salarial há anos. Além disto, seu empregador reduziu a capacidade produtiva da empresa, afetando os ganhos variáveis por produtividade dos empregados. Criou-se uma situação insustentável na empresa, levando os empregados e seu sindicato a tentarem uma negociação coletiva de trabalho junto ao empregador, que restou completamente frustrada. Baseado nisso, os trabalhadores resolveram iniciar de repente um processo de reivindicação com a paralisação total das atividades. Juntaram- se em centenas em frente à empresa e promoveram uma manifestação gritando palavras de ordem. Em certo momento, alguns empregados mais exaltados começaram a apedrejar a fachada da empresa e queimaram pneus e madeira no portão de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2019/03/05/sindicatos-perdem-90-da-contribuica https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2019/03/05/sindicatos-perdem-90-da-contribuica https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2019/03/05/sindicatos-perdem-90-da-contribuica https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2019/03/05/sindicatos-perdem-90-da-contribuica https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2019/03/05/sindicatos-perdem-90-da-contribuica https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2019/03/05/sindicatos-perdem-90-da-contribuica https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2019/03/05/sindicatos-perdem-90-da-contribuica https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2019/03/05/sindicatos-perdem-90-da-contribuica https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2019/03/05/sindicatos-perdem-90-da-contribuica 48 entrada. A polícia foi chamada para dispersão do protesto. Se o caso fosse levado até você, gestor do RH da empresa, como seria sua leitura dos fatos? Os empregados agiram em conformidade com a lei? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 O presente artigo apresenta o movimento grevista que se iniciou em 2013 e suas repercussões. O autor apresenta informações interessantes sobre o tema. Para realizar a leitura, acesse pela plataforma da BibliotecaVirtual da Kroton. SILVA, S. N. da. O ciclo de greves contemporâneas no Brasil: o levante proletário de 2013 e a experiência da greve negra dos garis do Rio de Janeiro de 2014 numa perspectiva anarquista. Revista Espaço Acadêmico, n. 210. nov. 2018. Indicação 2 O presente artigo apresenta um importante levantamento histórico sobre a convenção coletiva do trabalho, com o autor Indicações de leitura 49 identificando seu desenvolvimento jurídico no Brasil. Um imperdível relato histórico legal. Para realizar a leitura, acesse a plataforma BDJur pela Biblioteca Virtual da Kroton. FREITAS, V. P. de. Natureza jurídica da convenção coletiva de trabalho. Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, n. 1, p. 50-69. Campinas, 1991. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Um conjunto de trabalhadores e seu sindicato pretendem iniciar um movimento grevista, e querem garantir que tudo seja feito nos termos da lei. Posto isto, quais são os prazos de comunicação aos interessados antes da greve? a. Não há prazo, podendo começar imediatamente. b. Prazo de 72 horas para todas as situações. c. Antecedência de 48 horas é suficiente para atividades e serviços essenciais, não havendo prazo para os demais. 50 d. Antecedência de 48 horas para serviços essenciais e 72 horas para os demais. e. Antecedência de 72 horas para serviços essenciais e 48 horas para os demais. 2. O empregador deve recolher o FGTS do empregado e depositar em uma conta vinculada na Caixa Econômica Federal. Posto isto, qual é o valor que serve como base para o recolhimento mensal do FGTS? Marque a alternativa mais correta: a. Salário base. b. Salário e adicionais. c. Salário, adicionais e horas extras. d. Salário, adicionais, horas extras e gorjetas ou comissões. e. Salário, adicionais, horas extras, gorjetas ou comissões e valor do vale-transporte. GABARITO Questão 1 - Resposta E Resolução: A antecedência exigida pelos arts. 10 e 11 da Lei n. 7.783, de 28 de junho de 1989, será de 48 horas, ou de 72 horas para as atividades consideradas essenciais ou inadiáveis à comunidade. Questão 2 - Resposta D Resolução: O empregador, sob suas próprias expensas, deverá recolher a alíquota de 8% sobre os ganhos mensais do empregado na conta vinculada do FGTS, incluindo adicionais e horas extras, conforme jurisprudência firmada na Súmula 66 do TST, e as gorjetas ou comissões, nos termos da Lei n. 8.036, de 11 de maio de 1990. BONS ESTUDOS! Apresentação da disciplina Introdução TEMA 1 Direto ao ponto Para saber mais Teoria em prática Leitura fundamental Quiz Gabarito TEMA 2 Direto ao ponto Teoria em prática Leitura fundamental Quiz Gabarito TEMA 3 Direto ao ponto Para saber mais Teoria em prática Leitura fundamental Quiz Gabarito TEMA 4 Direto ao ponto Teoria em prática Leitura fundamental Quiz Gabarito Botão TEMA 5: TEMA 2: Botão 158: Botão TEMA4: Inicio 2: Botão TEMA 6: TEMA 3: Botão 159: Botão TEMA5: Inicio 3: Botão TEMA 7: TEMA 4: Botão 160: Botão TEMA6: Inicio 4: Botão TEMA 8: TEMA 5: Botão 161: Botão TEMA7: Inicio 5:
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