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Distúrbios Neoplásico do Fígado • Neoplasias benignas: pode não estar atrelada as demais doenças • Neoplasia malignas: não são tão comuns, pois todos os cenários (hepatites, hipertensão portal, doenças de acúmulo, doenças gordurosa alcoólica e não alcoólica e neoplasia benignas) tem a capacidade de evoluir como doença precursora do hepatocarcinoma, porém a cirrose é um destino comum de todos os cenários sendo mais acometida que o câncer, em outras palavras “o paciente morre antes de conseguir evoluir para neoplasia maligna) • Todas as doenças relacionadas ao fígado têm como evolução a insuficiência hepática aguda (26 dias) ou a crônica Neoplasias Benignas 1. Hiperplasia Nodular Focal 2. Hemangioma 3. Adenoma Hepatocelular Hiperplasia Nodular Focal • 2° tumor sólido benigno hepático mais frequente (0,3-0,6% da população) • Mulheres, 3ª e 4ª décadas de vida, sem relação com o uso de anticoncepcional oral. • Assintomático, a maioria dos casos é identificado incidentalmente e os pacientes são submetidos a acompanhamento regular Patogênese: • Mutação no ANGPT1 levando ao aumento da angiopietina 1, que por sua vez estimula a proliferação de hepatócitos e consequentemente estimula a hiperperfusão e artérias anômalas são criadas aumentando o fluxo sanguíneo nos sinusoides – clico vicioso proliferativo • Aumento dessas artérias podem gerar dor e modificar função • Não existe evidências de malignização, também não há risco de hemorragia Principal importância • Descoberta de forma acidental • Distinção radiológica com adenoma hepatocelular e com carcinoma hepatocelular fibrolamelar (este pode mostrar cicatriz central) Caso clínico Paciente do sexo feminino, 35 anos, em pré-operatório de colecistectomia videolaparoscópica, realizou ultrassonografia de abdome que identificou lesão nodular hepática, também visível à laparoscopia. Encaminhada para atendimento ambulatorial, assintomática, sem alterações ao exame físico. Ressonância magnética (RM) de abdome com contraste mostrou formação nodular expansiva hipervascular hepática (9,5 x 6,7cm) no segmento IVA/VIII do fígado, com área central hipocontrastante sugestiva de cicatriz, compatível com HNF telangiectásica. Foi optado por conduta expectante. Nódulo subcapsular, bem demarcado com cicatriz estrelada central, tamanho grande devido a hiperplasia (aumento do número de hepatócitos) Hepatócitos circundados por septos fibrosos que contêm ramos de artéria Hiperplasia fibromuscular, com um estreitamento excêntrico ou concêntrico da luz. O parênquima entre septos é constituído por hepatócitos normais, separados por espessas placas sinusoidais. Hemangioma • Tumor hepático benigno primário mais comum • Origem: vasos sanguíneos do fígado → os hemangiomas cavernosos, tumores de vasos sanguíneos idênticos aos que ocorrem em outras partes – má formação de vasos sanguíneos • Afeta de 5% a 10% da população • 75% e 80% dos casos são mulheres, 3ª e 5ª décadas de vida - 10% podem estar relacionados à gravidez (modificação hormonal) ou contraceptivos orais • Achado incidental, encontrado em 1% das autópsias de rotina e 20% das autópsias com extensa investigação Patogênese • Malformações vasculares de origem congênita • Associado à síndrome de hiperplasia nodular focal múltipla • Nenhum risco conhecido de transformação maligna – único risco é seu crescimento exacerbado podendo gerar dor Caso Clínico Paciente do sexo feminino, 31 anos de idade, apresentando quadro de abdome agudo. Não havia histórico de doença abdominal subjacente. A paciente encontrava-se em uso de anticoncepcional oral. Ao exame físico, constatou-se abdome tenso, doloroso à palpação superficial e profunda nas regiões do epigástrio e hipocôndrio direito. A análise laboratorial revelou discreta redução do hematócrito (34%) e da hemoglobina (11 g/dl). Realizou-se ultrassonografia (US) do abdome, que demonstrou aumento de volume do lobo esquerdo hepático, com ecotextura difusamente heterogênea, à custa de áreas hipo e hiperecoicas mal definidas de permeio. Realizou-se, também, tomografia computadorizada (TC) de abdome, que evidenciou áreas hipo e hiperdensas, por vezes alcançando densidade de 40 UH, sem realce pelo meio de contraste, interessando a quase totalidade do lobo hepático esquerdo, compatível com hematoma agudo Características Morfológicas • Significado clínico: não confundir com tumores metastáticos • Únicos (pequenos ou grandes) ou múltiplos • Nódulos vinhosos, bem delimitados, subcapsulares • Vasos sanguíneos permeados por traves colagênicas Caso Clínico 2 Recém-nascido, sexo masculino, 24 dias • Trazido ao Serviço de Urgência por vómitos em jato não biliosos pós- prandiais com dois dias de evolução. Pela suspeita de estenose hipertrófica do piloro (EHP), realizou ecografia abdominal que revelou alterações ecográficas compatíveis com EHP.US à identificou-se hepatomegalia com ecoestrutura heterogénea por múltiplas formações nodulares hipoecogénicas, dispersas por todos os lobos hepáticos, tendo sido colocadas as hipóteses de hemangioma hepático infantil, metastização hepática ou outro tumor primitivo. Da avaliação destaca-se: enzimas hepáticas, provas de coagulação, função tiroideia e alfa- fetoproteína dentro dos valores de referência. A ressonância magnética abdominal revelou múltiplas formações hepáticas de dimensões variadas, hipointensas em T1 e hiperintensas em T2, com comportamento dinâmico hipervascular, compatíveis com hemangioma infantil multifocal. No 4º dia de internamento, após ecocardiograma e eletrocardiograma sem alterações, iniciou terapêutica com propranolol em dose crescente até 2,8 mg/Kg/dia, com boa tolerância. Ecografias às 8, 17 e 24 semanas de tratamento com propranolol, confirmam hemangioma hepático multifocal em regressão Adenoma Hepático ou Hepatocelular • 3° tumor benigno hepático • Neoplasia benigna de hepatócitos que surge no fígado não cirrótico – é um benigno “in situ” • Mulheres em idade fértil (entre 20 e 40 anos): Associação com estrógenos (associação com uso de anticoncepcional oral) • Homens: anabolizantes • Assintomático e acidentalmente diagnosticado devido a exames de imagem realizados para uma indicação não relacionada • Lesões sintomáticas: dor abdominal: risco de ruptura e hemorragia aumenta com o tamanho • Potencial de malignização • Fatores prognósticos • O risco de transformação maligna é maior em: o Homens o Tumores maiores o Adenoma hepatocelular - β catenina (HA- B) Etiopatogenia (1) Adenoma associado a mutações no gene HNF1α: que ocorrem em aproximadamente 35 a 40% dos adenomas, associando-se a padrão morfológico peculiar, com extensa esteatose. (2) Adenoma hepatocelular associado a mutações no gene da β- catenina: Mutações que levam a ativação da via WNT/β-catenina são vistas em a 15% dos adenomas – via mais agressiva (3) Adenoma hepatocelular inflamatório: Cerca de 50% dos adenomas são permeados por grande número de leucócitos, predominando linfócitos, além de acentuada dilatação dos sinusoides e artérias de parede espessa. Alterações na expressão de IL-6 são encontradas em aproximadamente dois terços desses casos. (4) Outros adenomas. Cerca de 10% dos adenomas hepatocelulares não exibem perfil morfológico ou molecular dos tipos anteriores Características morfológicas • Nódulo solitário, subcapsular e bem delimitado • Medindo entre 5 e 15 cm de diâmetro. • Áreas de hemorragia são frequente • Nas glicogenoses são múltiplos Adenoma hepatocelular associada a mutação TCF1/HNF1α – associado aos fatores de risco da esteatose (glicogenólise) Imuno-histoquímica revela negatividade das célulasneoplásicas para L-FABP Adenoma hepatocelular associada a mutação AR β- catenina: arquitetura pseudoacinar Hepatócitos começam a formar como se fosse um “acino” porém sem uma arquitetura definida - polimorfismo Ausência dos cordões de hepatócitos Adenoma hepatocelular inflamatório: Dilatação sinusoidal e inflamação • D e C: padrão inflamatória • A: padrão HNF1α • B: padrão β-catenina – lâmina cheia de pleomorfismo e atipia ficando mais perto de uma neoplasia maligna Neoplasias Malignas • Hepatocarcinoma • Colangiocarcinoma • Hepatoblastoma Hepatocarcinoma • Carcinoma Hepatocelular Incidência: • 5,4% de todos os cânceres • 30-40 anos- em quase 50% dos casos, o tumor aparece na ausência de cirrose. • Masculino (3:1 a 8:1) • Pacientes cirróticos (90%) Fatores de risco: • Cirrose hepática por hepatite B ou C • Cirrose por álcool ou por outras causas • Hepatite B e C – C é mais agressivo e afeta diretamente os hepatócitos o B é equivalente ao álcool em níveis epidemiológicos Obs: Hepatocarcinoma pode aparecer como uma massa sólida única ou multifocal – quanto menor e mais localizado (único) melhor para o tratamento • Em estudo recente feito no Brasil com 1.405 casos de CHC, a infecção crônica pelo VHC esteve presente em 54% dos casos, infecção pelo VHB em 16% e etilismo em 14% dos pacientes Aflatoxinas (AFs) são um grupo de toxinas fúngicas de baixo peso molecular que ameaçam a segurança alimentar mundial ao contaminar cerca de 25% das safras mundiais. Entre os AFs, a aflatoxina B1 (AFB1) é o carcinógeno mais potente presente na natureza e é produzida principalmente pelo fungo filamentoso de solo onipresente Aspergillus flavus3. AFs são agudamente tóxicos, carcinogênicos, mutagênicos, teratogênicos e imunossupressores, e são classificados como carcinógenos do grupo 1 em humanos. Dos 550.000–600.000 novos casos de câncer de fígado em todo o mundo a cada ano, estima-se que 25.200–155.000 podem ser atribuídos à exposição à FA. Devido à sua alta toxicidade e carcinogenicidade, mais de 120 países estabeleceram limites máximos de AFs em alimentos (4 ~ 30 ppb) e rações (20 ~ 300 ppb) • Esteato hepatite, Tirosinemia, hemocromatose e deficiência de α - antitripsina têm forte associação com maior risco de CHC. Doença Precursora • Displasia não encontrada (devido ao tamanho do órgão) necessariamente no interior de um macronódulo, só pode ser identificada histologicamente: 1. Displasia de grandes células: caracterizada por aumento do tamanho celular, pleomorfismo e hipercromasia nuclear, com multinucleação dos hepatócitos. A lesão é comum em fígados cirróticos, sendo polêmica a sua natureza pré- neoplásica ou paraplásica (ocorre junto de neoplasias, mas não participa diretamente do processo de transformação) 2. Displasia de Pequenas Células: que se apresenta como pequena expansão nodular não delimitada por cápsula fibrosa, constituída por hepatócitos pequenos com citoplasma escasso, também só identificada histologicamente. O fato de células muito parecidas entre si crescerem com aspecto nodular sugere proliferação de natureza clonal e, portanto, é mais provável que seja lesão pré- neoplásica. Clínica: • Dor em hipocôndrio Direito • Emagrecimento • Anorexia • Icterícia • Aumento de volume do Fígado • Metástase em linfonodos supraclaviculares Outros Achados: • Alfa fetoproteína* (> 20ng/ml)- principalmente em casos malignos • Antigeno carcinoembrionário (CEA) • Alfa 1-anKtripsina • Ferritina • Glicoproteína alfa ácida • Alfa fetoproteína: produzida pelas células hepáticas imaturas do feto, seus níveis estão elevados logo após o nascimento, diminuindo progressivamente até atingir níveis da idade adulta por volta de um ano de idade. • Os hepatócitos ao redor da massa estão em processo de inflamação também devido a uma cirrose, hepatite que é um fator de predisposição • Classificada como uma massa “exofiticas” que consegue ir para a superfície do órgão, mas geralmente é fatal antes disso ocorrer Microscopicamente: Carcinoma hepatocelular bem diferenciado apresentando distorções de estruturas normais: lâminas de hepatócitos são marcadamente alargadas e estruturas “pseudoacinares” frequentes (setas) Divisão cirúrgica: Proposta por Eggel a) Nodular, formado por nódulos solitários ou múltiplos, bem delimitados b) Maciço, com padrão que envolve um lobo hepático inteiro, ou que atinge as proporções de um lobo. O tumor não tem limites bem definidos e acompanha-se de metástases intra-hepáticas pequenas c) Difuso, representado por numerosos pequenos focos circundados por tecido fibroso e espalhados por todo o fígado, sendo difícil a sua distinção com nódulos cirróticos. A forma nodular é a mais comum (65%), seguida da maciça (23%) e da difusa (12%). Colangiocarcinoma • São adenocarcinomas que se originam dos colangiócitos que revestem os ductos biliares intra e extra-hepáticos. • O segundo tumor maligno primário • Uma neoplasia maligna da árvore biliar, ocorrendo nos ductos biliares dentro e fora do :gado. • Ele é responsável por 7,6% das mortes por câncer em todo o mundo e por 3% das mortes por câncer nos Estados Unidos Incidência: • > 50 anos • Homens / Hispânicos • Incidental • Icterícia por obstrução das vias biliares • 6 meses a 5 anos Etiopatogenia • Inflamação crônica e colestase, que presumivelmente promovem a ocorrência de mutações somáticas ou de alterações epigenéticas em colangiócitos • Infestação por vermes do fígado (particularmente as espécies Opisthorchis e Clonorchis) • Doença inflamatória crônica dos grandes ductos biliares, como a colangite esclerosante primária, hepatolitiase e doença hepática fibropolicística • Hepatites B e C e doenças hepáticas gordurosas não alcoólicas • Todos os fatores de risco para colangiocarcinomas causam colestase crônica e inflamação das vias biliares, o que provavelmente promove o aparecimento de mutações nos colangiócitos. • Alterações genéticas consistentes à mutações ativadoras nos oncogenes KRAS e BRAF e mutações de perda de função no gene supressor de tumor TP53. Alterações genéticas: • Regulação do ciclo celular; • Dano ao DNA e instabilidade genômica ( TP53 ,CDKN2A , CCND1 , ATM , ROBO2 , BRCA1 e BRAC2) • Amplificação MYC • Regulação epigenética incluindo metabolismo NADPH (IDH1 e IDH2 ) • Ubiquitinação ( BaP1 ) • SWI-SNF complexo ( PBRM1 , ARID1A , ARID1B , ARID2 , SMARCA2 , SMARCA4 e SMARCAD1) • Histona (des) metilação ( MLL2 , MML3 , KMT2C , KDM4A , KDM5D , KDM6A e KDM6B) • Sinalização de quinase ( KRAS , ERBB1–3 , BRAF , PIK3CA , PTEN , STK11 ,SMAD4 e FGFR1–3 ) • Desregulação imunológica (sinalização JAK – STAT3); • Fusões FGFR2 e PRKCA – PRKCB • Via WNT – CTNNB1 ( APC ) • Amplificações METLL13; • Sinalização Notch desregulada As lesões são divididas: • Periférico: a lesão é nodular, esbranquiçada e firme, podendo ser volumosa, por isso chamada de “tipo formador de massa”. • Centrais (tumor de Klatskin): costumam ser menores, pois causam sintomas obstrutivos mais rapidamente, e seu padrão de crescimento é tipicamente do “tipo infiltrativo periductal”. As lesões dos ductos biliares extra-hepáticos são em sua maior parte similares aos tumores centrais. • B, Glândulas malignas invasivas em um estroma reativo e esclerótico. • C, Invasão perineural por glândulas malignas, formando um padrão circular ao redor do nervo central retido. Hepatoblastoma • Tumor hepático mais comum no início da infância. • Ele raramente ocorre acima dos 3 anos de idade. • sua incidência, que está aumentando, é de um a dois em 1 milhãode nascimentos. • As causas do hepatoblastoma ainda são desconhecidas, porém segundo relatos encontrados nas pesquisas relacionam essa doença com hepatite, maus hábitos na gestação como tabagismo e uso de álcool. • O baixo peso ao nascer, em média com o peso de 654g, com tempo de gestação 23 a 29 semanas. • Síndromes Familiares (Polipose Adenomatosa Familiar, deficiência de Alfa1-antritripsina) • Tratamento para infertilidade, pré-eclâmpsia materna, fumo, metais pesados Causas de óbito: • Ruptura da massa neoplásica • Insuficiência hepática 10-20% - metástases linfáticas e hematogênicas (pulmões, cérebro, coração e ossos) Classificação e Estadiamento: • PRETEXT - grau de envolvimento anatômico e a ressecabilidade do tumor • POSTEXT - extensão da doença após a quimioterapia • Histologia • Presença de metástase • Níveis de alfafetoproteína (> 1000 ng/ml) ao diagnóstico. Característica Histológicas: • 56% - Epitelial: composto por pequenas células fetais poligonais ou células embrionárias menores formando ácinos, túbulos ou estruturas papilares que lembram vagamente o desenvolvimento hepático. o Fetal (bom prognóstico) o Embrionário o Pequenas células (prognóstico ruim) • 44% - Epitelial/Mesenquimal: componente osteóide e cartilaginoso Epitelial à composto por pequenas células fetais poligonais ou células embrionárias menores formando ácinos, túbulos ou estruturas papilares que lembram vagamente o desenvolvimento hepático Epitelial / Mesenquimal
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