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HEMORRAGIA SUBARACNÓIDEA AULA 7 – URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Hemorragia subaracnóidea (HSA) é uma emergência neurológica caracterizada pelo extravasamento de sangue para os espaços que cobrem o sistema nervoso central que são preenchidos com fluido cerebrospinal ou liquor. Os acidentes vasculares cerebrais (AVC) hemorrágicos representam 20% de todos os acidentes vasculares cerebrais. A hemorragia intraparenquimatosa representa 10% dos casos, e a HSA os outros 10%. A principal causa de HSA não traumática é a ruptura de um aneurisma intracraniano, que corresponde a 80 a 85% dos casos, e tem uma alta taxa de mortalidade. Outras causas incluem coagulopatias, malformações arteriovenosas e trombose venosa cerebral. Entre as causas não aneurismática, temos: → HSA perimesencefálica. → HSA pretruncal secundária a hematoma intramural de artéria basilar. A hemorragia subaracnóidea preenche os sulcos, foice. A hemorragia acontece entre a aracnoide e a pia mater. Diferente de uma hemorragia intracerebral ou paranqueratosa que sangra dentro do parênquima. Independente das membranas que revestem o encéfalo. No espaço subaracnóide temos a passagem dos vasos por isso que o aneurisma é uma das principais causas dessa hemorragia subaracnóidea. O aneurisma é uma saculação anormal que forma, com parede fina na artéria. Essa parede fina pode se romper – aneurisma roto e extravasa sangue para o espaço subaracnoide. O polígono de willis é onde mais acontece a aneurisma. A HSA perimesencefálica ocorre em cerca de 10 a 20% dos casos e tem um bom prognóstico, com complicações sendo incomuns. Cerca de 46% dos sobreviventes de HSA podem ter comprometimento cognitivo de longo prazo, com um efeito sobre o estado funcional e a qualidade de vida. Grande parte dos pacientes vão apresentar sequelas. A HSA também está associada com uso importante de recursos de saúde, a maioria dos quais são relacionados com hospitalização. A HSA afeta 20.000 a 35.000 pessoas a cada ano nos Estados Unidos. A incidência da doença tem se mantido estável ao longo dos últimos 30 anos e, embora isso varie de região para região, a incidência agregada mundial é de cerca de 10 a 15 casos por 100.000 pessoas-anos. O risco estimado de apresentar HSA durante a vida é de 3%, sendo 15% das vezes com lesões múltiplas, associando- se a condições como HAS, rins policísticos, coarctação da aorta, síndrome de Ehler-Danlos e Marfan. A incidência aumenta com a idade, com uma idade média na apresentação de 55 anos. O risco em mulheres é 1,6 vez maior do que em homens, e o risco para os negros é 2, 1 vezes maior do que em caucasianos. A ruptura de um aneurisma sacular é a principal causa de HSA. Os aneurismas saculares ocorrem por alterações congênitas, ou mais frequentemente por alterações adquiridas com fisiopatologia multifatorial. Estresse hemodinâmico, fluxo turbulento e inflamação fazem parte da gênese dessas lesões. Os aneurismas micóticos ocorrem por embolização séptica de vasos cerebrais. ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA São considerados fatores de risco para seu desenvolvimento o tabagismo, com risco aumentado de 2 a 7 vezes para ocorrência de HSA, com o risco aumentando conforme a intensidade do tabagismo, sendo o mais importante e evitável fator de risco para HSA. Outros fatores de risco importantes são hipertensão arterial sistêmica, etilismo, fatores genéticos, uso de drogas simpaticomiméticas, deficiência estrogênica e o uso de drogas antitrombóticas. Pacientes com histórico familiar de parentes de primeiro grau com HSA têm risco aumentado. O risco de ruptura depende do tamanho e da localização do aneurisma. ACHADOS CLÍNICOS A HSA deve ser sempre suspeitada em pacientes com uma apresentação típica, que inclui um início súbito de cefaleia grave em 97% dos casos, sendo que em 80% dos casos é descrita como a "pior dor de cabeça da vida", com náuseas (77% dos casos), vômitos, dor cervical, fotofobia e perda de consciência (aproximadamente 50% dos casos) em geral transitória. Outra manifestação possível de HSA é como morte súbita, com 10 a 15% dos pacientes falecendo antes de chegar ao hospital. São situações em que o diagnóstico deve ser considerado: → Presença de sinais meníngeos. – Sangue faz uma irritação local. Rigidez de nuca. → Alterações neurológicas focais. – Algum membro não se mexe, não sente. → Alterações do nível de consciência. → Presença de papiledema. – sangue irrita o encéfalo que incha. → Piora progressiva da cefaleia. → Início abrupto da cefaleia. → Cefaleia agravada por tosse ou manobra de Valsalva (pressão enquanto o prende a respiração com os dedos) → Cefaleia de início recente em paciente com mais de 50 anos de idade. → Cefaleia com interrupção do sono. → Presença de sintomas sugestivos de doença secundária como febre e perda de peso, entre outros. → Cefaleia em pacientes imunossuprimidos ou em uso de anticoagulantes. Uma forma típica de cefaleia nesses pacientes é a chamada thunderclap headache, que apresenta início súbito e atinge a máxima intensidade em 60 segundos. Outro evento frequente é a chamada cefaleia sentinela, que é a cefaleia que precede a ruptura do aneurisma em 1- 2 semanas, sendo descrita em até 43% das HSA. Os pacientes podem apresentar hemorragia vítrea, que é um sinal de mal prognóstico, de modo que a realização de fundoscopia é indicada em todos os pacientes com suspeita de HSA. A combinação de hemorragias vítreas e HSA caracteriza a síndrome de Terson. Esses pacientes costumam ter maior mortalidade e pior pontuação na escala de Hunt-Hess. Sinais focais são menos comuns do que na hemorragia craniana intraparenquimatosa, uma vez que o sangramento ocorre no espaço subaracnóideo e não no parênquima cerebral. Os sinais meníngeos podem demorar várias horas até o seu aparecimento e a sua ausência não pode ser utilizada para descartar o diagnóstico de HSA. Convulsões são descritas em apenas 10% dos pacientes nas primeiras 24 horas de apresentação, mas sua presença é associada a pior prognóstico. Na ausência dos sinais e sintomas clássicos, a HSA é frequentemente não diagnosticada. A frequência de erros de diagnóstico pode chegar a 40 a 50% nos pacientes que apresentam na primeira visita a um médico. EXAMES COMPLEMENTARES A tomografia de crânio sem contraste (TC) com ou sem punção liquórica é o exame essencial para o diagnóstico de HSA. A TC realizada nas primeiras 24 horas tem 92% de sensibilidade (> 95% na primeira hora). Na imagem a característica do sangue extravasado é de uma lesão hiperdensa nos sulcos e cisternas encefálicas. A TC de crânio também pode demonstrar hematomas intraparenquimatosos, hidrocefalia e edema cerebral e pode ajudar a prever o local da ruptura do aneurisma, particularmente em pacientes com aneurismas na artéria cerebral anterior ou artéria comunicante anterior. A ressonância magnética (RM) tem sensibilidade similar, mas menos validada para uso no departamento de emergência (DE). As sequências em T2 têm maior sensibilidade para o diagnóstico de HSA em fase subaguda. A sensibilidade da TC cai para 50% após 7 dias do sangramento. A punção lombar deve ser realizada em qualquer paciente com suspeita de HSA e resultados negativos ou questionáveis na TC ou RM de crânio e devem ser coletados quatro tubos para contagem de hemácias. Não há necessidade de realizar punção lombar se a TC for negativa para HSA e tiver sido realizada nas primeiras 6 horas de dor. Resultados consistentes com HSA incluem uma pressão de abertura elevada, uma contagem elevada de células vermelhas que não diminui a partir do primeiro tubo para o último tubo de hemácias, e xantocromia que costuma aparecer após 12 horas do início da cefaleia (devido à lesão de células vermelhas detectada por espectrofotometria). Exames laboratoriais complementares recomendados nessespacientes incluem função renal, eletrólitos, hemograma, coagulograma e glicemia, além de eletrocardiograma, que devem ser realizados em todos os pacientes. Em pacientes com punção lombar diagnóstica de HSA é necessário realizar o diagnóstico etiológico da HSA. O exame de escolha é a angiografia cerebral digital, que evidencia uma causa para o sangramento na maioria dos casos. Quando o exame é negativo recomenda-se repeti-lo em 4 a 14 dias, quando se identifica um aneurisma previamente oculto em cerca de 24% dos casos. Opções incluem a angiotomografia e angiorressonância magnética com a vantagem da rapidez e facilidade com que podem ser realizadas. A angiotomografia pode ser o primeiro exame, devido ao fato de ser menos invasiva, reservando a realização de angiografia cerebral para casos de angiotomografia negativa. Em todos os casos, uma avaliação cuidadosa de todos os vasos cerebrais deve ser realizada, uma vez que cerca de 15% terão múltiplos aneurismas. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL O principal diagnóstico diferencial são outras cefaleias que podem cursar com cefaleia sentinela ou cefaleia intensa. A enxaqueca forte melhora com medicamento, a cefaleia da HSA não. Essas causas incluem hemorragia intracraniana parenquimatosa (HIP), trombose venosa cerebral, hidrocefalia aguda, meningoencefalites, apoplexia pituitária e mesmo aneurismas não rotos. Os diagnósticos com os quais a HSA se confunde mais frequentemente são a enxaqueca e a cefaleia tensional. A não obtenção do estudo de imagem adequado é responsável por 73% dos casos de erros de diagnóstico, e a não execução ou interpretação errônea dos resultados de uma punção lombar representa outros 23% . Os pacientes não diagnosticados na avaliação inicial tendem a ser menos graves e ter uma propedêutica neurológica normal. No entanto, em tais casos, as complicações neurológicas podem ocorrer mais tarde, em até 50% dos pacientes, e esses pacientes têm uma associação com maior risco de morte e invalidez. TRATAMENTO Avaliação do neurocirurgião. Todos os pacientes com HSA devem ser avaliados e tratados em caráter de urgência com a manutenção da via aérea e monitorização cardiovascular. Os pacientes com escala de coma de Glasgow ≤ 8, aumento de pressão intracraniana, hipoxemia ou instabilidade hemodinâmica devem ser entubados e colocados em ventilação mecânica invasiva. Após a estabilização inicial, os pacientes devem ser transferidos para centros com experiência neurovascular de preferência com uma unida de neurológica, com cuidados de unidade de terapia intensiva (UTI). Os principais objetivos do tratamento são a prevenção de ressangramento, a prevenção e o manejo do vasoespasmo, e o tratamento de outras complicações médicas e neurológicas. A pressão arterial sistólica deve ser mantida com valores < 160 mmHg antes do tratamento do aneurisma, se necessário, por via intravenosa com agentes anti- hipertensivos, como labetalol e nicardipina. Se está sangrando dentro do cérebro, esse sangramento aumenta, empurra o cérebro e aumenta pressão intracraniana. Assim, o que acontece com o vaso que está mandando sangue para o cérebro, a pressão sistêmica não consegue mandar sangue para o cérebro, vai deixar de fundir. A pressão sistêmica não pode ser menor que a pressão intracraniana. Após o tratamento do aneurisma pode -se permitir que os níveis pressóricos se elevem para manter a pressão arterial sistólica <200mmHg. Analgesia é muitas vezes necessária, e agentes reversíveis, como narcóticos, são indicados. Em relação à glicemia, o objetivo é manter o nível de 80- 120 mg/dL, utilizando infusão contínua de insulina, se necessário. Controle de temperatura: manter a temperatura ≤37,8ºC; administrar se necessário paracetamol ou dipirona. Para profilaxia de úlcera de estresse pode ser utilizada a ranitidina (150 mg duas vezes ao dia via oral ou 50 mg IV a cada 8-12 horas) ou lansoprazol (30 mg oral diariamente). Manter níveis de hemoglobina entre 8-1 O g/ dL. Manter idealmente pressão intracraniana menor que 20 mmHg e perfusão cerebral maior que70mmHg. Manter cabeceira elevada a 30º. Uso de meias compressivas e dispositivos pneumáticos de compressão sequencial; pode-se administrar heparina (5.000 U SC três vezes por dia) após o tratamento do aneurisma. O uso de anticonvulsivantes é controverso e não recomendado de rotina. Um estudo demonstrou piores desfechos com uso de fenitoína profilática. Devido ao risco de sangramento por convulsão, muitas vezes se faz essa opção de profilaxia anticonvulsivante com o ácido valproico. Consideramos que o sangue vai irritar o SNC e usamos o Hidental – fenitoína. Deve-se manter a euvolemia (PVC entre 5-8 mm Hg); se vasoespasmo cerebral estiver presente, pode-se considerar manter o paciente em hipervolemia (PVC entre 8-12 mm Hg, ou PCP 12-16 mmHg). Deve-se tentar a ingestão oral precocemente (após avaliação da deglutição); caso seja necessário utilizar rotas alternativas, pode-se tentar alimentação enteral. Deve-se manter o paciente adequadamente sedado. Avaliar pressão intracraniana com ventriculostomia se ventrículos aumentados ou se escore da CFIN> ou =3. Manter idealmente pressão intracraniana menor do que 20 mm Hg e perfusão cerebral maior do que 70 mmHg. Ácido tranexâmico - transamim pode ser uma opção nas primeiras 72 h, em pacientes que não foram submetidos a correção do aneurisma, a fim de reduzir o risco de ressangramento precoce. Durante a internação, deve-se realizar exame neurológico sumário a cada 1 a 4 horas, como também manter aferição contínua dos sinais vitais. TRATAMENTO CIRÚRGICO DO ANEURISMA Deve-se realizar a clipagem cirúrgica ou abordagem endovascular do aneurisma o mais precocemente a fim de reduzir o risco de ressangramento. A abordagem endovascular deve ser considerada para pacientes que possam ser submetidos a ambos os procedimentos, porém a decisão deve ser multidisciplinar e baseada na experiência da equipe neurocirúrgica. HEMORRAGIAS INTRACRANINAS PARANQUIMATOSAS Os acidentes vasculares cerebrais hemorrágicos (AVCh) não traumáticos podem ser divididos em: A. HEMORRAGIAS INTRAPARENQUIMATOSAS (HIP): sangramento não traumático do parênquima cerebral. B. HEMORRAGIA SUBARACNÓIDEA (HSA): hemorragia que ocorre no espaço entre as membranas pia-máter e aracnoide. A HIP é uma emergência médica e representa de 10 a 15% de todos os AVC, afetando cerca de 65.000 pessoas/ano nos Estados Unidos. O diagnóstico rápido é crucial, porque a deterioração precoce é comum nas primeiras horas após o início do quadro. Mais de 20% dos pacientes apresentam uma diminuição na escala de coma de Glasgow (ECG) de 2 ou mais pontos entre a avaliação pré-hospitalar de emergência e a avaliação inicial no departamento de emergência (DE). Além disso, outros 15% a 23% dos pacientes continuam a apresentar deterioração dentro das primeiras horas após a chegada no hospital. ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA As duas maiores causas de HIP são a arteriopatia por hipertensão arterial e a angiopatia amiloide. A arteriopatia hipertensiva causa alterações degenerativas em pequenas artérias penetrantes, e a maior parte dessas hemorragias ocorre em regiões profundas do cérebro. A angiopatia amiloide, por sua vez, ocorre pelo acúmulo de proteínas amiloides na parede das artérias, tornando-as mais suscetíveis à ruptura. Hemorragias causadas pela angiopatia amiloide são tipicamente lobares (perto do córtex) e múltiplas, e ocorrem em pacientes com mais de 55 anos de idade. O principal fator de risco para a HIP é a HAS. Medicações antiagregantes plaquetárias e anticoagulantes também aumentam o risco de HIP espontânea. As localizações de maior ocorrência das HIPs são: → Lobos cerebrais. → Gânglios da base. → Tálamo. → Tronco cerebral (principalmente em ponte). → Cerebelo. Inicialmente, acreditava-se que a HIP era um eventomonofásico rapidamente interrompido pela formação de coágulos, sendo tamponado pelas regiões adjacentes; porém, estudos com tomografia computadorizada (TC) demonstraram que, em uma hora, 26% dos hematomas apresentam expansão, e em 45 a 50% dos casos, ocorre reexpansão. Então, tem um reesangramento, além do primeiro. Essa expansão pode se dar devido a sangramento contínuo ou ruptura mecânica de vasos adjacentes. A alta taxa de deterioração neurológica precoce após HIP está relacionada, em parte, com esse sangramento ativo, que pode prosseguir por horas após o início dos sintomas. A expansão do hematoma tende a ocorrer precocemente, aumentando o risco de desfecho funcional ruim e morte. São fatores de mau prognostico em relação a possibilidade de deterioração neurológica: → Pontuação baixa do escore de coma de Glasgow. → Grandes hematomas → Sangue no ventrículo. ACHADOS CLÍNICOS A apresentação clássica da HIP se dá com o aparecimento repentino de cefaleia e vômitos com déficits neurológicos focais com progressão em minutos. A cefaleia, entretanto, é menos frequente do que em pacientes com hemorragia subaracnóidea, com cefaleia e vômitos ocorrendo em cerca de 50% dos pacientes. Convulsões são descritas em 4 a 29% dos pacientes, usualmente nos primeiros dias de apresentação (principalmente em hemorragias lobares). As manifestações neurológicas são dependentes do local do HIP. As localizações mais frequentes são: → Putâmen (35%). → Subcorticais (30%). → Cerebelo (16%). → Tálamo (15%). → Ponte (5-12%). Em pacientes com rebaixamento do nível de consciência, a presença de vômitos, pressão arterial sistólica (PAS) > 220 mmHg, cefaleia grave, coma ou diminuição do nível de consciência, bem como a progressão dos sintomas ao longo de minutos ou horas, sugerem o diagnóstico de HIP. O rebaixamento de nível de consciência ao chegar no DE é um sinal de prognóstico ruim, mas pacientes inicialmente alertas podem, em 25% dos casos, apresentar deterioração do nível de consciência durante a evolução, que ocorre principalmente por expansão do hematoma. Geralmente, o paciente chega comatoso, com Glasgow <8. Pede pra fazer MOV, faz glicemia capilar, põe cateter. EXAMES COMPLEMENTARES Os pacientes devem ser submetidos a exames laboratoriais que incluem função renal, eletrólitos, hemograma, coagulograma e glicemia, além de eletrocardiograma, que deve ser realizado em todos os pacientes. Exames de neuroimagem são obrigatórios em todos os pacientes, podendo ser realizadas a tomografia computadorizada (TC) de crânio sem contraste ou ressonância magnética (RM) de crânio. A TC é muito sensível para a identificação de hemorragia aguda e é considerada o "padrão-ouro. Fazer sem contraste e depois com. A TC de crânio é usualmente o exame de escolha devido à sua rapidez e praticidade Hemorragia dentro do parênquima. Alguns vão ver desvio da linha média. O atendimento pré-hospitalar deve notificar o DE quando da chegada iminente de um potencial paciente com AVC para que os fluxos sejam devidamente preparados. Esse aviso prévio reduz de forma significativa o tempo para realizar a tomografia computadorizada (TC) no DE. Quando o quadro clínico é muito sugestivo deHIP secundária à hipertensão arterial, ou seja, a localização é típica e o paciente apresenta pico hipertensivo à admissão, em geral nenhum outro exame é necessário para que sua etiologia seja estabelecida. Do contrário, deve-se realizar uma angiografia digital ou, em casos selecionados, a angiografia por ressonância magnética, visando pesquisar causas mais raras de HIP, como malformações arteriovenosas. A angiorressonância magnética, a angiorressonância magnética venosa e a angiotomografia ou angiotomografia venosa podem identificar causas específicas de hemorragia, incluindo malformações arteriovenosas, tumores, síndrome Moya-Moya e trombose venosa cerebral. A angiotomografia tem sido mais estudada que a angiorressonância, e é bastante sensível e específica para a detecção de anormalidades vasculares. A realização de angiografia cerebral poderá ser considerada se a suspeita clínica de anormalidade vascular for alta ou se estudos não invasivos forem sugestivos de uma lesão. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL A HIP deve ser considerada em todos os pacientes com alteração do nível de consciência de rápida instalação ou pacientes com cefaleia intensa de instalação rápida, principalmente se associada a um déficit neurológico associado. Neoplasias intracranianas podem cursar com cefaleia e déficit neurológico associado, mas a sua instalação costuma ser mais gradual e lenta. Outro diagnóstico diferencial que deve ser lembrado são os êmbolos sépticos que podem levar a aneurismas micóticos e sepse. Tais aneurismas tendem a ser mais distais que os aneurismas cerebrais espontâneos ou aqueles causados por meningite TRATAMENTO Os pacientes com suspeita de HIP devem pronta mente realizar um exame de neuroimagem e ser monitorizados. A hipertensão grave está associada ao cresci mento do hematoma após a TC de diagnóstico e piores resultados. Isso implica que o aumento da PA pode causar maior extravasamento de sangue para o cérebro. Mais alta a PA, maior o sangramento. Mas não pode abaixar muito porque se não falta sangue. A redução da PA pode reduzir o crescimento do hematoma, mas poderia aumentar áreas de isquemia da lesão. As evidências atuais indicam que a redução intensiva precoce da PA é segura e viável, e os pacientes sobreviventes mostram melhora discreta da recuperação funcional. Desta forma, em pacientes com HIP com PAS entre 150 e 220 mmHg e sem contraindicação para tratamento pressórico, a diminuição para níveis de PAS de 140 mmHg é segura e desejável. Em indivíduos com HIP e PAS > 220 mmHg, pode ser razoável considerar a redução agressiva de PA com uma infusão intravenosa contínua de nitroprussiato e monitoramento de PA frequente. Todos os pacientes com HIP devem ser transferidos assim que possível para uma unidade de terapia intensiva (UTI) ou uma unidade específica de cuidado de acidentes vasculares cerebrais. O atendimento desses pacientes em uma unidade neurointensiva foi associado, em diversos estudos, a uma menor mortalidade, sendo, portanto, recomendado. Verificações frequentes de sinais vitais, avaliação neurológica e monitorização cardiorrespiratória contínua, incluindo um manguito de PA automatizado, eletrocardiograma com telemetria e oximetria de pulso devem ser parte do tratamento-padrão. A monitorização de pressão intra-arterial contínua deve ser considerada em pacientes que recebem medicamentos vasoativos endovenosos. A glicemia aumentada é associada com o aumento do risco de mortalidade e pior prognóstico em pacientes com HIP, independentemente da presença de diabetes melito . Um estudo randomizado mostrou melhores resultados com controle rígido da glicemia (variação de 80-110 mg/dL). A hipoglicemia deve ser evitada. A febre é comum após HIP, sobretudo em indivíduos com hemorragia intraventricular. A frequência das crises convulsivas precoces (dentro de 1 semana) após a HIP pode ser de 10 a 15%, a maioria ocorrendo em caso de hemorragia com envolvimento cortical. A maioria dos estudos sugere que os medicamentos anticonvulsivantes profiláticos estão associados ao aumento de mortalidade e disabilidade, não sendo recomendados de rotina. Em pacientes com convulsões clínicas ou alterações em eletroencefalograma compatíveis deve-se iniciar anticonvulsivantes. Em indivíduos com hipertensão intracraniana (HIC), as medidas recomendadas incluem a elevação da cabeceira do leito a 30°, o uso de sedação leve, manitol ou salina hipertônica sem elevações agudas da PIC. Na obstrução causada por hidrocefalia, a drenagem liquórica deve ser considerada. A drenagem do hematoma e a craniotomia descompressiva são opções de tratamento. Os corticosteroidesnão devem ser utilizados, pois não são eficazes em HIC e aumentam as complicações. etiologia e fisiopatologia achados clínicos exames complementares diagnóstico diferencial tratamento TRATAMENTO CIRÚRGICO DO ANEURISMA etiologia e fisiopatologia achados clínicos exames complementares diagnóstico diferencial tratamento
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