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Câncer de Mama pdf

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Câncer de Mama 
O câncer de mama é a neoplasia maligna mais frequente em mulheres. O principal método de diagnóstico 
precoce da doença é a mamografia. De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o exame deve ser 
feito anualmente por todas as mulheres, dos 40 aos 69 anos. A partir dessa idade, a indicação é individualizada 
conforme as condições de saúde da mulher. 
Fatores de Risco 
- Mutações Hereditárias: para esses indivíduos o risco é de mais de 90%. 
- Parentes em primeiro grau com CA de mama; 
- Raça/etnia: mulheres brancas. 
- Idade: O risco aumenta progressivamente ao longo da vida, especialmente após a menopausa, atingindo um máximo 
em torno dos 80 anos de idade; 
- Idade da menarca: a menarca em mulheres com idade ↓ aos 11 anos aumenta o risco em 20% quando compara às 
mulheres com menarca ↑ dos 14. 
- Menopausa tardia; 
- Idade do primeiro filho: uma gravidez a termo antes dos 20 anos diminui pela metade o risco quando comparada 
com mulheres nulíparas ou que têm mais de 35 anos quando deram à luz a primeira vez. 
- Doença mamária benigna; 
- Exposição estrogênica: O hormônio estrógeno age atingindo a divisão celular pela excitação dos receptores de 
estrogênio (ER) situados na mama. As células que estão em processo de divisão, estão mais propensas a falhas 
genéticas durante o período de replicação do DNA, e as mutações geradas, podem levar ao desenvolvimento de um 
tumor futuramente; 
- Densidade mamária: mulheres com mamas muito densas na mamografia tem 4-6X mais chances de desenvolver 
câncer de mama. 
- Exposição à radiação; 
- Carcinoma de mama contralateral ou de endométrio; 
- Consumo de álcool alto ou moderado aumenta o risco; 
- Obesidade; 
- Tóxicos ambientais. 
Prevenção 
 A prevenção consiste em modificar os fatores de risco ambientais e de estilo de vida que promovem o câncer, 
reduzindo a mortalidade. Estima-se que cerca de 50% dos cânceres são evitáveis. 
 - Prática regular de atividade física e a amamentação: Quanto maior o tempo que a mulher amamentar, maior a 
redução do risco. A lactação suprime a ovulação e pode desencadear diferenciações terminais das células luminais; 
 - Ingesta de frutas e verduras, peixe e azeite de oliva; 
 - Deve-se evitar alimentos com alto índice glicêmico e limitar o uso de açúcar. 
 
Etiologia 
Como em outras neoplasias, o CA de mama é uma proliferação clonal que se origina de células com várias 
mutações genéticas, que são adquiridas por influência de exposições hormonais ou genes suscetíveis herdados. 
 Câncer de Mama Hereditário: Em alguns casos, o câncer de mama mostra um traço autossômico dominante, 
conferido pela hereditariedade de uma cópia anormal de um gene supressor tumoral. Nessas instâncias, uma única 
mutação esporádica no alelo normal remanescente é o necessário para a perda completa da função supressora 
tumoral, que parece ser o desencadeador inicial da mutação nessas formas de câncer de mama. 
Os genes mais importantes e de maior suscetibilidade envolvidos com o câncer de mama familiar conhecidos 
(BRCA1, BRCA, TP53 e CHEK2) são genes supressores tumorais que participam normalmente no processo de reparo do 
DNA e na manutenção da integridade genômica. É provável que a perda completa de função dessas proteínas crie um 
fenótipo “mutante”, aumentando a propensão de acumular lesões genéticas que aceleram o desenvolvimento da 
neoplasia. 
A ligação com o câncer de mama não está explícita, porém uma possibilidade de alternativa é que as células 
epiteliais da mama (e dos ovários) possam estar particularmente propensas a sofrerem um tipo de lesão no DNA que 
necessite de reparo pelo BRCA1 e BRCA2. 
 Câncer de Mama Esporádico: Interação de fatores de risco. 
 
Fisiopatologia 
 Carcinogênese: 
A formação tumoral, mais conhecido como carcinogênese, caracteriza-se por alterações genéticas adquiridas 
ou herdadas pela ação de agentes químicos, ambientais, hormonais, virais ou radioativos, denominados carcinógenos, 
além de envolver alguns estágios de evolução. 
Dentre os estágio, estão: iniciação, nesse estágio as células sofrem efeitos dos carcinógenos que alteram 
alguns de seus genes; promoção, onde as células já alteradas sofrem efeito dos agentes cancerígenos, conhecidos 
como oncopromotores. Nesse processo a célula é transformada em maligna, de forma 22 lenta e progressiva; já no 
estágio de progressão, conhecido como último estágio, há uma multiplicação descontrolada e irreversível dessas 
células alteradas. 
As células alteradas formam clones e iniciam a proliferação, ignorando os sinais do organismo de regulação do 
crescimento próximo à célula, adquirindo assim características invasivas, infiltrando-se nos tecidos vizinhos e tendo 
acesso a vasos sanguíneos e linfáticos, onde são transportadas a outras regiões distante no corpo, esse fenômeno 
denomina-se metástase. 
 Carcinoma mamário 
Os carcinomas da mama são tumores malignos, geralmente adenocarcinomas originados nas células epiteliais 
dos ductos lactíferos nos lóbulos das glândulas mamárias. As células cancerosas metastáticas que entram num vaso 
linfático geralmente atravessam dois ou três grupos de linfonodos antes de entrarem no sistema venoso. 
 O câncer de mama costuma se disseminar pelos vasos linfáticos (metástases linfogênicas) que levam células 
cancerosas da mama para os linfonodos, sobretudo para os situados na axila. As células alojam-se nos linfonodos 
produzindo focos de células tumorais (metástases). Comunicações abundantes entre as vias linfáticas e entre os 
linfonodos axilares, cervicais e paraesternais também podem causar metástases da mama para o linfonodos 
supraclaviculares, a mama oposta ou o abdome. Como a maior parte da drenagem linfática da mama se faz para os 
linfonodos axilares, eles são o local mais comum de metástases de um câncer de mama. O aumento desses linfonodos 
palpáveis sugere o câncer de mama e pode ser fundamental para a detecção precoce. 
 O câncer também se dissemina por contiguidade (invasão de tecido adjascente). Quando as células do câncer 
de mama invadem o espaço retromamário, se fixam ou invadem a fáscia peitoral sobre o músculo peitoral maior, ou 
metastatizam para os linfonodos interpeitorais, a mama se eleva quando o músculo se contrai. 
 
Quadro clínico 
O câncer de mama na fase inicial é normalmente assintomático, onde acaba dificultando seu diagnóstico 
precocemente. Um dos sinais mais comuns notado pelas pacientes é a presença de um nódulo, de consistência dura, 
havendo também a possibilidade de um espessamento, incômodos e secreção hemorrágica através do mamilo, onde 
está provavelmente ligada a uma lesão maligna. 
Em pacientes com casos mais avançados, pode ocorrer da paciente sentir dor, e essa característica está quase 
sempre ligada a alterações benignas. A diminuição da aureola e do mamilo, está relativamente associada a tumores 
maiores. No câncer de mama em estado avançado pode ocorrer a dilatação dos poros, o que gera o aspecto de “casca 
de laranja”. 
Diagnóstico 
 Auto-exame: é caracterizado pela alto apalpação na região mamaria. A execução deve ser realizada uma vez 
ao mês durante a segunda semana após o ciclo menstrual. É importante ressaltar, que sua execução fora do período 
indicado, pode gerar falsas impressões. 
 Mamografia: A mamografia tem sido utilizada com muito êxito, para rastreamento e busca precoce do ca de 
mama. É a mais importante técnica para captação de imagens mamária. É um exame radiológico que é capaz de 
detectar precocemente o câncer de mama. Ela é capaz de apresentar lesões milimétricas ainda em fase inicial, ou seja, 
as conhecidas lesões pré-clínicas onde são capazes de terem melhor resposta ao tratamento e de cura. Além disso, ela 
é uma das técnicas mais confiáveis para a detecção do ca de mama. Sua realização é feita através do pressionamento 
das mamas, no qual são feitas duas incidências de cada mama, crânio-caudal e médio-lateral obliqua. Ultrassonografia: é uma técnica diagnóstica utilizada como auxilio a mamografia em casos de alterações no 
resultado clínico ou em situações especiais como primeira escolha, como mulheres jovens, lactação, inflamação nas 
mamas e gravidez. Quando existem alterações mamográficas, a ultrassonografia contribui não só nas identificações 
de lesões em mulheres com mamas densas, mas também na coleta de biópsias. 
 Biópsias: para o diagnóstico inicial são utilizados pelos patologistas a biópsia por agulha grossa e a punção 
biópsia aspirativa. Tais técnicas possuem vantagens e limitações, porém a biópsia por agulha grossa, mais conhecida 
como core biopsy, tem sido cada vez mais optada como procedimento padronizado para diagnóstico inicial da 
neoplasia mamária, pois, mesmo sendo um procedimento invasivo e pouco agressivo, permite analise histopatológica 
do tumor. O oposto da punção por agulha fina, que permite somente a análise citopatológica do material coletado. 
 
Tratamento 
Para o tratamento do câncer, existem algumas principais formas, são elas: cirurgia, quimioterapia, radioterapia 
e hormonioterapia. O método escolhido para o tratamento varia de acordo com o estágio da doença, em diversos 
casos é necessário a combinação dos métodos, variando de acordo a sensibilidade do tumor a cada modalidade 
terapêutica. 
 Cirurgia 
- Tumorectomia: Consiste na ressecção total do tumor, sem a preocupação de se estabelecer margem de 
segurança. 
- Setorectomia ou segmentectomia: remoção de todo o tumor com margens livres, sem ressecção de pele. 
- Quadrantectomia: consiste na retirada do quadrante mamário, no qual se localiza o tumor com margens de 
segurança, juntamente com boa parte de pele e da fáscia muscular. 
O tipo de incisão varia de acordo com a localização do tumor. Nos quadrantes superiores, as incisões são 
curvilíneas e concêntricas à aréola. Nas regiões medial e lateral, utilizam-se as incisões radiais, assim como nos 
quadrantes inferiores, para preservar a distância entre o mamilo e o sulco inframamário. Para os tumores localizados 
no quadrante superoexterno, opta-se pela quadrantectomia com incisão radial única, para a abordagem da mama e 
da axila, com a retirada de todo o quadrante Mamário. 
- Mastectomia: O princípio da mastectomia é a retirada de todo o conteúdo mamário. Tipos: 
 a) Halsted: retirada da mama, dos músculos peitorais e o esvaziamento completo da axila. 
 b) Radical modificada: retirada total da mama e o esvaziamento axilar; 
 c) Patey: pode preservar o músculo peitoral maior; 
 d) Madden: preservar os músculos peitorais. 
As complicações mais frequentes são necrose de pele, infecção, seromas e hematomas. No caso de 
preservação do complexo areolomamilar, há o risco de sua necrose parcial ou total. 
- Linfadenectomia axilar: foi tradicionalmente parte do tratamento, mesmo em estágios iniciais, como modo 
de estadiamento e controle locorregional da doença. Em razão da distorção da anatomia da região axilar, efeitos 
indesejados como linfedema, lesão de nervos, disfunção de ombro e consequências importantes na qualidade de vida 
das pacientes são frequentes. 
O conceito de linfonodo sentinela baseia-se na drenagem linfática do sítio tumoral. O primeiro linfonodo a 
receber a drenagem proveniente da lesão seria preditor do acometimento dos subsequentes. A drenagem linfática da 
mama é ordenada, portanto, a distribuição linfática de células metastáticas e de metástases nodais não é evento 
aleatório, mas altamente estruturado de maneira sequencial e baseada na anatomia e na fisiologia do sistema linfático. 
A biopsia do linfonodo sentinela (BLS) é o método de estadiamento axilar atual, indicado para pacientes com 
tumor mamário invasor, sem evidências clínicas de metástase axilar. 
As sequelas sensitivas estão associadas à lesão principalmente do nervo intercostobraquial. A axila, as regiões 
proximal e interna do braço e superomedial da mama são comumente referidas com formigamento, dormência e 
alteração na sensibilidade. Cordões fibrosos podem se formar na região axilar e proximal do braço, gerando dor e 
limitação de movimento do membro superior. A lesão de pequenas veias e vasos linfáticos durante o ato cirúrgico é a 
provável etiologia. Essa é condição autolimitada e benigna. 
 
 
 
 Quimioterapia 
Tem como intenção eliminar as células malignas que formam o tumor. Ela age de maneira sistêmica, na qual 
os medicamentos agem indiscriminadamente nas células do paciente, sejam elas normais ou cancerosas, além de 
produzir efeitos adversos bastante desagradáveis e comprometedores. 
A quimioterapia é considerada um processo adjuvante a cirurgia onde a finalidade é diminuir o risco de retorno 
e metastização pertinentes a presença de células residuais e minúsculas metástases que não seja possível detecção. 
Algumas mulheres definem a fase de quimioterapia como a mais difícil, até mesmo do que a retirada da mama. 
Diversos efeitos secundários podem surgir devido a quimioterapia, são eles: náuseas, vómitos, diarreia, dificuldade de 
deglutição, cefaleias, confusão mental, alopécia e hiperpigmentação, entre outros. 
A quimioterapia é um tratamento realizado por diversas vias, onde se utilizam medicamentos denominados 
quimioterápicos ou antineoplásicos, administrados de acordo com o esquema terapêutico com intervalos regulares. 
Quimioterapia designada a: 
- Quimioterapia prévia, citorredutora ou neoadjuvante: indicada para a redução de tumores regionalmente 
avançados, que são tumores considerados irressecáveis ou não. Sua principal finalidade é que os tumores se tornem 
ressecáveis ou que haja um melhoramento clínico do paciente. 
- Quimioterapia profilática ou adjuvante.: esse tratamento é indicado após a realização cirúrgica, ou seja, 
quando o paciente faz a retirada do tumor e não haja mais evidencias de neoplasia maligna encontradas por exames 
físicos e complementares. 
- Quimioterapia curativa: tem como principal objetivo curar pacientes com neoplasias malignas, no qual 
representa o principal tratamento, podendo ou não estar ligada a outros tratamentos, como radioterapia e cirurgia. 
- Quimioterapia para controle de doença: indicado para o tratamento de tumores avançados, 
reaparecimento de tumores, tumores sólidos ou neoplasia hematopoéticas de desenvolvimento crônico. Consente 
longa sobrevida, porém sem probabilidade de cura. 
- Quimioterapia paliativa: indicado para disfarçar os sinais e sintomas que danificam a capacidade funcional 
do paciente, porém não repercute, em sua sobrevida. Caracterizado por ser de duração limitada e incurabilidade do 
tumor, que passa a evoluir devido o tratamento aplicado. 
 Radioterapia 
É um tratamento indolor efetuado através de ondas de radiação ionizantes em células tumorais, danificando 
assim a estrutura do DNA da célula e por seguinte, interferindo o crescimento de metástases. Os efeitos da radiação 
pode conter ou curar o câncer pela inibição da divisão e reprodução celular. Ela causa efeitos colaterais, podendo 
serem classificados em efeitos colaterais imediatos e tardios. 
Os efeitos considerados imediatos são notados nos tecidos que demonstram grande capacidade proliferativa, 
como a epiderme, as gônodas, as mucosas dos tratos digestivos, urinário e genital, além da medula óssea. Esse tipo 
de reação só ocorre se a área estiverem incluídos no campo de irradiação. Já os efeitos tardios são considerados raros 
e acontecem quando as doses de aplicação são ultrapassadas da quantidade tolerada, manifestando-se por atrofias e 
fibroses. 
A radioterapia segue três distintos objetivos: a cura do câncer, quando o intuito é eliminar o tumor; ser 
paliativo, na diminuição de dores, sangramentos e desconfortos; e ser adjuvante, quando a intenção é eliminar células 
tumorais que provavelmente leve a um futuro retorno da doença. O tempo de radioterapia, depende exclusivamente 
do tipo de câncer a ser tratado, seu estágioe o principal objetivo terapêutico. A radioterapia pode ser utilizada agindo 
para destruir células residuais na parede torácica ou na mama após o procedimento cirúrgico ou para diminuir o 
volume tumoral antes da cirurgia. 
 Hormonioterapia 
Existem diversos hormônios que induzem o crescimento tumoral, entre eles estão: o estrógenio, a prolactina, 
a progesterona, os andrógenos e até os hormônios tireoidianos estão envolvidos na carcinogênese mamária. A 
hormonioterapia tem como principal objetivo evitar que células malignas prossigam recebendo hormônio que 
estimula o seu crescimento. Sendo assim, através desse tratamento almeja-se alterar os níveis de hormônios femininos 
produzidos pelo organismo, ou evitar que os mesmos atuem e facilitem o progresso das células cancerígenas. A 
escolha desse tratamento tem por finalidade, sobretudo, elevar o intervalo livre da doença e a sobrevivência global, 
sendo aplicada como terapia adjuvante ou como terapia paliativa em caso de doenças em estado avançado. 
Atenção fisioterapêutica 
 Pré-operatório 
O programa fisioterapêutico deve ter início na fase pré-operatória, objetivando conhecer as alterações 
preexistentes e identificar os fatores que podem contribuir para o aparecimento das complicações decorrentes da 
cirurgia. A avaliação pré-operatória é de fundamental importância, pois oferecerá ao fisioterapeuta parâmetros para 
o acompanhamento no pós-operatório, ajudando na elaboração de um prognóstico de recuperação, na 
conscientização da paciente sobre a importância dos procedimentos fisioterapêuticos no pós-operatório e dos 
cuidados que ela deverá ter com o membro superior ipsilateral à cirurgia. 
A prevenção primária do linfedema deve ser iniciada com o diagnóstico do câncer de mama e a definição do 
tratamento oncológico. O fisioterapeuta deve promover orientações domiciliares de autocuidado com o membro 
superior ipsilateral à cirurgia, como fazer o uso de repelentes contra picadas de insetos, manter a pele hidratada, evitar 
a mensuração da pressão arterial, traumas, queimaduras e punção nesse membro, bem como estimular a paciente a 
manter hábitos de vida saudáveis. 
 Pós-operatório imediato 
A reavaliação no pós-operatório imediato, preferencialmente, ocorre no primeiro mês após a cirurgia e deve 
ser programada antes do início do tratamento adjuvante. É uma oportunidade para a educação contínua da paciente 
sobre a prevenção de complicações relacionadas com o tratamento do câncer de mama, bem como para orientações 
sobre os exercícios e comportamentos de promoção da saúde. 
 As complicações mais comuns no pós-operatório imediato incluem problemas na ferida operatória, como 
abscesso, celulite, deiscência, necrose de retalho, hematoma e seroma. É necessário cuidado adequado para evitar 
atraso na cicatrização da ferida operatória, que pode aumentar o risco de morbidade em longo prazo, adiar 
indevidamente as terapias adjuvantes (sistêmica e de radiação) e retardar a reabilitação. 
As intervenções preconizadas para pacientes submetidas à cirurgia de câncer de mama constituem-se de 
orientações quanto aos cuidados na execução das atividades cotidianas, exercícios e terapias de apoio. Nessa etapa 
do tratamento fisioterapêutico, geralmente segue-se um protocolo incluindo reeducação respiratória, mobilização 
ativo-assistida e ativa de membros superiores, manobras manuais específicas para prevenção de aderências, 
deambulação precoce com orientação postural, posicionamento do membro superior ipsilateral à cirurgia em 30° de 
flexão e abdução do ombro, exercícios circulatórios, controle de dor com o uso da eletroestimulação nervosa 
transcutânea (TENS), estímulo às atividades diárias e orientação quanto à realização de movimentos ativos de 
membros superiores, considerando amplitude de 90° até a retirada dos pontos. 
No que compete ao início precoce dos exercícios de mobilização do ombro, preconizaram que seja respeitada 
a amplitude de 90° de membro superior no pós-operatório, até a retirada dos pontos, para evitar complicações como 
deiscências e seromas. Os exercícios de membros superiores devem ser iniciados precocemente, de maneira lenta, 
sem resistência e com poucas repetições, com benefícios para o fluxo linfático por meio da contração muscular. 
Não há risco maior de linfedema ao se iniciarem exercícios de mobilização do ombro logo após a cirurgia em 
comparação com início tardio (6 dias após a cirurgia). Além disso, os exercícios de resistência progressiva não 
aumentam o risco de desenvolver linfedema, desde que os sintomas sejam monitorados e adequadamente tratados 
se ocorrerem. Contudo, os autores sugerem que, dado o grau de heterogeneidade encontrado nos estudos incluídos, 
os resultados dessa revisão devem ser interpretados com cautela. 
 Pós-operatório tardio (enfermaria) 
Nosso protocolo, nessa fase, abrange alongamentos da musculatura cervical, escapular e dos membros 
superiores em associação a exercícios para ganho de amplitude de movimento e treinamento supervisionado de força 
muscular. Exercícios ativo-assistidos e ativos para o membro afetado devem ser realizados com objetivo de ganho de 
adm, a qual é de suma importância para o início da radioterapia, uma vez que o interessante é que a paciente tenha 
pelo menos 90° de flexão e abdução de ombro para o seu correto posicionamento diante dos equipamentos 
radioterapêuticos. 
Após o ganho de amplitude, iniciamos um trabalho com exercícios resistidos para membros superiores, tronco 
e abdome para a melhora do desempenho muscular e diminuição da fadiga. O treinamento de força muscular com 
exercícios resistidos, prescrito isoladamente ou em combinação com o treinamento aeróbico, é seguro e benéfico para 
as mulheres em recuperação de cirurgia de câncer de mama. 
No pós-operatório, é realizada também uma reeducação postural com os objetivos de restaurar a imagem 
corporal e restabelecer as atividades funcionais na vida diária da paciente. As mulheres que tiveram câncer de mama 
devem ser incentivadas a realizar atividades físicas, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida e a função 
cardiorrespiratória, e reduzir a fadiga. O exercício melhora o estresse psicológico, o sono e atenua a perda de 
densidade óssea secundária à menopausa. 
Nos casos de mastectomia, devemos orientar a utilização de uma prótese externa caso a paciente não esteja 
disposta a fazer a reconstrução da mama. A prótese ajudará a reduzir compensações posturais e melhorar a 
autoimagem. 
 
Principais Complicações Pós-Cirúrgicas 
 Linfedema 
O linfedema pode ser definido como inchaço crônico resultante da deficiência da drenagem do sistema 
linfático, com acúmulo anormal de fluido rico em proteínas no espaço intersticial. Pode resultar em desconfortos, 
dores, aumento do risco de infecções, diminuição da adm, alterações sensoriais, problemas com a imagem corporal, 
podendo interferir na aceitabilidade social. É geralmente observado pelo aumento do volume do membro em 
comparação com o lado contralateral. 
O linfedema ocasiona diminuição importante na qualidade de vida das pacientes, levando a um decréscimo 
da atividade física, abandono das atividades de lazer, diminuição da capacidade laboral, frustração, depressão e 
ansiedade. 
O aparecimento de edema na mama após a cirurgia pode ser causado pelo trauma da manipulação cirúrgica 
e pela imobilidade antálgica da paciente. Geralmente, esse edema regride com o posicionamento do membro e com 
os exercícios orientados no pós-operatório. O linfedema pode surgir no período pós-operatório imediato ou em uma 
fase mais tardia após a cirurgia. 
Os fatores de risco associados à instalação de linfedema ainda não são bem-definidos, mas acredita-se que 
haja interação com o tratamento, a doença e também o paciente, entre os quais podemos citar: a extensão da 
dissecção axilar, a radioterapia na axila e na fossa supraclavicular, o estadiamento avançado no momento do 
diagnóstico,o índice de massa corpórea maior que 30kg/m2, a hipertensão, a restrição do movimento de membro 
superior ou seu uso excessivo, a história de infecções e a idade avançada. O linfedema, contudo, pode aparecer sem 
que haja nenhum desses fatores envolvidos. Nesses casos, supõe-se que a paciente já apresente algum grau de 
hipoplasia ou displasia linfática que não havia se manifestado, e a cirurgia pode ter sido o fator responsável pela 
instalação. 
A fisiopatologia progressiva é a mesma. A extremidade pós-cirurgia tem insuficiência relativa ao fluxo linfático. 
Apesar de haver rápida abertura de anastomoses linfáticas e canais colaterais para restaurar centralmente a drenagem 
linfática, em algumas situações isso não é suficiente para suprir a deficiência. O bloqueio linfático cria incompetência 
valvular maior, a qual resulta em menor capacidade de transportar a linfa proveniente da extremidade. 
Consequentemente, as moléculas proteicas intersticiais permanecem nos tecidos, aumentando a pressão osmótica do 
coloide tecidual e promovendo o acúmulo adicional de líquido. O volume do membro, quando não tratado, aumenta 
progressivamente, assim como aumenta a frequência de complicações como linfangites e erisipelas, condições que 
sobrecarregam ainda mais o sistema linfático e que comprometem o membro superior. 
Os principais tratamentos são a fisioterapia complexa descongestiva, a compressão pneumática intermitente, 
o laser de baixa potência e a bandagem elástica funcional. 
 Lesão Nervosa 
As lesões nervosas têm sido menos frequentes em razão da biopsia do linfonodo sentinela, que, ao predizer o 
estadiamento dos linfonodos axilares, evita que, em axila negativa, seja realizada a linfadenectomia. Entretanto, na 
prática clínica, ainda se encontram lesões do nervo intercostobraquial e, com menor frequência, do torácico longo. 
Essas lesões decorrem da dissecção axilar e ocasionam alteração temporária ou definitiva. 
O nervo intercostobraquial é sensorial e proveniente de T2. Inerva a pele, região medial e posterossuperior do 
braço e axila. Quando lesionado, pode desencadear anestesia ou hipoestesia dessa região, podendo ocorrer 
hiperestesia em alguns casos. A fisioterapia pode auxiliar na dessensibilização da área afetada, com uso de texturas 
diferentes e, quando necessário, utilizar recursos analgésicos, como compressas frias e TENS. 
Já o nervo torácico longo, originário do ramo anterior de C5-C7, é motor e inerva o músculo serrátil anterior. 
Esse músculo é importante para o funcionamento normal do ombro. Suas fibras têm como funções a estabilização da 
escápula nos estágios iniciais da abdução e a protração da escápula, e suas fibras inferiores são rotadores primários 
da escápula durante a abdução. Quando lesionado, pode causar fraqueza ou paralisia do músculo serrátil anterior e 
provocar deformidade do tipo escápula alada. Nessa condição, a escápula tende a se deslocar para trás, dando o 
aspecto de asa. 
Existem poucos estudos na literatura sobre a proposta fisioterapêutica para pacientes portadores de escápula 
alada no pós-operatório do câncer de mama, porém a cinesioterapia é sugerida como recurso importante na 
reabilitação desses indivíduos. Esta deve se iniciar de modo lento e suave, com alongamentos, especialmente dos 
músculos antagonistas (peitorais e romboides), e fortalecimento dos músculos trapézio e deltoide, que ajudam na 
estabilização escapular. Não existe consenso na literatura sobre a utilização de órteses para manter a escápula 
nivelada com a parede torácica quando o ombro está flexionado nos pacientes portadores de escápula alada. 
Entretanto, a utilização de bandagens elásticas sobre a escápula tem sido sugerida por favorecer o alinhamento 
escapular e promover maior harmonização nas articulações e músculos vizinho. 
 Seroma 
Define-se seroma como uma coleção de líquido no tecido subcutâneo. É mais frequente quando há dissecção 
cirúrgica extensa, resultando em descolamento maior de tecido e espaço morto potencial, o qual poderá receber linfa 
e sangue provenientes da lesão de pequenos vasos sanguíneos e linfáticos. 
A ocorrência de seroma pode estar relacionada com vários fatores, entre eles alto peso corporal, idade 
avançada (mais de 70 anos), necrose das bordas da pele, retardo na cura da ferida, extensão da cirurgia e irradiação. 
Há evidências de que a técnica de biopsia do linfonodo sentinela reduz a formação de seroma. 
Na maioria dos casos o tratamento é ambulatorial, por meio de punções realizadas pelo médico. O que 
podemos orientar é a limitação da amplitude de ombro a 90o até a retirada dos pontos. O uso da compressão sobre a 
área de flutuação e a drenagem linfática a distância são medidas para as quais, apesar de serem adotadas por alguns 
profissionais, não há comprovações científicas sobre seus efeitos. 
 Dor 
Existem vários mecanismos de patogenicidade relacionados à dor no pós-operatório de câncer de mama, 
como os danos nervosos associados à técnica cirúrgica, que podem causar neuralgias do intercostobraquial, neuroma 
doloroso ou dor fantasma. A dor pode ainda estar associada à terapia adjuvante, como quimioterapia e radioterapia, 
e também ser frequente em razão do trauma pela manipulação cirúrgica e de espasmos musculares na região cervical. 
É desejável o uso de intervenções múltiplas que possibilitem resposta analgésica melhor, interferindo 
simultaneamente na diminuição da geração do impulso nociceptivo, alterando os processos de transmissão e de 
interpretação do fenômeno doloroso e estimulando o sistema supressor da dor. O controle da dor é mais efetivo 
quando envolve intervenções que atuem nos diversos componentes dolorosos, compreendendo medidas de ordem 
educacional, física, emocional e comportamental, as quais podem ser ensinadas às pacientes e aos cuidadores. Entre 
as opções, podemos utilizar TENS, compressas frias, massagens, dessensibilizações, além de orientar exercícios para 
membros superiores e atividade física. 
 Disfunção do ombro 
A disfunção do ombro relacionada com a cirurgia de câncer de mama pode incluir uma ou mais deficiências. 
As mais comuns são: redução da amplitude de movimento do ombro, perda de força muscular e dor. Após a cirurgia 
podem ocorrer, como resultado de defesa muscular, dor e espasmo em toda a região cervical. Além disso, os músculos 
elevadores da escápula, redondo maior, redondo menor e infraespinhoso podem estar sensíveis à palpação, 
restringindo a movimentação ativa do ombro. Estudo sobre a morbidade do ombro após o tratamento do câncer de 
mama revelou que os músculos trapézio superior e romboides têm maior perda de atividade eletromiográfica e estão 
associados aos maiores escores de dor. 
A limitação pós-radioterapia pode ser causada pela fibrose subcutânea com fixação na musculatura inferior. 
A radioterapia, em alguns casos, pode ser responsável pelo aparecimento de teleangiectasias, úlcera de pele, necrose 
óssea, fibrose da área irradiada e do plexo braquial. Desse modo, são comuns alterações sensoriais e motoras, 
comprometendo a amplitude de movimento ipsilateral à cirurgia. A limitação de qualquer movimento provoca não só 
diminuição da força, mas também possíveis aderências, retrações da pele e dos planos tissulares mais profundos. A 
proposta fisioterapêutica está baseada em analgesia local, exercícios ativos e ativo-assistidos para ganho de amplitude 
de movimento, reeducação postural e técnicas de relaxamento muscular. 
Fonte: BARACHO. 
CARDOSO, 2018.

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