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2019 ProPostas Pedagógicas em artes Profª. Adriana Beatriz Pacher Raach Copyright © UNIASSELVI 2019 Elaboração: Profª. Adriana Beatriz Pacher Raach Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: R111p Raach, Adriana Beatriz Pacher Propostas pedagógicas em artes. / Adriana Beatriz Pacher Raach. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 222 p.; il. ISBN 978-85-515-0266-2 1.Artes – Estudo e ensino - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 371.9 III aPresentação Olá, acadêmico! É com grande prazer que desejo boas-vindas e me apresento como autora desta disciplina. Formada em Artes Plásticas, com pós-graduação em História da Arte, Mídias na Educação e Mestrado em Educação. Como professora conteudista, apresentamos este livro com teorias e práticas importantes para serem estudadas e desenvolvidas em sala de aula. Como professora atuante na disciplina de Arte, nossa prática diária é lecionar arte para alunos desde a educação infantil até o ensino médio, com isso desenvolvendo aulas teórico-práticas sempre embasadas numa teoria, fazendo referência à abordagem triangular de Barbosa, que será apresentada neste livro de estudos. A disciplina PROPOSTAS PEDAGÓGICAS EM ARTES trata de diversas proposições pedagógicas em artes visuais e tem como principais objetivos trazer reflexões sobre as ações didático-pedagógicas atuais, com abordagens teóricas e práticas, a fim de ampliar as experiências educacionais na formação do docente de Artes. Também estudar as diferentes concepções de arte e da sua relação com o ensino para criar ambientes de aprendizagem a partir de projetos que contemplam propostas pedagógicas embasadas na criação/produção; percepção/análise; conhecimento e contextualização conceitual-histórico-cultural da produção artístico-estético da humanidade. Assim, caro acadêmico, ao final desta disciplina, é preciso que tenha conhecimento sobre as abordagens teóricas e práticas do ensino de artes; ter conhecido as propostas pedagógicas atuais em artes; saber compreender os modos de aprender dos educandos; entender o processo criativo; ter conhecido os projetos de ensino de arte; conhecer o processo de criação das diversas ferramentas que são utilizadas nas aulas de artes; estudar os materiais visuais e as visualidades da escola; entender os espaços e práticas de criação, de percepções, de identidades, de subjetividades e de reflexão crítica; explorar outras áreas da Arte, outras linguagens artísticas desenvolvendo assim, a transversalidade; e aprender práticas metodológicas voltadas para a Educação Básica. Para isso, acadêmico, é preciso fazer as leituras e atividades propostas e aproveitar as leituras complementares para auxiliar em sua prática diária de sala de aula. Organize seu tempo, faça sua agenda semanal para aproveitar ao máximo esta disciplina. Se precisar de ajuda ou mesmo dúvidas, fale com seu IV tutor. Temos muitas inquietações que se manifestam no cotidiano das aulas, nas leituras e atividades, mas estamos aqui para proporcionar subsídios de leituras e atividades que possam ajudar você, que são adaptadas sempre ao espaço escolar e a sua realidade de ensino e aprendizagem. Assim, o livro de estudos está dividido em três unidades, com seus tópicos e subtópicos que abordam as propostas pedagógicas em Arte, que são direcionadas para a sala de aula. Na primeira unidade será apresentado o conhecimento artístico através dos conceitos referentes à contextualização, fruição e produção, subdivididos em dois tópicos. O primeiro tópico descreve a teoria e a prática do ensino de artes, conhecendo as abordagens teóricas e práticas, as linguagens da arte e os campos conceituais a partir da abordagem triangular de Barbosa, a contextualização, fruição e produção. O segundo tópico apresenta experiências educacionais na formação do docente em Arte, trazendo os modos de aprender dos educandos através de uma reflexão crítica. Na segunda unidade, você, acadêmico, encontra os projetos no ensino de Arte, descritos em três tópicos. O primeiro se refere aos projetos de ensino, os projetos na escola, os projetos artísticos em ação. No segundo tópico, encontramos as experiências práticas na elaboração de projetos de pesquisa em educação sobre a própria experienciação na prática artística, os espaços de práticas artísticas com sugestões de atividades, além da transversalidade do conhecimento. No terceiro tópico, você estudará o processo criativo, os espaços de práticas artísticas através da subjetividade. Na terceira unidade, veremos as propostas pedagógicas em Artes, desenvolvidas em três tópicos. No primeiro, as propostas pedagógicas atuais em arte para serem desenvolvidas na educação básica, desde a educação infantil até o ensino médio, com propostas pedagógicas inclusivas e sobre a metodologia de ensino e aprendizagem. No segundo tópico, você conhecerá as propostas sobre a cultura visual. No terceiro tópico, encontra-se o processo de criação das ferramentas e materiais utilizados nas aulas de artes. Lembramos que todas as unidades apresentam resumos dos tópicos e autoatividades para serem desenvolvidas, sugestões em UNIs, além de leituras complementares. Desejamos a você, acadêmico, bons estudos, boas leituras, para que surjam novas ideias e muita criação para as práticas em sala de aula! Prof. Ma. Adriana Beatriz Pacher Raach V Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA VI VII UNIDADE 1 – CONHECIMENTO ARTÍSTICO COMO CONTEXTUALIZAÇÃO, FRUIÇÃO E PRODUÇÃO .........................................................................................1 TÓPICO 1 – TEORIA E PRÁTICA NO ENSINO DE ARTES .......................................................3 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................3 2 CONHECENDO AS ABORDAGENS TEÓRICAS E PRÁTICAS DO ENSINO DE ARTES ...........................................................................................................................4 3 AS LINGUAGENS DA ARTE ..........................................................................................................14 3.1 A LINGUAGEM DAS ARTES VISUAIS .....................................................................................18 3.2 A LINGUAGEM DAS ARTESCÊNICAS (TEATRO E DANÇA) ............................................30 3.3 A LINGUAGEM DA MÚSICA ....................................................................................................31 4 CAMPOS CONCEITUAIS DA ARTE .............................................................................................33 4.1 LEITURA DE IMAGEM (FRUIÇÃO/ANÁLISE).......................................................................37 4.2 CONTEXTUALIZAÇÃO .............................................................................................................40 4.3 FAZER ARTÍSTICO (CRIAÇÃO/ PRODUÇÃO) .......................................................................42 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................44 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................45 TÓPICO 2 – EXPERIÊNCIAS EDUCACIONAIS NA FORMAÇÃO DO DOCENTE EM ARTES ..................................................................................................47 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................47 2 MODOS DE APRENDER DOS EDUCANDOS ...........................................................................48 3 APRENDENDO A APRENDER .......................................................................................................54 4 REFLEXÃO CRÍTICA .........................................................................................................................58 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................62 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................66 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................67 UNIDADE 2 – PRÁTICAS DE CRIAÇÃO NOS PROJETOS DE ENSINO DE ARTE .............69 TÓPICO 1 – PROJETOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM ........................................................71 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................71 2 PROJETOS NA ESCOLA ..................................................................................................................72 3 PROJETOS ARTÍSTICOS .................................................................................................................81 4 PROJETOS EM AÇÃO .......................................................................................................................86 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................92 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................93 TÓPICO 2 – EXPERIÊNCIAS NA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE ARTES ......................95 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................95 2 EXPERIENCIAÇÃO NA PRÁTICA ARTÍSTICA .........................................................................95 3 SUGESTÕES DE ATIVIDADES PRÁTICAS ................................................................................99 4 TRANSVERSALIDADE DO CONHECIMENTO .......................................................................112 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................120 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................121 sumário VIII TÓPICO 3 – ESPAÇOS DE PRÁTICAS ARTÍSTICAS QUE RESULTAM NO PROCESSO CRIATIVO E SUBJETIVO .....................................................................123 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................123 2 ESPAÇOS DE PRÁTICAS ARTÍSTICAS .......................................................................................123 3 PROCESSO CRIATIVO .....................................................................................................................126 4 PROCESSO DE SUBJETIVIDADE .................................................................................................133 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................137 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................142 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................143 UNIDADE 3 – PROPOSTAS PEDAGÓGICAS EM ARTES .........................................................145 TÓPICO 1 – PROPOSTAS PEDAGÓGICAS ATUAIS EM ARTES .............................................147 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................147 2 PROPOSTAS PEDAGÓGICAS DE ARTES NA EDUCAÇÃO BÁSICA ................................147 3 PROPOSTAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS .............................................................................178 4 METODOLOGIA DE ENSINO E APRENDIZAGEM EM ARTE .............................................182 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................188 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................189 TÓPICO 2 – CULTURA VISUAL E PROPOSTAS PEDAGÓGICAS ..........................................191 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................191 2 CONHECENDO AS IMAGENS .....................................................................................................191 3 PROCESSOS CULTURAIS ..............................................................................................................195 4 RECURSOS REFERENTES À CULTURA VISUAL .....................................................................199 5 CONHECENDO PROPOSTAS PEDAGÓGICAS QUE ENVOLVEM A CULTURA VISUAL ...........................................................................................................................200 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................203 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................204 TÓPICO 3 – PROCESSO DE CRIAÇÃO DAS FERRAMENTAS E MATERIAIS UTILIZADOS NAS AULAS DE ARTES ....................................................................205 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................205 2 CONHECENDO AS FERRAMENTAS E MATERIAIS VISUAIS ............................................205 3 PRODUZINDO FERRAMENTAS E MATERIAIS VISUAIS .....................................................210 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................215 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................217 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................218REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................219 1 UNIDADE 1 CONHECIMENTO ARTÍSTICO COMO CONTEXTUALIZAÇÃO, FRUIÇÃO E PRODUÇÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir dos estudos desta unidade, você será capaz de: • conhecer as abordagens teóricas e práticas do ensino de Artes; • refletir sobre as diversas linguagens da Arte; • compreender sobre os campos conceituais da Arte: produção, fruição e contextualização; • identificar os modos de aprender dos educandos; • refletir sobre a formação do docente em Artes através da reflexão crítica. Esta unidade de estudos será apresentada em dois tópicos. Em cada um deles, você encontrará, ao final dos tópicos, um resumo e autoatividades para auxiliá-lo na compreensão dos conteúdos estudados. TÓPICO 1 – TEORIA E PRÁTICA DO ENSINO DE ARTES TÓPICO 2 – EXPERIÊNCIAS EDUCACIONAIS NA FORMAÇÃO DO DOCENTE EM ARTES 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 TEORIA E PRÁTICA NO ENSINO DE ARTES 1 INTRODUÇÃO Estamos iniciando a disciplina chamada Propostas Pedagógicas em Artes. Assim, caros acadêmicos, precisamos conversar sobre a teoria e a prática do ensino de Artes e o conhecimento artístico nos campos conceituais da contextualização, fruição e produção artística. Lembramos que o ensino de artes se tornou disciplina obrigatória no currículo escolar nos diversos níveis de ensino desde a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) n° 9.394, de dezembro de 1996, referenciando sobre a formação específica nas diversas linguagens da arte (visual, cênica e musical). Os professores têm o desafio de atender aos currículos propostos nas escolas, mas não serem polivalentes, cada um com sua formação específica irá trazer a arte para dentro da sala de aula. Assim, a formação em artes acontece pela pesquisa, pelo ensino, por estudos diários. A aprendizagem acontece pelas indagações, pela busca do novo. Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino, continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade (FREIRE, 1996, p. 32). Assim, o ensino de arte, através da teoria e da prática, da pesquisa intermitente, vem aprimorar as diversas habilidades, competências e conhecimentos. Como professores, precisamos planejar e organizar as propostas pedagógicas relacionadas ao ensino de artes. O processo deve ser significativo, trazendo sentido ao que está sendo desenvolvido e criado em sala de aula. É necessário desenvolver práticas de ensino de artes em uma perspectiva que contemple a Proposta Triangular de Ana Mae Barbosa, que envolva a produção artística, a fruição e a contextualização. Neste primeiro tópico dedicaremos nossos estudos às abordagens teóricas e práticas do ensino de artes, ajudando você, acadêmico, em suas reflexões e pesquisas, pois não há ensino sem pesquisa, como Freire já nos falava. UNIDADE 1 | CONHECIMENTO ARTÍSTICO COMO CONTEXTUALIZAÇÃO, FRUIÇÃO E PRODUÇÃO 4 2 CONHECENDO AS ABORDAGENS TEÓRICAS E PRÁTICAS DO ENSINO DE ARTES As aulas de artes desenvolvidas nas escolas nos remetem aos bons momentos da realização do fazer artístico, quando os alunos demonstram gosto pelas atividades que realizam, pelas produções feitas na sala de aula. Segundo Barbosa (2010, p. 27), “se a arte não fosse importante não existiria desde os tempos das cavernas, resistindo a todas as tentativas de menosprezo”. São as propostas de práticas artísticas que se tornam destaque em sala de aula, resultando em muitas produções artístico-visuais. Para isso, vale lembrar de enfatizar com os alunos o embasamento teórico da atividade que é proposta, por exemplo, referenciando uma obra de arte, relatando, muitas vezes, a vida de um artista, de um período histórico, ou obras produzidas, fazendo relações ao momento atual em que vivemos. Para Bell (2008, p. 6): Os seres humanos contam histórias e fabricam objetos que fascinam os olhos. Por vezes suas histórias dizem respeito a esses objetos. Esse tipo de narrativa, a história da arte, é habitualmente motivado pelo desejo de uma pessoa de imaginar como seria viver numa outra época e de refletir sobre o que outras mãos fizeram. Além disso, os historiadores da arte por vezes tentam explicar por que os objetos são feitos de diferentes maneiras, segundo a época e o lugar. Assim, estamos diante de muitos objetos, muitas imagens visuais em nosso cotidiano que trazem diversas interpretações de mundo, que nos fazem associar com nossa realidade, criando sentidos e maneiras de pensar, nos concedendo uma imaginação criadora. Tudo relacionando com eixos de aprendizagem. Barbosa (2010, p. 33) fala o seguinte: “Quando falo de conhecer arte, falo de um conhecimento que nas artes visuais se organiza inter-relacionando o fazer artístico, a apreciação da arte e a história da arte”. Contudo, o ensino da arte não ocorre de maneira isolada, é todo um conjunto de ações e aprendizagens que transcorrem entre alunos e professores, todos aprendem e ensinam, trocam ideias, como podemos ver na pintura de Chardin, a seguir, um afeto entre aprendiz e educador. Há um cuidado no ato de ensinar, e a imagem a seguir, faz refletir em um ensino solitário. O professor apenas ensina e transmite o conhecimento. Contudo, atualmente, o ensino acontece de maneira coletiva, com muitos alunos em sala de aula e o professor se torna mediador nas propostas pedagógicas. TÓPICO 1 | TEORIA E PRÁTICA NO ENSINO DE ARTES 5 FIGURA 1 – OBRA: A JOVEM PROFESSORA, C. 1736/7, ÓLEO SOBRE TELA, 62 X 66 CM, JEAN- BAPTISTE SIMEÓN CHARDIN, NATIONAL GALLERY, LONDRES FONTE: <https://meilycass.wordpress.com/2011/09/10/video-aula-1-as-revolucoes- educacionais/a-jovem-professora-chardin/>. Acesso em: 26 maio 2018. DICAS Caro acadêmico! Acesse e explore este site do Arte na escola, aproveite as dicas de leitura! Vamos lá! Lembre-se de que como professores precisamos estar sempre atualizados, pesquisando, estudando, divulgando e mostrando as criações artísticas desenvolvidas nas aulas de artes. FONTE: <http://artenaescola.org.br/sala-de-leitura/>. Acesso em: 12 dez. 2018. Nas escolas, o ensino de arte é apresentado em diferentes métodos e sistemas. As aulas acontecem em grupos de alunos que, dependendo da faixa etária, tem-se um número máximo por turma, por exemplo, uma turma de 1º ano do ensino médio terá até 40 alunos na sala de aula. Pensando nisso, as atividades de artes podem ser desenvolvidas de diversas maneiras, como atividades individuais e atividades coletivas. Portanto, as atividades que atualmente se encontram no ensino de arte se mostram muito variadas e acontecem por meio de abordagens teóricas ou apenas práticas, dependendo da formação do professor, das suas experiências e da sua realidade escolar, como podemos perceber a seguir: UNIDADE 1 | CONHECIMENTO ARTÍSTICO COMO CONTEXTUALIZAÇÃO, FRUIÇÃO E PRODUÇÃO 6 • As atividades consideradas como propostas de arte de temáticas livres, os chamados “desenhos livres” são feitos por meio de desenhos e pinturas em folhas de tamanho A4 ou A3. • As apresentações teatrais realizadas na escola acontecem relacionadas a um tema didático, por exemplo, teatros especialmente criados para homenagens ao dia das mães ou dia dos pais. • Professores trazendo desenhos prontos, impressos ou mimeografados apenas para serem pintados. • Também encontramos atividades de pesquisa sobre a vida e obra de artistas ou de períodos da história da arte. • Encontramos releituras de obras de artistas famosos por meio das linguagens da arte. • A criação de murais, na maioria das vezes, é feita referente às datas comemorativas e não de um conteúdo desenvolvido em aula. • As músicas que são inseridas nas aulas,como cantos para rotina, por exemplo, são cantadas na hora do lanche. Lembrando que a linguagem da música já está inserida nas escolas. Assim, o professor de artes visuais apenas se apropria de alguns conceitos das outras linguagens artísticas e desenvolve nas suas aulas. Pensando mais sobre o ensino de arte, as abordagens teóricas e práticas precisam ser desenvolvidas com fundamento teórico/prático, sem esquecer-se de falar da importância da arte fora dos muros escolares, como é o caso da cultura visual que está em nosso cotidiano, em nosso dia a dia, nas ruas, nos parques etc. A arte é importante na escola, principalmente porque é importante fora dela. Por ser um conhecimento construído pelo homem através dos tempos, a arte é um patrimônio cultural da humanidade, e todo ser humano tem direito ao acesso a esse saber (MARTINS; PICOSQUE; GUERRA, 2010, p. 12). Assim, cada atividade proposta em sala de aula precisa ter objetivo, trazendo sua teoria, seu conteúdo. Apenas realizar uma prática sem embasamento acaba esvaziando a importância da arte no contexto escolar. Para Barbosa (2010, p. 33), “o conhecimento em artes se dá na interseção da experimentação, da decodificação e da informação”. É preciso deixar a arte passar de mera atividade para uma disciplina que apresente objetivos, conteúdos, metodologias e avaliação, através de ações que tragam vivências práticas. É necessário que o professor de artes traga a teoria e a prática com reflexão e ação, pois entende-se que os dois princípios de formação profissional precisam caminhar juntos para desenvolver a criação, a percepção, o imaginário, a intuição e demais conhecimentos sensíveis e inteligíveis. É importante ressaltar que o ensino de artes tem sua relevância no currículo escolar, como todas as outras disciplinas curriculares, sendo que não está em menor nível. Os professores precisam: TÓPICO 1 | TEORIA E PRÁTICA NO ENSINO DE ARTES 7 [...] em primeiro lugar, de sólidos conhecimentos teóricos acerca das teorias da Arte Educação, e de um modo de pensar acerca da Arte que possa ajudá-los a definir as atividades artísticas na escola e a Arte na sociedade moderna, sua função e praticalidade (BARBOSA, 1975, p. 94). Lembramos que murais e enfeites podem ser feitos com fundamento teórico, ou seja, trabalhando com os alunos conteúdos, obras de artistas, contextualizando-as. O fazer artístico é apresentado em forma de uma exposição ou em um mural, por exemplo. DICAS Livro: A reflexão e a prática no ensino – Artes (2013). Este livro foi organizado por Dália Rosenthal e Maria Christina de Souza Lima Rizzi. É uma coleção que tem várias disciplinas, em que o volume 9 apresenta Artes. O livro orienta com práticas para o professor e, trazendo para o ensino fundamental, teorias e práticas, numa linguagem simples e direcionando dicas para o trabalho em sala de aula. No caso, as abordagens teóricas e práticas nas aulas de arte devem caminhar juntas, trazendo significado e relacionando ao cotidiano, fazendo com que os estudantes reflitam, pensem sobre suas criações e exposições. Segundo Raach (2016, p. 29): Evidenciamos a necessidade de ressignificar as práticas pedagógicas a fim de propormos uma educação que abra espaços para a comunicação, a curiosidade e a criatividade, para que os sujeitos possam fazer das suas construções, também reconstruções. Os alunos, sujeitos ativos, curiosos, precisam de espaço para suas criações, construções artísticas e o professor precisa dispor de práticas que contemplem a produção, fruição e contextualização. Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a teoria e a prática no ensino de arte demonstram que: Na prática das salas de aula, observa-se que os eixos do produzir e do apreciar já estão de alguma maneira contemplados, mesmo que o professor o faça de maneira intuitiva e assistemática. Entretanto, a produção e a apreciação ganham níveis consideravelmente mais avançados de articulação na aprendizagem dos alunos quando estão complementadas pela contextualização (BRASIL, 1997, p. 50). UNIDADE 1 | CONHECIMENTO ARTÍSTICO COMO CONTEXTUALIZAÇÃO, FRUIÇÃO E PRODUÇÃO 8 O professor de arte tem acesso aos conteúdos e, assim, pode fazer escolhas de conceitos e atividades essenciais para a aula e para determinada turma. A teoria e a prática podem transformar e trazer resultados, podendo contribuir para um processo de aprendizagem mais significativo. Assim, Barbosa (1978, p. 15) diz que “o ensino artístico no Brasil só agora, e muito lentamente, se vem libertando do acirrado preconceito com a qual a cultura brasileira o cercou durante quase 150 anos que sucederam à implantação”. É preciso mostrar o ensino de arte com propriedade, com fundamentação teórica, trazendo seu significado, sua importância para a sala de aula, não apenas o fazer por fazer uma atividade. DICAS Acadêmico! Para que aprofunde seus conhecimentos sobre teoria e prática, recomendamos este livro para leitura: O livro Teoria e prática do ensino de Arte foi produzido pelas autoras Mirian Celeste Martins, Gisa Picosque e Maria Terezinha Telles Guerra, em 2010. O livro contém 208 páginas que percorrem nas linguagens da arte, trazendo obras de artistas e produções próprias que enfatizam a teoria e prática no ensino de Arte. Segundo Iavelberg (2003, p. 10), “aprender arte envolve a ação em distintos eixos de aprendizagem: fazer, apreciar e refletir sobre a produção social e histórica da arte, contextualizando os objetos artísticos e seus conteúdos”. Nesse sentido, surge a abordagem triangular de Barbosa (1998), nas palavras do fazer artístico, leitura de imagem e contextualização, sem estarem em uma ordem linear, mas que sugerem como prática em sala de aula, relacionando com a teoria. São campos conceituais que nos ajudam a desenvolver nossas propostas pedagógicas em sala de aula. TÓPICO 1 | TEORIA E PRÁTICA NO ENSINO DE ARTES 9 DICAS DICAS Caro acadêmico! Segue mais uma dica de espaço de pesquisa virtual. Estão disponíveis os períodos históricos da arte, leituras de imagens, dicas de filmes, entre outros conteúdos. Aproveite! Explore este espaço virtual. FONTE: <https://www.historiadasartes. com/>. Acesso em: 23 nov. 2018. É preciso muita pesquisa, muita leitura, estudos teóricos para uma prática embasada, não deixando acontecer o fazer artístico de maneira livre, sem mediação. Como sugestão leia este livro que traz o conceito do que é Arte para um aprofundamento teórico. O que é arte, de Jorge Coli O livro foi escrito por Jorge Coli, em 1995, e editado pela Editora Brasiliense e apresenta a pergunta o que é arte fazendo relações com obras renomadas de todos os tempos, instigando sobre o que é e o que não é arte. Vale a pena conferir! Continuando a conversa sobre teoria e prática em sala de aula, veremos a seguir algumas sugestões e explanações sobre situações de aprendizagem que, por vezes, acontecem no cotidiano escolar. Segundo Raach (2016, p. 30): Faz-se necessária a socialização em espaços de compartilhamento de informações, contextualizando esses conhecimentos com o cotidiano, rompendo as fronteiras entre escola e sociedade, fazendo conexões com o mundo. Você já deve ter ouvido falar sobre atividades de releitura, revisitação ou até reprodução de obras de arte desenvolvidas em sala de aula. Com isso, vale lembrar do cuidado com a atividade, para que não seja solicitado aos alunos para “copiarem” a obra de arte e sim instigá-los a pensar sobre a obra, com perguntas UNIDADE 1 | CONHECIMENTO ARTÍSTICO COMO CONTEXTUALIZAÇÃO, FRUIÇÃO E PRODUÇÃO 10 como: o que poderia ser de outra maneira na imagem, talvez outro cenário? Sobre a época que foi pintada ou criada, como seria esta obra nos dias de hoje? Discutir com os alunos sobre a imagem, suas características, fazendo novas leituras, novas interpretações. Assim, é possível criar uma nova composição artística, uma releitura da obra apresentada de maneira contextualizada. Podemos utilizar comoexemplo uma atividade desenvolvida de maneira contextualizada em sala de aula. Os alunos de uma turma de anos iniciais do ensino fundamental e outra do ensino médio conheceram a obra “Natureza-morta com maçãs e laranjas” (1895-1900) do artista francês Paul Cézanne, uma pintura em óleo sobre tela com dimensões de 74x93 cm. O artista Cézanne, ao pintar suas naturezas-mortas, estudava os detalhes dos objetos que iria desenhar e pintar. FIGURA 2 – NATUREZA MORTA COM MAÇÃS E LARANJAS, DE PAUL CÉZANNE. 1895-1900, OST, 74 X 93CM FONTE: <http://artenarede.com.br/blog/wp-content/uploads/2014/08/Macas-e-laranjas- Cezanne.png>. Acesso em: 1 nov. 2018. A obra “Natureza morta com maçãs e laranjas”, do artista Paul Cézanne, foi apresentada em uma atividade de gincana, quando os alunos do ensino médio tinham o desafio de montar o quebra-cabeça da obra. Depois de montado, tinham que utilizar seus celulares para pesquisa e realizar a busca da imagem na internet, verificando qual foi o artista que pintou, explicando a vida e a obra como atividade de gincana escolar. TÓPICO 1 | TEORIA E PRÁTICA NO ENSINO DE ARTES 11 FIGURA 3 – MONTANDO QUEBRA-CABEÇA DA OBRA “NATUREZA MORTA COM MAÇÃS E LARANJAS” DO ARTISTA PAUL CÉZANNE FONTE: Acervo pessoal da autora. (2018) FONTE: Acervo pessoal da autora. (2018) Outra atividade que foi desenvolvida com o ensino fundamental nos anos iniciais apresentava a obra através da leitura de imagem, conversando com a turma de alunos sobre a vida do artista e características da obra. Os alunos realizaram a dobradura de papel no formato que lembrasse uma maçã. FIGURA 4 – RELEITURA COLETIVA DA OBRA NATUREZA-MORTA COM MAÇÃS E LARANJAS (1895-1900) DO ARTISTA PAUL CÉZANNE UNIDADE 1 | CONHECIMENTO ARTÍSTICO COMO CONTEXTUALIZAÇÃO, FRUIÇÃO E PRODUÇÃO 12 Na figura, percebemos relações com a obra original. Os alunos seguiram os passos da construção de uma dobradura em que a forma lembrasse uma maçã, a fruta que mais aparece na obra de arte estudada. Assim, cada aluno criou suas maçãs imaginárias, usando tipos de linhas, cores e formas. Estas maçãs não poderiam existir para comprar. Todas as maçãs criadas através da dobradura foram mostradas na composição coletiva, um painel único com a participação dos alunos, compondo assim uma releitura da obra analisada. Barbosa (2010, p. 20) relata que “nossa ideia de leitura da imagem é construir uma metalinguagem da imagem. Não é falar sobre uma pintura, mas falar a pintura num outro discurso, às vezes silencioso, algumas vezes gráfico, e verbal somente na sua visibilidade primária”. Assim, atividades contemplam a leitura de imagem utilizando materiais simples do cotidiano, como criações com materiais recicláveis, por exemplo, utilizando rolinhos de papel higiênico ou pratos de papelão. Vejamos, a seguir, alguns exemplos de atividades que mostram criações feitas com determinados materiais. FIGURA 5 – SILHUETAS PINTADAS EM PRATOS DE PAPELÃO FONTE: Acervo pessoal da autora. (2018) Para a criação foi usada uma silhueta (apenas contorno de uma imagem recortada), prato de papelão e uma esponja, fazendo esponjado com a tinta guache. O uso do prato de papelão mostrou um ótimo resultado, e a tinta guache aderiu muito bem. Lembramos que o material é de fácil acesso. Em realidades mais distantes podem até usar pedaços de papelão, como retirar partes de uma caixa, por exemplo. TÓPICO 1 | TEORIA E PRÁTICA NO ENSINO DE ARTES 13 FONTE: Acervo pessoal da autora. (2018) Na figura a seguir, as crianças construíram pássaros com rolinhos de papel higiênico. A atividade foi desenvolvida através da observação e contextualização das pinturas do artista brasileiro Aldemir Martins, analisando a obra pássaro e outros animais que o artista pintou usando as cores primárias. FIGURA 6 – PÁSSARO COM ROLINHOS DE PAPEL HIGIÊNICO Na atividade do pássaro, o próprio corpo do animal foi construído com um rolinho de papel higiênico. Os alunos da educação infantil montaram seu próprio pássaro com partes já pré-desenhadas, depois pintaram, recortaram e montaram seu trabalho, assim, o pássaro criado pode ser um brinquedo ou até um móbile. Os alunos precisam de oportunidades de contato com outros materiais em sala de aula, variando as atividades de arte, não apenas só o uso dos lápis de cores e dos papéis. Segundo Raach (2016, p. 31), “os sujeitos reconstroem o conhecimento, os professores têm o desafio de reconstruir as práticas pedagógicas”. Para Barbosa (2010, p. 20): Nossa concepção de história da arte não é linear, mas pretende contextualizar a obra de arte no tempo e explorar suas circunstâncias em lugar de estarmos preocupados em mostrar a chamada “evolução” das formas artísticas através do tempo. Pretendemos mostrar que a arte não está isolada de nosso cotidiano, de nossa história pessoal. A partir das abordagens teóricas e práticas trazidas pelo professor em sala de aula, são nas produções artísticas que os alunos têm possibilidade de escolhas, tanto de cores, materiais, e assim, testar tudo isto, ter ideias e muitas vezes, até mudando a ideia inicial pensada. São momentos de experimentações quando aos poucos os alunos descobrem seus próprios gostos e estilos de criações, criando seu próprio percurso artístico. Tudo isso remete ao aluno o contato com as diferentes linguagens da arte que estudaremos a seguir. UNIDADE 1 | CONHECIMENTO ARTÍSTICO COMO CONTEXTUALIZAÇÃO, FRUIÇÃO E PRODUÇÃO 14 3 AS LINGUAGENS DA ARTE A disciplina de arte é subdividida em áreas de conhecimento. As diferentes áreas estão subdivididas em: artes visuais, artes cênicas (teatro), dança e música. Agora, caro acadêmico, veremos um pouco de cada linguagem artística com sugestões de atividades, mas em especial iremos observar estratégias pedagógicas nas artes visuais. Assim, “são as linguagens da arte que fazem vivenciar na vida e na sala de aula a emoção, a sensibilidade, o pensamento, a criação, seja através de nossa própria produção, seja através das obras dos mais diversos autores e artistas” (MARTINS; PICOSQUE; GUERRA, 2010, p. 9). Contudo, o que seria a linguagem? Para Martins, Picosque e Guerra (2010, p. 32), “pode-se dizer que linguagem é um sistema simbólico e toda linguagem é um sistema de signos”. A linguagem é uma representação do mundo, refletindo a nossa realidade. Por exemplo, a palavra casa. Temos sobre determinado objeto a própria casa, desenhos de casas, fotografias de casas, maquetes de casas. São signos ou símbolos da palavra casa. “Arte é uma forma de criação de linguagens – a linguagem visual, a linguagem musical, a linguagem do teatro, a linguagem da dança e a linguagem cinematográfica, entre outras” (MARTINS; PICOSQUE; GUERRA, 2010, p. 35). Temos muitas linguagens que se cruzam nas linguagens artísticas, que se articulam, que se transformam. “Toda linguagem artística é um modo singular de o homem refletir– reflexão/reflexo – seu estar no mundo. Quando o homem trabalha nessa linguagem, seu coração e sua mente atuam juntos em poética intimidade (MARTINS; PICOSQUE; GUERRA, 2010, p. 35). E o que você, caro acadêmico, entende das linguagens artísticas? Reflita um pouco! ATENCAO Pense sobre a pergunta “O que são linguagens artísticas?” e converse com seus colegas sobre a questão. Anote em seu caderno as suas reflexões e compartilhe-as. Pensando mais nas linguagens artísticas, iniciamos com a fala de Barbosa (2010, p. 4), que diz que a “arte não é enfeite. Arte é cognição”. Assim, a arte apresenta-se em seus diversos espaços e tempos, através das diversas linguagens que propõem novos diálogos, novas poéticas. TÓPICO 1 | TEORIA E PRÁTICA NO ENSINO DE ARTES 15 A linguagem da arte nos permite ver o mundo mostrando-o de modo condensado e sintético, extrapolando o que é previsível e o que é conhecido. É no modo de pensamento do fazer da linguagem da arte que a intuição, a percepção, o sentimento/pensamento e o conhecimento se condensam. Nessa construção, o artista percebe, relê e repropõeo mundo, a vida e a própria arte, produzindo imagens únicas, inconfundíveis e insubstituíveis, imagens poéticas (MARTINS; PICOSQUE; GUERRA, 2010, p. 39). Na imagem a seguir, podemos perceber a materialidade de maneira diferente, as poéticas possíveis, fazendo referência à linguagem das artes visuais. FIGURA 7 – MARIO CEROLI: CHINA (1966). MADEIRA PERFILADA. 10X10M. ROMA. PROPRIEDADE DO AUTOR FONTE: Argan (1992, p. 585) A arte surge a partir da criação humana. Os primeiros registros foram feitos nas paredes de cavernas, considerada como arte rupestre. Assim, a arte comunica- se pela estética, pelo visual, trazendo emoções e sensações ao espectador, como na pintura, na escultura, no teatro e na dança. Criar arte é uma necessidade do ser humano, muitas vezes também é o reflexo de uma situação social, registrando e mostrando algo histórico ou cultural ocorrido em uma determinada sociedade/época. A Arte está presente no cotidiano da vida infantil. Ao rabiscar e desenhar no chão, na areia e nos muros, ao utilizar materiais encontrados ao acaso (gravetos, pedras, carvão), ao pintar os objetos e até mesmo seu próprio corpo, a criança pode utilizar-se das linguagens da arte para expressar experiências sensíveis (BRASIL, 1998a, p. 85). Portanto, a arte está presente no cotidiano do ser humano. No início, a arte era apenas imitação da realidade, mas com o passar do tempo, surgiram os diversos períodos artísticos que influenciaram nas produções do ser humano. As produções apresentaram transformações com o passar do tempo que continuam até os dias de hoje, como podemos ver na pintura a seguir, considerada arte contemporânea. UNIDADE 1 | CONHECIMENTO ARTÍSTICO COMO CONTEXTUALIZAÇÃO, FRUIÇÃO E PRODUÇÃO 16 FIGURA 8 – ARTISTA BEATRIZ MILHAZES: PINTURA, 1997. ACRÍLICA SOBRE TELA, 179.50 CM X 300.00 CM. ACERVO BANCO ITAÚ (SÃO PAULO, SP) FONTE: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra36295/menino-pescando>. Acesso em: 25 jun. 2018. Como sugestão, a atividade referente à pintura da artista Beatriz Milhazes é uma pintura de flores diversas com tintas e pincel sobre pratos de papelão, fazendo relações com tipos de flores, cores, formas e linhas. Temos o resultado tanto para o figurativo quanto para o abstrato, como podemos observar na imagem a seguir. FIGURA 9 – FLORES PINTADAS COM TINTAS NO PRATO DE PAPELÃO A PARTIR DAS OBRAS DA ARTISTA BEATRIZ MILHAZES FONTE: Acervo pessoal da autora. (2018) TÓPICO 1 | TEORIA E PRÁTICA NO ENSINO DE ARTES 17 Arte contemporânea: O que é? Diversos estudos mostram que em 1960 iniciam- se os movimentos artísticos chamados pop art e minimalismo, criações artísticas diversas, rompendo com a arte moderna. As barreiras se rompem, não são apenas pinturas ou esculturas, mas articulam diversas linguagens, que se cruzam, como a dança, música, pintura, teatro, escultura etc., desafiando os padrões de arte tradicionais, surgindo a arte contemporânea. Você encontra mais informações no link a seguir: FONTE <http://enciclopedia.itaucultural. org.br/termo354/arte-contemporanea>. Acesso em: 23 nov. 2018. Também fica como sugestão um vídeo do Youtube chamado Arte Contemporânea – Isso é arte? FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=c7WAbSnINuQ>. Acesso em: 23 nov. 2018. IMPORTANT E No entanto, para Martins, Picosque e Guerra (2010, p. 47): Na linguagem da arte, há criação, construção, invenção. O ser humano, por meio dela, forma, transforma a matéria oferecida pelo mundo da natureza e da cultura em algo significativo. Atribui significados a sons, gestos, cores, com uma intenção, num exercício que mais parece um jogo de armar, um quebra-cabeça no qual se busca a forma justa. Vários caminhos são percorridos, várias soluções são experimentadas, num processo de ir e vir, um fazer/construir lúdico/estético. Os vários caminhos da criação, experimentação, dos processos de construir e desconstruir são vistos nas obras da artista Lygia Clark, como no exemplo da imagem a seguir. FIGURA 10 – OBRA “SÉRIE BICHOS” DA ARTISTA LYGIA CLARK (1960) FONTE: <https://www.historiadasartes.com/prazer-em-conhecer/lygia-clark/>. Acesso em: 25 maio 2018. UNIDADE 1 | CONHECIMENTO ARTÍSTICO COMO CONTEXTUALIZAÇÃO, FRUIÇÃO E PRODUÇÃO 18 A obra de Lygia Clark traz o novo conceito, uma arte participativa, que dialoga. O processo de experimentação pode ser apreciado, manipulado pelo espectador, surgindo novas criações/composições. DICAS Como sugestão, é possível encontrar mais sobre a trajetória da artista Lygia Clark no seguinte material: FONTE: <http://artenaescola.org.br/uploads/dvdteca/pdf/arq_ pdf_51.pdf>. Acesso em: 23 nov. 2018. Seguindo as leituras, veremos mais sobre as particularidades das linguagens das artes visuais, das artes cênicas (teatro), dança e da música. 3.1 A LINGUAGEM DAS ARTES VISUAIS Vamos iniciar um diálogo pela linguagem das artes visuais, também conhecidas como Artes Plásticas. Você, acadêmico, irá se identificar com algumas práticas já desenvolvidas e outras servem de inspiração para que em sua trajetória como educador possa explorar e adaptar para cada realidade de escola e alunos. Segundo Martins, Picosque e Guerra (2010, p. 51): A criação artística desvela em imagens – sonoras, visuais, cênicas – o nosso modo singular de captar e poetizar a realidade. Cada um de nós, combinando percepção, imaginação, repertório cultural e histórico, lê o mundo e o apresenta à sua maneira, sob o seu ponto de vista, por meio de formas, cores, sons, movimentos, ritmo, cenário. A linguagem das artes visuais apresenta o mundo imagético, as criações artísticas através das cores e das formas. Contudo, não engloba apenas os desenhos e as pinturas em si, apresenta também a expressão, a visualidade, isto é, não só a área da plasticidade. Está relacionada a tudo que se vê, como as esculturas, arquiteturas, fotografias, entre tantas outras. Lembramos que o surgimento da tecnologia e o desenvolvimento da sociedade fizeram com que muitas criações novas aparecessem e consideradas também como linguagem das artes visuais. Podemos ver na arte digital, nas histórias em quadrinhos, entre outras. Segundo Martins, Picosque e Guerra (2010, p. 125-126), para que o aluno consiga “poetizar, fruir e conhecer” a linguagem das artes visuais, o professor necessita propiciar: TÓPICO 1 | TEORIA E PRÁTICA NO ENSINO DE ARTES 19 • O pensamento visual tornado visível, materializado, por meio da forma e da materialidade. • A pesquisa e a leitura da estrutura da linguagem visual e da articulação de seus elementos constitutivos: ponto, linha, forma, cor, textura, dimensão, movimento, volume, luz, planos, espaços, equilíbrio, ritmo, profundidade etc... • A experimentação e a leitura dos diferentes modos da linguagem visual: assemblage, bodyart, cerâmica, colagem, desenho, escultura, fotografia, grafite, gravura (metal, xilogravura, serigrafia etc.), happening, HQ, instalação, landart, livro de artista ou livro-objeto, performance, pintura (mural, têmpera, óleo, acrílico, aquarela etc.), ready-made, site specific, tapeçaria, videoarte, webart, desenho de animação etc... • O manuseio e a seleção de matérias, ferramentas, suportes e procedimentos e suas especificidades como recursos sígnicos expressivos. • Os processos de criação em artes visuais, percebendo os trajetos, as escolhas, o perseguir ideias, os repertórios pessoais e culturais tanto em poéticas pessoais como em processos colaborativos como se vê hoje na arte contemporânea com a autoria dos denominados “coletivos”. • O patrimônio cultural das artes visuais, incluindo monumentos, edifícios, museus e seus acervos, sítios arqueológicos etc... • As relações com outras linguagens, como arquitetura, cenografia, cinema, design gráfico, figurino, moda, ourivesaria, publicidade etc. No entanto, apresentaremos algumas definições (conceitos) com práticas já desenvolvidas em sala de aula. Lembramos que todo livro de estudos referenciará as propostas pedagógicas em artes, em especial,nas artes visuais. DICAS Linguagem das Artes Visuais (2012) O livro faz parte de uma coleção chamada Metodologia do ensino de artes, da editora IBPEX, contém 152 páginas e foi escrito por Luciana Estevam Barone Bueno. A autora propõe reflexões a respeito das imagens que estão ao nosso redor, das inúmeras informações que encontramos através dos elementos da linguagem visual, fazendo assim, ter um novo olhar para as artes. UNIDADE 1 | CONHECIMENTO ARTÍSTICO COMO CONTEXTUALIZAÇÃO, FRUIÇÃO E PRODUÇÃO 20 Nas aulas de arte, é preciso que os professores tragam propostas diferenciadas. Não deve ser comum ficar sempre nas mesmas manifestações artísticas. É preciso mostrar e deixar o aluno experienciar. As artes visuais na educação, no espaço escolar, despertam os alunos para uma análise estética mais crítica, estimulando a criatividade e a reflexão. A seguir será apresentada uma sequência de manifestações artísticas da linguagem visual que pode ser direcionada ao espaço escolar, trabalhadas nas aulas de arte: Desenho: a linguagem do desenho se constrói através do uso da linha, pelas direções e intensidades, mostrando a ideia, a composição. É parte do processo artístico. Muitas vezes são realizados desenhos (esboços ou rascunhos) para uma pintura ou escultura, por exemplo. Um artista que usa muito o desenho é Escher, como podemos ver na imagem: FIGURA 11 – DESENHOS DE ESCHER FONTE: <http://webpages.fc.ul.pt/~ommartins/seminario/escher/desenhando-se.html>. Acesso em: 2 jun. 2018. Para as aulas de artes, o desenho pode ser apresentado de diversas maneiras, sendo dirigido e mediado pelo professor ou não. Apresente materiais diferentes, explore as possibilidades com os alunos. O uso de imagens de revistas ajuda a trabalhar o desenho, trazendo os elementos da linguagem visual, como linhas, formas, texturas. A figura a seguir é um exemplo de desenho feito a partir de uma imagem de revista e o preenchimento foi com uso de linhas, formas, texturas. TÓPICO 1 | TEORIA E PRÁTICA NO ENSINO DE ARTES 21 FIGURA 12 – DESENHOS PRODUZIDOS A PARTIR DA IMAGEM DE REVISTA FONTE: Acervo pessoal da autora. (2018) DICAS No canal YOUTUBE encontramos um vídeo chamado: O DESENHO NÃO TEM FIM. Este vídeo mostra a partir da desmontagem de uma instalação da artista Sandra Cinto. O documentário fala sobre questões que movem seu trabalho. A temporalidade de projetos contemporâneos inspira uma discussão poética sobre o início e o fim das coisas. A origem da expressão do artista e o valor do que vai ser necessariamente apagado. FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=DQyZARscYAk>. Acesso em 3 nov. 2018. • Pintura: é uma prática muito desenvolvida, em que se exploram as cores, diferentes tons, formas, linhas e texturas. É possível realizar em diferentes superfícies e materiais. Temos muitas pinturas em destaque, mas a obra a seguir, uma pintura de Toulouse Lautrec, nos remete a observar as luzes e texturas que a tinta (cor) apresenta. UNIDADE 1 | CONHECIMENTO ARTÍSTICO COMO CONTEXTUALIZAÇÃO, FRUIÇÃO E PRODUÇÃO 22 FIGURA 13 – HENRI DE TOULOUSE-LAUTREC: A TOALETE (1896); ÓLEO SOBRE PAPELÃO, 0,67X0,54M. PARIS, MUSÉE D`ORSAY FONTE: Argan (1992, p. 129) Para criar pinturas em sala de aula com os alunos, explore o uso das tintas e materiais. Como sugestão, use caixas de tampa de sapato vazias para serem “telas” e explore uma pintura com tintas e cotonetes. É possível fazer criações relacionando com períodos e estilos artísticos, como é o caso da técnica do pontilhismo do artista Georges Seurat. FIGURA 14 – PONTILHISMO COM COTONETES E TINTA FONTE: Acervo pessoal da autora. (2018) TÓPICO 1 | TEORIA E PRÁTICA NO ENSINO DE ARTES 23 • Escultura: para a linguagem da escultura, explora-se o uso da matéria, ou seja, os altos e baixos relevos, os volumes e, assim, faz-se a moldagem. A escultura pode ser feita com diversos materiais, como: argila, madeira, gesso, sabão, massinha de modelar. DICAS O escultor australiano Ron Mueck, que faz esculturas gigantes de fibra de vidro, é considerado um artista hiper-realista. FONTE: <http://artesemfronteiras.com/esculturas-gigantes-de-ron-mueck/>. Acesso em: 25 jun. 2018. Encontre mais sobre o trabalho do artista no Youtube: “Ron Mueck – Esculturas humanas – Genial – Jornal Hoje”. FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=Im6goyEZYPw>. Acesso em: 23 nov. 2018. Para explorar a escultura em sala de aula, temos algumas possibilidades de uso do sabonete, sabão ou argila. Na imagem a seguir, temos esculturas de argila feitas por alunos do ensino fundamental. Após secagem natural das peças, pintaram com tinta guache. Os alunos exploraram a argila através da modelagem do alto e baixo relevo e, assim, vivenciaram também os conceitos do bidimensional e tridimensional. UNIDADE 1 | CONHECIMENTO ARTÍSTICO COMO CONTEXTUALIZAÇÃO, FRUIÇÃO E PRODUÇÃO 24 FIGURA 15 – ESCULTURA DE ARGILA FEITA POR ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL FONTE: Acervo pessoal da autora. (2018) O que é bidimensional e tridimensional? Bidimensionalidade: são criações como desenhos e pinturas, pois apresentam altura e largura. Tridimensionalidade: é uma criação que apresenta largura, altura e profundidade. A criação pode ser observada de todos os lados, ângulos, como um objeto por exemplo. IMPORTANT E • GRAVURA: consiste no uso de uma matriz (base). São feitas várias impressões, várias cópias da matriz. Lembra inicialmente um carimbo, e é usada a tinta para impressão do desenho que está na matriz. A gravura é feita de diferentes materiais, como xilogravura (madeira) gravura em metal (placa de metal); litogravura (pedra calcária). Na escola, a técnica artística poderá ser trabalhada com bandejas de isopor, relacionando com a técnica da xilogravura, pois o desenho precisa ser bem marcado na matriz. O desenho é feito diretamente na bandeja de isopor, apertando o lápis, fazendo marcas de baixo relevo. Depois é só passar um rolinho de tinta e fazer a impressão. TÓPICO 1 | TEORIA E PRÁTICA NO ENSINO DE ARTES 25 FONTE: Acervo pessoal da autora. (2018) FIGURA 16 – ISOPORGRAVURA FEITO NA ESCOLA POR UMA ALUNA A partir da proposta da técnica da gravura feita em isopor, podemos fazer relações com as outras técnicas de gravura, como é o caso do artista Iberê Camargo, que fez criações com diversas técnicas, como mostra a figura da gravura de metal. FIGURA 17 – IBERÊ CAMARGO – CARRETÉIS, GRAVURA EM METAL FONTE: <http://www.bolsadearte.com/oparalelo/o-carretel-de-ibere-camargo>. Acesso em: 25 jun. 2018. UNIDADE 1 | CONHECIMENTO ARTÍSTICO COMO CONTEXTUALIZAÇÃO, FRUIÇÃO E PRODUÇÃO 26 DICAS Neste link encontra-se um material educativo das obras do artista Iberê Camargo! Aproveite e baixe seu material! FONTE: <http://www.iberecamargo.org.br/site/ uploads/multimediaExposicao/270320130044_Ibere%20Camargo%20o%20carretel%20 meu%20personagem.pdf>. Acesso em: 23 nov. 2018. • Fotografia: é uma linguagem artística atual. O registro do momento é o resultado de uma composição artística. Há um artista brasileiro muito conhecido chamado Vik Muniz, sendo que seu trabalho é mostrado através do registro da fotografia. Em sala de aula, a fotografia poderá ser feita através do uso dos aparelhos celulares. FIGURA 18 – VIK MUNIZ – SÉRIE CATADORES DE LIXO DE GRAMACHO QUE ORIGINOU O DOCUMENTÁRIO “LIXO EXTRAORDINÁRIO” – DUQUE DE CAXIAS – RIO DE JANEIRO – BRASIL FONTE: <https://www.historiadasartes.com/prazer-em-conhecer/vik-muniz/#jp-carousel-5929>. Acesso em: 25 jun. 2018. TÓPICO 1 | TEORIA E PRÁTICA NO ENSINO DE ARTES 27 DICAS A partir das composições que Vik Muniz realizou na série catadores de lixo, pode-se explorar com os alunos a observação das imagens e construir em grupos de alunos composições com diversos materiais. Após o desenvolvimento do trabalho é necessário realizar o registro do resultado final utilizando a fotografia. FIGURA 19 – MONTAGEM DE UMA COMPOSIÇÃO COM MATERIAIS DIVERSOS FONTE: Acervo pessoal da autora. (2018) Filme Lixo extraordinárioO filme Lixo extraordinário é um documentário de 99 minutos, que foi produzido no ano de 2010, mostrando um dos maiores aterros sanitários do mundo, o Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro, com a participação do artista plástico Vik Muniz. O artista explora o espaço e constrói obras a partir do lixo com a ajuda dos catadores e o resultado se dá através das fotografias. Veja o filme completo no Youtube. FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=61eudaWpWb8>. Acesso em: 23 nov. 2018. UNIDADE 1 | CONHECIMENTO ARTÍSTICO COMO CONTEXTUALIZAÇÃO, FRUIÇÃO E PRODUÇÃO 28 • Arquitetura: é a linguagem da arte que se apresenta no uso de espaços e está presente em nosso cotidiano. Como importante arquitetura atual, temos o prédio da Fundação Iberê Camargo – localizada em Porto Alegre/RS, feito pelo arquiteto contemporâneo português Álvaro Siza Vieira. FIGURA 20 – FUNDAÇÃO IBERÊ CAMARGO FONTE: <https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/fundacao-ibere-camargo/>. Acesso em: 25 jun. 2018. Como sugestão de atividade, apresente em sala de aula uma retrospectiva em imagens sobre a arquitetura desde a pré-história até a atualidade. No fazer artístico, deixe os alunos produzirem com papéis, dobraduras, recorte e colagem ou até técnica mista, isto é, mistura de vários materiais. FIGURA 21 – CRIAÇÃO FEITA POR ALUNOS NO ANO DE 2018 FONTE: Acervo Clara Schley, (2018). TÓPICO 1 | TEORIA E PRÁTICA NO ENSINO DE ARTES 29 • Artes gráficas: criadas pelo surgimento da tecnologia, referem-se às criações por meio de programas e aplicativos de computador. Atualmente são considerados como artes gráficas animações, videoarte, performances, entre outros. FIGURA 22 – OBRA: UBU TELLS THE TRUTH [UBU CONTA A VERDADE], 1997, FILME DE ANIMAÇÃO EM 35 MM COM FOTOS DOCUMENTAIS E FILME DE ARQUIVO EM 16 MM TRANSFERIDO PARA VÍDEO FONTE: <http://iberecamargo.org.br/wp-content/uploads/2018/07/Material-Dida%CC%81tico_ William-Kentridge-%E2%80%93-fortuna.pdf>. Acesso em: 18 ago. 2018. DICAS No material educativo a seguir, encontramos a biografia do artista William Kentridge e obras de arte que estavam na exposição do museu em Porto Alegre no ano de 2013. Também há sugestões de atividades que podem ser desenvolvidas em sala de aula com os alunos. Uma atividade que se encontra neste material e que pode ser adaptada às artes gráficas é o uso de revistas e jornais. Os alunos desenham a cada dia ou nas aulas de artes um personagem sobre uma folha de jornal, criando desenhos (personagens) com pequenos movimentos, isto é, são pequenas alterações no personagem do desenho. Após uma série de desenhos é possível fotografar um a um e colocar movimento, usando um aplicativo (de sua escolha) para transformar as fotos em um vídeo de animação. FONTE: <http://iberecamargo.org.br/wp-content/ uploads/2018/07/Material-Dida%CC%81tico_William-Kentridge-%E2%80%93-fortuna.pdf>. Acesso em: 23 nov. 2018. UNIDADE 1 | CONHECIMENTO ARTÍSTICO COMO CONTEXTUALIZAÇÃO, FRUIÇÃO E PRODUÇÃO 30 DICAS Caro acadêmico! É preciso pesquisar sempre, pois a cada dia surgem novas obras de arte com a utilização de novos materiais em espaços diversos. 3.2 A LINGUAGEM DAS ARTES CÊNICAS (TEATRO E DANÇA) As artes cênicas envolvem o corpo em sua expressão, em seus movimentos e apresenta-se através de um palco, de um cenário. O fato se refere ao teatro, que se subdivide em trágico (imita a vida), comédia (lado irônico e contraditório), dramático (refere-se aos conflitos humanos), musical (através de músicas) e dança (expressões vindas da mímica). Acontece por meio da representação, através de um espaço e, assim, é visto pela plateia, pelos espectadores. (LOPES, s.d.) Para Martins, Picosque e Guerra (2010, p. 50), o teatro e a dança remetem ao corpo. “O corpo projeta imagens, sensações, pensamentos. O corpo é ao mesmo tempo autor e intérprete que, em cena, apresenta ações-movimentos por meio das mediações e nas relações entre o externo e o interno”. Qualquer que seja o tipo de apresentação é preciso ter alguém que coordena, que seja um diretor de cena. Tornar sensível a criança aos signos da linguagem teatral é também criar contextos significativos para a conversa sobre conceitos do teatro e de sua história, bem como sobre aqueles que exercem o ofício teatral, como o ator, o dramaturgo, o diretor, o encenador, o cenógrafo, o figurinista e tantos outros que mantêm viva a magia teatral (MARTINS; PICOSQUE; GUERRA, 2010, p. 124). São atividades que podem ser desenvolvidas nas aulas de artes como esquetes teatrais, teatros de sombras, teatro com fantoches. Como sugestão de atividade na educação infantil e anos iniciais, uma proposta pedagógica como teatro de fantoches poderá contemplar o fazer artístico pela confecção de fantoches de meia. FIGURA 23 – FANTOCHES DE MEIA FONTE: <https://www.artesanatopassoapassoja.com.br/como-fazer-fantoches-de-meia/>. Acesso em: 25 jun. 2018. TÓPICO 1 | TEORIA E PRÁTICA NO ENSINO DE ARTES 31 DICAS Quer um plano da linguagem teatral na pré-escola? Acesse o link e veja! FONTE: <https://novaescola.org.br/conteudo/6451/linguagem-teatral-na-pre-escola>. Acesso em: 23 nov. 2018. Como linguagem artística, o teatro se expressa pela cenografia, pela contação de histórias, pela dramatização, pela performance, pelo teatro de bonecos, tudo através da representação teatral. Na linguagem da dança, percebemos atualmente um distanciamento das aulas de artes. A disciplina de educação física, muitas vezes, abre o espaço e realiza situações de aprendizagem com a dança, como em eventos escolares, com apresentações dos alunos. Assim, para Martins, Picosque e Guerra (2010, p. 128), “o acesso a espetáculos de dança erudita, popular, clássica, moderna, contemporânea ou qualquer outro modo de dança permitirá ao aprendiz uma experiência estética, além de proporcionar-lhe a apreciação significativa da arte do movimento”. 3.3 A LINGUAGEM DA MÚSICA A linguagem musical se expressa através das músicas, suscitando pensamentos e emoções que muitas vezes nem compreendemos pela letra da canção que se está ouvindo ou cantando. Faz parte da cultura humana e em diferentes épocas foi vista em rituais, com funções distintas. A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio. A música está presente em todas as culturas, nas mais diversas situações: festas e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas etc. Faz parte da educação desde há muito tempo, sendo que, já na Grécia antiga, era considerada como fundamental para a formação dos futuros cidadãos, ao lado da matemática e da filosofia. A integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e cognitivos, assim como a promoção de interação e comunicação social, conferem caráter significativo à linguagem musical. É uma das formas importantes de expressão humana, o que por si só justifica sua presença no contexto da educação, de um modo geral, e na educação infantil, particularmente (BRASIL, 1998a, p. 45). UNIDADE 1 | CONHECIMENTO ARTÍSTICO COMO CONTEXTUALIZAÇÃO, FRUIÇÃO E PRODUÇÃO 32 Assim, a melodia, o ritmo e a harmonia se compõem na linguagem musical, pois os sons só acontecem e necessitam sempre de alguém que execute, que tenha intenções. Sobre as intenções da arte, Martins, Picosque e Guerra (2010, p. 48) vão dizer que: [...] tudo na obra de arte tem uma intenção. Há uma intenção em cada gesto, cor, movimento, postura. Com alguma intenção, um compositor faz predominar os sons graves sobre os agudos em determinada composição. A ação intencional do autor/artista é que define seu trabalho, mesmo quando opta pela música aleatória ou por jogar tinta sobre a tela. A atmosfera criada através da música pode estar junto às representações teatrais e da dança. Em sala de aula, a música precisa ser desenvolvida além de canções de cantigas de rodaou outros cantos com gestos. Precisa também explorar a sonoridade, trazendo o contato com os instrumentos musicais, mostrar e ouvir produções musicais que já existem através dos tempos. Para o ensino de arte em música, é interessante apresentar compositores clássicos como Bach e Beethoven, oportunizando aos alunos ouvirem e conhecerem suas músicas. DICAS Sugestões de planos de aula. Os links a seguir falam da música erudita e popular no Brasil, enfatizando a apreciação significativa da linguagem musical. Leia e imagine sua aula também! FONTE: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=23297> e <http:// portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=23295>. Acesso em: 23 nov. 2018. Como sugestão de atividade para sala de aula, podemos usar conceitos sobre o que é arte e para que ela serve, explorando o assunto através de uma apresentação feita por uma paródia. A paródia é uma nova interpretação, uma releitura de uma composição musical ou literária podendo ter ironia ou deboche. Os alunos escolhem a música favorita e organizam a escrita da letra da música trazendo conceitos estudados. A apresentação do grupo através da paródia criada é uma maneira de realizar uma aprendizagem mais significativa de um conteúdo estudado. Conhecer e compreender a música como uma produção cultural supõe também a criação de contextos significativos para a conversa sobre os conceitos e a história da linguagem musical – nas diferentes culturas, no decorrer do tempo – e sobre seus produtores – compositor, intérprete (instrumentista ou cantor), maestro, disc-jóquei etc., muitos deles habitantes do universo da criança (MARTINS; PICOSQUE; GUERRA, 2010, p.122). TÓPICO 1 | TEORIA E PRÁTICA NO ENSINO DE ARTES 33 DICAS Explore e aproveite para conhecer mais sobre a história da música. FONTE: <http://www.portaldarte.com.br/linguagemmusica.htm>. Acesso em: 23 nov. 2018. O importante é estar atento às diversas linguagens artísticas e propor maneiras diferentes de explorar em sala de aula. “A instalação, o videoclipe e a performance, por exemplo, são algumas das produções artísticas que combinam elementos do teatro, dança, música e artes visuais” (MARTINS; PICOSQUE; GUERRA, 2010, p. 128). Caro acadêmico! Use a criatividade e explore as linguagens artísticas, lendo, pesquisando, criando e mostrando o que aprendeu! 4 CAMPOS CONCEITUAIS DA ARTE Neste tópico serão apresentados os três campos conceituais que envolvem o ensino da arte: a criação/produção, a percepção/análise e o conhecimento e contextualização conceitual-histórico-cultural da produção artístico-estética da humanidade, que trazem considerações importantes que permeiam a abordagem triangular de Barbosa, nos eixos de aprendizagem do fazer artístico, da leitura e contextualização. Assim, também os “três campos conceituais estão presentes nos PCN-Arte e, respectivamente, denominados de produção, fruição e reflexão” (MARTINS; PICOSQUE; GUERRA, 2010, p. 12). No ensino da arte também é preciso planejar e pensar sobre as aulas: Pensar na leitura e produção na linguagem da arte é um modo único de despertar a consciência e novos modos de sensibilidade. Isso pode nos tornar mais sábios, seja sobre nós mesmos, o mundo ou as coisas do mundo, seja sobre a própria linguagem da arte (MARTINS; PICOSQUE; GUERRA, 2010, p. 39). No processo de ensino e aprendizagem nas aulas de artes, o professor junto com os alunos fará associações ao cotidiano, buscando na memória múltiplas leituras e percepções, novos modos de sensibilidade. Portanto, independentemente do conteúdo escolhido para ser desenvolvido na aula de artes, ele poderá propor o fazer artístico com associações à realidade do aluno, estimulando a criação artística através da fruição e da contextualização. UNIDADE 1 | CONHECIMENTO ARTÍSTICO COMO CONTEXTUALIZAÇÃO, FRUIÇÃO E PRODUÇÃO 34 Lembramos também da importância de mostrar atividades realizadas nas aulas de arte em exposições internas ou externas, painéis, murais ou de registrar os momentos criativos, fotografando e postando em espaços virtuais, compartilhando os conhecimentos construídos e estimulando o aluno pelo gosto por sua criação artística. Assim, os três campos conceituais podem ser contemplados e ensinados nas aulas de arte. Neste livro de estudos, a conversa acontecerá por meio da exploração dos campos conceituais da arte a partir da abordagem triangular de Barbosa. Os campos conceituais ou eixos de aprendizagem, como também são chamados, se referem ao fazer artístico, à leitura de imagem e à contextualização. A abordagem é uma ótima referência de apoio para o professor em seu planejamento e nas ações da sala de aula. Através da abordagem triangular de Barbosa, explanando os termos do fazer artístico, da leitura de imagem e da contextualização, estes não são aplicados nas aulas de arte de maneira linear, isto é, não têm uma ordem. Lembrando que os campos conceituais podem ser aplicados às diversas linguagens da arte, em especial nas artes visuais. Assim, o ensino de arte, para ser desenvolvido nas escolas de maneira efetiva, necessita que os professores trabalhem a partir de sua formação específica (artes visuais, música, teatro e dança), trazendo suas experiências e pesquisas. Para Barbosa (2010, p. 33), “só um fazer consciente e informado torna possível a aprendizagem em arte”, isto é, a partir de sua formação específica é possível a construção do conhecimento. Segundo Barbosa (2010, p. 33): Nem a arte/educação como investigação dos modos pelos quais se aprende arte nem a arte/educação como facilitadora entre a arte e público podem prescindir da inter-relação entre história da arte, leitura da obra de arte, fazer artístico e contextualização. Agora, iniciamos nossa conversa sobre os principais termos que encontramos nas leituras dos livros de arte, que trazem as terminologias da metodologia ou da proposta, que atualmente é vista como Abordagem Triangular de Barbosa (1998). A Abordagem Triangular foi divulgada com o nome de Metodologia Triangular através do livro A imagem do Ensino da Arte publicado pela Editora Perspectiva em 1991. Posteriormente, em 1998, publicou- se um capítulo revisando-a no livro Tópicos Utópicos. As revisões da Metodologia Triangular, em 1998, foram conceituais, práticas e bastante incisivas, mudando até o nome para Abordagem Triangular (BARBOSA; CUNHA, 2010, p. 9). A abordagem triangular surge de uma preocupação que os profissionais de arte sentiram em sua prática diária, pois na década de 1970, apenas tinham- se produções artísticas, o fazer por fazer, surgindo as chamadas escolinhas de arte. Para Barbosa (1998, p. 35), a abordagem triangular vem para atender a uma necessidade na educação, nas aulas de arte, isto é, a de “instrumentalizar o aluno para o momento em que vivemos”. TÓPICO 1 | TEORIA E PRÁTICA NO ENSINO DE ARTES 35 IMPORTANT E Vamos conhecer um pouco mais sobre a autora Ana Mae Barbosa: Professora de pós-graduação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – ECA, Ana Mae Barbosa é uma das principais referências brasileiras em arte-educação e, embora já aposentada, ainda é disputada pelos alunos da instituição como orientadora. Desenvolveu, influenciada diretamente por Paulo Freire, o que chamou de abordagem triangular para o ensino de artes, concepção sustentada sobre a contextualização da obra, sua apreciação e o fazer artístico. A pesquisadora foi, também, a primeira a sistematizar o ensino de arte em museus, quando dirigiu o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo – MAC. FONTE: <http://www.iea.usp.br/pessoas/pasta-pessoaa/ana-mae-barbosa>. Acesso em: 28 nov. 2018. No entanto, na sala de aula era preciso mais que o fazer artístico, era necessário ter momentos de análise e discussão das criações feitas pelos alunos, relacionando teoria e enfatizando o sentido das criações. Segundo Barbosa (2002, p. 34-35): A produção de arte faz a criançapensar inteligentemente acerca da criação de imagens visuais, mas somente a produção não é suficiente para a leitura e o julgamento de qualidade das imagens produzidas por artistas ou do mundo cotidiano que nos cerca [...]. Temos que alfabetizar para a leitura da imagem. Através da leitura das obras de artes plásticas, estaremos preparando a criança para a decodificação da gramática visual, da imagem fixa e, através da leitura do cinema e da televisão, a prepararmos para aprender a gramática da imagem em movimento. Essa decodificação precisa ser associada ao julgamento da qualidade do que está sendo visto aqui e agora e em relação ao passado. Para Barbosa (1991), os três eixos da abordagem triangular são articulados como: leitura de imagem ou apreciação; o fazer artístico ou produção; história da arte ou reflexão. Assim, a abordagem triangular é contemplada nas aulas de arte através de ações interligadas. “Os três eixos de aprendizagem artística delimitam claramente conjuntos possíveis de ações complementares e interconectadas” (BARBOSA; CUNHA, 2010, p. 64). UNIDADE 1 | CONHECIMENTO ARTÍSTICO COMO CONTEXTUALIZAÇÃO, FRUIÇÃO E PRODUÇÃO 36 Os campos conceituais de arte caminham para processos de criação, de análise e de contextualização. Criamos algo relacionando com o que aprendemos, assim, contextualizando através de uma leitura crítica do que estamos desenvolvendo. Segundo Barbosa (2010, p. 33): O que a arte/educação contemporânea pretende é formar o conhecedor, fruidor, decodificador da obra de arte. Uma sociedade só é artisticamente desenvolvida quando ao lado de uma produção artística de alta qualidade há também uma alta capacidade de entendimento desta produção pelo público. O professor de arte precisa explorar em sala de aula a história da arte, os conteúdos essenciais por faixa etária através dos eixos de aprendizagem que norteiam a prática artística. Para Barbosa (2010, p. 36): Um currículo que interligasse o fazer artístico, a análise da obra de arte e a contextualização estaria se organizando de maneira que a criança, suas necessidades, seus interesses e seu desenvolvimento estariam sendo respeitados e, ao mesmo tempo, estaria sendo respeitada a matéria a ser aprendida, seus valores, sua estrutura e sua contribuição específica para a cultura. A prática do fazer artístico é a própria produção do aluno. No momento da leitura de imagem, na análise e observação, os alunos aprendem conceitos, a própria história da arte. “Esse eixo trata das ações que envolvem o exercício da percepção” (BARBOSA; CUNHA, 2010, p. 65). DICAS Abordagem triangular no ensino das artes e culturas visuais (2010). Este livro foi organizado por Ana Mae Barbosa e Fernanda Pereira da Cunha. O livro traz as principais pesquisas, teorias e discussões a respeito da abordagem triangular em qualquer área do conhecimento que também era chamada de metodologia ou proposta. Prezado acadêmico, a seguir será apresentada, em subtópicos, a descrição sobre os campos conceituais da arte, os três eixos de aprendizagem da abordagem triangular de Barbosa, com atividades que podem ser desenvolvidas nas aulas de artes. TÓPICO 1 | TEORIA E PRÁTICA NO ENSINO DE ARTES 37 4.1 LEITURA DE IMAGEM (FRUIÇÃO/ANÁLISE) Ler é apreciar, observar, analisar, conhecer. Nas aulas de arte, a leitura de imagem está por toda parte, desde as obras artísticas até imagens do cotidiano. Estamos analisando, apreciando, lendo, imaginando sobre tudo o que vemos. A apreciação/análise/fruição fazem parte da aula de arte, conhecer a obra e o artista, saber como foi feita, quais materiais utilizados. Precisamos educar o olhar do nosso estudante, mostrando e conhecendo as diversas linguagens e manifestações artísticas. Assim, para você acadêmico, apresentamos sugestões relacionadas às leituras de imagem, levando o aluno para: • Ver sites de museus virtuais, visitando e apreciando obras de artistas. • Visita pedagógica a museus, galerias e exposições da própria cidade ou estado. • Mostrar filmes e reproduções de obras de arte (imagens impressas ou projetadas). • Convidar artistas para visita em uma escola em uma aula de arte para mostrar seu trabalho e dialogar sobre sua criação artística. • Analisar imagens de livros, revistas, redes sociais, outdoors, TV, arte na rua e entre outros, expandindo o campo de visualidade cultural. No entanto, o eixo artístico da leitura de imagem refere-se à contemplação, fruição, análise e interpretação. Para Iavelberg (2003, p. 75): [...] o desenvolvimento da compreensão estética é saber apreciar objetos de arte com a propriedade que é possível a cada momento conceitual dos sujeitos que compõem o público de apreciadores. Ainda podemos supor que, quando o fazer arte está associado à apreciação, ela se enriquece e amplia os conhecimentos de arte do público. Portanto, para Iavelberg (2003), destacam-se os seguintes níveis de desenvolvimento da compreensão estética de leitura de imagem: a) Para Edmund Feldman (1970), o processo de leitura envolve a descrição, a análise, a interpretação e o julgamento da obra. b) Para Abigail Housen (1983), o processo é narrativo, construtivo, classificatório, interpretativo e recreativo. c) Robert William Ott (1984) sugere descrever, analisar, interpretar, fundamentar e revelar a leitura da obra. d) Para Michael Parsons (1987), a leitura envolve a preferência, beleza e realismo, expressividade, estilo e forma, autonomia. Para entender melhor, temos a seguir um exemplo de proposta prática referente à leitura de imagem. A leitura de imagem foi apresentada por Barbosa em seu livro A imagem no ensino da arte (2010) e adaptada à obra de Pablo Picasso. UNIDADE 1 | CONHECIMENTO ARTÍSTICO COMO CONTEXTUALIZAÇÃO, FRUIÇÃO E PRODUÇÃO 38 FIGURA 24 – OBRA DE ARTE: TRÊS MÚSICOS DE PABLO PICASSO (1921) FONTE: <https://www.moma.org/collection/works/78630>. Acesso em: 8 jun. 2018. A obra Os três músicos, de Pablo Picasso, pode ser apresentada instigando o processo de leitura que envolve a descrição, a análise, a interpretação e o julgamento da obra como Feldman sugere. Para o desenvolvimento da atividade de leitura de imagem, o professor poderá instigar o grupo de alunos fazendo perguntas como: • Descrição: o que você vê? O que identifica na imagem? Observe a ficha técnica do trabalho. Descreva tudo o que identifica organizando uma lista de coisas. • Análise: como a obra está organizada? Quais são as cores e formas que se destacam? Que personagens são retratados na pintura? Verifique os elementos visuais usados na obra. • Interpretação: o que está acontecendo na imagem? O que será que o artista queria dizer nesta criação? É possível ouvir alguma coisa ou identificar a música que estão tocando? Escreva contando o que acha. • Julgamento: você gosta da temática da criação? O que pensas acerca da obra de Pablo Picasso? As perguntas ajudam os alunos a analisar e refletir sobre a imagem. Assim, “a leitura da obra de arte deve propor problemas e não somente dar soluções” (BARBOSA, 2010, p. 67). A leitura de imagem faz pensar, fruir, e é um exercício que exige muita atenção. Barbosa (2010, p. 66) sugere ainda a seguinte atividade do fazer artístico: “proporia aos alunos experimentarem representar um objeto da mesma maneira que Picasso representou a mesa, colocando na representação vários momentos da percepção do objeto à medida que andamos em volta dele”. Portanto, a leitura de imagem abrange a interpretação e contextualização em seu fazer artístico. “Cada pessoa, em cada época, tem direito à interpretação, desde que justificável formalmente; portanto, é necessário ler claramente os elementos formais e de composição primeiro” (BARBOSA, 2010, p. 79). TÓPICO 1 | TEORIA E PRÁTICA NO ENSINO DE ARTES 39 Os elementos formais e de composição são os chamados elementos da linguagem visual como: o ponto, a linha, as formas, as texturas, as cores, as direções, os tons, o contraste, a escala, as dimensões, o movimento.
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