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Olímpio Costa TERAPIA PERIODONTAL NÃO-CIRÚRGICA Objetivos da terapia periodontal (cirúrgica e não cirúrgica): prevenção, eliminação ou controle da doença; recuperação de tecido perdidos e manutenção dos resultados conseguidos. A TPNC é a base para o tratamento das doenças periodontais: • Em alguns casos, pode ser a única forma necessária de tratamento ativo; • Etapa pré-cirúrgica –nesse aspecto, a TPNC é importante porque reduz a inflamação, de modo a proporcionar maior firmeza aos tecidos e menor sangramento transoperatório; • Complementação da terapia cirúrgica; • Essencial para controle e manutenção dos resultados (Terapia periodontal de suporte). Plano de tratamento periodontal é importante: • Urgências/Terapia sistêmica – controle de condições sistêmicas que podem modificar as manifestações clínicas da DP; • Terapia Inicial/Básica – a TPNC é usada em larga escala no manejo das DP; • Reavaliação; • Terapia Cirúrgica; • Terapia Restauradora – além de devolver forma e função, eliminam fatores retentivos de biofilme; • Nova OHB; • Nova reavaliação; • Terapia de Suporte. Como a TPNC atua? O acúmulo de biofilme (fator etiológico primário) viabiliza a excreção de produtos bacterianos naquele local, provocando uma resposta imune do hospedeiro, que clinicamente se manifesta como uma inflamação/gengivite. Caso a resposta imune seja equilibrada, nem deficiente e nem proeminente, caso não haja tratamento, não há regressão mas também não há evolução da doença. Contudo, caso haja uma resposta imune exacerbada ou deficiente, pode evoluir de gengivite para periodontite. Ambas as situações podem ser influenciadas pelos fatores etiológicos secundários locais e gerais, que não têm capacidade de desencadear a doença mas uma vez instalada, podem contribuir com a progressão da doença. As estratégias da TPNC são: a eliminação de fatores etiológicos, modulação da resposta imune e estímulo de reparo ou regressão da doença. Procedimentos da TPNC: instrumentação não cirúrgica, eliminação/controle de fatores secundários, controle pessoal do biofilme, utilização de antimicrobianos, modulação da resposta imune e entre outros. Instrumentação Periodontal Quando no biofilme dental, as bactérias escapam do sistema imune e também da ação de antimicrobianos, sendo a instrumentação mecânica o método para desagregação do biofilme e também eliminação de manchas. Duas modalidades de instrumentação mecânica: • Raspagem – objetivo primário é a remoção do biofilme mineralizado (cálculo). Pode ser raspagem supragengival ou raspagem subgengival + alisamento radicular (para propiciar lisura da superfície). Raspagem supragengival, RACR (raspagem e alisamento corono-radicular), RAR (raspagem e alisamento radicular). Objetivo secundário: eliminação de manchas. Instrumentos: manuais e automatizados (sônicos e ultrassônicos). Instrumentos ultrassônicos: indicados para cálculo supragengival e subgengival em locais de difícil acesso (lesão de furca, por exemplo). A vibração da ponta gera ondas ultrassônicas, a retirada de biofilme/cálculo e bactérias ocorre por 3 mecanismos – a fratura do cálculo, água do sistema de refrigeração e cavitação (vibração e água, formam bolhas que estouram na superfície do biofilme e matam as bactérias). Os aparelhos podem ser piezoelétricos (movimento pendular da ponta) ou magnetorrestritivos (movimento elíptico da ponta). Manual x Ultrassom: a efetividade é similar; deve-se avaliar vantagens e desvantagens de cada um. • Profilaxia/Polimento – indicação primária é a remoção de biofilme não mineralizado, manchas e de evidenciador de placa. Pode ser utilizado isoladamente ou após a raspagem. Faz-se o uso de abrasivos como pastas abrasivas (pastas profiláticas, pasta de pedra pomes + água) ou jato de bicarbonato (frequentemente vem nos instrumentos ultrassônicos). ATF – Aplicação tópica de flúor – importante para contornar uma possível sensibilidade pós-operatória decorrente da raspagem/profilaxia. A ATF é mandatória após a profilaxia/raspagem na região que foi tratada. Protocolos de instrumentação • Convencional – divide a boca em sextantes ou quadrantes e instrumenta, exemplo: 1 sextante por semana. Contudo, essa modalidade está suscetível aos eventos de recolonização microbiana nos sítios instrumentados. Utilizado na UFPE. • Boca toda – completados em um dia só. Importante pois previne recolonização/transferência em sítios já instrumentados, estimula ainda uma resposta imune. Os mais conhecidos são: protocolo original, modificado, debridamento ultrassônico. O protocolo original lança mão do RACR em 24 horas (dividida Olímpio Costa em duas sessões), faz-se uma irrigação subgengival com gel de clorexidina a 1% (3x em 10min) que será repetida em 8 dias, faz-se também escovação lingual com gel de clorexidina a 1% e bochechos com clorexidina a 0,2% durante 14 dias. Qual melhor protocolo? Convencional ou DBT? Não há diferenças significativas. Devem ser considerados outros fatores (preferência, custo, tempo, desconforto). Salienta-se a importância do controle pessoal da placa. Efeitos da Instrumentação Microbiológico – efeitos quantitativos (redução das bactérias presentes) e qualitativos (favorecimento da presença das bactérias aeróbias ao disponibilizar mais oxigênio – são as bactérias mais associadas à saúde periodontal). Teciduais – em tecidos moles observa-se a redução da inflamação, sangramento e profundidade de sondagem. Em relação ao tecido ósseo, percebe-se remodelação mas não ganho de tecido ósseo. Dentário – redução do grau de mobilidade dentária. Limitações da Instrumentação A eficácia é inversamente proporcional à profundidade da bolsa periodontal = quanto mais profunda a bolsa periodontal, menor a eficácia da instrumentação por conta da maior dificuldade da remoção do cálculo. Existe ainda a possibilidade de recolonização do sítio instrumentado, especialmente se existe biofilme remanescente. A raspagem não elimina bactérias dentro da gengiva. Isoladamente, a raspagem não garante sucesso, é necessário o controle de biofilme por parte do paciente. Eliminação dos fatores secundários Fatores de retenção do biofilme – excesso de restauração, apinhamento dentário, lesões de cárie etc. Forças oclusais traumáticas – se houver periodontite, aumenta a velocidade de progressão da mesma. Fatores modificadores gerais modificáveis – atuar sobre pacientes diabéticos, fumantes, etilistas etc. Podem ocorrer antes, durante ou após a instrumentação. Modulação da resposta imune (MRI) A resposta imune é a principal responsável pela destruição tecidual observada na periodontite. Estratégia MRI – não visa substituir as terapias tradicionais e nem a supressão da resposta imune, apenas deseja-se equilibrar a resposta imune. • Doxiciclina em doses sub-antimicrobianas – em doses mais baixas, inibem a ação das metaloproteinases (mediadores atuantes na destruição dos tecidos periodontais). Limitam a inflamação e perda óssea, além de não induzirem resistência bacteriana. Periostat (Hiclato de doxiciclina 20mg), A utilização dessas drogas, estariam ligadas ao aumento do NIC e são seguras para uso. Classicamente, indicadas para periodontite moderada/severa. O uso diário durante 9 meses (talvez represente uma baixa adesão do tratamento pelo paciente). • AINES – inibem a produção dos mediadores da inflamação e também a perda óssea. Existem evidências sobre a sua eficácia, contudo, não são amplamente utilizados no tratamento das doenças periodontais por propiciarem efeitos adversos sérios. • Bisfosfonatos – Pamidronato, aledronato, ácido zoledrônico. Atuam inibindo a atividade osteoclástica e consequentemente a reabsorção óssea. Evidência de melhora de parâmetros periodontais,contudo, o uso deve ser limitado porque estes medicamentos se associam ao evento de osteonecrose. LASERS São divididos em lasers de baixa e alta potência. • Lasers de alta potência - são utilizados na remoção de cálculo. O laser tem que ter comprimento de onda específico para que a luz seja absorvida pela água e hidroxiapatita, para pode aquecer o cálculo e então removê-lo por ablação. O laser de Er: YAG é o que mais se adequa para remoção de cálculo. De maneira geral, a eficácia é equivalente a métodos tradicionais, a utilização é restrita (alto custo). • Lasers de baixa potência (diodo) - atuação por efeito fotoquímico – utilizados para reduzir a carga microbiana nas bolsas periodontais, redução de dor/inflamação, estimulação de reparo pós-cirurgia, redução de hipersensibilidade dentária. OBS: até o momento, não existem quantidades suficientes de estudos que validem a aplicação. Terapias em desenvolvimento • Probióticos – inocular bactérias boas nas bolsas periodontais para dificultar a colonização por bactérias periodontopatogênicas. • Choque extracorpóreo – choques nas bochechas capazes de estimular regeneração óssea. • Campos elétricos – aumentar localmente a eficácia de antibióticos. • Polimento com pó de glicina – remoção de cálculo. • Oxigênio hiperbárico – desfavorece o meio para bactérias anaeróbias gram - Olímpio Costa • Estatinas – seriam capazes de estimular regeneração óssea. • Teriparatida - seriam capazes de estimular regeneração óssea. • Comidas, plantas, sementes - • Vacinação, engenharia tecidual e terapia gênica – vacinas eficazes (prevenção durante certo tempo para periodontite) mas não foram consideradas seguras; replicar células-tronco para cultivar em laboratório para implatar no defeito ósseo; manipulação de genes para células produzirem proteínas capazes de gerar regeneração óssea. • Resolvinas – anti-inflamatórios naturais que estão tentando sintetizar em laboratório.
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