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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS E TECNOLOGIA GABRIEL TORRES DA SILVA GOMES HILQUIAS TAVEIRA GOMES JOEL HENRIQUE DOS SANTOS PALMEIRA LUCAS FERREIRA AUGUSTINHO THALES DE ALMEIDA CRUZ GESTÃO DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO: um estudo de caso em uma empresa do setor alimentício situada ao Noroeste do Espírito Santo SÃO MATEUS 2021 GABRIEL TORRES DA SILVA GOMES HILQUIAS TAVEIRA GOMES JOEL HENRIQUE DOS SANTOS PALMEIRA LUCAS FERREIRA AUGUSTINHO THALES DE ALMEIDA CRUZ GESTÃO DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO: um estudo de caso em uma empresa do setor alimentício situada ao Noroeste do Espírito Santo Trabalho apresentado à professora Gisele de Lorena Diniz Chaves, da disciplina de Diagnóstico do Processos Produtivos II, como requisito para obtenção de nota. SÃO MATEUS 2021 2 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO………………………………………….……...……………6 2. REFERENCIAL TEÓRICO………………………………………………...7 2.1. OBJETIVOS DE DESEMPENHO………………....……….…...…….7 2.2. MATRIZ IMPORTÂNCIA DESEMPENHO………………....….........7 2.3. MECANISMO DA FUNÇÃO PRODUÇÃO (MFP).............................8 2.4. CAPACIDADE VERSUS DEMANDA.................................................10 2.5. TAKT-TIME E TEMPO DE CICLO…………………………………12 3. METODOLOGIA………………………………………………...…………13 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES…………………………...………..…….15 4.1. A EMPRESA…………………………………………...………….....15 4.1.1. ESTRATÉGIA EMPRESARIAL……………....………….....17 4.2. ESTRATÉGIA E SISTEMA DE PRODUÇÃO……………..…....….17 4.3. DEMANDA DE MARÇO…………...…………………………….…20 4.4. PERSPECTIVA DO TEMPO DE CICLO E TAKT-TIME…….……...24 4.5. ANÁLISE DA CAPACIDADE VERSUS DEMANDA……...…………………………………………………...27 4.6. PERSPECTIVA DO MECANISMO DA FUNÇÃO PRODUÇÃO…………………………………………….….…….......29 4.7. MATRIZ IMPORTÂNCIA X DESEMPENHO……….…….…….….30 4.8. PROPOSTAS DE MELHORIAS…………………….……..………...35 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS……………………………………..………...37 6. REFERÊNCIAS……………………………………………………..…....…36 APÊNDICES……………………………………………………….………...….....37 APÊNDICE A………………………………………………………….............…...42 APÊNDICE B…………………………………………………………………........46 3 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1- MATRIZ IMPORTÂNCIA X DESEMPENHO…...……………………………………………………………...……8 FIGURA 2 - MECANISMO DA FUNÇÃO PRODUÇÃO: REDE DE PROCESSOS E OPERAÇÕES………………………………………………………………………..9 FIGURA 3 - SIMBOLOGIA PARA AS COMPONENTES DOS PROCESSOS………………………………………………………………………....10 FIGURA 4 - ANÁLISE ENTRE CAPACIDADE E DEMANDA………………………………...……………...........................................12 FIGURA 5 - LOGOMARCA DE IDENTIFICAÇÃO DO DISK PIZZA GERLIN….16 FIGURA 6 - MESA DE MONTAGEM DAS PIZZAS……………………………………………………………………………………...18 FIGURA 7 - FORNO PARA ASSAMENTO DAS PIZZAS DO DISK PIZZA GERLIN……………………………………………………………………………....19 FIGURA 8 - LOCAL DE CORTE, EMBALAGEM E DESPACHO DAS PIZZAS DO DISK PIZZA GERLIN………………………………………………………………..19 FIGURA 9 - FLUXOGRAMA DA PRODUÇÃO DAS PIZZAS………………………………………………………………………………………....20 FIGURA 10 - DEMANDA DE MARÇO NO APLICATIVO DE DELIVERY DE ACORDO COM O SABOR DA PIZZA…………………………………………………………………………………………...21 FIGURA 11 - BOXPLOT PARA A DEMANDA DE PIZZA EM CADA DIA DE OPERAÇÃO DO DISK PIZZA GERLIN……………………………………………………………………………....23 FIGURA 12 - DEMANDA TOTAL DE MARÇO NO APLICATIVO DE DELIVERY POR DIA E INTERVALO DE ATENDIMENTO……………………………………………………………………..24 FIGURA 13 - TAKT-TIME NA SEXTA-FEIRA VERSUS TEMPO DE CICLO DAS ETAPAS DE PRODUÇÃO DAS PIZZAS………………………………………………………………………………………….26 FIGURA 14 - TAKT-TIME NA SEXTA-FEIRA VERSUS TEMPO DE CICLO MÁXIMO DAS ETAPAS DE PRODUÇÃO DAS PIZZAS………………………………………………………………………………………....27 FIGURA 15 - ANÁLISE DA CAPACIDADE VERSUS DEMANDA DO SISTEMA DE PRODUÇÃO DO DISK PIZZA GERLIN…………………………………………………………………….………...29 FIGURA 16 - FLUXO DE PRODUÇÃO DO DISK PIZZA GERLIN……………………………………………………………………………....30 FIGURA 17 - ATIVIDADE, TEMPO, NÚMERO DE ETAPAS E PORCENTAGEM DO TEMPO TOTAL DO FLUXO DE PRODUÇÃO DISK PIZZA GERLIN…………………………………………………………………………....... 30 4 FIGURA 18 - MÉDIAS DE IMPORTÂNCIA X DESEMPENHO DOS CRITÉRIOS COMPETITIVOS NA VISÃO DOS CLIENTES…………………………………..………………………………………..31 FIGURA 19 - MATRIZ IMPORTÂNCIA X DESEMPENHO VISÃO DOS CLIENTES…………………………………………………………………………....32 FIGURA 20 - MATRIZ IMPORTÂNCIA X DESEMPENHO VISÃO CLIENTE X PROPRIETÁRIO……………………………………………………………………..35 FIGURA 21 - MODELO DE PLANILHA PARA O CONTROLE DA DEMANDA…………………………………………………………………………..36 LISTA DE QUADROS QUADRO 1 - OBJETIVOS DE DESEMPENHO E VARIÁVEIS A SEREM ESTUDADAS NO TRABALHO…………………………………………………….14 QUADRO 2 - TEMPO MÉDIO E DESVIO PADRÃO EM SEGUNDOS DAS ETAPAS DE PRODUÇÃO DAS PIZZAS…………………………………………...25 LISTA DE TABELAS TABELA 1 - QUADRO DE FUNCIONÁRIOS DO DISK PIZZA GERLIN……….16 TABELA 2 - DEMANDA TOTAL POR DIA DE OPERAÇÃO DO DISK PIZZA GERLIN……………………………………………………………………………....22 TABELA 3 - DEMANDA TOTAL POR DIA E POR SEMANA DE OPERAÇÃO DO DISK PIZZA GERLIN……………………………………………………………….22 TABELA 4 - MÉDIA E DESVIO PADRÃO PARA A DEMANDA DIÁRIA DO DISK PIZZA GERLIN……………………………………………………………….23 TABELA 5 - TAKT-TIME PARA A DEMANDA NO APLICATIVO DE DELIVERY DE ACORDO OS DIAS DE OPERAÇÃO DO DISK PIZZA GERLIN…………….27 TABELA 6 - TEMPO DE CICLO DE ACORDO COM O RECURSO DO DISK PIZZA GERLIN……………………………………………………………………...29 TABELA 7 - NOTAS DE DESEMPENHO DOS CRITÉRIOS COMPETITIVOS NA VISÃO DO PROPRIETÁRIO………………………………………………………..34 TABELA 8- NOTAS DE IMPORTÂNCIA DOS CRITÉRIOS COMPETITIVOS NA VISÃO DO PROPRIETÁRIO………………………………………………………..35 5 1. Introdução A competitividade no ambiente empresarial pode ser compreendida como a capacidade da empresa de explorar a estrutura e os padrões de concorrência do mercado em que atua e, desta forma, conseguir rentabilidade a longo prazo (MARIOTTO, 1991). Nesse sentido, para que se garanta a vantagem competitiva é necessário que a empresa tenha pleno conhecimento dos fatores indispensáveis para que a organização alcance melhores desempenhos, o que fará com que ela atenda os seus objetivos estratégicos, tais como visão e missão (ROMAN et al., 2012). Uma forma de determinar tais fatores pode ser por meio dos cinco objetivos de desempenho propostos por Slack et al. (2009), que são: 1) Custo; 2) Flexibilidade; 3) Rapidez; 4) Qualidade; e 5) Confiabilidade. Conforme os autores, esse conjunto de prioridades que a empresa elege para competir no mercado durante certo horizonte de tempo deve garantir a tarefa básica de um sistema de produção: satisfazer as exigências do consumidor. Diante desse cenário, surgem ferramentas tais como a Matriz Importância-Desempenho, que por meio de observação gráfica permite avaliação do desempenho da empresa levando em consideração a importância de certos fatores aos olhos dos clientes e o desempenho dos mesmos em relação à concorrência (DOS SANTOS et al., 2018). Entretanto, além da procura por um melhor posicionamento no mercado por meio dos objetivos de desempenho eleitos, é vital que as organizações busquem por tornar o seu sistema produtivo eficiente e livre de perdas, que são todas as atividades desnecessárias e que, consequentemente, não agregam valor ao produto/serviço. Shingo (1996) categoriza as perdas em sete grupos: 1) Espera; 2) Superprodução; 3) Transporte; 4) Retrabalho; 5) Estoque; 6) Movimentação; e 7) Processamento. Esses grupos, além de reduzirem as chances de aumento de produtividade e de reduzirem a possibilidade de satisfazer as exigências estabelecidas pelos clientes, acarretam em custos adicionais para o negócio, tornando-o menos lucrativo. Mediante a competitividade faz-se necessário também que as empresas disponham de informações acerca de seu sistema de produção. Moreira (2000, p. 8) o define como um conjunto de atividades inter relacionadas envolvidas na produção de elementos tangíveis, para o caso das indústrias de bens, ou intangíveis, para os serviços. Tais sistemas, conforme Boiko, Tsujiguchi e Varolo (2009) podem ser classificados quanto ao grau de padronização, a natureza dos produtos, o ambiente de produção, o grau de contato com o consumidor, o posicionamento do processo de produção e entre outras. Paraos autores, classificar um sistema de produção permite um melhor entendimento de eventuais problemas típicos que ocorrem e uma escolha de soluções que se adequem às particularidades da empresa. Do mesmo modo, Goldratt e Cox (2003) apontam a importância das empresas diferenciarem seus recursos de produção, classificados por eles em duas categorias: recursos gargalos e não gargalos. Os recursos gargalos são aqueles cuja capacidade é igual ou inferior à demanda alocada a ele, enquanto os não gargalos são os que possuem capacidade superior (GOLDRATT e COX, 2003). Esta diferenciação, tem fundamento no que ficou conhecido como Theory Of Constraints (TOC) ou Teoria das Restrições, que diz que toda organização possui restrições, sejam elas físicas ou políticas, que a impede de atingir um maior nível de desempenho e que, portanto, devem ser identificadas e geridas para trazer maiores ganhos ao sistema (VOTTO e FERNANDES, 2014). Diante disso, este trabalho propõe um estudo de caso em uma empresa do setor de serviço de alimentação, situada ao Norte do estado do Espírito Santo e tem como objetivo geral analisar o seu posicionamento competitivo, bem como analisar o sistema de produção. Assim, estabeleceu-se os seguintes objetivos específicos: a) Desenvolver a Matriz Importância-Desempenho para a empresa; b) Descrever as etapas de produção com base no Mecanismo da Função Produção (MFP); c) Identificar os tipos de recursos existentes na empresa sob a ótica da Teoria das Restrições (TOC) através da análise da capacidade do recurso versus a demanda; d) Calcular o Takt-Time e os tempos de ciclo da empresa; e) Realizar a análise da capacidade da empresa versus demanda. 6 2. Referencial teórico 2.1 Objetivos de desempenho Conforme Slack et al., (2009) uma organização tem uma série de objetivos amplos que formam a base para o processo decisório da produção. Mas é importante a satisfação e conformidade às exigências dos consumidores. Assim, é necessário definir critérios competitivos, aproveitando as competências e as oportunidades com intuito de se tornar competitiva (DOS SANTOS et al., 2018). Assim surgem os cinco critérios de desempenho de produção, são eles: qualidade, rapidez, confiabilidade, flexibilidade e custo. No que diz respeito à qualidade, Slack et al., (2009) a define como conformidade, com expectativas dos clientes internos e externos; isso implica em redução de custos como os de retrabalho, desperdícios, devoluções, e aumenta a satisfação dos clientes. A qualidade deve ser atingida pelas operações gerando habilidades para uma entrega de produtos e serviços de forma confiável e consistente (CARRARO & LIMA, 2017). O objetivo rapidez remete ao tempo de ciclo, o tempo transcorrido entre a requisição e o recebimento do produto pelo cliente, segundo Slack et al., (2009). A velocidade é um indicador importante, pois pode por exemplo reduzir desperdícios de estoque, por tempo de espera; pode reduzir riscos, um lead time mais enxuto reduz a necessidade de previsões de demanda a longos prazos, resguardando a empresa de possíveis imprevistos de demanda e oferta. Quando falamos de confiabilidade estamos falando de uma garantia de entrega do produto ou serviço aos clientes atendendo aos requisitos. Segundo Penof (2001) ao fazer isso, a organização terá a vantagem de confiabilidade. Ter essa vantagem significa permitir redução de estoques e do desperdício de espera, por exemplo; Além da estabilidade na organização, onde cada parte da operação pode se concentrar em melhorar sua atividade, sem ter atenção desviada pela falta de serviços confiáveis das outras partes (SLACK et al., 2009). Flexibilidade significa viabilizar a operação alterando a programação de produção de alguma forma. É a capacidade de reagir ao inesperado mantendo tratamento único e individualizado ao consumidor. Isso dá à empresa a vantagem de flexibilidade (PENOF, 2001). Tal mudança ocorre de modo a atender as necessidades para completa satisfação dos clientes, ao mesmo tempo em que continua em pleno funcionamento sem destoar da ideia principal. Por fim, o custo; ele se relaciona à habilidade de produzir bens com o menor custo possível (SLACK et al., 2009). A distribuição dos custos na produção influencia diretamente o preço final do produto e os custos incorridos com funcionários, instalações, tecnologia (MARTINS et al., 2019) podendo proporcionar assim, o melhor preço aos consumidores. 2.2 Matriz importância x desempenho A matriz importância x desempenho pode ser dividida em duas partes segundo Slack et al. (2009). A primeira escala, de importância, é definida pela visão dos clientes, são eles quem percebem e pontuam a importância de cada objetivo de desempenho em uma escala de 1 a 9. Da mesma forma, a escala de desempenho varia de 1 a 9, e é obtida a partir da visão dos colaboradores da empresa, mas voltada para o cenário competitivo. Esta escala indica como a organização se comporta em relação à concorrência. segundo Marques et al., (2012) a matriz é dividida em quatro zonas de prioridade, são elas: 7 ● Zona Adequada: os fatores competitivos nessa área aparecem acima da linha inferior de aceitabilidade, assim, são considerados satisfatórios; ● Zona de Melhoramento: estão abaixo da linha inferior de aceitabilidade, qualquer fator que estiver nessa zona é considerado como ponto a ser melhorado; ● Zona de Ação Urgente: É composta por fatores que são importantes para os clientes, mas o desempenho é inferior ao dos concorrentes, são pontos que carecem de uma melhoria imediata; ● Zona Excesso: fatores nessa área são considerados de alto-desempenho, porém não são importantes para os clientes. A pergunta a se fazer é se existem recursos sendo gastos para atingir estes desempenhos que poderiam ser alocados em outro lugar. Evitando assim, desperdícios. A Figura 1 representa a matriz importância x desempenho, ela funciona como uma bússola que através da comparação importância x desempenho, mostra como a empresa tem se portado diante do público alvo, e do mercado. Verifica o alinhamento entre a percepção dos gestores e a dos clientes. Caso haja um desalinhamento, a matriz tem a função de indicar quais aspectos de desempenho devem ser trabalhados como prioridades para que a organização se torne ou continue competitiva. Figura 1 - Matriz Importância x Desempenho Fonte: Slack et al. (2009, p. 571). 2.3 Mecanismo da Função Produção (MFP) O Mecanismo da Função Produção (MFP) foi primeiramente apresentado por Shigeo Shingo em 1945, consistindo em um método para a análise de sistemas produtivos a partir da consideração simultânea dos fluxos de materiais e de trabalhadores e máquinas (ANTUNES, 1994). Tal análise é feita sob dois eixos (Figura 2): o eixo dos processos (Y) e o eixo das operações (X), ou seja, o MFP analisa a combinação dos fluxos de materiais, no tempo e no espaço, e do fluxo de pessoas e equipamentos, no tempo e no espaço (ANTUNES et al., 2008). 8 Figura 2 - Mecanismo da Função Produção: rede de processos e operações Fonte: Adaptado de Shingo (1996, p.38). Na visão de Shingo (1989), processos e operações têm natureza fundamentalmente distinta. Os processos representam a transformação gradativa que deve ocorrer das matérias-primas em direção ao produto acabado, ao passo que as operações dizem respeito à sequência de aplicação do trabalho de trabalhadores e máquinas a esses processos. De outra forma, as operações são meios utilizados para acionar os processos, visando a realização da produção. Devido a esta relação de meios e fins, Shingo (1989) é absolutamente claro quanto à precedência que deve ter a análise e as melhorias de processo em relação às operações. Segundo Shingo (1989), melhorias feitas na operação, sem que seja considerado seu impacto no processo, podem, na realidade, reduzir a eficiência global. Os aspectos a serem considerados na análise de um processo estão incluídos em uma das seguintes categorias (SHINGO & SCHAAN 1996): (i) processamento: montagem, desmontagem, alterações na forma e qualidade doobjeto da produção, ou seja, a transformação das matérias primas em produtos acabados; (ii) inspeção: comparação do objeto da produção com um padrão pré-estabelecido; (iii) transporte: mudança na localização ou posição do objeto da produção; (iv) espera: período de tempo no qual não estão ocorrendo nenhum processamento, inspeção ou transporte do objeto da produção. A Figura 3 apresenta a simbologia para os aspectos que constituem um processo. 9 Figura 3 - Simbologia para as componentes dos processos Fonte: Adaptado de Shingo (1996). As operações realizadas pelo sujeito da produção podem ser assim classificadas: (i) Operações de preparação (operações de setup): referem-se às operações de preparação antes e depois dos processamentos, consistindo, basicamente, de mudanças de ferramentas, dispositivos, troca de matrizes e operações de limpeza do equipamento para processamentos subsequentes; são aquelas operações que ocorrem desde a produção da última peça boa do lote precedente até o início da fabricação da primeira peça boa do lote seguinte; (ii) operações principais: consistem das operações de processamento em si, inspeção, transporte e espera; são aquelas operações que se repetem em cada ciclo de produção e incluem operações essenciais e operações auxiliares, definidas a seguir (ANTUNES, 1994). 2.4 Capacidade versus Demanda Diversos são as postulações acerca do conceito subjacente à frase capacidade de produção. Moreira (1998) conceitua a capacidade de produção como sendo a quantidade máxima de produtos ou serviços que podem ser produzidos em uma unidade produtiva em um dado período de tempo. Já Stevenson (2001) a considera como sendo o limite superior ou teto de carga que uma unidade operacional (fábrica, departamento, funcionário etc.) pode suportar. Por sua vez, Antunes et al. (2008), aponta a capacidade (C), em unidades de tempo de uma dado recurso, como sendo a relação entre o tempo total disponível para produção (Tt) e o Índice de Rendimento Operacional Global (µ), conhecido pelas siglas IROG. A Equação 1 evidencia a proposta do autor: 𝐶 = 𝑇𝑡 𝑥 µ (1) Por outro lado, conforme Antunes et al. (2008), a determinação da demanda de tempo sobre um determinado recurso se dá através da relação entre o tempo de ciclo e o total de itens processados no recurso, vide Equação 2. Nela, “D” corresponde a demanda em unidade de tempo, “tpi” o tempo de ciclo e “qi” a quantidade de itens produzidos. 10 (2) Quando a demanda e a capacidade, ilustradas nas equações acima, se igualam, Nakajima (1988) afirma que é possível obter o IROG do recurso por meio da Equação 3. Este indicador é sensível à disponibilidade e a performance do equipamento, bem como à qualidade dos produtos produzidos pelo mesmo. Como resultado do cálculo, obtêm-se um valor adimensional que varia de 0 a 1, podendo ser expresso em porcentagem, onde valores mais próximos de 0 indicam um índice baixo e valores mais próximos de 1 apontam melhores resultados. (3) Onde: i = item produzido até o limite n; n = número de ocorrências do item i; Tpi = tempo de ciclo ou tempo padrão do item i; qi = quantidade produzida do item i; T = tempo disponível para produção Antunes et al. (2008) afirma que a importância do IROG está atrelada ao fato de que o monitoramento constante deste indicador de eficiência gera um melhor uso dos recursos empresariais, e consequentemente, torna possível o aumento da produtividade. Isto, vai ao encontro do que Piran et al. (2015) indicam, que é: “a utilização do indicador permite que as empresas analisem as reais condições da utilização de seus equipamentos”. Para viabilizar a análise entre a capacidade real de um equipamento/recurso e a demanda sobre ele, Antunes et al. (2008) propõe a relação ilustrada na Figura 4. Por meio dela, é possível determinar as características de cada um dos recursos analisados, a saber: i) recurso com capacidade: recurso cuja capacidade real é superior a demanda de tempo imposto a ele; ii) recurso com capacidade restritiva: recurso cuja capacidade real é igual ou próxima ao tempo demandado nele; iii) recurso gargalo: recursos cuja capacidade real é inferior à demanda de tempo sobre ele. 11 Figura 4 - Análise entre capacidade e demanda Fonte: Antunes et al. (2008, p.168). A ideia de diferenciação dos recursos ficou mundialmente conhecida após o físico israelita Eliyahu M. Goldratt ter divulgado nos anos 80, a partir de seu livro nomeado “A Meta: um processo de melhoria contínua”, a Teoria das Restrições, do inglês Theory of Constraints (TOC) (INMAN et al., 2009). Para TOC todo sistema possui ao menos um componente que limita seu desempenho em relação à meta, pois se assim não fosse, os sistemas teriam lucratividade infinita. Esse componente é definido pela Teoria como “restrição” do sistema, que pode ser, por exemplo, o mercado consumidor ou os pedidos individuais dos clientes (SOUZA, 2005). Contudo, quando se assume o mercado como a primeira restrição de um sistema, Souza (2005) afirma que é necessário identificar outras restrições, ou seja, “recursos sem capacidade suficiente para atender a demanda neles imposta”, definido como recursos gargalos. Nesse sentido, a identificação de um recurso gargalo pressupõe a análise de capacidade dos recursos de um sistema em um horizonte de tempo dada a demanda imposta sobre esses recursos neste mesmo horizonte. Dentro dessa análise, Goldratt (1990) ressalta que deve-se considerar os tempos de preparação de máquinas, setups, assim, uma vez obtida a carga para cada recurso, é preciso relacionar este valor com a disponibilidade de tempo dos recursos calculada no mesmo intervalo, logo se a carga sobre um recurso for maior que a sua disponibilidade, tem-se um recurso gargalo (SOUZA, 2005). De forma geral, a TOC propõe que a forma eficaz da empresa aumentar a sua lucratividade é por meio da (VOTTO & FERNADES, 2014): 1) identificação da restrição do sistema; 2) máxima exploração da restrição do sistema; 3) subordinação de todo o resto à política de exploração da restrição; 4) elevação da restrição do sistema; e 5) assim que a restrição for quebrada, retornar à primeira etapa, de modo a evitar que a inércia das políticas atuais se tornem uma restrição. 2.5 Takt-time e tempo de ciclo A palavra takt, de origem alemã, é utilizada para designar o compasso de uma orquestra musical e foi introduzida no Japão nos anos 30 com o sentido de "ritmo de produção”, em um momento em que engenheiros alemães estavam ensinando aos japoneses técnicas de fabricação (SHOOK, 1998). Atualmente, o takt-time é entendido como um 12 parâmetro/indicador empresarial para que as empresas verifiquem se a taxa de produção de seus sistemas produtivos é capaz de atender a taxa da demanda do mercado consumidor, em outras palavras, ele é definido como o ritmo de produção necessário para atender a demanda (ALVAREZ & ANTUNES, 2001). Do mesmo modo, Frandson et al. (2013) afirmam que o takt-time é a unidade de tempo no qual um produto deve ser processado a fim de corresponder a taxa na qual esse produto é demandado. Assim, Dennis (2008) aponta que a obtenção matemática do takt-time se dá pela razão entre o tempo operacional e número de unidades a serem produzidas, tal que o tempo pode ser expresso em horas, minutos ou segundos e a demanda em número de unidades do produto (Equação 4). 𝑇𝑎𝑘𝑡 𝑡𝑖𝑚𝑒 = 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 𝑛𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜𝐷𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 𝑛𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 (4) Contudo, Alvarez e Antunes (2001) ressaltam que “a compreensão do importante conceito de takt-time só é de fato possível quando contrastado com o de tempo de ciclo”. Este, por sua vez, corresponde ao tempo decorrido entre o início de uma atividade e o término da mesma (TAPPING & SHUKER, 2010), mas também pode ser obtido pela Equação 5. Sua importância se deve à sua capacidade de viabilizar a análise da distribuição da quantidade de trabalho entre os operadores (SASSI, 2012). Ao reduzir o tempo de ciclo os fabricantes têm a possibilidade de aumentar a lucratividade por meio do aumentoda produção, o que, por outro lado, exige uma análise de custo-benefício, pois isto pode requerer investimento substancial em tecnologia, reestruturação de operações, métodos e políticas (PATIL & INAMDAR, 2011) 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 = 𝑈𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑧𝑖𝑑𝑎𝑠𝑃𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑑𝑎 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜 (5) A comparação entre o tempo de ciclo e o takt-time se dá pela seguinte forma: uma vez obtido um tempo de ciclo maior do que o takt-time, é possível afirmar que a capacidade de produção da linha ou da célula não é capaz de atender a demanda, já o caso onde esses valores são contrários permite concluir que a demanda pode ser atendida (ALVAREZ & ANTUNES, 2001). 3. Metodologia O presente trabalho se configura como um estudo de caso, cujo objetivo é explorar, descrever e explicar eventos ou fornecer uma compreensão profunda sobre os fenômenos (YIN, 2010). Como afirma Bonoma (1985), o estudo de caso envolve um ciclo de revisão de teoria-dados-teoria e, nesse sentido, a etapa inicial deste trabalho consistiu em uma revisão de literatura, através do site Google Scholar, acerca de: a) Objetivos de desempenho; b) Matriz Importância x Desempenho; c) Mecanismo da Função Produção (MFP); d) Teoria das Restrições (TOC); e) Capacidade versus Demanda; f) Takt Time; e g) Tempo de ciclo. O único critério para selecionar os trabalhos a serem estudados foi de que esses deveriam conter a palavra chave utilizada pelos autores no momento da busca. 13 Em seguida, três questionários foram elaborados. O primeiro (Apêndice A), foi direcionado ao responsável pela empresa e teve por objetivo levantar informações gerais do negócio, tais como área de atuação, público alvo, produtos e/ou serviços oferecidos. O segundo (Apêndice B) e o terceiro questionário (Apêndice C) foram direcionados tanto para os clientes quanto para o proprietário da empresa. Seus objetivos, respectivamente, foram identificar o grau de importância dado os critérios de desempenho eleitos na presente pesquisa (Quadro 1) e o desempenho da empresa em relação a esses critérios. Quadro 1 - Objetivos de desempenho e variáveis a serem estudadas no trabalho Objetivo de desempenho Critério de desempenho Custo Preço Custo de entrega Rapidez Tempo para aceitar o pedido Tempo de entrega do pedido Flexibilidade Variedade de sabores Canal para efetuar o pedido Horário de atendimento Formas de pagamento Bairros contemplados pelo atendimento Molhos oferecidos Confiabilidade Conformidade do pedido Cumprimento do tempo médio de entrega Qualidade Cortesia e simpatia no atendimento Propriedades organolépticas dos produtos Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. A quantificação dessas variáveis se deu por uma adaptação da escala do tipo Likert, que se caracteriza pela facilidade de entendimento e aplicação, bem como à capacidade de adaptação a diferentes necessidades (HODGE & GILLESPIE, 2003). As escalas dos questionários II e III variam de 1 a 9, sendo, no caso da importância: 1 a 3 para ganhador de pedido, 4 a 6 para qualificador e 7 a 9 para menos importante. Para o desempenho: 1 a 3 para melhor que os concorrentes, 4 a 6 para igual aos concorrentes e 7 a 9 para pior que os concorrentes. Após a obtenção das respostas dos questionários, calculou-se a média aritmética para cada critério de desempenho, tanto no âmbito do desempenho como no da importância e esses valores foram utilizados para a construção da Matriz Importância x Desempenho. A definição do número de clientes a responder o questionário, ou seja, a definição da amostra, se deu pelo método de amostragem aleatória simples sem reposição, cuja premissa é 14 de que cada componente da população estudada possui igual chance de ser escolhida para compor a amostra (MAROTTI et al., 2008). Sua obtenção se deu por meio da Equação 6 (MATTAR, 2014): 𝑛 = 𝑁 𝑥 2² 𝑥 𝑃 𝑥 𝑄𝑒² 𝑥 (𝑁−1) + 𝑍² 𝑥 𝑃 𝑥 𝑄 (6) Onde: n = tamanho da amostra; N = número finito de elementos da população; Z = valor da variável z para o nível de confiança adotado; P = proporção de ocorrência da variável em estudo na população; Q = proporção de não ocorrência da variável em estudo na população; S² = variância na amostra-piloto sorteada, estimador da variância da população; e e = precisão da amostra ou erro máximo admitido (em valor absoluto). Conforme Mattar (2014), com o conhecimento da proporção P é possível obter Q através da relação P + Q = 1. Contudo, no presente caso, a empresa não dispunha de registro que a certificasse quanto a proporção de seus clientes nas duas cidades que ela atende, o que impossibilitou a estratificação da amostra, assim adotou-se P e Q iguais a 0,5 como propõe o autor. Ademais, adotou-se o intervalo de confiança como sendo de 95%. Conforme o último censo demográfico realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2021), os municípios de Itarana e Itaguaçu, cidades contempladas pelo atendimento do Disk Pizza Gerlin, possuem população de 10.881 e 14.134, respectivamente, o que resulta em um N de 25.015 indivíduos. Desta forma, a amostra é de: = 398,57 ~ 399 indivíduos𝑛 = 25.015 𝑥 2² 𝑥 0,5 𝑥 0,5(0,05)² 𝑥 (25.015−1) + 0,95² 𝑥 0,5 𝑥 0,5 A categoria de produtos investigada nesta pesquisa é a pizza, único produto produzido e comercializado pela empresa estudada. Um dos três canais de pedido da empresa, apresentou-se como sendo o mais confiável para representar, de forma aproximada, a demanda de pizzas, visto que nos outros dois canais o controle das informações não é consistente. Assim, escolheu-se a demanda do mês de março de 2021 no canal de pedido em questão para ser utilizada nos cálculos desta pesquisa, já que com valores reais de demanda, com as devidas considerações, é possível análises mais próximas da realidade. Esta pesquisa foi desenvolvida por meio de duas visitas realizadas no ambiente de produção da empresa estudada. Durante as visitas, cronometrou-se o tempo de cada etapa de produção das pizzas, tais que as cronometragens ocorreram em horários diferentes e dias distintos, sendo uma realizada no dia 05/04 às 21:10 e as outras três no dia 16/04 no início, no meio e no fim do expediente. 4. Resultados e discussões 4.1 A Empresa O Disk Pizza Gerlin (Figura 5), que atua no setor de entrega de alimentos prontos para consumo, está situado na cidade de Itarana, na região noroeste do estado do Espírito Santo. Suas operações iniciaram no dia 20 de junho de 2018, após a percepção do proprietário acerca do potencial do sistema delivery no município, uma vez que anos antes o mesmo atuou no setor de alimentos com a comercialização de massas de pizzas pré-assadas no mercado local. 15 Figura 5 - Logomarca de identificação do Disk Pizza Gerlin Fonte: Disk Pizza Gerlin (2021). Com uma jornada de trabalho entre as quartas-feiras e os domingos das 18 às 22 horas, a empresa comercializa pizzas assadas a um tamanho padrão de 35 cm, o equivalente a 8 pedaços, na cidade que hospeda o negócio e no município vizinho, Itaguaçu, que fica aproximadamente 10 km de distância (GOOGLE, 2021). Embora não tenha missão e valores definidos, ela considera indispensável o mantimento da gestão e do compromisso com o cliente, além de buscar “servir com excelência, oferecendo pizzas cuidadosamente elaboradas e preparadas com ingredientes de altíssima qualidade com o intuito de surpreender a expectativa dos clientes” (PROPRIETÁRIO DISK PIZZA GERLIN, 2021). Sob o ponto de vista da organização do trabalho, a empresa se divide em três setores: 1) Entrega; 2) Produção; e 3) Preparo e assistência. O primeiro é composto por dois entregadores autônomos, ou seja, dois funcionários terceirizados que transportam as pizzas aos pontos de entrega. Em seguida, no setor de produção, tem o proprietário que desempenha a função de pizzaiolo, responsável por produzir as massas, montar as pizzas, levá-las ao forno para assar e, posteriormente, embalar para o despacho. Por último, o setor de preparo e assistência, é composto por dois assistentes responsáveis, principalmente, por disporos ingredientes nos locais adequados e pelo atendimento aos clientes. A Tabela 1 traz, resumidamente, o quadro de funcionários do Disk Pizza Gerlin. Tabela 1 - Quadro de funcionários do Disk Pizza Gerlin Função Setor Quantidade Entregador Entrega 2 Pizzaiolo Produção 1 Assistentes Preparo e assistência 2 Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. 16 4.1.1 Estratégia Empresarial O Disk Pizza Gerlin não direciona seus esforços para atender um público alvo específico, sendo ele, portanto, todas as pessoas residentes nos municípios contemplados pelo atendimento, cerca de 25.015 indivíduos (IBGE, 2021). O canal para efetuar o pedido são três: através de ligação para o número telefônico da empresa, pelo envio de mensagem para o perfil da empresa em um aplicativo de conversa e por meio de um aplicativo de delivery terceiro. A adoção desses últimos dois canais se deu de forma a ampliar o contato com o cliente e propiciar um espaço para que os mesmos possam dar feedbacks sobre os produtos e os serviços oferecidos. No que diz respeito à captação e fidelização de clientes, a estratégia adotada pela empresa é a oferta de promoções tais como o combo de duas pizzas por R$50,00 e descontos em datas festivas e feriados. Além disso, a empresa preza mantimento de um canal de comunicação ativo com a população local, assim, o negócio dispõe de uma rede social onde é realizado publicações acerca das promoções adotadas e de informações gerais, e conta com um intervalo de entrega que varia de 30 a 60 minutos a um custo médio de R$2,50 para o cliente. Ainda sobre as suas estratégias, os fornecedores do Disk Pizza Gerlin foram escolhidos estrategicamente conforme o menor custo de aquisição despendido para adquirir os insumos. Tais fornecedores estão situados nos municípios de Linhares, Nova Venécia, Serra, Santa Maria de Jetibá, Atílio Vivacqua, Cariacica, Viana e Colatina. Dentre os principais acompanhamentos e insumos para produção das pizzas estão muçarela, presunto, calabresa, molho de tomate, bacon, frango, catupiry, lombo canadense, cebola, orégano, azeitona e os sachês de maionese, maionese caseira e ketchup. O proprietário acrescenta que a empresa possui estoque de cada um desses insumos e a compra destes é feita mediante a sua percepção subjetiva de necessidade. Diante da concorrência direta e indireta na região representada principalmente pelo Gaúcho Lanches, Duds Pizzaria Delivery, Pizzaria e Hamburgueria Oliveira, Bar e Restaurante Fiorotti, Contatus Pizzaria e Restaurante Bistrô, a empresa busca se diferenciar nos quesitos tempo de entrega e qualidade do produto. Para tal, seus entregadores foram escolhidos para se juntarem à empresa em função de suas experiências prévias, o que leva a entender que as rotas de entrega serão pensadas de forma mais estratégica para garantir que o pedido seja entregue no menor tempo possível. Além disso, anualmente, o cardápio é atualizado seguindo as opiniões dos clientes e “buscando ampliar a variedade e a qualidade dos seus produtos”, conforme afirma o proprietário. Vale salientar, que em 2021 seu cardápio apresenta 32 sabores de pizza com preços unitários que variam de R$35,00 a R$55,00. 4.2 Estratégia e sistema de produção Sob o ponto de vista da estratégia de produção, que diz respeito ao “padrão de decisões e ações estratégicas que definem o papel, os objetivos e as atividades de produção” (SLACK et al., 2009), o Disk Pizza Gerlin se enquadra no modelo top-down. Neste modelo, as decisões acerca do futuro e das atividades operacionais da empresa são feitas pelo proprietário (top) e são traduzidas em ações rotineiras aos demais colaboradores (down). Contudo, como o proprietário atua no sistema de produção do Disk Pizza, pode-se dizer que a estratégia de produção da empresa oscila entre os modelos top-down e bottom-up, já que a experiência diária também norteia as tarefas que deveriam ser realizadas. No que diz ao sistema de produção, o Disk Pizza Gerlin se adequa no sistema Assemble-to-Order (ATO), caracterizado principalmente pela pre-disponibilidade de subconjuntos/grandes componentes até o recebimento dos pedidos dos clientes (BREMER & 17 LENZA, 2000). Além da prática da empresa de dispor todos os componentes para a produção das pizzas antes do expediente, o que faz com que ela também se enquadre neste sistema é a possibilidade do cliente participar, no momento de efetivação do pedido, da escolha dos ingredientes que irão compor a sua pizza, cabendo a pessoa responsável pela montagem da pizza esta adequação. Nesse sentido, ciente de que a massa é o único insumo que precisa ser produzido na empresa, para minimizar a sobrecarga de trabalho o responsável do Disk Pizza adotou a prática de produzir de 2 a 3 quilogramas de massa “crua” cerca de 1 hora e 30 minutos antes do início de cada expediente às 18 horas. Esta quantidade gera, em média, vinte e uma unidades de massa para serem usadas na produção de vinte e uma pizzas. Além disso, o proprietário garante que as mesmas possuem shelf-life médio de 10 dias, o que implica que, caso a demanda seja inferior à sua expectativa de pedidos, elas podem ser usadas para produzir pizzas em outros dias de operação. Outra prática adotada pelo negócio diz respeito à preparação dos ingredientes. Todos aqueles ingredientes que precisam minimamente de uma ou mais manipulação, por exemplo o corte, são manipulados antes das 18 horas, de forma que durante o expediente todos os esforços da empresa estejam direcionados para o atendimento do cliente e a produção das pizzas. Porém, nos momentos em que a demanda supera a expectativa do proprietário de pedidos, o mesmo torna a realizar o processo de produção das massas durante o expediente e, caso também haja a necessidade, os ingredientes tornam a ser preparados pelos assistentes de pizzaiolo. Portanto, sob esta perspectiva, o sistema de produção do Disk Pizza Gerlin se adequa ao modelo make-to-order, onde a produção se inicia a partir de um pedido firme ou demanda real (BREMER & LENZA, 2000). O roteiro de produção do Disk Pizza Gerlin é comum para todas as pizzas e pode ser dividido em quatro etapas. A primeira etapa é a de produção das massas cujo responsável é o proprietário, único da empresa que detém o conhecimento da receita da massa. Em seguida vem a etapa de preparação que também é de responsabilidade do pizzaiolo. Ao ser notificado pelo assistente sobre o pedido, ele se desloca até o local onde as massas são armazenadas e as transporta até a mesa de preparação (Figura 6). Esta mesa dispõe de todos os ingredientes necessários para a preparação da pizza, que recebe os recheios de acordo com suas especificações e as requisições de alteração do cliente, se houverem. Cabe ressaltar que esta etapa não lança mão de equipamentos para medição da quantidade de produto que é adicionado na pizza, o que configura despadronização, ou seja, pizzas dos mesmos sabores podem possuir quantidades de ingredientes diferentes. Figura 6 - Mesa de montagem das pizzas 18 Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. Após a preparação, o pizzaiolo as leva para o único forno da empresa (Figura 7), onde inicia o processo de assamento. O forno, que comporta até 8 pizzas simultaneamente, pode estar pré-aquecido, entretanto o tempo de permanência das pizzas nele depende do sabor e da temperatura no determinado momento. Ressalta-se que, segundo os colaboradores, o forno apresenta um problema de instrumentação, visto que a temperatura exibida no display do equipamento não é confiável. Isto pode acarretar na não conformidade do produto final, uma vez que uma diferença positiva de temperatura pode queimar as pizzas, bem como sugerir que as mesmas estejam prontas quando na verdade não estão, pois a temperatura do forno está abaixo do que é indicado no seu termômetro. O último processo, o de embalagem, corte e despacho, ocorre à medida que as pizzas saem do forno. Nesta etapa, as pizzas são transportadas até uma mesa (Figura 8), recebem uma embalagem de papelão, são cortadas em 8 pedaços, são tampadas, recebema identificação do pedido e são entregues ao entregador disponível no momento. Figura 7 - Forno para assamento das pizzas do Disk Pizza Gerlin Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. 19 Figura 8 - Local de corte, embalagem e despacho das pizzas do Disk Pizza Gerlin Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. O fluxograma representado na Figura 9 resume os processos de produção das pizzas. Embora cada setor da empresa possua atividades definidas e isto implica que há concentração de determinadas tarefas em um determinado colaborador, cabe ressaltar que tanto o pizzaiolo quanto os assistentes compartilham o ato de atender os clientes nos três canais de venda. Figura 9 - Fluxograma da produção das pizzas Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. 20 4.3 Demanda de março no aplicativo de delivery O canal de pedidos analisado se trata de um aplicativo de delivery de comida no qual a empresa possui cadastro desde a sua fundação em 2018. Cerca de 40% de toda a sua demanda vem deste canal. Assim, somente no mês de março, 136 pedidos de pizza foram requeridos nele, sendo que um foi recusado pela empresa, o que resultou em 135 pizzas vendidas no mês de março pelo aplicativo. Dos 136 pedidos, 33%, ou seja, 44 pizzas, corresponderam a pizza sabor calabresa. Ainda, dado a possibilidade de combinação de sabores em uma única pizza, 36 tipos de pizza foram solicitadas, tal que 15 vieram de combinações de sabores e representaram 18 pedidos em todo o mês e 21 vieram de sabores únicos e representaram 118 pedidos. A Figura 10 exibe a relação entre o sabor da pizza e a respectiva quantidade que ela foi demandada no mês de março no aplicativo. Figura 10 - Demanda de março no aplicativo de delivery de acordo com o sabor da pizza Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. Ao somar o total de pedidos pelos cinco dias da semana que a empresa opera (Tabela 2), foi observado que as sextas-feiras e os domingos concentraram a maior quantia, um total de 41 e 38, respectivamente. Em contrapartida, os menores volumes estão nos sábados com 32 pedidos, nas quartas-feiras com 15 e nas quintas-feiras com 10 produtos pedidos. 21 Tabela 2 - Demanda total por dia de operação do Disk Pizza Gerlin Dia Demanda total Quarta-feira 15 Quinta-feira 10 Sexta-feira 41 Sábado 32 Domingo 38 Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. Ao estratificar as informações da Tabela 2 entre as quatro semanas do mês de março, constatou-se que a segunda semana (S2) e a quarta (S4) foram as que o Disk Pizza Gerlin mais recebeu pedidos, com destaque para a S2 que totalizou 45 pedidos. Embora a S4 tenha ficado somente atrás da S2 em números absolutos de pedidos, a quarta-feira daquela semana não registrou demanda no canal de venda investigado. A S3, em contrapartida, foi a semana com menor demanda, tal que em seu sábado e domingo não houve registro de pedidos. Tabela 3 - Demanda total por dia e por semana de operação do Disk Pizza Gerlin Dia S1 S2 S3 S4 Quarta-feira 6 6 3 0 Quinta-feira 0 3 2 5 Sexta-feira 7 11 10 13 Sábado 6 13 0 13 Domingo 13 12 0 13 Total 32 45 15 44 Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. Os dados apresentados na Tabela 3 viabilizam a análise estatística da demanda (Tabela 4). A média de pedidos na sexta-feira foi a maior constatada entre os dias de operação do Disk Pizza Gerlin, 10,25, seguido do domingo, com 9,5 requisições de pizza, em média. Em contrapartida, a menor média observada ocorreu na quinta-feira, 2,5 pizzas. Porém, a quinta-feira foi o dia que apresentou o menor desvio padrão, o que significa dizer que a dispersão dos dados em torno da média calculada nesse dia é menor em relação aos outros dias (LUNET, SEVERO, BARROS, 2006). 22 Tabela 4 - Média e desvio padrão para a demanda diária do Disk Pizza Gerlin Dia Média Desvio Padrão Quarta-feira 3,75 2,87 Quinta-feira 2,50 2,08 Sexta-feira 10,25 2,50 Sábado 8,00 6,27 Domingo 9,50 6,35 Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. Ainda da Tabela 4 é possível inferir informações que complementam a análise acerca da dispersão dos dados em relação a cada um dos dias de operação. A Figura 10 apresenta o gráfico Boxplot. Nela, as hastes, que segundo Neto et al. (2017) assemelham-se à letra “T”, representam os valores compreendidos entre a caixa e os valores limites, inferior e superior, do conjunto de dados. Valores acima ou abaixo dos limites dessas hastes são considerados valores atípicos ou outliers (NETO et al, 2017), tal que, na presente ocasião, os outliers poderiam ser observados caso houvesse uma eventual demanda superior ao comportamento dito como “normal” em algum dia da semana. Desta forma, pode-se observar na Figura 11 a ausência de outliers, o que significa que não houve em nenhum dia da semana uma demanda atípica no aplicativo de delivery para aquele mesmo dia. Verifica-se também que os dias que apresentaram maior desvio padrão, ou seja, maior variação dos dados em torno da média, são representados no gráfico Boxplot com uma maior caixa vertical, ao contrário da quinta-feira, por exemplo, que apresentou o menor desvio padrão (2,80). 23 Figura 11 - Boxplot para a demanda de pizza em cada dia de operação do Disk Pizza Gerlin Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. Ao dividir os horários de atendimento do Disk Pizza em quatro intervalos e analisar a demanda de pedidos com discriminação dos dias da semana, a Figura 12 revela que em todos os dias, à medida em que se aproxima do final do expediente, a quantidade de pedidos tende a diminuir. No caso do dia com maior volume de pedidos, sexta-feira, por exemplo, percebe-se que a maior parte dos pedidos foi realizada entre às 18 e 19 horas, sendo esse valor de 21 pedidos. Ainda, no caso das quartas-feiras, o maior número de pedidos também foi registrado entre às 18 e 19 horas, 7 pedidos. Esse valor se manteve no intervalo das 19 às 20h, decresceu no intervalo seguinte e atingiu a marca de zero pedidos entre 21 e 22 horas, o que também ocorreu nas quintas-feiras no mesmo intervalo. Quando se trata do domingo, ao comparar a quantidade de pedidos entre o primeiro e o último intervalo de trabalho, constatou-se diferença de 23 pedidos, já aos sábados, esta diferença é de 11 pedidos entre os mesmos intervalos. Conclui-se, portanto, que os dois primeiros intervalos correspondem aos momentos de maior demanda e os dois últimos o de menor. 24 Figura 12 - Demanda total de março no aplicativo de delivery por dia e intervalo de atendimento Intervalo de atendimento Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira Sábado Domingo 18h - 19h 19h - 20h 20h - 21h 21h - 22h Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. 4.4 Perspectiva do Tempo de Ciclo e Takt-Time No total, foram realizadas 4 medições de todas as etapas de produção das pizzas, uma no dia 05/04 e as outras três no dia 16 do mesmo mês. Com o resultado das cronometragens, calculou-se o valor médio para cada etapa de produção, considerando o desvio padrão destas informações. Como apresenta o Quadro 2, o pizzaiolo é o único responsável pelas etapas 1, 2, 3, 5 e 6, que juntas totalizam 140,25 segundos. A quinta etapa, assamento, é ditada pelo forno da empresa, com tempo de ciclo médio de 253,5 segundos, podendo variar 27,67 segundos para mais ou para menos, tendo em vista o desvio padrão. Quadro 2 - Tempo médio e desvio padrão em segundos das etapas de produção das pizzas Etapa Descrição Recurso envolvido Tempo médio ± Desvio padrão (Segundos) 1 Transporte da massa para a mesa de preparo Pizzaiolo 6,5 ± 0,58 2 Preparação Pizzaiolo 92,5 ± 7,94 3 Transporte da pizza para o forno Pizzaiolo 10 ± 0,82 4 Assamento Forno 253,5 ± 27,67 5 Transporte da pizza para a mesa de embalamento, corte e despacho Pizzaiolo 7 ± 0,82 6 Embalamento, corte e despacho Pizzaiolo 24,25 ± 1,71 25 Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. A empresa não lança mão de paradas programadas durante seu horário de atendimento, assim, todo o tempo que ela dispõe é direcionado para a produção das pizzas. Uma vez que por dia ela opera em um único turno de 4 horas e sabendo que uma hora equivalea 3.600 segundos têm-se o tempo de 14.400 segundos como o tempo diário disponível para a produção. Contudo, como a presente pesquisa se restringe à analisar a demanda em um canal de pedidos que detém 40% de toda demanda da empresa, o tempo disponível pela empresa para atender o canal em questão é de: 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙 14. 400 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠 𝑥 40% = 5. 760 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠 Baseado nos valores de demanda no canal de realização de pedido analisado, Tabela 4 da seção 4.3, e o tempo de 5.760 segundos disponível pela empresa, foi calculado o takt-time para cada um dos dias de operação do Disk pizza Gerlin, visto o diferente comportamento da demanda nos dias em questão. Desta forma, será possível obter a relação entre o tempo de ciclo e o takt-time, uma vez que só assim é possível compreender a real importância do takt-time (ALVAREZ & ANTUNES, 2001). Conforme ilustrado na Tabela 4, a quinta-feira foi o dia com menor demanda média no aplicativo de delivery, sendo esta de 2,5 pizzas. Assim, com posse do tempo diário disponível e a demanda média neste dia, o ritmo de produção médio estabelecido pelo takt-time foi de uma pizza a cada 2.304 segundos (Tabela 5), o que equivale a aproximadamente 38 minutos. Ainda, ao somar o desvio padrão (DP) e o valor médio de demanda no aplicativo, o takt-time nesse mesmo dia passa a ser de uma pizza a cada 1.257 segundos, ou seja, neste caso, uma pizza é requisitada pelo mercado consumidor a cada 21 minutos aproximadamente. Por fim, o ritmo estabelecido pelo takt-time na quinta-feira quando a demanda for igual a diferença entre a demanda média no aplicativo e o DP é 13.768 segundos, que corresponde a cerca de 3 horas. A sexta-feira, dia que registrou a maior demanda média no aplicativo (10,25 pizzas), apresentou takt-time médio de 561,95 segundos (9 minutos). Quando o DP desse dia é acrescentado à demanda média, o takt-time se torna menor e estabelece um ritmo de produção de 451,76 segundos (aproximadamente 7 minutos) por pizza. Tendo em vista que os demais dias apresentaram valores de demanda média entre os valores de quinta e sexta-feira, o takt-time observado para cada um desses dias foi, consequentemente, um valor entre o takt-time da quinta e da sexta-feira. 26 Tabela 5 - Takt-time para a demanda no aplicativo de delivery de acordo os dias de operação do Disk Pizza Gerlin Dia Takt-time médio Takt-time (Média - DP) Takt-time (Média + DP) Quarta-feira 1.536,00 6.562,47 869,79 Quinta-feira 2.304,00 13.768,90 1.257,18 Sexta-feira 561,95 743,23 451,76 Sábado 720,00 3.332,62 403,60 Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. Munido das informações da Tabela 5, é possível estabelecer a relação entre o takt-time e o tempo de ciclo das etapas de produção das pizzas. De forma exemplificativa, para o caso da sexta-feira, que foi o dia que apresentou o menor takt-time, observa-se na Figura 13 que, embora a demanda naquele dia através do aplicativo estabeleça um ritmo de produção de 451,76 segundos, todas as etapas de produção possuem tempos inferiores, o que permite dizer que o sistema de produção do Disk Pizza Gerlin é capaz de atender suficientemente a demanda dentro do intervalo de tempo que os produtos são requeridos. Figura 13 - Takt-time na sexta-feira versus tempo de ciclo das etapas de produção das pizzas Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. Ainda analisando o exemplo da demanda e o takt-time na sexta-feira, cabe ressaltar que mesmo ao somar o desvio padrão de cada etapa de produção aos seus respectivos tempos médios, o sistema do Disk Pizza apresenta folga e consegue atender a demanda dentro do tempo de requisição das pizzas, conforme ilustra a Figura 14. É possível expandir esta observação para todos os outros dias da semana, pois esses apresentaram takt-time inferiores 27 ao da sexta-feira, inclusive para o sábado que apresentou ”Takt-time (média + DP)” igual a 403,60 segundos. Figura 14 - Takt-time na sexta-feira versus tempo de ciclo máximo das etapas de produção das pizzas Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. Apesar dessa constatação, Linck e Cochran (1999) apontam a necessidade de balanceamento do sistema de produção. Para os autores, sistema desbalanceados, caracterizados pela diferença entre as taxas de processamento das etapas, ou seja, dos tempos de ciclo, desencadeiam o acúmulo de Work-in-progress (WIP) entre as operações, o que sob a visão de GRZNÁR et al. (2019) se traduz em um custo de estoque desnecessário. 4.5 Análise da Capacidade versus Demanda Para a construção da planilha de capacidade versus demanda proposta por Antunes et al. (2008), utilizou-se a perspectiva do calendário de todo o mês de março. Em seções anteriores foi possível constatar que apenas o pizzaiolo e o forno participam efetivamente dos processos de produção das pizzas. Portanto, pode-se afirmar que tanto o pizzaiolo como o forno são recursos do sistema de produção do Disk Pizza Gerlin. Nesse sentido, o tempo de ciclo do pizzaiolo equivale a soma das etapas nas quais ele está envolvido, ou seja, a soma do tempo despendido por ele desde quando o mesmo se desloca até o local onde as massas são armazenadas até a finalização do produto final no processo de embalamento, corte e despacho. Tal tempo equivale a 140,25 segundos. O forno participa uma única vez no processo de assamento, sendo seu tempo de ciclo correspondente a 253,5 segundos/unidade. A Tabela 6 relaciona o tempo de ciclo dos recursos do Disk Pizza Gerlin. 28 Tabela 6 - Tempo de ciclo de acordo com o recurso do Disk Pizza Gerlin Recurso Tempo de ciclo (Segundos/Unidade) Pizzaiolo 140,25 Forno 253,50 Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. Como afirma Antunes e Klippel (2001), o cálculo para determinação do Índice de Rendimento Operacional Global (IROG) não deve ser igual para todos os recursos, uma vez que aquelas que restringem a capacidade assumem o conceito da produtividade efetiva do equipamento (TEEP) e os demais utilizam o conceito do índice de eficiência global do equipamento (OEE). Enquanto no TEEP o tempo total disponível utilizado no cálculo do IROG é o tempo que a empresa está disponível para produzir, ou seja, tempo que não considera paradas programadas, no OEE acontece o contrário, as paradas programadas são consideradas, obtendo assim, um tempo líquido para produção. No presente caso, a empresa estudada não dispõe de paradas programadas durante seu horário de expediente, logo, o tempo considerado para o cálculo do IROG será de 120.960 segundos para ambos os recursos, que é o resultado entre 302.400 segundos (Tempo mensal disponível) vezes a representação de 40% do canal de pedidos analisado. Visto que a demanda, em unidades de pizza, no aplicativo de delivery foi de 136 pizzas, sendo uma não atendida, têm-se que o IROG de cada um dos recurso é de: 𝐼𝑅𝑂𝐺 𝑃𝑖𝑧𝑧𝑎𝑖𝑜𝑙𝑜 = 140, 25 𝑥 135120.960 = 0, 1565 (15, 65%) 𝐼𝑅𝑂𝐺 𝐹𝑜𝑟𝑛𝑜 = 253,5 𝑥 135120.960 = 0, 2829 (28, 29%) Munido das informações acerca da demanda mensal, do IROG dos recursos e seus respectivos tempos de ciclo, foi confrontado a capacidade e a demanda dos recursos do Disk Pizza Gerlin e os resultados obtidos estão ilustrados na Figura 15. 29 Figura 15 - Análise da capacidade versus demanda do sistema de produção do Disk Pizza Gerlin Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. Como resultado, observou-se que tanto o recurso pizzaiolo quanto o forno apresentaram capacidade inferior à demanda de tempo imposta sobre eles, o que sugere que ambos são recursos gargalos. Entretanto, no caso do recurso pizzaiolo, o acréscimo de capacidade neste recurso pode ser obtido via a participação de um dos dois assistentes nas etapas de produção das pizzas e não apenas no atendimento dos clientes e na preparação dos ingredientes. Ao destinar para um assistente a responsabilidade de transportar a massa do local onde elas são armazenadas para a mesa de preparo, o tempo de ciclo do pizziolo decresce para 133,75 segundos, o que tornaria a demanda sobre ele de 18.190 segundos, tempo inferior a suacapacidade de 18.933,75 segundos. Para o caso do recurso forno, a sugestão de que o mesmo é um gargalo também precisa de uma análise mais detalhada. Este recurso é capaz de processar até 8 pizzas de uma única vez, isto é, no caso de uma demanda de 136 pizzas, ele repetiria 17 vezes (136 dividido por 8) o processamento de 8 pizzas, o que levaria no total 4.309,5 segundos, tempo inferior a sua demanda (34.476 segundos). Em ambos os casos, o forno e o pizzaiolo, não podem ser considerados gargalos, porém são recursos críticos, uma vez que, na falta de ações de contenção, eles não serão capazes de lidar com a demanda. 4.6 Perspectiva do Mecanismo da Função Produção (MFP) Sob a perspectiva do MFP, foi analisado o eixo de processos, como ilustrado na Figura 16. Das seis etapas que constituem a produção da pizza cujo sabor é investigado neste trabalho, três são atividades que agregam valor ao produto final. Dentre estas etapas, a etapa de assamento da pizza concentra a maior quantidade de tempo e chega a ser cerca de 56,7% maior do que a soma das outras etapas de processamento. Quanto às demais, todas configuram-se como etapa de transporte, sendo estas o deslocamento da massa pré-assada à mesa de preparação; sua ida ao forno para iniciar o processo de assamento uma vez que a pizza já foi preparada; e o seu deslocamento do forno até a mesa de embalamento, corte e despacho. No total, estas etapas tomam 27 segundos de todo o tempo de produção, o que corresponde a aproximadamente 6,8% do tempo, como ilustra a Figura 17. 30 Figura 16 - Fluxo de produção do Disk Pizza Gerlin Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. Figura 17 - Atividade, tempo, número de etapas e porcentagem do tempo total do fluxo de produção Disk Pizza Gerlin Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. 4.7 Matriz Importância x Desempenho Após a definição dos objetivos de desempenho e aplicação dos questionários, obteve-se os dados necessários para análise. No total, foram somadas 45 respostas ao questionário proposto aos clientes do Disk Pizza Gerlin, o que corresponde a 11,27% do número desejado para compor a amostra. A menor e maior idade registrada no formulário de pesquisa variam de 16 a 58 anos, respectivamente; estabelecendo assim, uma média de aproximadamente 31 anos, cujo erro varia de 10,89 para mais ou para menos. A partir da visão dos clientes foram levantados os dados referentes tanto à importância como ao desempenho, eleitos nesta pesquisa como de suas percepções do desempenho do Disk Pizza Gerlin em relação aos mesmos critérios, de modo a possibilitar a identificação dos critérios ganhadores e qualificadores de pedido na empresa. Nas figuras constam essas informações levantadas. A análise dos valores contidos na Figura 18, evidencia a variabilidade de opiniões dos clientes, com desvio padrão que passam de 2,8 em alguns indicadores, é perceptível que os critérios de leitura da importância ou do desempenho feita pelos clientes são diferentes para a maioria deles. 31 Figura 18 - Médias de importância e desempenho dos critérios competitivos na visão dos clientes Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. Deste modo, construiu-se a matriz importância x desempenho apresentada na Figura 19. A partir dela, é possível perceber que, na avaliação feita pelos clientes, a empresa possui alguns fatores que estão adequados, mas muito mais fatores que precisam ser trabalhados; os critérios que se situam na faixa adequada são três: 7- Variedade de sabores; 13- Cortesia e simpatia; e 14- sabor da pizza; os outros critérios (1- Preço; 2- Custo de Entrega; 3- Tempo de Resposta; 4- Tempo de Entrega; 5- Conformidade do Pedido; 6- Cumprimento do tempo de entrega informado; 8- Formas de pagamento; 9- Meios para efetuar pedido; 10- Bairros Atendidos; 11- Horário de atendimento; 12- Molhos oferecidos) se situaram na faixa de necessidade de melhoria. Entretanto, do ponto de vista dos clientes o desempenho para alguns dos critérios de desempenho está longe do ideal. Ao considerar as variações, para mais ou para menos, das informações obtidas, foi identificado que os critérios 2- Custo de Entrega; 3- Tempo de Resposta; e 11- Horário de atendimento, deixam a desejar em alguns momentos e transitam entre a área de aprimoramento e a área de necessidade de ação urgente. São critérios que, segundo os clientes, têm índices de importância que vão do nível moderado até o alto nível de importância. Portanto, a análise da opinião dos clientes indica que a empresa deve realizar ações imediatas de modo a melhorar o desempenho desses critérios. 32 Figura 19- Matriz Importância x Desempenho visão dos clientes Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. Da mesma forma, efetuou-se a análise das informações levantadas mediante questionário enviado à empresa, respondido pelo proprietário, a fim de se elaborar a matriz importância x desempenho posteriormente. As tabelas 7 e 8 apresentam esses dados. A partir daí, constatou-se que o proprietário vê seu negócio com bons olhos, é criterioso no que diz respeito à importância de cada critério de desempenho, e avalia positivamente a sua empresa em todos os critérios de desempenho que se referem ao desempenho em relação à concorrência, tendo elegido notas que vão de 1 a no máximo 4, na escala de 1 (melhor que os concorrentes) a 9 (pior que os concorrentes). 33 Tabela 7 - Notas de Desempenho dos critérios competitivos na visão do proprietário. Critério de Desempenho Nota Preço 2,00 Custo de entrega 1,00 Tempo para aceitar o pedido 1,00 Tempo de entrega do pedido 3,00 Conformidade do pedido 2,00 Cumprimento do tempo de entrega informado 3,00 Variedade de sabores 1,00 Formas de pagamento 1,00 Canal para efetuar o pedido 1,00 Bairros contemplados pelo atendimento 1,00 Horário de atendimento 3,00 Molhos oferecidos 1,00 Cortesia e simpatia no atendimento 1,00 Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. 34 Tabela 8- Notas de Importância dos critérios competitivos na visão do proprietário. Critério de Desempenho Nota Preço 3,00 Custo de entrega 4,00 Tempo para aceitar o pedido 1,00 Tempo de entrega do pedido 1,00 Conformidade do pedido 1,00 Cumprimento do tempo de entrega informado 1,00 Variedade de sabores 1,00 Formas de pagamento 1,00 Canal para efetuar o pedido 2,00 Bairros contemplados pelo atendimento 1,00 Horário de atendimento 1,00 Molhos oferecidos 2,00 Cortesia e simpatia no atendimento 1,00 Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. A partir do cruzamento desses dados elaborou-se a matriz apresentada na Figura 20, que, por sua vez, se assemelha mais ao que estamos acostumados a analisar: importância definida pelos clientes e desempenho avaliado internamente; assim, temos uma matriz mais próxima da realidade. Nela, observou-se que diferentemente da matriz com visão unicamente dos clientes, a maior parcela de critérios está situado não na área de necessidade de melhoria, mas sim na área considerada adequada. Vale destacar que aqui, também foram identificadas flutuações derivadas das variações identificadas pelos respectivos desvios padrão. Assim, apenas quatro critérios estão realmente situados nas zonas indicadas na matriz, ou em melhor classificação, são eles: 3- Tempo de resposta; 5- Conformidade do Pedido; 13- Cortesia e simpatia; 14- Sabor da pizza, todos na zona adequada. Todos os demais transitam entre as zonas indicadas na matriz e zonas inferiores, São eles: 4-Tempo de Entrega; 6- Cumprimento do tempo de entrega informado; 11- Horário de atendimento, que estão na zona de aprimoramento. No caso do 1- Preço; 2- Custo de Entrega; 7- Variedade de sabores; 8- Formas de pagamento; 9- Meios para efetuar pedido; 10- Bairros Atendidos; 12- Molhos oferecidos; estes por sua vez, situados na zona adequada; Comparando as duas matrizes elaboradas, foi identificada uma discrepância entre a visão isolada e a outra comparada. Ainda assim houveram critérios em comum em áreas em comum, como por exemplo os critérios 7- Variedade de sabores e 13- Cortesia e simpatia que em ambos os casos foram consideradosadequados; E os critérios 6- Cumprimento do tempo 35 de entrega informado e 11- Horário de atendimento, que também, nos dois casos, foram candidatos para aprimoramento, reforçando assim, ainda mais, a necessidade de melhoria dos mesmos. Entretanto, é importante destacar a flutuação identificada a partir do desvio padrão. Critérios como 4- Tempo de Entrega; 6- Cumprimento do tempo de entrega informado; 11- Horário de atendimento chegam a estar classificados na área de ação urgente; portanto, são critérios que necessitam de uma maior atenção, de modo que a classificação desses indicadores passe da zona de aprimoramento para a adequada. Analogamente, os indicadores que estão adequados necessitam que a empresa trabalhe para mantê-los no nível de excelência atual para que a empresa seja competitiva, em especial os critérios 1- Preço; 2- Custo de Entrega; 7- Variedade de sabores; 8- Formas de pagamento; 9- Meios para efetuar pedido; 10- Bairros Atendidos; 12- Molhos oferecidos, que em alguns momentos chegam a estar classificados na zona de aprimoramento. Figura 20 - Matriz Importância x Desempenho visão cliente x proprietário Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. 4.8 Propostas de melhorias Com base na análise do processo de produção do Disk Pizza Gerlin, seu espaço físico, gestão e demais características, algumas considerações podem ser feitas. A primeira diz respeito ao controle de demanda.Verificou-se que, embora os pedidos efetuados pelos clientes através dos três canais de venda sejam anotados em um caderno da empresa que define a 36 ordem de produção, o sabor da pizza e o local de entrega do pedido, a mesma não utiliza destas informações para traçar estratégias do negócio. Diante disso, propõe-se que, além do uso deste caderno, as informações passem a ser registradas em uma planilha eletrônica no Microsoft Excel, conforme Figura 21. Isto pode fazer com que a empresa gere dados suficientes para analisar o comportamento da demanda através dos dias de operação, intervalos de atendimento, sabor da pizza, bairro e cidade nos quais os pedidos foram realizados. Para tal a planilha dispõe de campos específicos destinados aos itens mencionados, além de possibilitar que o proprietário: 1) observe quantos pedidos foram realizados por meio dos combos promocionais ofertados pela empresa; 2) observe quantos pedidos foram cancelados ou concluídos, por meio do campo “Status do pedido”. Outro benefício advindo desta análise é a possibilidade do Disk Pizza estimar com maior confiabilidade quantas massas deverão ser produzidas em um determinado dia para atender a demanda sem que falte massa durante o expediente. Isso é possível por meio de inferência estatística, que extrapola as características observadas em uma amostra para toda a população, no presente caso, todos os clientes. Portanto, a adoção desse controle auxiliaria na preparação do sistema de produção do Disk Pizza Gerlin nos dias de atendimento, bem como faria com que a empresa focasse no que os dados de demanda coletados indicam. Figura 21 - Modelo de planilha para o controle da demanda Fonte: Elaborada pelos autores, 2021. A fim de evitar a sobrecarga em horários e dias de maior demanda, como é o caso dos dois primeiros intervalos de atendimento (18 às 19 horas e 19 às 20 horas) propõe-se a adoção de promoções em dias e horários que apresentam baixa demanda. As quartas feiras, por exemplo, que costumam se apresentar como o dia de menor demanda, seriam uma forte candidata para tal feito. Combos promocionais e sorteios para os clientes são duas opções que podem trazer bons resultados. Essa proposta exige apenas uma estratégia por parte dos colaboradores para determinar qual a melhor oferta para determinado dia. Por exemplo, nas quartas feiras que tem uma demanda menor em relação aos outros dias, uma promoção em que o cliente compre uma pizza e ganhe um desconto de 5% no seu pedido pode ser uma boa oportunidade para diminuir a sobrecarga nos outros dias. Além disso, esta ação pode resultar em novos clientes para a o Disk Pizza, pois com uma boa divulgação a empresa consegue atingir determinados públicos que não atingiria normalmente e fazer com que estes se sintam atraídos e dispostos a realizar o seu primeiro pedido na pizzaria, visto a oferta da promoção. No que diz respeito a despadronização da quantidade de ingredientes em cada pizza, a proposta de melhoria indicada é a realização da medição de cada ingrediente para determinado sabor de pizza, para assim evitar desperdícios e permitir que a empresa seja capaz de determinar, de acordo com a unidade de medida de cada ingrediente, a quantidade que deve ser adicionada na pizza. A padronização, além de garantir uma segurança em relação ao estoque de ingredientes e produtos destinados a produção das pizzas, faz com que a empresa tenha um controle sobre suas etapas de produção bem definidas em relação a montagem das pizzas, e com essa padronização, também é possível realizar os custos de produção com números mais exatos e assim, evitar com que a empresa tenha uma redução nas despesas e assim garantir maiores retornos sobre os valores finais de cada pizza. Para essa melhoria, será necessário a aquisição de uma balança de precisão, que custa em média R$30,00, e essa é de extrema 37 importância para realizar a pesagem dos ingredientes e assim determinar a quantidade que será colocada em cada pizza. Para agilizar esse processo, o uso de uma vasilha como medida para cada porção de determinado ingrediente pode ser algo para reduzir o tempo gasto nesse processo de pesagem e distribuição das porções de cada ingrediente, tendo que, a quantidade de ingredientes é alta e levaria muito tempo para realizar a pesagem e separação de cada porção de cada ingrediente.. Analisando a matriz importância x desempenho dos critérios competitivos na visão dos clientes, podemos concluir que existem três pontos a serem melhorados de imediato, no qual se referem ao custo de entrega, tempo de resposta e horário de atendimento. Uma estratégia para reduzir os custos de entrega é a criação de rotas estratégicas a fim de reduzir os custos com as entregas, e estes refletirem no custo de entrega que é cobrado ao cliente. Quanto ao tempo de resposta, a disponibilização de uma pessoa para ficar responsável somente pelo atendimento é algo que evitaria esse problema. Já no que se refere ao horário de atendimento, a empresa pode realizar um balanceamento ou uma pesquisa, e verificar a demanda de pedidos que teria nos horários que a mesma não realiza atendimento, podendo assim satisfazer as necessidades dos clientes. Essas melhorias devem ser feitas de imediato e tidas como prioridade, pois são dados que os clientes relataram nos critérios de desempenho. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os objetivos deste trabalho foram estabelecidos a partir do interesse de realizar um estudo de caso em uma empresa do setor de serviços de alimentação. Assim, estabeleceu-se a descrição e a análise do sistema de produção e das estratégias adotadas pela empresa estudada. Por meio da avaliação do takt-time e do tempo de ciclo foi possível observar que todas as etapas de produção das pizzas possuem tempos inferiores ao ritmo estabelecido pela demanda no aplicativo de delivery em todo o mês de março. Embora essa avaliação tenha sido baseada apenas na demanda de um dos três canais de vendas do Disk Pizza, a aplicação desses conceitos pode ser expandida para os três canais, desde que a empresa reforce o seu compromisso de registrar e analisar todos os pedidos que recebe, inclusive os recusados e cancelados. A análise de capacidade versus demanda, por sua vez, permitiu identificar que tanto o forno como o pizzaiolo são recursos que restringem a capacidade de produção. No caso do pizzaiolo, isso se deve ao fato de que o mesmo desempenha muitas atividades, o que, em eventuais sobrecarga de pedidos, pode acarretar no não atendimento da demanda no ritmo estabelecido pelo takt-time para esses momentos. Logo, a participação de um ou mais assistentes nas etapasque são executadas pelo pizzaiolo pode vir a ser uma solução adequada. Já o forno dita a produção, uma vez que o mesmo possui o maior tempo de ciclo. Uma quebra ou falha desse equipamento pode representar um risco para a empresa. No que tange o MFP, constatou-se que a empresa concentra a maior parte do seu tempo em etapas que agregam valor ao produto final, o que sugere que a empresa otimizou seu sistema de produção para despender tempo em etapas importantes para as pizzas. Há exceção apenas nas etapas de transporte. A partir da análise da Matriz Importância x Desempenho foi possível perceber que, sob a visão dos clientes, o desempenho da empresa em relação a maioria dos critérios eleitos na pesquisa transitam entre a zona adequada e zona de necessidade de melhoria, que foi a zona predominante. Isto implica que a empresa precisa traçar diretrizes que a faça ir ao encontro do que seus clientes anseiam, especialmente no critério de desempenho “preço” que foi o pior avaliado. Cabe ressaltar a importância da amostra de clientes que compõem a construção da matriz, uma vez que quanto mais respostas de clientes a empresa tiver, maior será a confiabilidade dos resultados. 38 6. Referências ALVAREZ, R. 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