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Estágio de Clínica Médica – Neurologia ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL HEMORRÁGICO ✓ Definições ● Início súbito o Começou em segundos a minutos → pensar em síndrome cerebrovascular ● Sinal neurológico focal o Sinal neurológico focal objetivo, associado ao exame físico. o Pode ser lesão em qualquer lugar do sistema nervoso (se for agudo/súbito, pensar em vascular) o Motricidade → hemiparesia o Sensibilidade → hemi hipoestesia o Linguagem → afasia ▪ Dificuldade de nomeação, repetição, fluência baixa. o Visão → hemianopsia ▪ Perda de campo visual o Nervos cranianos alterados → diplopia, disartria e disfagia o Cerebelo → perda de coordenação (ex. vertigem aguda) o SARA → consciência ▪ Menos frequentemente associado a lesão focal, mas eventualmente pode acontecer. ● Acidente vascular cerebral ✓ Emergência! ● Alta morbimortalidade ● Acidente vascular cerebral → tomografia de crânio → neuroimagem divide esses quadros neurológicos em isquêmicos em hemorrágicos. o AVC Isquêmico o AVC Hemorrágico (excluído trauma): ▪ HIP (hemorragia intraparenquimatosa) ◊ Parece um tumor de sangue (“bola de sangue”) nas profundezas do cérebro. ◊ Sangue na TC = hiperdenso (branco). ◊ É um vaso menor na profundeza do tecido cerebral que se rompe e gera a massa de sangue. ▪ HSA (hemorragia subaracnóidea) ◊ Sangue se distribui no espaço subaracnóideo nos sulcos e fissuras → acontece porque na HSA geralmente há ruptura de um aneurisma mais proximal (mais calibroso), e o sangue se espalha pelo trajeto subaracnóideo (pelo líquor). ▪ Aspectos diferentes, causas podem ser diferentes. ✓ Etiologias ● HIP o HAS ▪ Mais comum é estar associado a uma complicação da HAS de longo prazo (angiopatia hipertensiva). ▪ Fragilidade da parede capilar → ruptura de vaso o Amiloide o Trombose o Neoplasia o Drogas ● HSA o Trauma o Aneurisma cerebral o MAVs (malformações arteriovenosas) Hematoma Intraparenquimatoso (HIP) ✓ Maior parte associada a hipertensão arterial sistêmica de longa data ● Causa uma alteração na parede dos vasos ✓ Lipo-hialinose de pequenas artérias ✓ Necrose da parede de vasos ● Com formação de pequenos/minúsculos aneurismas ✓ Ruptura → padrão de hematoma na neuroimagem e na avaliação histopatológica ✓ Fisiopatologia ● Aneurisma de Charcot-Bouchard o Microaneurismas causados pela fragilidade capilar nos vasos. ● Angiopatia hipertensiva (principal causa) o Causa primária de HIP ● Outras causas secundárias o Ex. tumor cerebral, trombose venosa cerebral. ✓ Manifestações clínicas ● Indistinguível das outras síndromes cerebrovasculares. ● Sinal neurológico focal de instalação súbita ● Cefaleia ● Vômitos ● Alteração do nível de consciência o Sugerindo hipertensão intracraniana ● Convulsão o Pelo contato próximo com o parênquima cerebral é possível ter crises epilépticas. ✓ Diagnóstico ● Quadro clínico ● Neuroimagem ● Dx é clínico-radiológico! ✓ Conduta inicial ● 1. Cuidados críticos o Emergência, monitorização, acesso venoso, glicemia de jejum, eletrocardiograma (ECG), laboratório o Se possível avaliação da neurologia, e/ou neurocirurgia. ● 2. Controle de hipertensão o Alvo: PAS 140 mmHg o Nitroprussiato de sódio (medicação parenteral facilmente titulável) ● 3. Reversão de anticoagulação o Vitamina K o Complexo protrombínico o Plasma fresco congelado ✓ Hipertensão intracraniana ● Complicação neurológica da HIP. ● Geralmente manifesta por piora do sinal neurológico focal, alteração do nível de consciência, assimetria de pupilas, ou uma neuroimagem com efeito de massa bem significativo (achado compatível com massa importante). ● Medidas de tratamento clínico (transitórios, não resolvem o problema de forma definitiva): o Elevação da cabeceira (para reduzir a HIC) o Hiperventilação (níveis de CO2 → efeito vasodilatador → reduz a pressão intracraniana) o Manitol ou salina hipertônica (reduzem a PIC por efeito diurético) o Indução do coma (ex. propofol) ▪ Redução da demanda metabólica do cérebro → redução da PIC ● Medidas de tratamento cirúrgico → indicações de tratamento cirúrgico para pacientes com HIP: o Lesões cerebelares (fossa posterior → pequenas massas podem cursar com grande efeito sobre a PIC, por obstrução da drenagem ventricular/do líquor): ▪ > 3cm ▪ Hidrocefalia associada na imagem ▪ Deteriorando clinicamente ▪ Comprime tronco encefálico o Lesões supratentoriais (acima do tentório do cerebelo, acometendo os hemisférios cerebrais): ▪ Raramente submetido a tratamento cirúrgico, porque não há evidência boa de melhora com ncx. ▪ Bem individualizado ▪ Controverso ▪ Se efeito de massa importante, paciente deteriorando clinicamente. ✓ Investigação etiológica ● Passada a fase aguda com condutas associadas → determinar o que causou o sangramento intraparenquimatoso do paciente → algumas causas têm tratamento/condutas distintas, o que pode ser crucial na decisão terapêutica. ● O que levar em conta para definir a etiologia do sangramento intracraniano nesses pacientes? o Localização do sangramento ▪ Típico: primário, associado a HAS → profundo, nos núcleos da base ou no tronco encefálico, não lobar (1ª imagem). ▪ Lobar: mais próximo da superfície, geralmente associado a outras causas secundárias de sangramento intracraniano (2ª imagem). o Idade ▪ Hemorragia decorrente de HAS tende a ocorrer em pacientes mais idosos. o Uso de anticoagulantes o História de HAS de longa data (lembrar do dx de hemorragia primária por angiopatia hipertensiva, principalmente se o sangramento for profundo). ● Profundo o Se angiopatia hipertensiva, normalmente a TC de crânio já é suficiente na investigação etiológica. ● Lobar o Precisa de uma investigação mais completa, principalmente se paciente jovem sem causa definida. o Importante fazer estudo vascular avançado (lembrar da possibilidade de aneurisma associado ao sangramento, além de MAVs). o Drogas podem cursar com sangramentos: ilícitas (ex. cocaína), lícitas (ex. simpaticomiméticos). ▪ Tanto HIP quanto HSA o Trombose venosa cerebral pode estar associada a padrão de hematoma lobar → tratamento muda completamente, sendo possível até fazer uso de anticoagulante. o Angiopatia amiloide: doença de paciente idoso, com múltiplos sangramentos superficiais e hematoma lobar. ✓ OBS.: Hematoma intraparenquimatoso → não é possível diferenciar clinicamente de isquemia ● Importância da neuroimagem! Hemorragia Subaracnoide (HSA) ✓ É uma ruptura de um vaso por alguma razão (seja por aneurisma ou por MAV) ✓ Sangue no espaço subaracnoide ● Sangramento não forma um “tumor” de sangue → pode se disseminar pelo espaço subaracnoide, no líquor, e não acometer uma estrutura cerebral nobre → pode não levar a um sinal neurológico focal. ✓ Edema cerebral e meningite química ✓ Reação na parede dos vasos ✓ Quadro muito grave e potencialmente fatal ✓ Manifestações clínicas ● Cefaleia súbita o Pode ser a ÚNICA apresentação, isolada! o Súbita: atinge a intensidade máxima em poucos segundos, até 1 minuto. ▪ É explosiva, como um “trovão”. o Pior cefaleia da vida o Pode ser precipitada durante o esforço ou atividade sexual o Mudança de padrão (ex. enxaqueca prévia, mas agora uma dor de cabeça diferente) o Cefaleia sentinela: 15 dias/1 semana antes do evento, o paciente tem uma cefaleia um pouco mais forte e de padrão diferente, mas que não houve rompimento de aneurisma (ou foi uma ruptura contida) → e que depois tem a dor ictal da ruptura em si. ● Alteração de consciência ● Vômitos ● Sinais meníngeos o Sangue no espaço subaracnoide pode irritar as meninges, e o paciente ter rigidez nucal, sinal de Kernig, sinal de Brudzinski. ● Sinais focais (dependendo da extensão do acometimento)e convulsão (pela irritação do córtex cerebral) ✓ Diagnóstico ● Dx das síndromes cerebrovasculares é clínico- radiológico ● Quadro clínico ● Neuroimagem o Sangue nas raias o OBS.: em pacientes que se apresentam no hospital mais tardiamente, pode acontecer uma reabsorção rápida desse sangue → quando faz neuroimagem, não tem mais um sangue → porém diante de um quadro clínico típico, com neuroimagem normal, procede-se a investigação diagnóstica com exame do líquor. ● Líquor o Sangue pode ser identificado → encontra-se hemácias de forma anormal/anômala no líquor. ✓ Escalas de gravidade e prognóstico ● Escala de Fisher: o Escala tomográfica, radiográfica o A depender da extensão do sangramento, indica se o paciente tem maior potencial de gravidade o Fisher 1: só detecta sangue pelo líquor. ● Escala de Hunt-Hess: o Escala mais clínica o Quanto menos sintomas tem o paciente, mais leve é o quadro, e melhor o prognóstico. ✓ Diagnóstico etiológico (normalmente vem junto com o dx da HSA) ● AngioTC/RM o Muitas vezes já mostra o aneurisma ou a MAV o Menos invasivo, mais rápido, mais fácil obtenção ● Arteriografia o Padrão-ouro o Sensibilidade maior principalmente para pequenos aneurismas. o Habitualmente se o paciente fez uma angioTC/RM e não encontrou aneurisma, o paciente é encaminhado para arteriografia. o Vantagem = possibilidade da terapia ad-hoc → fazer o dx do aneurisma e já realizar o tratamento (embolização) se possível. o Tratamento mais rápido em alguns casos. ✓ Intervenção pode ser fundamental em evitar complicações! ✓ Conduta ● 1. Manejo inicial: o Diagnóstico (TC e LCR) o Cuidados críticos e clínicos ● 2. Definir causa o Estudo de vasos ● 3. Tratar o Intervenção precoce e cuidados clínicos ● 4. Complicações o Identificar e tratar ✓ Tratamento clínico ● Antitrombóticos → Suspender/reverter anticoagulação ● Anticonvulsivantes (fármaco anticrise) → Controverso o Não há evidência clara para suportar uso de rotina. o Se tem crise convulsiva, aí inicia ● Manter paciente hidratado em EUVOLEMIA → Soro fisiológico 0,9% ● Pressão arterial → PAS < 160mmHg o Se muito alta, tende a abaixar com drogas parenterais. ● Nimodipino → Prevenção de vasoespasmo o Bloqueador do canal de cálcio. o É rotina! ● Estatina → Prevenção de vasoespasmo → Controverso o Não há forte evidencia que embase essa conduta. ✓ Tratamento do aneurisma ● Preferencialmente nas 24-72h (precoce) ● Porque a principal complicação precoce do HSA é o ressangramento! ● Resssangramento tem mortalidade muito alta! ● 2 modalidades de prevenção do ressangramento: o Endovascular (cateterismo, embolização) o Clipagem neurocirúrgica tradicional ● A decisão vai depender do status clínico (gravidade), tamanho do aneurisma, localização (circulação anterior ou posterior), colo, anatomia. ✓ Complicações ● Ressangramento o Primeiras 24h o Mortalidade muito alta o Intervenção é fundamental ● Vasoespasmo o Sangue que está no espaço subaracnoide pode irritar os vasos depois de algum tempo → essa irritação na parede dos vasos pode levar a uma contração/espasmo de múltiplos vasos → pode levar a complicação isquêmica de um fenômeno hemorrágico (distal). o Isquemia tardia, sinal neurológico focal, nova deteriorização clínica. o Tempo de 4-14 dias o Pico de 7-8 dias o Terapia: ▪ Hemodiluição ▪ Hipertensão permissiva (se aneurisma tratado) ▪ Hipervolemia (Casos refratários) ▪ Objetivo de aumentar a perfusão! ● Hidrocefalia o O acúmulo de sangue no espaço subaracnoide pode dificultar a reabsorção do líquor → hidrocefalia. o Deterioração clínica o Sem melhora em 24h (ou hidrocefalia muito grande) → conduta neurocirúrgica pode estar indicada o Derivação ventricular externa ou peritoneal ● Clínicas o Hiponatremia ▪ Síndrome cerebral perdedora de sal associada ▪ Síndrome da secreção inapropriada de ADH o Alterações eletrocardiográficas ▪ Ou alterações de enzimas cardíacas (ex. troponinas) ▪ Ex. inversão de onda T, infra de ST. ✓ OBS.: Hemorragia subaracnoide → cefaleia súbita: ● Intensidade máxima em poucos segundos ● Explosiva, trovoada.
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