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Fitoterapia Aplicada nas Principais Patologias APRESENTAÇÃO No Brasil, o uso da fitoterapia para o tratamento de algumas patologias tem sido incorporado, principalmente, nos serviços públicos de saúde. Com isso, os profissionais de saúde são orientados sobre os procedimentos da terapêutica e as formas de apresentá-la aos pacientes como uma opção de tratamento que pode ser aliado ao conhecimento popular, além de ter baixo custo. Neste Unidade de Aprendizagem, você verá uma abordagem sobre a fitoterapia nas patologias respiratórias, nas cardiovasculares, na obesidade e na síndrome metabólica. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a fitoterapia nas patologias respiratórias.• Relacionar o uso da fitoterapia nas patologias cardiovasculares.• Identificar a aplicação da fitoterapia na obesidade e na síndrome metabólica.• DESAFIO O uso de fitoterápicos é cada vez mais utilizado no combate de diversas patologias importantes. Seu uso, com segurança, pode promover resultados terapêuticos semelhantes àqueles atingidos com o utilizo dos medicamentos convencionais. A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (Decreto Nº 5.813/2006), objetivou “garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional”. Desde então, mais precisamente em 2007, o Sistema Único de Saúde (SUS) passou a disponibilizar fitoterápicos, gratuitamente, em muitos estados do Brasil. Com o tempo, a lista foi aumentando e hoje é possível encontrar medicamentos indicados para o tratamento de problemas ginecológicos e gastrintestinais, além do tratamento de queimaduras, de artirte, de osteoartrite, entre outros. Você é um profissional que trabalha na rede pública de saúde e recebeu em seu ambulatório uma paciente. Clique na imagem e se aproprie do quadro clínico. Defina o diagnóstico nutricional da adolescente e a sua conduta terapêutica, incluindo a prescrição de um fitoterápico para seu tratamento. Dê preferência aos fitoterápicos disponibilizados gratuitamente pelo SUS. INFOGRÁFICO Os fitoterápicos, mesmo que de origem natural, podem apresentar contraindicações e efeitos adversos ao organismo humano se não forem prescritos e usados com responsabilidade. As listas de fitoterápicos conhecidos e reconhecidos por seus benefícios são extensas e abordam diversas patologias clínicas. No entando, poucos deles são registrados pela ANVISA e, com isso, podem ser utilizados de forma segura e eficaz pelo paciente. É importante que tanto o profissional da saúde, quanto o paciente tenham conhecimento efetivo sobre os riscos de um medicamento antes de prescrevê-lo ou utilizá-lo. Clique na imagem abaixo para ver alguns fitoterápicos indicados em doenças resporatórias e cardiovasculares e em casos de obesidade e de síndrome metabólica. CONTEÚDO DO LIVRO A fitoterapia é uma terapia que pode ser utilizada no auxílio ao combate de diversas patologias e que apresenta um vantajoso custo benefício. Para a prescrição dos fitoterápicos, o profissional da área da saúde deve sempre levar em consideração as evidências científicas existentes para sua indicação, além da posologia e da possível toxicidade. As principais patologias em que os fitoterápicos são comumente utilizados são as respiratórias e as cardiovasculares, além da obesidade e da síndrome metabólica. Você pode acompanhar mais no capítulo Fitoterapia aplicada nas principais patologias, do livro Nutrição funcional fitoterapia - base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. NUTRIÇÃO FUNCIONAL E FITOTERAPIA Luciana de Souza Fitoterapia aplicada nas principais patologias Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a � toterapia nas patologias respiratórias. Relacionar o uso da � toterapia nas patologias cardiovasculares. Identi� car a aplicação da � toterapia na obesidade e na síndrome metabólica. Introdução No Brasil, o uso da fitoterapia para o tratamento de algumas patologias tem sido incorporado, principalmente, nos serviços públicos de saúde. Com isso, os profissionais de saúde são orientados sobre os procedimentos da terapêutica e as formas de apresentá-la aos pacientes, como uma opção de tratamento que pode ser aliado ao conhecimento popular, além de ter baixo custo. Neste capítulo, você vai estudar a fitoterapia nas patologias respi- ratórias, nas cardiovasculares, na obesidade e na síndrome metabólica. Fitoterapia nas patologias respiratórias Os fi toterápicos são muito utilizados em patologias respiratórias. Muitas infecções do trato respiratório são acompanhadas por tosse, irritação da gar- ganta, congestão nasal e presença intensa de muco. O resfriado comum, por exemplo, consiste na infecção respiratória das vias aéreas superiores, causada por vírus, podendo se apresentar como rinite, faringite, sinusite e laringite. A utilização de plantas medicinais contribui de modo significativo na melhora dos sintomas do resfriado, sem comprometer o mecanismo mucociliar do trato respiratório superior, evitando, assim, um risco maior de infecções bacterianas e virais. U4_C20_Nutrição funcional e fitoterapia.indd 232 07/07/2017 16:28:44 Os medicamentos fitoterápicos podem ser utilizados em apoio a uma terapia com antibióticos. Muitas plantas são usadas na forma de chás caseiros, principalmente folhas de sabugueiro, flores de tília e flores de rainha-dos- -prados, visando a aliviar os problemas respiratórios. Principais patologias respiratórias Pneumonia A fi toterapia, aliada a alimentos funcionais, oferece importante auxílio na prevenção e superação de patologias do aparelho respiratório, inclusive com relação à pneumonia. Deve ser indicada com cautela ao público em geral, pois é necessário estabelecer fórmulas com dosagens específi cas para cada ciclo da vida. Os estímulos da fitoterapia, com o objetivo de superar doenças respiratórias, já demonstraram, em evidências científicas, que podem ser administrados junto com a mamadeira, sem efeitos adversos. Entretanto, ainda são necessários mais conhecimentos científicos em relação à eficácia e à biossegurança. Os fitoterápicos também são remédios! Por isso, devem ser receitados por profissionais especialistas. Bronquite, asma e alergias Os xaropes fi toterápicos são muito utilizados em pediatria, principalmente para crianças a partir de 1 ano, quando só então é recomendada a ingestão de mel. Os xaropes fi toterápicos são usados, sobretudo, para o tratamento de bronquite, asma, afecções da garganta e alergias respiratórias. Os efeitos terapêuticos de plantas como agrião, ameixa, alho, capim-limão, couve, hortelã, milho, urtiga-branca, limão, romã, urucum, beterraba e mas- truz são peitorais, emolientes e expectorantes. Algumas plantas medicinais atuam, com evidência comprovada cientificamente, no trato respiratório. São relevantes as seguintes plantas: 233Fitoterapia aplicada nas principais patologias U4_C20_Nutrição funcional e fitoterapia.indd 233 07/07/2017 16:28:44 Mikania glomerata Spreng Conhecida popularmente como guaco, tem informações etnofarmacológicas que lhe atribuem propriedades tônica, depurativa, antipirética, estimulante do apetite, no tratamento da gripe, além de ser indicado para infl amações da garganta, utilizando-se as folhas cozidas para gargarejo. Algumas ações sobre as vias respiratórias foram comprovadas experimentalmente, o que justifi ca seu efeito broncodilatador. Eucalyptus globulus Labill O eucalipto é um dos remédios caseiros mais conhecidos. Tem cheiro forte e característico, sendo empregado em desinfetantes e produtos de limpeza em geral, com ação bactericida. Seu óleo essencial é conhecido por eliminar calor, infl amações, gripe, coriza,rinite, sinusite, tosse e asma, além de ser relaxante, purifi cante e controlar a ansiedade. Alivia, também, as dores musculares e o reumatismo e descongestiona o aparelho respiratório, sendo perfeito para inalações. Nasturtium officinale R.Br. Conhecido popularmente como agrião, é uma planta utilizada na medicina popular brasileira, empregando-se as partes aéreas no tratamento de bronquites, gripes, faringites e laringites. Óleos essenciais A utilização de óleos essenciais de plantas, como os óleos de hortelã e de eucalipto, tem sido útil na desobstrução das vias aéreas nasais. O resultado é observado quando um paciente com obstrução nasal inala o óleo de hortelã, apresentando uma melhora ao respirar. Os óleos essenciais estão disponíveis para aplicação tópica em várias formas, como pomadas nasais, gotas nasais, inalantes de vaporização, inalantes em aerossol ou, ainda, como ingredientes de comprimidos, pastilhas ou gargarejos. Nutrição funcional e fitoterapia234 U4_C20_Nutrição funcional e fitoterapia.indd 234 07/07/2017 16:28:44 Os óleos essenciais, ao chegarem à mucosa nasal, estimulam os movimentos ciliares, além de aumentarem o fluxo de secreções, mantendo a mucosa úmida. É observado que o óleo essencial pode provocar vasoconstrição reflexa e, dessa forma, exercer efeito descongestionante. A inalação do vapor de uma preparação de chá de camomila, folhas de hortelã ou anis, a vaporização do álcool de melissa junto com camomila ou o banho quente de um sal de banhos, contendo óleos essenciais, são procedi- mentos comuns e de fácil realização, mesmo em casa. A utilização de pastilhas, comprimidos mastigáveis e gargarejos contendo substâncias ou misturas de óleos essenciais, como o óleo de anis, eucalipto, hortelã, mentol, funcho, mentol e bálsamo de tolu é indicada para o alívio da inflamação local na cavidade oral e como supressor da tosse. Plantas mucilaginosas As mucilagens vegetais são capazes de inibir a tosse, formando uma camada protetora que defende a superfície da mucosa de agentes irritantes. Plantas expectorantes Os agentes fi toterápicos expectorantes infl uenciam a consistência, a formação e o transporte das secreções bronquiais. A utilização desses fi toterápicos tem sido descrita há séculos, podendo-se observar redução da viscosidade do muco devido à presença de água nos chás. Muitos temperos, como pimenta comprida, cubeba, gengibre e cúrcuma, são compostos presentes em medicamentos para a tosse na medicina tradicional chinesa e indiana. Já as plantas que contêm saponinas (constituinte glicosídico associado a um terpenoide de aglicona) exibem ação expectorante. As folhas de hera são muito prescritas para o tratamento de distúrbios com secreção espessa do trato respiratório superior e no tratamento sintomático de doenças bronquiais inflamatórias crônicas. 235Fitoterapia aplicada nas principais patologias U4_C20_Nutrição funcional e fitoterapia.indd 235 07/07/2017 16:28:45 Cuidados no uso da fitoterapia em patologias respiratórias A utilização de preparações hidrofílicas, como as gotas nasais, é preferível por facilitar a movimentação ciliar. Porém, tais compostos não são recomendados quando aplicados no rosto e na região nasal de bebês e crianças menores de 2 anos, devido ao risco de espasmo da glote e de parada respiratória. Uso da fitoterapia nas patologias cardiovasculares Os fi toterápicos também são muito utilizados em patologias cardiovasculares, principalmente na regulação da tensão arterial e na redução da agregação pla- quetária, fortalecendo a musculatura e o sistema cardiovascular como um todo. Os seguintes fitoterápicos são utilizados em algumas patologias cardiovas- cu lares : Ginkgo biloba – suas folhas ajudam a inibir a agregação plaquetária e melhoram a microcirculação, contribuindo para uma melhor oxigenação celular. Deve ser utilizado como infusão, após as refeições. Alho – é uma planta útil na regulação da tensão arterial. Diminui a agregação plaquetária, aumenta a atividade fibrinolítica, produz efeitos hipoglicemiantes e reduz os níveis de colesterol. Deve ser ingerido cru, em pó ou em cápsulas. Constitui um dos elementos usados no trata- mento da arteriosclerose. Essa planta é muito usada na alimentação, além de ser empregada, com frequência, em estudos farmacológicos e fitoquímicos, pois apresenta considerável efeito benéfico sobre doenças que atingem o sistema cardiovascular. Arandos vermelhos – além de combaterem as infecções urinárias, diminuem a glicemia e fornecem maior resistência ao músculo cardíaco. Centáurea menor – em caso de diabetes, o efeito protetor da centáurea menor, rica em flavonoides, é atribuído ao seu potencial antioxidante, que contribui para a diminuição do dano das células. Nutrição funcional e fitoterapia236 U4_C20_Nutrição funcional e fitoterapia.indd 236 07/07/2017 16:28:45 Garcinia cambogia – o excesso de peso e a obesidade promovem uma sobrecarga significativa para o coração. Nesse sentido, a Garcinia cambogia ajuda a controlar o apetite e contribui para o bloqueio parcial da síntese de ácidos graxos e para a conversão de açúcares em ácidos graxos. Folhas de freixo – têm ação diurética e ligeiramente laxativa, podendo ser utilizadas em caso de obesidade com retenção de líquidos. Espinheiro branco – reúne uma série de propriedades que favorecem a saúde cardiovascular: regula a tensão arterial, trata a ansiedade e a depressão e controla as arritmias. Folhas de oliveira – ajudam a combater um grande fator de risco das doenças cardiovasculares, que é a hipertensão arterial. Reduzem os valores máximos da pressão sanguínea e regulam os valores mínimos. Chá verde – devido ao seu conteúdo rico em catequinas, que evitam a adesão das gorduras às paredes das artérias, o chá verde combate o co- lesterol, um dos principais fatores de risco das doenças cardiovasculares. Além disso, reduz a concentração de glicose no sangue, beneficiando indivíduos com diabetes. A maioria das doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares, ocorre em idosos. Assim, terapias à base de plantas medicinais são amplamente utilizadas por esses indivíduos. Entretanto, existe uma preocupação dos profissionais de saúde quanto à toxicidade que os fitoterápicos e as plantas medicinais possam causar, uma vez que muitos usuários têm a falsa ideia de que os produtos não causam efeitos adversos pelo fato de serem naturais. Além dos efeitos adversos e das interações medicamentosas, pode-se evidenciar a identificação errônea das espécies vegetais, o manuseio e o preparo incorretos e até o uso indiscriminado, gerando superdosagens, ineficácia terapêutica e toxicidade. É importante ressaltar que grande parte dos usuários não revela aos profissionais de saúde que faz uso de produtos à base de plantas medicinais. 237Fitoterapia aplicada nas principais patologias U4_C20_Nutrição funcional e fitoterapia.indd 237 07/07/2017 16:28:45 Aplicação da fitoterapia na obesidade e na síndrome metabólica A fi toterapia tem apresentado efeitos benéfi cos no tratamento e na prevenção de inúmeras patologias, como a obesidade e a síndrome metabólica. A maioria dos estudos realizados com fitoterápicos no emagrecimento cita Garcinia cambogia, Camellia sinensis e Cynara scolymus como elementos eficazes no tratamento da obesidade. Porém, existem controvérsias. A Garcinia cambogia é nativa da Ásia e atua sobre a ATP-citrato liase, uma enzima respon- sável pela biossíntese de lipídeos. Ela também tem efeito hipocolesterolêmico e promove perda de peso em humanos, embora essa constatação necessite de mais evidências científicas. Para que o processo de emagrecimento ocorresse sem cirurgia bariátrica ou me- dicamentos, aumentou-se o uso de fitoterápicos no tratamento da obesidade. No contexto dessa patologia, os medicamentos fitoterápicos mais estudados são os inibidores de lipases, termogênicos, supressores de apetite, laxativos,auxiliares na digestão, diuréticos e calmantes. Na literatura, é possível encontrar dezenas de fitoterápicos usados para auxiliar no processo de emagrecimento. Porém, o único que se encontra na lista de registros da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com essa finalidade é o sene (Cassia angustifolia), que funciona como um laxativo. Existem, também, vários medicamentos fitoterápicos amplamente usados pela população como auxílio para uma dieta de emagrecimento. Por isso, os profissionais da saúde, em especial, médicos e nutricionistas, devem prescrever esses medicamentos somente com conhecimento aprofundado sobre seus possíveis danos. Além dos efeitos colaterais, que podem ser muito perigosos, existem outros possíveis problemas, como adulterações, toxidez e interação com outras substâncias. Isso ocorre porque, no Brasil, as plantas são facilmente cultivadas e várias são comercializadas sem fiscalização em feiras livres, mercados pú- blicos e lojas de produtos naturais, o que se dá por não ser exigida prescrição Nutrição funcional e fitoterapia238 U4_C20_Nutrição funcional e fitoterapia.indd 238 07/07/2017 16:28:47 médica ou do nutricionista, além de serem isentos de inscrição nos Ministérios da Saúde e da Agricultura. Algumas evidências do uso de fitoterápicos no tratamento da obesidade e síndrome metabólica: Ephedra sinica – a Ephedra sinica ou ma-huang (nome chinês da planta Ephedra), costuma ser utilizada para emagrecimento e, em geral, é combinada com outros compostos, como cafeína e/ou aspirina. Revisões atuais do uso da efedrina isoladamente mostram efeito modesto, ou seja, de cerca de 0,9 kg na redução do peso quando comparado ao do pla- cebo. Entretanto, com aumento de 2,2 a 3,6 na chance do aparecimento de efeitos adversos psiquiátricos, gastrintestinais e cardiovasculares. A frequência e a magnitude dos efeitos colaterais e a ineficácia dos suplementos contendo efedrina contraindicam seu uso no tratamento da obesidade. Erva-de-são-joão (Hypericum perforatum) – planta nativa da Europa, da Austrália e das Américas. Seus extratos são utilizados para tratar depressão. Com base nessa ação no sistema nervoso central, tem-se propagado o uso da erva de modo isolado ou em associação com ma- -huang no tratamento da obesidade. Porém, não existem evidências científicas de que a erva-de-são-joão seja eficaz para reduzir peso. Garcinia cambogia – a substância, extraída da casca de uma fruta cítrica exótica denominada Brindall berry ou brindleberry, contém ácido hidroxicítrico, o qual inibe a clivagem enzimática do citrato. Assim, além de aumentar a taxa de síntese hepática de glicogênio, inibe o apetite e a estocagem de gordura corporal. Estudos bem conduzidos não mostraram diferença na redução de peso entre os indivíduos que usaram ácido hidroxicítrico e os que utilizaram placebo, assim como não comprovaram aumento na oxidação de gorduras. Apesar de não terem sido documentados efeitos colaterais significativos, não existem estudos de longo prazo a esse respeito. Atualmente, não há evidências convincentes para o uso da garcínia como agente antiobesidade. Ioimbina (Pausinystalia yohimbe) – a yohimbe é uma planta nativa da África Central. Seu constituinte ativo é a ioimbina. Estudos descreveram efeitos colaterais como irritabilidade, artralgias e cefaleia. Atualmente, não há evidências científicas que indicam a ioimbina para reduzir peso. Psyllium (Plantago) – o psyllium é uma fibra hidrossolúvel derivada da semente de Plantago ovata. Seu uso aumenta a saciedade, reduzindo a ingestão calórica. Estudos até agora realizados não demonstraram 239Fitoterapia aplicada nas principais patologias U4_C20_Nutrição funcional e fitoterapia.indd 239 07/07/2017 16:28:47 diferença na perda de peso de indivíduos obesos quando comparado ao placebo. A ingestão da fibra relaciona-se a distúrbios gastrintestinais, como flatulência, diarreia e náuseas, além de interferir na absorção de medicamentos, como antibióticos e digitálicos, e potencializar a ação de anticoagulantes. A partir de 2016, apenas nutricionistas com título de especialização ou diploma de pós-graduação latu sensu nessa área podem prescrever fitoterápicos e preparações magistrais exclusivamente de via oral que não exijam prescrição médica. Ao nutricionista graduado sem tais documentos, é possível prescrever apenas substâncias vegetais e plantas medicinais, que devem sempre ser pre- paradas por decocção, maceração ou infusão, conforme indicação, não sendo admissível que sejam prescritas sob formas farmacêuticas de nenhum tipo. A fitoterapia é uma aliada no tratamento da obesidade. Porém, devido aos poucos estudos nesse sentido e às poucas evidências positivas, a fitoterapia deve ser utilizada com cautela. Assim, o nutricionista pode complementar a sua prescrição dietética com o embasamento científico da fitoterapia quando houver indicações terapêuticas relacionadas com suas atribuições legais. Nutrição funcional e fitoterapia240 U4_C20_Nutrição funcional e fitoterapia.indd 240 07/07/2017 16:28:47 241Fitoterapia aplicada nas principais patologias U4_C20_Nutrição funcional e fitoterapia.indd 241 07/07/2017 16:28:48 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA OBESIDADE E DA SÍNDROME METABÓ- LICA. Diretrizes brasileiras de obesidade 2009/2010. 3. ed. Itapevi, SP: AC Farmacêutica, 2009. Disponível em: <http://www.abeso.org.br/pdf/diretrizes_brasileiras_obesi- dade_2009_2010_1.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2017. BALBACH, A. A flora nacional na medicina doméstica II: plantas medicinais. 12. ed. Ita- quaquecetuba, SP: Edições “A Edificação do Lar”, [20--?]. v. 2. BEZERRA, D. S. et al. fitoterapia e uso de plantas medicinais: adjuvantes no controle da pressão arterial. Temas em Saúde, João Pessoa, v. 16, n. 4, p. 262-276, 2016. CARRANO, T. L. As consequências da fitoterapia no tratamento da obesidade: uma revisão de literatura. 2015. 30 fls. Monografia (Graduação em Nutrição)- Faculdade de Ciências Aplicadas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2015. CORRÊA, É. C. M.; SANTOS, J. M. dos; RIBEIRO, P. L. B. Uso de fitoterápicos no tratamento da obesidade: uma revisão bibliográfica. 2012. 25 fls. Monografia (Pós-graduação em Nutrição Clínica e Esportiva)- Centro de Estudo de Enfermagem e Nutrição, Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2012. MARMITT, D. J. et al. Revisão sistemática das plantas de Interesse ao Sistema Único de Saúde com potencial terapêutico cardiovascular. Revista Cubana de Plantas Medicinales, Ciudad de La Habana, v. 21, n. 1, p. 108-124, 2016. Disponível em: <http://scielo.sld.cu/ pdf/pla/v21n1/pla11116.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2017. MENDIETA, M. da C. et al. Plantas medicinais indicadas para gripes e resfriados no Sul do Brasil. Revista Eletrônica de Enfermagem, Goiânia, v. 17, n. 3, p. 1-8, jul./set. 2015. Disponível em: <https://www.fen.ufg.br/revista/v17/n3/pdf/v17n3a19.pdf>. 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Os fitoterápicos na atenção básica: atividade do PET-Saúde com por-tadores de doenças crônicas não transmissíveis. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, João Pessoa, v. 18, supl. 2, p. 157-162, 2014. Disponível em: <http://periodicos.ufpb.br/ ojs/index.php/rbcs/article/view/21027/11950>. Acesso em: 20 jun. 2017. Nutrição funcional e fitoterapia242 U4_C20_Nutrição funcional e fitoterapia.indd 242 07/07/2017 16:28:49 Gabaritos Para ver as respostas de todos os exercícios deste livro, acesse o link abaixo ou utilize o código QR ao lado. https://goo.gl/fyQDBu DICA DO PROFESSOR A obesidade e as doenças crônico-degenerativas são consideradas grandes fardos para a saúde pública. A prevenção e o tratamento focado na especificidade de cada sujeito são fatores importantes na diminuição da prevalência da doença. Aliada à terapia alimentar, a terapia medicamentosa pode funcionar como um elemento propulsor. Infelizmente, muitos são os efeitos colaterais de medicamentos convencionais, motivo pelo qual os fitoterápicos têm ganhado grande importância. Acompanhe no vídeo também como é preciso estar atento e orientar o seu paciente sobre o uso sem prescrição e indiscriminado de plantas medicinais em suas diversas formas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Qual alternativa corresponde ao modo como a fitoterapia age nas doenças respiratórias? A) Reduz episódios de tosse. B) Não pode ser utilizada como apoio a antibióticos. C) Crianças não se beneficiam. D) Pode ser usada indiscriminadamente, ou seja, sem receita. E) Apesar dos benefícios, não há evidência científica de que os fitoterápicos sejam benéficos nas doenças respiratórias. 2) Qual óleo citado a seguir corresponde a um óleo essencial de plantas com atuação em doenças respiratórias? A) Óleo de soja. B) Óleo de eucalipto. C) Óleo mineral. D) Óleo de algodão. E) Óleo de canola. 3) Qual alternativa corresponde ao modo como a fitoterapia age nas doenças cardiovasculares? A) Aumenta a tensão arterial. B) É indiferente quanto à agregação plaquetária. C) Fortalece a musculatura e o sistema cardiovascular. D) Aumenta o apetite, como a Garcinia cambogia. E) Aumenta os valores máximos da pressão sanguínea e reduz os valores mínimos. 4) Marque a alternativa que descreve corretamente o alho enquanto protetor para as doenças cardiovasculares: A) Deve ser consumido na forma frita. B) Deve ser consumido na forma de suco. C) Age como hiperglicemiante. D) Deve ser consumido na forma crua, também pode ser usado em cápsulas ou em pó. E) Reduz a atividade fibrinolítica. 5) Sobre a aplicação da fitoterapia na obesidade e na síndrome metabólica, marque a alternativa correta: A) Há vários fitoterápicos usados para emagrecimento com registro na ANVISA. B) O sene funciona como laxativo, auxiliando no emagrecimento. C) Evidências atuais sobre o uso da efedrina isoladamente mostram redução de peso de aproximadamente 9 kg, quando comparado ao do placebo. D) Há evidências cientificamente comprovadas de que a erva-de-são-joão é eficaz para reduzir peso. E) O psyllium é uma fibra insolúvel que apresenta efeito laxativo e, por isso, auxilia no processo de emagrecimento. NA PRÁTICA O profissional da saúde deve avaliar seu paciente da maneira mais completa possível, visando um diagnóstico preciso e levando em consideração toda sua complexidade para daí então realizar uma prescrição personalizada. Na prescrição fitoterápica não é diferente, o profissional deve estar atento à sua competência em relação à prescrição do fitoterápico, além de ter conhecimento sobre as evidências científicas e sobre a qualidade e a segurança do medicamento que prescreverá. Atenção: a posologia e a toxicidade também são extremamente importantes! André é nutricionista da Clínica Viva Sempre Bem e recebeu em seu consultório uma paciente. Clique na imagem abaixo para se apropriar do caso clínico e da avaliação nutricional feita por André. Para o tratamento da paciente em questão, o nutricionista prescreveu uma dieta hipocalórica, rica em fibra e em gorduras insaturadas e pobre em açúcares simples e em gordura saturada. Além disto, o profissional optou por prescrever um medicamento fitoterápico que agisse no controle da dislipidemia e pudesse auxiliar na redução da glicemia. Tendo se certificado que a paciente não estivesse grávida e que não fizesse uso de diuréticos, o nutricionista escolheu prescrever o extrato seco de Alcachofra (Cynara scolymus) em cápsula, 2 vezes ao dia, até a consulta de retorno, quando utilização e dosagem serão reavaliadas. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: ABESO - Diretrizes Brasileiras de Obesidade Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Plantas medicinais indicadas para gripes e resfriados no sul do Brasil. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Revisão sistemática das plantas de interesse ao sistema único de saúde com potencial terapêutico cardiovascular. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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