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Roteiro_Gestão Ambiental e Sustentabilidade_Versão aluno

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APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA! 
 
Prezado (a) estudante! 
Seja bem-vindo (a) ao Curso Técnico em Administração. Neste curso será apresentado o 
componente curricular Gestão Ambiental e Sustentabilidade. Durante nossas aulas, 
mostrarei a você a importância da gestão ambiental para a sustentabilidade das 
organizações cooperativas. Você irá perceber que a gestão ambiental, longe de ser 
importante apenas para a proteção ambiental, impacta todas as organizações de várias 
formas. 
A sociedade está cada dia mais consciente da necessidade de preservação dos recursos 
naturais, exigindo das empresas uma responsabilidade para com o meio ambiente e a 
população do entorno de suas fabricas e instalações. Acrescente a concorrência acirrada que 
temos hoje e você irá perceber que sem um bom planejamento de gestão ambiental uma 
empresa corre sério risco de morrer. 
As empresas que serão bem-sucedidas serão aquelas que conseguirem aliar a 
responsabilidade ambiental com a eliminação de desperdício, aumento de produtividade e 
uma imagem melhor frente aos seus clientes. 
Para o profissional da administração é muito importante conhecer os princípios da gestão 
ambiental, possibilitando que a empresa trabalhe com responsabilidade ambiental e ao 
mesmo tempo proporcione produtos mais baratos e de alta qualidade, sem se descuidar das 
pessoas envolvidas em todo o seu processo de negócio. 
Como conseguir tudo isso? Acompanhe-me nesta disciplina e descubra o que as empresas 
podem fazer para enfrentar esses novos desafios. 
Nossa disciplina será trabalhada em 3 (três) unidades e uma de revisão de conteúdo. Sendo 
composta por 2(duas) atividades de percurso, avaliação regular, avaliação de 2° chamada, 
avaliação de recuperação e exame final. 
Bons estudos e forte abraço! 
Professor Willis! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE I: GESTÃO AMBIENTAL, SOCIEDADE E MEIO 
AMBIENTE 
 
Prezado (a) estudante! 
Nesta unidade você irá estudar o que é o meio ambiente, o surgimento e a evolução da 
consciência ambiental, como influenciamos o meio ambiente, a relação entre o homem e o 
meio ambiente. Os quatros estágios da relação entre o homem e o meio ambiente, a 
evolução da consciência ambiental, as primeiras ações em defesa do meio ambiente, agenda 
21, as principais questões ambientais da atualidade, o problema da poluição, o aquecimento 
global, a degradação dos recursos hídricos, a sociedade e o consumismo. 
Ao final dessa unidade você será capaz de: 
 Entender o conceito de meio ambiente; 
 Compreender a importância do meio ambiente; 
 Exemplificar as formas como influenciamos o meio ambiente; 
 Entender o como é o relacionamento entre o homem e o meio ambiente; 
 Compreender como a ralação entre o homem e o meio ambiente evoluiu; 
 Apontar em que estagio da relação com o meio ambiente se encontra uma empresa; 
 Identificar as principais questões ambientais da atualidade; 
 Reconhecer a importância da prevenção da poluição; 
 Relacionar a degradação ambiental e os problemas sociais da atualidade; 
 Relacionar a cultura do consumismo e os danos ao meio ambiente; 
 Apontar os principais fatores que favorecem o consumo desnecessário de produtos. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.1 O homem e o meio ambiente 
Imagine uma comunidade da idade das 
pedras. Essa comunidade extrai seus 
alimentos da natureza, retira madeira para 
construção de suas moradias, extrai minérios 
para pintura e, ocasionalmente, promove 
pequenas queimadas para limpeza de áreas 
agrícolas. Assim, quando os alimentos de uma 
área diminuem, esses homens e mulheres 
mudam-se para uma nova área, que ofereça 
melhores condições de sobrevivência. Tudo 
aquilo que não utilizam, (restos de alimentos, 
utensílios domésticos, dejetos humanos e, 
eventualmente, o próprio corpo de um de seus membros) pode ser deixado na floresta, que 
se encarrega de decompor esses resíduos, transformando-os em alimentos para outros seres 
vivos (plantas, bactérias, fungos e outros animais), de modo que a contaminação do meio 
ambiente é inexistente ou mínima. 
Agora imagine uma pessoa morando em uma grande cidade. Essa pessoa consome seus 
alimentos que foram colhidos em algum campo agrícola, seus utensílios são produzidos com 
minerais e plantas retirados da natureza, e os dejetos por ela produzidos são em algum 
momento descartados na natureza que deveria absorvê-los. Entretanto a natureza não 
consegue absorver esses dejetos, nem produzir todos os alimentos e produtos suficientes 
para essa pessoa. 
Mas como assim? Se a natureza supria as comunidades antigas e absorvia todos os seus 
dejetos, por que não iria suprir as necessidades dessa pessoa? A resposta está na 
quantidade, no tempo e nos tipos de dejetos descartados. Os povos antigos viviam em 
comunidades, com no máximo algumas centenas de indivíduos. As aldeias estavam distantes 
Figura 1: Grupo de caçadores/ coletores 
Fonte: 
http://americaaantiguaaucr.blogspot.com.br 
 
 
 
 
 
umas das outras, o que significa que a quantidade de indivíduos por quilômetro quadrado 
era muito baixa. 
Se menos indivíduos habitam uma área, significa que a quantidade de resíduos descartados 
na natureza e recursos dela retirados será menos intensa, permitindo que a natureza possa 
se recuperar. 
Todas as pessoas precisam se alimentar, vestir, se divertir etc. e, portanto, quando se trata 
de uma população grande, os recursos são retirados da natureza em quantidades enormes, 
grandes áreas são desmatadas para produzir 
alimentos e toneladas de dejetos são 
produzidos todos os dias. 
Assim, a natureza não tem tempo para 
processar esses resíduos nem se recuperar das 
retiradas de recursos. 
O esgoto lançado por apenas uma pessoa seria 
facilmente absorvido pela natureza, mas 
quando temos várias toneladas de esgoto 
produzidas pela população de uma cidade, a capacidade da natureza de absorver esse 
material é superada, ocorrendo a poluição ambiental. 
Além da quantidade, também temos a questão do tipo de dejeto que lançamos no meio 
ambiente. No passado, antes da revolução industrial, o lixo produzido pelos seres humanos 
era basicamente composto por restos de alimentos, fibras vegetais, dejetos orgânicos e 
outros tipos de resíduos em menor quantidade, que se degradavam e eram absorvidos pela 
natureza em um pequeno ciclo de tempo, geralmente menos de um ano. 
Figura 2: Poluição no Rio Tietê, São Paulo. 
Fonte: http://meioambiente.culturamix.com 
 
 
 
 
 
Atualmente muito do nosso lixo é composto por plásticos, borrachas, vidros, metais, etc., 
que duram séculos, até milênios para serem absorvidos pela natureza, o que, somado à 
quantidade produzida, podem cobrir grandes áreas, contaminando o meio ambiente. 
1.2 O que é o meio ambiente? 
Mas o que realmente é o meio ambiente? Conforme Barbieri (2011), o meio ambiente 
compreende o artificial e o natural, isto é, o ambiente físico e biológico natural e o ambiente 
que foi alterado, destruído ou construído pelo homem, como áreas urbanas, industriais e 
rurais. 
Estes ambientes condicionam a vida dos seres vivos, podendo dizer que o meio ambiente 
não é apenas o espaço onde os seres vivos existem ou podem existir, mas a própria condição 
de existência de vida na terra. 
A palavra meio ambiente vem do verbo em latim ambio, ambire, que significa “andar em 
torno, ou em volta de alguma coisa”. Assim, a palavra ambiente traz a ideia de envolver, de 
envoltório. Na realidade, a própria expressão “meio ambiente” encerra uma redundância. 
No inglês, a palavra que define meio ambiente é environment, que traz a ideia de arredores, 
imediações. Esta palavra vem do francês antigo environer que significa cercar, rodear. Assim, 
podemos concluir que ambiente é algo que cerca, está ao redor de, em volta de. 
Assim, o meio ambiente pode ser entendido como um conjunto de fatores ou componentes 
que nos circunda, influenciando em nossas vidas e sofrendo
nossas influências (Barbieri, 
2011). 
A ONU, na Conferência de Estocolmo, definiu o meio ambiente como “o conjunto de 
componentes físicos, químicos, biológicos 
e sociais capazes de causar efeitos 
diretos ou indiretos, em um prazo curto 
ou longo, sobre os seres vivos e as 
atividades humanas”. 
Figura 3 Meio Ambiente 
Fonte: www.gispeople.com 
 
Atenção 
 
 
O meio 
ambiente 
compreende 
o artificial e o 
natural, isso 
e o ambiente 
físico e 
biológico 
naturais e o 
que o foi 
alterado, 
 
 
 
 
 
O meio ambiente é composto por todos os 
componentes que estão à nossa volta, sejam 
naturais ou criados pelo homem, e que são capazes 
de influenciar nossas vidas sofrendo influências das 
nossas ações. Assim, o meio ambiente envolve 
também fatores como sons, fatores sócio-
psicológicos, bem estar etc. 
Desta forma, o meio ambiente está sempre em 
uma relação intensa de influência com os seres 
vivos. 
1.3 Estágio da relação homem x meio ambiente 
Durante a história, a relação do homem e o meio ambiente sofreram alterações devido, 
principalmente, à evolução tecnológica e ao crescimento populacional. Podemos identificar 
quatro estágios na relação do homem e o meio ambiente: 
1.3.1 Primeiro estágio 
O primeiro estágio é caracterizado pelo medo, o desconhecimento sobre o funcionamento 
dos fenômenos naturais. Neste estágio, o homem se sentia fragilizado no meio ambiente, o 
que o levou a procurar viver em grupos, que viviam principalmente da coleta nas florestas e, 
apesar da imagem do caçador, na maior parte do primeiro estágio apenas ocasionalmente 
empreendia uma caçada, abatendo animais para alimentação, obtenção de couro e ossos, 
até mesmo porque seus meios de caça ainda eram pouco desenvolvidos. O homem ainda 
não dominara a agricultura, e o os grupos eram nômades, migrando para outro local quando 
os alimentos ficavam escassos. 
Durante cerca de 2,5 milhões de anos, o homem viveu coletando e caçando aquilo que a 
natureza oferecia espontaneamente, e se espalhou para praticamente todos os continentes 
– mas ainda viviam da caça e da coleta. 
Figura 4 pintura rupestre retratando uma 
caçada. Fonte: 
https://mundoestranho.abril.com.br 
 
 
 
 
 
No entanto, engana-se quem imagina que o estilo de vida do homem neste estágio não 
prejudicava o meio ambiente. Existem vários indícios que levam a crer que a ação do homem 
levou à extinção várias espécies durante este estágio. 
Quando, há 45.000 anos, o ser humano chegou ao continente australiano encontrou 
algumas criaturas desconhecidas como cangurus de 200 quilos e dois metros de altura, aves 
com o dobro do tamanho de avestruzes. Leões marsupiais e diprodontes de mais de 2 
toneladas vagavam pelas florestas. 
Após alguns milhares de anos da chegada do homem lá, apenas uma das vinte e quatro 
espécies de animais, que pesavam mais de 50 quilos, ainda existia. Tudo culpa de um 
período em que o clima da terra resfriou, conhecido como glaciação. Será? 
Vamos aos fatos. Primeiro, esses animais já estavam lá há mais de 1,5 milhões anos e haviam 
passado por pelo menos outras dez glaciações sendo algumas dessas mudanças climáticas 
foram bem mais severas que as ocorridas nos últimos 45 mil anos. Assim, è difícil imaginar 
que o homem tenha, por coincidência, chegado lá justamente quando todos esses animais 
estavam morrendo de frio. 
Segundo, enquanto os animais terrestres estavam desaparecendo, a fauna marítima 
permaneceu inalterada. Sabe-se que os eventos climáticos atingem os animais terrestres 
tanto quanto os marítimos. Então por que os animais que viviam no mar foram poupados? O 
envolvimento humano poderia facilmente explicar isso. 
Em terceiro lugar, extinções em massa aconteceram várias vezes em que o homem chegou a 
um novo território. A megafauna Zelandesa passou pelas mudanças climáticas sem grandes 
problemas, mas assim que o homem pisou lá muitas espécies desapareceram. 
A ilha de Wrangel, perto da costa siberiana, era povoada por mamutes que prosperavam por 
vários milhões de anos. Entretanto, com a chegada do homem, eles desapareceram. 
Juntando todas essas evidências, podemos concluir que o ser humano sempre foi uma 
grande ameaça para os ecossistemas. 
 
 
 
 
 
Figura 5: Gravura retratando cenas da agricultura 
antiga 
Fonte: Https://commons.wikimedia.org 
Mas os homens não saíam apenas para procurar alimentos, também precisavam conhecer o 
meio em que viviam, onde havia alimentos, como se proteger dos animais ferozes, as 
estações do ano, como as plantas nasciam etc. E este conhecimento o levou ao segundo 
estágio na relação com o meio ambiente. 
1.3.2 Segundo estágio 
O segundo estágio na relação entre o homem e o meio ambiente teve como principais 
características a adaptação do meio ambiente às necessidades dele. 
 O homem descobriu o fogo e com ele podia realizar queimadas para facilitar a caça, 
cozinhar os alimentos e afastar os animais ferozes. 
Há cerca de dez mil anos, o homem começou a dedicar-se a manipular algumas espécies de 
vegetais e animais, iniciando-se a revolução agrícola. 
Nesse tempo, começou a compreender alguns fenômenos como chuvas, enchentes, 
estações frias e quentes e podia até prevê-los. Nesse estágio, as aglomerações humanas 
cresceram e o homem começou a realizar mudanças mais radicais no meio ambiente. 
As plantas e as cidades precisam de água e para isso ele represou rios e construiu canais. As 
cidades também consumiam enormes quantidades de recursos para construção, 
aquecimento e conforto de seus 
habitantes. 
Neste período com maior disponibilidade 
de alimentos a população humana cresceu, 
mas ainda não chegou a um bilhão de 
habitantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.3.3 Terceiro estágio 
No terceiro estágio da relação homem e meio ambiente, a tecnologia se desenvolveu e o 
homem agora podia modificar o meio ambiente como nunca. 
Este estágio iniciou-se com a revolução industrial 
e o uso da força do vapor para substituir o 
trabalho humano. O ponto de partida desse 
processo foi a Inglaterra, e se espalhou para o 
resto do mundo. 
As cidades se multiplicaram, minas de carvão, 
ferro e outros minerais foram abertas, milhares 
de quilômetros de florestas foram derrubados 
para obtenção de madeira, agricultura e 
pecuária. 
Este estágio é caracterizado pela exploração 
predatória dos recursos naturais e o crescimento tecnológico à custa do meio ambiente. 
As fábricas não valorizavam as matérias primas e as utilizavam indiscriminadamente, 
causando enorme desperdício. Também, sem nenhuma preocupação, despejavam seus 
resíduos no meio ambiente. 
A crença geral era que os recursos naturais eram ilimitados e que nunca iriam se esgotar e, 
portanto, podiam ser usados sem maiores preocupações. 
O uso do carvão deixava uma fuligem sobre as cidades, e os esgotos a céu aberto causavam 
várias doenças à população que saía do campo para a cidade em busca de emprego nas 
fábricas. 
Os rios não conseguiam mais absorver os esgotos produzidos pelas cidades, sendo o Rio 
Tâmisa um grande exemplo. Este rio que cortava Londres, capital da Inglaterra, atingiu tal 
nível de contaminação que se tornou impossível a existência de vida. 
Figura 6: Ilustração da paisagem inglesa 
durante a Revolução industrial. 
Fonte: https://www.infoescola.com 
 
 
 
 
 
Ainda no início da revolução industrial, o inglês Thomas Robert Malthus publicou um livro 
chamado “Ensaio Sobre a População” em que argumentava que a população crescia em 
ordem geométrica e a capacidade de produção de alimentos cresceria em ordem aritmética. 
Desta forma, em pouco tempo a necessidade de alimentos superaria a capacidade da terra 
de produzi-los. 
Entretanto, novos produtos e técnicas de produção foram desenvolvidos e aumentaram a 
capacidade de produção enormemente. 
Fertilizantes e inseticidas começaram a ser produzidos em escala gigantesca, principalmente 
após a Segunda
Guerra Mundial, de forma inconsequente, em parte porque a população em 
geral ainda tinha poucas informações sobre os perigos desses produtos. 
Esses produtos, com destaque especial para os pesticidas, eram bastante diferentes dos 
compostos produzidos pela natureza até então, com um poder destrutivo nunca antes 
observado e que poderia ainda se acumular nos seres vivos atingindo toda uma cadeia 
alimentar. 
Um importante trabalho publicado nesta época é o livro “Primavera Silenciosa”, de Rachel 
Carson, em 1962, em que relatava os efeitos dos pesticidas no meio ambiente e no corpo 
humano e o descaso do governo e empresas com estes riscos. 
Este livro influenciou o nascimento do movimento ambientalista, tendo contribuído 
decisivamente para o banimento do DTT, um pesticida muito utilizado na época que tem um 
tempo longo de decomposição e possui a capacidade de se acumular na cadeia alimentar. 
Segundo Carson, já nesta época era praticamente impossível encontrar um ser vivo que não 
tivesse sofrido contaminação com algum tipo de pesticida. 
Somando-se à contaminação por pesticidas e à contaminação por esgotos, aconteceram 
também grandes desastres ambientais como as Tempestades Negras, Desastre de Minamata 
e o desastre do Mar Aral. 
Esses acontecimentos levaram a sociedade a reconhecer que os recursos ambientais não são 
infinitos e que a ação do homem pode causar a extinção de várias espécies e inclusive a 
 
 
 
 
 
extinção do próprio homem, surgindo assim o quarto estagio da relação homem e meio 
ambiente. 
1.3.4 Quarto estágio 
O quarto estágio é caracterizado pela contestação da ideia de que os recursos naturais eram 
ilimitados e que estarão sempre disponíveis para a humanidade. Essa reflexão começou nos 
anos 1980, apesar de já haver alguns registros na década de 50 e 60 daquele século (um 
bom exemplo é o livro de “Primavera Silenciosa” de Rachel Carson em 1962 citado acima). 
Apesar de a Revolução Industrial ter seu início no século VII, o século XX apresentou um 
desenvolvimento nunca antes visto. 
Com o passar do tempo, a sociedade foi percebendo que os recursos naturais eram finitos e 
que estavam no seu limite. Somam-se a isso os acidentes que ocorreram destruindo a 
biodiversidade e provocando a morte de várias pessoas, como o derramamento de petróleo 
pelo navio Exxo Valdez e o acidente de Chernobil. 
Os dois últimos séculos produziram os maiores desastres ambientais, consequência direta da 
intensificação da atividade humana. A degradação do solo tem se intensificado e rios, mares 
e lagos têm sido contaminados como nunca antes. 
Esses fatos têm forçado a humanidade a um processo de conscientização ambiental, pois os 
recursos têm se tornado a cada dia mais escassos e os desastres ambientais mais 
frequentes. 
A sociedade tem pressionado as empresas a ter maior responsabilidade com seus processos 
produtivos e a cuidarem melhor dos seus resíduos. 
Neste cenário, os acidentes ambientais causam um prejuízo à imagem da empresa. Mesmo 
que o prejuízo ambiental não seja descoberto logo, as autoridades ambientais podem 
responsabilizar a empresa responsável e a sociedade cobrar respostas pelos prejuízos 
causados por meio de protestos ou até mesmo aplicando um boicote à empresa. 
 
 
 
 
 
A proteção e conservação hoje fazem parte de 
todos os encontros de líderes mundiais, pois a 
destruição e contaminação dos recursos do 
planeta está colocando em cheque a própria 
existência humana. 
O quarto estágio tem início por volta da década 
de 80 e se estende até os dias atuais. 
Neste estágio, há um despertar para a consciência ambiental, levando empresas a se 
preocuparem com os efeitos que seus resíduos causam no meio ambiente. 
Há vinte anos, na madrugada de 26 de abril de 1986, o reator número 4 da usina de energia 
nuclear Chernobyl explodiu, causando o maior desastre ambiental jamais visto. 
 
Assista ao documentário em: 
https://www.youtube.com/watch?v=IuLyCsLnCFA 
1.4 Evolução da consciência ambiental 
O livro “Primavera Silenciosa” marca o início da preocupação ambiental servindo de alarme, 
o que levou o governo americano a intensificar a fiscalização sobre o uso de defensivos 
agrícolas e ao banimento do uso do diclorodifeniltricloroetano (DDT) nos Estados Unidos. 
Os cientistas encontraram resíduos de DDT até mesmo em focas e baleias na Groenlândia, 
demonstrando que a capacidade de poluição deste veneno era muito mais ampla do que se 
imaginava, e a pressão dos movimentos ambientalistas levou à criação da Environmental 
Protection Agency – EPA - Agência de Proteção Ambiental americana. 
Em 1968, o professor americano Paul R. Ehrlich, um dos seguidores de Malthus, previu que a 
terra já estava com uma superpopulação e que a morte de milhares de pessoas pela fome 
era iminente. 
Figura 7: Aplicação de DDT na agricultura. 
Fonte: https://oglobo.globo.com 
https://www.youtube.com/watch?v=IuLyCsLnCFA
 
 
 
 
 
Em 1968 também foi criado o Clube de Roma composto por empresários, cientistas e 
políticos, cujo objetivo era estudar quais as consequências do crescimento econômico às 
custas da exploração predatória do meio ambiente. 
Através de estudo baseado em modelos experimentados por computador, encomendado 
por esse clube, os cientistas chegaram à conclusão que a Terra não suportaria mais 100 
anos, devido à pressão gerada sobre seus recursos naturais e energéticos. 
Segundo os cientistas, mesmo que se levasse em conta o desenvolvimento tecnológico, os 
recursos se esgotariam em algumas décadas. A única solução seria o crescimento zero. 
Em 1972 a ONU realizou em Estocolmo, Suécia, a Conferência das Nações Unidas sobre o 
meio ambiente, que teve como resultado uma Declaração e um Plano de Ação para o Meio 
Ambiente Humano. 
Essa proposta sofreu uma forte reação dos países em desenvolvimento, que acusavam os 
países desenvolvidos de tentar impedir que eles também desenvolvessem, mas também 
possibilitou o aparecimento de esforços em âmbito internacional, visto que os recursos 
naturais já apresentavam sérios sinais de escassez. 
Outro resultado foi a criação do Programa Das Nações Unidas Para O Meio Ambiente 
(PNUMA). 
Nos anos seguintes, foram elaboradas diversas conferências e acordos visando à prevenção 
do meio ambiente, tais como: Convenção Internacional sobre o Comércio de Espécies 
Ameaçadas da Flora e Fauna, Convenção Internacional para Prevenção da Poluição de 
Navios, Convenção sobre a Proteção da Natureza do Pacífico Sul, Conferência das Nações 
Unidas sobre a Água, Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, além de vários outros. 
Na década de 1980, vários países criaram códigos ambientais, e poluir passou a ser 
considerado crime. 
Leis surgiram para regulamentar a atividade das indústrias visando evitar a poluição. Essas 
leis tinham como foco o final do processo produtivo, ou seja, evitar que os resíduos gerados 
contaminassem o meio ambiente. 
 
 
 
 
 
Para a indústria, essas leis aumentavam o custo da produção, pois as obrigavam a 
implementar medidas corretivas a fim de que os poluentes não chegassem à natureza. 
Com o fim da Guerra Fria em 1991, um conflito geopolítico que dividiu o mundo em dois 
blocos antagônicos, o capitalista e o socialista, novas perspectivas se abriram para as 
discussões sobre o meio ambiente. 
Assim, em 1992 ocorreu a Conferência das Nações Unidas Sobre o Ambiente e o 
Desenvolvimento (CNUMAD) no Rio de Janeiro. Segundo a CNUMAD, “a proteção ambiental 
constitui parte integrante do processo de desenvolvimento, e não pode ser considerada 
isoladamente deste”. 
Assim, foi concluído que o desenvolvimento e a proteção do meio ambiente não são 
interesses antagônicos, mas complementares. Para a CNUMAD, o desenvolvimento da 
sociedade preservando o meio ambiente não é um problema técnico, mas um problema 
social e político. 
Nesta conferência foram assinados cinco importantes
documentos que direcionariam as 
discussões sobre preservação nos próximos anos: 
Agenda 21; 
Convênio sobre a diversidade biológica; 
Convênio sobre mudanças climáticas; 
Princípios para a gestão sustentável das florestas; 
Declaração do Rio de Janeiro sobre meio ambiente e desenvolvimento. 
As indústrias também começaram a mudar sua visão sobre a proteção do meio ambiente, 
buscando reduzir os desperdícios de matéria prima e assim eliminando a poluição na fonte, 
impedindo que os resíduos fossem produzidos. Essa nova visão, voltada para a prevenção da 
poluição, tinha também o objetivo de reduzir os custos na produção. 
Ao mesmo tempo, as empresas perceberam que uma atitude de cuidado com o meio 
ambiente poderia impactar na aceitação dos seus produtos, surgindo assim o marketing 
verde. 
 
 
 
 
 
1.4.1 A agenda 21 
A Agenda 21 foi um dos principais resultados da conferência Eco-92 ou Rio-92. 
Este documento demonstrou a importância de cada país se comprometer a refletir, global e 
localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, ONGs e outros setores da 
sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas socioambientais. 
Cada país define a sua Agenda 21, que determina as diretrizes gerais e aí empresas, cidades 
e até mesmo bairros também podem estabelecer sua Agenda 21 local. 
A Agenda 21 se tornou um poderoso instrumento de desenvolvimento socioambiental. 
A Agenda 21 tornou possível repensar o planejamento. A construção de um plano de ação 
com participação de toda a sociedade, através de negociações, tendo como meta um novo 
paradigma econômico e civilizatório. 
 A Agenda 21 brasileira tem como prioridade as ações de inclusão social, (com acesso à 
renda, educação e saúde para toda a população), sustentabilidade urbana e rural, bem como 
a preservação dos recursos naturais e desenvolvimento sustentável. 
Um dos grandes avanços da Agenda 21 foi o planejamento para a produção e consumo com 
sustentabilidade, evitando a cultura do desperdício. 
Esta Agenda é um sistema de planejamento ambiental que deve ser adotado em nível global, 
nacional e local, sendo que cada nível de planejamento pode definir seus próprios objetivos, 
desde que estejam em acordo. 
Mas o mais importante ponto dessas ações prioritárias, segundo este estudo, é o 
planejamento de sistemas de produção e consumo sustentáveis contra a cultura do 
desperdício. A Agenda 21 é um plano de ação para ser adotado global, nacional e 
localmente, por organizações do sistema das Nações Unidas, governos e pela sociedade civil, 
em todas as áreas em que a ação humana impacta o meio ambiente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.5 Questões ambientais atuais 
A busca incessante por desenvolvimento e 
crescimento econômico faz com que mais e mais 
fábricas sejam construídas, barragens 
levantadas, cidades erguidas, etc., muitas vezes 
sem considerar o real impacto que isso pode 
causar no meio ambiente. 
A quantidade de recursos extraídos da natureza 
e de resíduos nela despejados coloca em risco a 
sobrevivência da espécie humana pela série de 
problemas ambientais que causam. 
Vamos ver alguns destes problemas ambientais 
causados pela atividade humana 
1.5.1 Extinção de espécies e da biodiversidade 
O Brasil conta com uma biodiversidade imensa. Cerca de 100 mil espécies compõem a fauna 
brasileira, o que representa uma responsabilidade imensa dos órgãos governamentais, 
empresas e sociedade. 
Entretanto, segundo o Instituto brasileiro do meio ambiente e recursos renováveis – IBAMA 
- 42 espécies fazem parte da lista de animais em extinção. 
Magalhães Bressan, Maria Cecília Martins Kierulff, Angélica Midori Sugieda afirmam que a 
extinção de espécies configura um dos problemas ambientais mais dramáticos deste início 
de século. 
A população humana tem crescido exponencialmente há 500 anos e, não coincidentemente, 
a grande destruição de habitats e o forte impulso para a extinção de muitas espécies tem 
ocorrido nos últimos 150 anos. 
Diante deste quadro, medidas eficazes de proteção às espécies precisam ser implementadas, 
pois são importantes fontes para novos remédios, alimentos e combustíveis. 
Figura 8: Animais ameaçados de extinção. 
Fonte: http://biodiversidade-
brasileira.blogspot.com.br 
 
 
 
 
 
1.5.2 Poluição ambiental 
Você já comprou algum produto no supermercado e recebeu uma sacola para levá-lo até a 
sua casa? 
É bem provável que sim. Mas você sabe como esta sacola chegou ao supermercado? 
Bom, provavelmente ela foi comprada de uma indústria que, para fabricá-la, utilizou 
petróleo extraído de algum poço em algum lugar do mundo. 
Ao chegar em casa você retira os produtos dela e joga-a no lixo. O caminhão de lixo recolhe 
e pronto, a sacola não é mais problema seu, certo? 
Temos a tendência de imaginar o sistema de produção e consumo de forma linear, ou seja, 
os bens são produzidos, comercializados, consumidos e descartados, e esse é o fim. Mas 
essa e só uma parte da história. 
Na verdade, nem a sacola de supermercado nem qualquer outro objeto descartado 
desaparecem. Eles são incorporados ao meio ambiente. Meio ambiente no qual você e eu 
vivemos. 
O problema começa já na fase inicial: a atividade de produção elabora os produtos para o 
mercado e durante este processo produz vários resíduos, que são muitas vezes liberados na 
natureza sem muitos cuidados, provocando a poluição do meio ambiente e prejudicando as 
espécies ali presentes. 
Nas indústrias, a poluição geralmente é causada 
por resíduos de processos produtivos lançados 
no meio ambiente, na agricultura por 
agrotóxicos, fertilizantes e efluentes de criações 
animais. 
 Durante o comércio, muitas vezes temos 
produtos descartados por não se adequarem ao 
padrão desejado pelos consumidores. Um 
grande exemplo são os produtos alimentícios. 
Figura 9: Onde esta o nosso lixo? 
Fonte: https://pt.linkedin.com 
 
 
 
 
 
O Brasil está entre os dez países que mais desperdiçam alimentos. Diariamente são 
descartados 39 milhões de toneladas de alimentos, que poderiam alimentar 78% das 
pessoas que passam fome. 
Mas também ocorre desperdício de vários outros produtos, seja por problemas no 
transporte, armazenagem ou obsolescência tecnológica. 
Finalmente, o produto chega a nós, que o utilizamos e depois descartamos muitas vezes 
ainda em boas condições de uso. E, como dissemos, após o descarte, o produto não 
desaparece, ele é incorporado ao meio ambiente. Entretanto essa incorporação pode causar 
inúmeros problemas. Veremos alguns deles. 
1.5.3 O problema do plástico 
A sacola que você descartou pode ser levada 
pela empresa de coleta de lixo para vários 
destinos. Na melhor das hipóteses, ela será 
reciclada e transformada em uma nova sacola. 
Mas não se anime. Segundo o Ministério do 
Meio Ambiente apenas 20% de todo o lixo 
plástico no Brasil é reciclado. Mas para onde 
vai o restante dos plásticos descartados? 
A maior parte do lixo produzido no Brasil vai mesmo para lixões a céu aberto, quando não 
para o igarapé próximo ou para o bueiro da rua. 
Mas, que mal uma sacola pode gerar? Apenas uma sacola não tem muito impacto no meio 
ambiente, mas você não joga apenas uma sacola durante a sua vida, certo? E não e só você 
que descarta plástico no meio ambiente. 
Depois de descartar o lixo, é difícil recolhê-lo, o plástico pode ir realmente longe. A praia de 
Kamilo Beach, no Oceano Pacífico, Havaí, apesar de estar em uma região quase desabitada, 
não é um paraíso ecológico. A região está infestada de resíduos plásticos. 
Figura 11: Tartaruga que cresceu com um anel de 
plástico no corpo. 
Fonte: https://secure.avaaz.org 
 
 
 
 
 
E de onde vem todo este plástico? Lembra da sacola de supermercado que você descartou? 
Essas sacolas e outras embalagens constituem 70% do plástico que é descartado, pouco 
contribuindo para a melhoria de vida no planeta. 
Então, aquela sacola
pode ter caído em um esgoto, ter sido levada por um rio ou, de 
qualquer outra forma, ter chegado ao mar. 
O lixo que cai no mar pode ser devolvido à praia por uma onda e ser recolhido, mas a 
maioria dele é levado pelas ondas e viaja pelas correntes marítimas até uma região que é 
conhecida como o giro do Pacífico Norte, mas podemos apelidá-la de “o Lixão do Mundo”. 
Vez ou outra uma tempestade desprende parte deste lixo que chega até as regiões mais 
longínquas, até mesmo desabitadas, causando anomalias como a tartaruga que cresceu com 
um anel de plástico em volta do corpo. 
1.5.4 Degradação dos recursos hídricos 
O Brasil é um país muito bem servido de água, contando com dois terços da água doce 
disponível no mundo, sendo que grande parte dela está concentrada na região norte, na 
Amazônia, a maior bacia hidrográfica do mundo. 
Graças à evapotranspiração da Floresta Amazônica, essa água chega até a região centro-
oeste, sudeste e sul, na forma de nuvens, ocasionando chuvas nestas regiões. 
Esse processo se inicia no mar com a evaporação da água que avança sobre a floresta. A 
floresta funciona como uma bomba d’agua, que leva 
água evaporada para várias partes, criando o que os 
pesquisadores chamam de Rios Voadores. 
Então não deveríamos ter falta de água no Brasil. 
Mas recentemente vimos vários noticiários falando de 
crises de falta de água em vários estados do sudeste, sul 
e centro oeste, certo? Isso ocorre porque explicamos 
como a água chega a essas regiões, mas ainda não 
falamos o que é feito com ela. Afinal, apenas ter muita 
Figura 10: Representação dos 
rios voadores 
Fonte: https://www.vix.com 
 
 
 
 
 
água disponível não é suficiente. É necessário que esta água seja de boa qualidade, para que 
possa ser consumida pela população. 
Mas pesquisas apresentadas pelo IBGE em 2012 mostram que, no Brasil, grande parte do 
esgoto não é tratado, sendo lançado diretamente nos rios, lagos e represas causando a 
poluição. 
Soma-se a isso a grande quantidade de agrotóxicos e fertilizantes utilizados na agricultura e 
resíduos industriais que podem ser altamente tóxicos e que muitas vezes vão parar nos rios 
e lagos. 
Perceba que grande ironia: a cidade de São Paulo, enquanto sofria de uma severa crise de 
água, tem um rio que atravessa a cidade, o Tietê, sendo usado como esgoto a céu aberto. 
Mas mesmo rios bem mais límpidos que o Tietê podem esconder graves problemas de 
contaminação. Segundo a pesquisadora Juliana Heloisa, resíduos de produtos farmacêuticos 
podem ser encontrados em diversos cursos d’agua. 
Já os pesquisadores Almeida e Weber encontraram não só fármacos como até mesmo 
drogas ilícitas na represa Bilings. 
Existem indícios de que esses fármacos já estão causando problemas como as pílulas 
anticoncepcionais que transformam peixes e anfíbios machos em fêmeas. 
Nós estamos, literalmente, envenenando nossa água. 
Complemente seu aprendizado assistindo a este vídeo que explica por que 
falta água no sudeste do Brasil. 
(2256) Falta de água | Nerdologia - YouTube 
1.5.5 Poluição do ar 
Se o lixo causa problemas devido à poluição do solo e da água, a solução é eliminá-lo por 
meio da incineração, por exemplo. Mas será que a queima faz o lixo desaparecer? Segundo 
Antoine Lavoisier: “nada se cria, nada desaparece, tudo se transforma.” E de fato, o lixo não 
desaparece. 
https://www.youtube.com/watch?v=RsUD8CTDdAw&t=1s
 
 
 
 
 
O plástico, o papel e vários outros resíduos se transformam em vários tipos de gases, cinzas 
e fuligens. A principal substância formada pela queima de lixo é o dióxido de carbono 
(falaremos mais dele quando tratarmos do aquecimento global), mas outras substâncias 
também são formadas, tanto pela combinação do lixo com o oxigênio como da combinação 
entre as substancias do próprio lixo submetido a altas temperaturas. 
Entre essas substâncias estão as dioxinas (PCDD’s) e furanos (PCDF’s). Esses compostos são 
formados pela combinação de átomos de cloro, hidrogênio, oxigênio e carbono e 
apresentam um grande potencial toxicológico para 
os organismos vivos, causando desde lesões na pele, 
mal formação de fetos, aborto e até mesmo câncer. 
A emissão de dioxinas e furanos ocorrem quando a 
queima dos resíduos é incompleta, com formação de 
substâncias originadas no próprio processo de 
combustão. 
Os principais fatores que influenciam a formação 
dessas substâncias são baixas temperaturas no 
tratamento do lixo, muito oxigênio nos 
incineradores, resfriamento lento dos resíduos, 
contato dos gases gerados com as cinzas em suspensão e presença de metais que facilitam 
as reações formadoras de PCDD’s e PCDF’s. 
O uso do lixo na geração de energia pode ser uma boa oportunidade, mas caso não sejam 
tomadas as devidas precauções durante o processo de queima, os danos aos moradores do 
entorno de incineradores serão enormes. 
1.5.6 Aquecimento global 
Os groenlandeses estão felizes. Nos supermercados, as seções de hortifrúti exibem uma boa 
variedade de frutas e verduras, como batatas, nabos, brócolis, repolhos e outras verduras. 
Tudo produzido na ilha. 
Figura 12: Representação do ciclo dos 
PCDD’s e PCDF’s. 
 Fonte: https://incciencia.com.br 
 
 
 
 
 
É possível encontrar até mesmo alfaces, que há algum tempo tinham que ser trazidos de 
avião da Europa. Já é possível encontrar até mesmo mel e morangos cultivados na 
Groenlândia. 
A mineração também apresenta ótimas perspectivas. A autorização para a lavra de minérios 
cresceu substancialmente. O crescimento foi tanto que a companhia aérea que opera na 
região criou um voo com rota direta para o Canadá visando o transporte de executivos e 
trabalhadores da área de mineração. 
E em matéria de mineração, a Groelândia é uma aposta promissora. Existem reservas de 
ouro, níquel, prata, grafite, ferro, cobre e urânio. 
Também conta com reservas de petróleo e terras raras, um grupo de minérios com nomes 
estranhos como lantânio, térbio, cério e neodímio, que são utilizados em uma série de 
aparelhos como baterias e ímãs de laptops, iPads, iPods e outros produtos. 
As áreas das minas groenlandesas estão mais acessíveis e as terras agriculturáveis 
conquistam novas fronteiras. Como conseguiram esse feito? O nosso planeta está 
esquentando e o gelo que dificultava o acesso às minas, derretendo. 
Conhecemos este fenômeno como Aquecimento Global ou Efeito Estufa. Onde está o 
problema de o planeta estar aquecendo, se isso está deixando mais recursos disponíveis? 
Acontece que o nosso planeta é um sistema complexo. Não se pode alterar uma variável do 
clima sem que várias outras também se alterem. O clima mais quente causa modificações 
não só na Groelândia, mas em toda parte do mundo. E um dos efeitos do aquecimento 
climático é o aquecimento das águas do Atlântico. E isso leva a uma mudança climática nada 
agradável: o aumento da intensidade dos furacões. 
 
 
 
 
 
Os furacões são formados quando a água do mar se aquece e se transforma em vapor. Este 
vapor sobe para a alta atmosfera, deixando um espaço vazio que é ocupado pelo ar frio, que 
por ser mais pesado, desce da atmosfera. Isso cria um ciclo que se repete e intensifica 
quanto mais quente estiver a água do mar. 
 
Assista a matéria apresentada pela Rede Globo através do Fantástico no 
dia 11/09/2017, em que explica como um furacão se forma e qual a 
influencia do aquecimento global neste processo. O vídeo está disponível no endereço 
eletrônico em: http://g1.globo.com/fantastico/edicoes/2017/09/10.html 
Mas no Brasil não temos ocorrência de furacões. Ou melhor, não tínhamos. 
Em 2004, a tempestade Catarina, ocorrida em Florianópolis, estado de Santa Catarina, 
matou 11 pessoas e desalojou quase 30 mil. Segundo vários meteorologistas, essa 
tempestade era um furacão de categoria 1. E, segundo os meteorologistas, é provável que 
futuramente tenhamos mais tempestades assim, e inclusive mais fortes.
Mas o problema do aquecimento global 
não acaba nestas tempestades. 
Produtores de soja do Rio Grande do Sul 
já estão acostumados aos caprichos da 
natureza. Às vezes a chuva atrasa, 
causando prejuízos, o que faz parte dos 
riscos da atividade agrícola. 
Mas no ano de 2004 o atraso foi bem 
maior. Em 2005, a história se repetiu, e 
com um agravante; devido à estiagem do ano anterior que havia deixado o solo seco, foram 
maximizados os efeitos da estiagem. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
(EMBRAPA), a redução da safra 2004/2005 Gaúcha foi de 78%. 
Mas como o aquecimento global ocorre? Em 1822, o cientista francês Jean-Baptiste Joseph 
Fourier publicou um estudo em que afirmava que se a Terra dependesse apenas do calor do 
Figura 13: Como se forma um furacão 
Fonte: https://geomestrepedia.blogspot.com.br 
http://g1.globo.com/fantastico/edicoes/2017/09/10.html
 
 
 
 
 
Sol que chegava ao nosso planeta, não seria mais que uma bola de gelo com temperaturas 
médias de 15 graus negativos. 
Então outra coisa devia aprisionar o calor que a Terra recebia. Fourier imaginou que essa 
outra coisa seria a atmosfera, que impediria que o calor que chegasse ao planeta escapasse. 
Em 1859, o irlandês John Tyndall descobriu que o culpado pelas temperaturas mais altas não 
era o oxigênio nem o nitrogênio. O culpado era o gás carbônico. 
Funciona da seguinte forma: O calor produzido pelo sol chega à Terra, principalmente na 
forma de radiação no espectro de luz visível. A terra absorve esta radiação, se aquecendo, o 
que a faz emitir radiação no espectro de luz infravermelha. Aí está o segredo, pois o gás 
carbônico é transparente para a luz visível, mas funciona como um espelho para a radiação 
infravermelha, refletindo-a de volta a terra. Assim o calor do sol chega a terra e fica 
aprisionado. 
 
Figura 14: Representação do Efeito estufa 
Fonte: http://www.grupoescolar.com/pesquisa/efeito-estufa.html 
 
http://www.grupoescolar.com/pesquisa/efeito-estufa.html
 
 
 
 
 
 
Esse processo tem possibilitado a existência da vida na Terra. Mas, desde a revolução 
industrial, queimamos quantidades absurdas de combustíveis fósseis, que aprisionavam o 
carbono. E a queima desses combustíveis liberou todo esse carbono para aquecer o planeta, 
modificando o clima mundial. 
A primeira-ministra da Groenlândia, Aleqa Hammond, pondera: “É errado afirmar que a 
mudança climática só resultou em coisas ruins.” 
A pergunta é quem está sendo beneficiado, e a custo de quem. 
1.5.7 Sociedade do consumismo 
Vivemos em uma sociedade do consumo. Para que a atividade econômica seja mantida em 
altos níveis, é necessário que a sociedade consuma uma gama enorme de produtos. A 
indústria moderna supre essa demanda elevando continuamente o nível de produção. 
Essa situação cria um paradoxo: ao mesmo tempo em que as indústrias elevam sua 
capacidade de produção, a população deverá aumentar sua capacidade de consumo para 
absorver o excedente. 
Caso isso não ocorra, a indústria irá demitir trabalhadores, o que ocasionará ainda mais 
redução do consumo, colocando a economia em um círculo vicioso. 
 
Figura 15: Representação do ciclo dos recursos financeiros no mercado 
Fonte: Autor 
As formas de produção 
empregam os 
trabalhadores e os 
remunara com salários 
os trabalhadoires usam 
os salarios recebidos 
para comprar produtos e 
serviços. 
Com a venda dos 
produtos para os 
trabalhadores o dinheiro 
volta para o mercado. 
O dinheiro eé aplicado 
em varias formas de 
produção que irá gerar 
empregos 
 
 
 
 
 
 
Essa dinâmica em que a indústria eleva a produção e por sua vez a população eleva o 
consumo faz o mercado se desenvolver, gerando mais lucro para as organizações. 
Como o lucro, neste sistema, é mola propulsora, para que esse modelo econômico se 
mantenha equilibrado é necessário que haja um equilíbrio entre as forças produtoras e a 
capacidade de consumo da sociedade. 
Para que a produção de um item seja interessante, é necessário que tenha um mercado 
consumidor. Esse mercado consumidor é formado pelos trabalhadores das empresas, que 
através dos salários recebidos adquirem capacidade de consumo. 
Ao adquirirem os produtos oferecidos pela força de produção, eles alimentam a economia 
gerando empregos e alimentando o sistema. Assim, os recursos econômicos da sociedade 
seguem o seguinte ciclo ao lado: 
Os salários recebidos pelos trabalhadores ao venderem sua força de trabalho são 
encaminhados para o sistema quando efetuam as compra dos produtos oferecidos pelo 
mercado. 
Quando os recursos financeiros recebidos pelo trabalho não são inteiramente consumidos, 
ocorre a formação de poupança, entrando em cena o sistema bancário responsável por 
direcionar estes recursos ao mercado, após retirar uma parte que é o lucro dos bancos. 
O fato de existirem algumas pessoas que não consomem todos os recursos financeiros 
recebidos implica a acumulação de capital nas mãos de algumas pessoas que têm seu poder 
de consumo aumentado, enquanto outras são privadas de bens básicos para sua 
sobrevivência e excluídas do mercado, já que não têm poder de consumo. 
Segundo Oliveira (2014), simplesmente 80% do consumo privado mundial é abocanhado por 
20% da população mundial residente nos países mais ricos, o que faz “sobrar” para 80% da 
população (5,6 bilhões de pessoas), residente nos países mais pobres e em vias de 
desenvolvimento, apenas 20% da produção mundial. Apenas os EUA, com 4,5% da 
população mundial, consomem 40% de todos os recursos disponíveis. 
 
 
 
 
 
Com isso surge um grupo que tem um alto poder de consumo, que é interessante para o 
mercado. 
Albuquerque (2009) afirma que isso leva a indústria, a despeito de haver pessoas que 
necessitam de produtos básicos, a se voltarem para a produção de produtos supérfluos. 
Surgiu assim a sociedade do consumo onde os produtos são comprados e descartados com 
imensa rapidez. 
Para satisfazer esse desejo de consumo, as indústrias lançam mão da criatividade, da 
inovação, do marketing e da propaganda, incentivando o consumo de produtos, mesmo que 
sejam desnecessários. 
Desta forma, o sistema de mercado atual acaba por exercer uma extrema pressão sobre os 
recursos naturais para suprir necessidades supérfluas de uma pequena parte da população, 
enquanto uma grande parte das pessoas sente necessidade de itens básicos para uma vida 
digna. 
 
UNIDADE II: GESTÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE 
 
Prezado (a) estudante, 
Nesta segunda unidade, estudaremos o conceito de desenvolvimento sustentável, gestão 
ambiental, certificação ambiental e externalidades. Ao final desta unidade você será capaz 
de: 
 Apresentar os desafios para o desenvolvimento sustentável; 
 Reconhecer a importância dos indicadores de sustentabilidade; 
 Aprender o conceito de indicadores de sustentabilidade; 
 Reconhecer a importância dos indicadores de sustentabilidade para a promoção de 
um desenvolvimento sustentável. 
 Conceito de gestão ambiental; 
 Abordagens da gestão ambiental; 
 
 
 
 
 
 Explicar as vantagens de se um bom plano de gestão ambiental como estratégia 
empresarial; 
 Identificar a importância da ecoeficiência; 
 Apontar o que é a auditoria ambiental; 
 Explicar a importância da auditoria ambiental para a sociedade; 
 Apontar a importância dos certificados ambientais; 
 Apontar o conceito de externalidade. 
 Identificar características das externalidades; 
 Exemplificar alguns tipos de externalidades positivas e negativas. 
É importante destacar que o seu aprendizado dependerá do seu envolvimento e dedicação, 
quanto maior for o seu comprometimento melhor será o resultado. 
Bons estudos! 
 
2.1 Desenvolvimento sustentável 
 
Sempre que pensamos em desenvolvimento, temos a ideia de crescimento da economia, 
instalação de indústrias, desenvolvimento de tecnologias, etc. De fato todas essas coisas 
fazem
parte do conceito de desenvolvimento, mas será que esse tipo de desenvolvimento é 
viável em longo prazo? 
Já vimos que a exploração dos recursos naturais sem um 
planejamento adequado pode levar à poluição do solo, 
água e ar. Assim é necessário que uma atividade leve em 
consideração a capacidade que a natureza tem de renovar 
seus recursos e as necessidades das populações do 
entorno para que possa ser classificada como sustentável. 
Mas mesmo que uma atividade cause poucos impactos 
ambientais ela não poderá ser considerada como 
sustentável se não conseguir se sustentar, considerando o 
Figura 22: Desenvolvimento 
sustentável 
Fonte: http://www.cdlbh.com.br 
 
 
 
 
 
âmbito econômico. 
Esse modelo é chamado de desenvolvimento sustentável, pois tem como objetivo suprir as 
necessidades da geração presente, sem prejudicar as gerações futuras de suprir as suas, 
conforme definido no Relatório de Brundtland. 
Este conceito ganhou força após a Rio-92, pois a sociedade em geral e as empresas passaram 
a compreender a necessidade do uso racional dos recursos naturais, produzindo os bens 
necessários para a sociedade e preservando o 
meio ambiente. 
Dessa forma, o desenvolvimento sustentável 
não se refere somente ao impacto ambiental 
causado pelas atividades econômicas, mas 
também à relação desses dois fatores no bem-
estar e qualidade de vida da sociedade. 
Logo para um desenvolvimento ser 
considerado sustentável ele precisa ser 
ambientalmente responsável, socialmente 
justo e economicamente viável. 
Dessa forma o desenvolvimento sustentável não se refere somente a sustentabilidade do 
uso dos recursos naturais e econômicos, mas também a justiça social. 
Por exemplo, uma empresa de reciclagem pode evitar que resíduos sejam despejados no 
meio ambiente, diminuir pressões sobre os recursos naturais, ser economicamente viável 
mas utiliza trabalho de crianças, ou trabalho análogo ao escravo, afim de maximizar os 
lucros. 
Esse empreendimento não pode ser considerado sustentável, pois apesar de ser 
aparentemente ambientalmente e economicamente viável, considerando a relação 
simbiótica entre economia, meio ambiente e sociedade, podemos concluir que esse negócio 
não contribui para um desenvolvimento sustentável. 
 Figura 23: Tripé do desenvolvimento 
sustentável 
Fonte: O Autor 
 
 
 
 
 
2.2 O desenvolvimento sustentável e a sociedade 
As atividades econômicas têm uma relação íntima com a qualidade de vida dos indivíduos 
envolvidos, mas nem sempre essa relação é benéfica para todos. Muitas vezes algumas 
poucas pessoas ficam com o resultado positivo, enquanto que entre a maior parte das 
pessoas são distribuídos apenas os prejuízos. 
Mas a definição do que é desenvolvimento sustentável ainda não é plenamente pacífica. 
Segundo Dias (2011), alguns grupos relacionam o desenvolvimento sustentável como apenas 
um desenvolvimento econômico através do uso racional dos recursos ambientais, através de 
tecnologias mais limpas e eficientes. 
Para outros grupos o desenvolvimento sustentável é um projeto social e tem como principal 
objetivo a harmonização do desenvolvimento econômico com o desenvolvimento social, 
contribuindo para a erradicação da pobreza e redução das desigualdades sociais. 
Mas qual a relação que existe entre a pobreza e o meio ambiente? Será que a pobreza é 
causa ou é consequência da degradação ambiental? 
A degradação ambiental ocorre tanto em países desenvolvidos quanto em 
subdesenvolvidos, tanto em áreas urbanas quanto em áreas rurais. Em todos os cenários o 
meio ambiente sofre pressão da população e dos meios de produção. 
Entretanto a degradação ambiental teve redução nos países desenvolvidos após o Relatório 
de Brundtland, que demonstrou o perigo ambiental a que a população mundial está sujeita. 
Assim a degradação ambiental foi associada à pobreza, estimulando muitos pesquisadores a 
investigarem esta relação. 
A população mais pobre, carente de recursos, não tem capacidade para tratar seus resíduos, 
contaminando o meio ambiente. Além disso, muitas vezes recorre à exploração de recursos 
ambientais, de forma insustentável, para satisfazer suas necessidades básicas. Isso, por 
exemplo, ocorre com a queima da madeira para aquecimento das casas e atividades 
domésticas como preparar alimentos, uso inadequado do solo, por não conhecer técnicas de 
 
 
 
 
 
manejo adequado e descarte de resíduos direto na natureza, ou por não contarem com 
sistemas de tratamento de esgoto ou lixo. 
Assim, esses indivíduos podem acabar degradando o ambiente que os sustenta, agravando 
ainda mais a sua condição de pobreza, e criando, assim, um círculo vicioso. 
Desta forma, somente oferecendo oportunidade de renda e reduzindo a pobreza esse 
círculo vicioso pode ser quebrado e a degradação ambiental contida. 
Logo, a população que mais sofre com a degradação ambiental é a que mais necessita de um 
meio ambiente equilibrado: a população rural que depende da agricultura para garantir sua 
subsistência. 
2.3 Indicadores de sustentabilidade 
Quando falamos que as atividades econômicas deverão ser sustentáveis, precisamos definir 
o conceito de sustentabilidade. Sustentabilidade significa a possibilidade de uma 
organização garantir a perenidade e continuidade de suas atividades. 
Mas quando uma atividade poderá ser considerada sustentável? Quais são os critérios 
usados para afirmar que uma indústria desenvolve suas atividades com sustentabilidade? 
Esses critérios são os indicadores de sustentabilidade, que são diferentes dos indicadores de 
progresso econômico, social e ambiental, que medem cada aspecto como se fosse 
independente. 
Os indicadores de sustentabilidade exigem uma visão integrada e multidimensional, 
demonstrando as relações entre os vários indicadores. Assim, para que uma atividade possa 
ser corretamente avaliada quanto à sustentabilidade, é necessário que novos indicadores 
possam ser desenvolvidos. 
Esses indicadores procuram medir o impacto das atividades das organizações sobre o meio 
ambiente, a população e os fatores econômicos, que deverão manter e até mesmo restaurar 
o bem-estar das comunidades atingidas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.4 Gestão ambiental 
A Resolução Conama nº 306/2002 define a gestão ambiental como a condução, direção e 
controle do uso dos recursos naturais, dos riscos 
ambientais e das emissões para o meio 
ambiente, por intermédio da implementação do 
sistema de gestão ambiental. 
Assim, gestão ambiental se refere às ações que 
visam o uso sustentável dos recursos naturais, a 
mitigação dos riscos de acidentes e redução das 
emissões de poluentes no meio ambiente. 
2.4.1 Abordagens da gestão ambiental 
Após a revolução industrial, a sociedade iniciou uma intensa exploração dos recursos 
naturais, interferindo cada vez mais no equilíbrio dos ecossistemas. Esse processo provocou 
vários acidentes de grande porte além da exaustão de recursos e contaminação do meio 
ambiente. 
Os novos desafios ambientais exigem uma atuação integrada entre sociedade, empresas e 
governo. É preciso que as instituições considerem a sustentabilidade ao planejar suas ações. 
Dessa forma, a gestão ambiental tornou-se um assunto de grande importância na sociedade 
atual. Várias leis de proteção ao meio ambiente foram aprovadas, mostrando que a 
proteção ao meio ambiente entrou de vez para a agenda dos políticos. 
As empresas têm sido pressionadas por órgãos de fiscalização e pela sociedade a adotar 
mecanismos que garantam a conservação ambiental. Muitas organizações não 
governamentais (ONG) estão adotando a estratégia de boicotar empresas ambientalmente 
incorretas para que diminuam o impacto ambiental de seus produtos. 
Os órgãos de fiscalização também têm intensificado as ações para coibir o descumprimento 
da legislação ambiental. 
Figura 24: Lago de resíduos industriais 
Fonte: http://www.jornalcruzeiro.com.br
Os consumidores também estão a cada dia cobrando mais responsabilidade ambiental das 
empresas. 
Para atender às exigências da sociedade e dos órgãos de fiscalização, as empresas têm 
buscado implementar ações de gestão ambiental. Barbieri (2011) ensina que a empresa 
pode desenvolver três diferentes abordagens ambientais diferentes; controle da poluição, 
prevenção da poluição e abordagens estratégicas. 
2.4.1.1 Controle da poluição 
Na década de 80, com o despertar para a consciência ambiental, os governos criaram órgãos 
para fiscalizar e, caso necessário, aplicar sanções às empresas. Assim, as empresas tiveram 
que implementar ações para cumprir as legislações ambientais recém aprovadas. 
A abordagem de controle da poluição busca basicamente cumprir a legislação a fim de evitar 
multas ou boicotes, e suas ações são do tipo preventivo com o controle acontecendo 
geralmente no fim do processo produtivo, sendo, portanto, ações corretivas. 
Entretanto as tecnologias de tratamento dos resíduos quase sempre são complexas, custam 
caro e nem sempre eliminam os problemas. E mesmo após o tratamento dos poluentes, 
quase sempre restam resíduos que devem ser armazenados, gerando custos mesmo depois 
de terminados os processos de fabricação. 
Por isso essa abordagem entende que a proteção ao meio ambiente significa um aumento 
dos custos de produção sem agregar valor ao produto, resultando em dos grandes 
paradigmas das empresas que é o fato de os custos ambientais se tornarem custo adicional 
para a empresa, dificultando um o processo produtivo. 
Conforme Barbiere (2011) as ações voltadas para controle da poluição são fundamentais, 
pois sem elas a vida no planeta já teria sido extinta, pois a capacidade de assimilação teria há 
muito sido superada, tanto devido à quantidade como quanto à toxicidade dos resíduos 
lançados no meio ambiente. 
 
 
 
 
 
Entretanto, essas ações não são suficientes, pois elas não consideram a economia dos 
recursos. Suas contribuições são somente em evitar ou reduzir que a poluição gerada seja 
lançada no meio ambiente. 
2.4.1.2 Prevenção da poluição 
Essa abordagem visa diminuir a quantidade dos poluentes e reduzir sua toxicidade. 
Isso pode ser conseguido modificando os processos de produção tornando-os mais eficazes 
e eficientes, promovendo o reaproveitamento de materiais e energias e substituindo 
matérias primas por outras que gerem menos resíduos. 
A prevenção da poluição essencialmente 
tem como foco reduzir ao máximo os 
resíduos gerados na produção e tratar 
adequadamente aqueles que não puderem 
ser eliminados. 
Uma das vantagens dessa abordagem é que 
ela aumenta consideravelmente a 
produtividade da empresa, pois poupa 
recursos que são utilizados no processo de 
produção. 
A prevenção da poluição pode ser vista como uma ação de redução de custos, aumento da 
produtividade e minimização de riscos, pois permite que a empresa reduza seus custos de 
aquisição de matéria prima, energia, deposição de resíduos, aumente sua produtividade 
através da melhoria das condições de trabalho e minimize seus riscos relativos a acidentes 
ambientais no tratamento e deposição de resíduos. 
Segundo Barbiere (2011), a abordagem de prevenção tem duas preocupações básicas: o uso 
sustentável dos recursos e o controle dos resíduos gerados. Para que o uso dos recursos 
seja considerado sustentável, os processos produtivos deverão reduzir a poluição na fonte, 
reusar e reciclar os resíduos gerados além de promover a recuperação energética. 
 
Figura 25: Biodigestor em propriedade rural 
Fonte: https://inforagro.wordpress.com 
 
 
 
 
 
Diminuir a poluição na fonte significa utilizar as matérias primas do modo mais eficiente 
possível, reduzindo perdas e produzindo o mínimo possível de resíduos ou modificando as 
características dos resíduos gerados. 
A redução é sempre a primeira opção, devido à 
redução dos custos e ganhos de eficiência. 
Ocorre que os processos produtivos sempre irão 
gerar algum resíduo que poderá ser reutilizado 
em alguns processos produtivos dentro da 
própria indústria. 
Outras formas de reuso são: o reaproveitamento 
do calor gerado por uma máquina para realizar 
pré-aquecimento de matérias primas; 
resfriamento de equipamentos com água já 
utilizada, antes de tratá-la; e reaproveitamento 
de embalagens usadas para armazenar resíduos não perigosos. 
A reciclagem é o tratamento de rejeitos e refugos para que possam novamente ser utilizados 
no processo produtivo. 
Exemplos de reciclagem podem ser observados nas metalúrgicas que recolhem e reutilizam 
recortes de metal, ou no tratamento e reutilização de água. 
Através da reciclagem, rejeitos e resíduos de uma unidade produtiva podem ser usadas em 
outra. Entretanto, caso o processo de reciclagem não seja bem planejado, poderá ocasionar 
graves prejuízos ao meio ambiente, pois também produz resíduos que se não forem 
corretamente tratados e armazenados, irão contaminar o meio ambiente. 
Alguns resíduos não são passíveis de reciclagem, mas guardam energia química que pode ser 
queimada para aproveitamento de seu poder calorífero. Cavacos de madeira, palha, bagaço 
de cana ou embalagens contaminadas podem ser utilizadas como fonte de energia. 
Figura 26: Roupas feitas com resíduos de 
culturas agrícolas 
Fonte: http://www.stylourbano.com.br 
 
 
 
 
 
Por fim, aqueles resíduos que não puderem ser aproveitados de nenhuma forma precisam 
ser tratados e armazenados ou dispostos em aterro sanitário, de acordo com sua 
especificidade. 
A segurança é uma questão de grande importância, pois um vazamento pode trazer grandes 
transtornos à comunidade local e trazer grandes prejuízos à empresa por meio de multas, 
custos de limpeza e recuperação de áreas atingidas, além de indenizações e tratamento das 
pessoas atingidas. 
2.4.1.3 Gestão ambiental como estratégia 
Na abordagem estratégica, a empresa busca se posicionar em um mercado em que os seus 
clientes atribuem valor aos produtos elaborados com práticas sustentáveis. 
As empresas que utilizam a gestão ambiental como estratégia devem ter ações voltadas não 
só para a proteção da natureza, mas de todos os componentes do meio ambiente. 
Dessa maneira, uma atenção especial deve ser dirigida às comunidades locais promovendo a 
educação, cultura e lazer, bem como renda nas comunidades carentes em que a empresa 
opera. 
A gestão ambiental como estratégia vai além da ideia de reduzir custos através de melhor 
utilização dos recursos. Ela busca uma diferenciação de seus produtos (Barbieri, 2011). 
Na gestão ambiental estratégica, a empresa busca uma identidade ambiental, ou seja, 
fomenta a percepção de que seu cliente, ao comprar seus produtos, está provendo a 
proteção ao meio ambiente. Assim, essas empresas devem observar não só a sua planta de 
produção, mas de todos os seus fornecedores e parceiros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.5 Ecoeficiência 
A partir da revolução industrial, a população mundial começou a crescer em um ritmo 
frenético. Alcançamos o primeiro bilhão de habitantes em 1830 e hoje, apenas 180 anos 
depois estamos chegando a 7 bilhões de habitantes. 
Essa grande população necessita de alimentos, moradia, água, lazer etc. E para disponibilizar 
esses bens e recursos, a indústria e a agricultura se desenvolveram incrementando cada vez 
mais a atividade econômica. 
Não há como se falar que existe um ecossistema industrial em confronto com um 
ecossistema natural. Trata-se na verdade de um único ecossistema que deve ser 
administrado para reduzir as influencias negativas e maximizar os resultados positivos. 
As empresas devem desenvolver suas atividades de forma que possam entregar produtos de 
alta qualidade para satisfazer as necessidades de seus clientes, a preços competitivos, e 
ainda reduzir progressivamente os impactos negativos do seu negócio sobre o meio 
ambiente e a sociedade. 
Nesse ambiente
de alta competitividade entre as empresas, mas com uma urgente 
necessidade de preservação do meio ambiente, e frente à exigência de melhoria de vida da 
população, surge o conceito de ecoeficiência. 
A ecoeficiência é o uso mais racional de 
matérias-primas, energia, recursos financeiros e 
humanos para reduzir os custos econômico e 
ambiental das empresas. Ou seja, ecoeficiência 
significa fazer mais com menos. 
Através da ecoeficiência, as empresas buscam 
conciliar o seu desempenho econômico com a 
preservação ambiental, eliminando os 
desperdícios nos processos produtivos, 
Figura 27: Papel fabricado com resíduos de 
cana de açúcar 
Fonte: //?https://www.istoedinheiro.com.br 
 
 
 
 
 
reduzindo a emissão de efluentes, minimizando o risco de acidentes ambientais e 
melhorando sua imagem diante da sociedade. 
Assim, por meio da ecoeficiência, busca-se a redução do uso de materiais por unidade 
produzida, o que se traduz em maior competitividade. 
Uma das medidas que uma empresa pode implantar para alcançar ecoeficiência é o uso de 
seus resíduos para produção de outros bens, geração de energia e reaproveitamento de 
água e embalagens utilizadas. 
Através da ecoeficiência, as empresas buscam um posicionamento estratégico de gestão 
ambiental. As empresas buscam um melhor desempenho econômico eliminando 
desperdícios e usando os seus recursos de forma mais eficiente, mas também buscam 
melhorar a imagem de seus produtos em um mercado que, cada vez mais, exige que as 
empresas sejam sustentáveis. 
2.6 Auditoria ambiental 
Já vimos que os consumidores estão exigindo cada vez mais que as empresas sejam 
responsáveis em suas atividades. Vimos também que as empresas estão buscando 
responder esta exigência por meio da ecoeficiência e da gestão ambiental. 
Mas todos nós consumimos diversos produtos todos os dias, muitos deles produzidos em 
outros estados ou até países, portanto não temos como investigar se seus fabricantes são 
ambientalmente responsáveis. 
Como podemos escolher os produtos que iremos consumir, priorizando aqueles que são 
produzidos por empresas ambientalmente responsáveis? Como podemos ter certeza de que 
uma empresa que diz desenvolver suas atividades de modo sustentável realmente o faz? 
E quando uma empresa investe em projetos de gestão ambiental, como saber se os 
resultados planejados realmente foram alcançados? 
Para atender a essas necessidades, surgiu a auditoria ambiental. 
 
 
 
 
 
A auditoria ambiental é uma das ferramentas de gestão ambiental, sendo utilizada por 
empresas tanto para avaliar a si mesmas, como para avaliar clientes, fornecedores e 
parceiros de negócios. 
A auditoria ambiental é muitas vezes exigida para que negócios possam ser fechados. 
Imagine que uma empresa petrolífera queira contratar um seguro ou um empréstimo de 
dezenas de milhões. Certamente a 
seguradora ou o banco vão querer se 
assegurar que essa empresa não esteja 
vulnerável a acidentes ambientais. 
A auditoria ambiental é um instrumento 
que auxilia as empresas a controlar o 
desenvolvimento de seu programa de 
gestão ambiental através da análise dos 
procedimentos e práticas da empresa e dos 
resultados alcançados, permitindo concluir 
se o sistema de gestão ambiental (SGA) da empresa está atendendo aos critérios definidos 
pela organização interessada na auditoria. 
2.7 Certificação ambiental 
Agora, caro aluno, você deve estar se perguntando: o professor falou que a auditoria 
ambiental auxilia os consumidores a saber se a empresa é realmente sustentável. Então 
cada vez que uma pessoa quer saber se uma empresa é ambientalmente sustentável deverá 
ser realizada uma auditoria, certo? 
Na verdade, não. Algumas entidades criaram vários Certificados Ambientais, que garantem 
que as atividades da empresa são desenvolvidas de forma sustentável. Os Certificados 
Ambientais são declarações formais conferidas a empresas que demonstrem atender os 
critérios exigidos para obtenção destes. 
Figura 28: Modelo de ciclo de um SGA 
Fonte: O autor 
 
 
 
 
 
Para emitir esta declaração, um 
órgão que tenha credibilidade 
pública realiza auditoria na 
empresa para confirmar que ela 
tem um Sistema de Gestão 
Ambiental e que ele 
efetivamente funciona. 
Existem vários tipos de certificados ambientais. No Brasil, os principais órgãos de certificação 
são o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) e a Associação 
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O principal certificado ambiental no Brasil é o ISO 
14001, mas também existem outros selos de certificação como o FSC, Processo AQUA, entre 
outros. 
2.7.1 ISO 14001 
A ISO – International Organization for Standardization - é uma organização internacional, 
sediada em Genebra, na Suíça, que elabora normas internacionais. 
A certificação ISO não é obrigatória, mas a conquista do certificado ambiental traz inúmeras 
vantagens para a instituição, como possibilitar uma postura mais proativa da empresa em 
relação ao seu desempenho ambiental, possibilitar a conquista de novos mercados, 
aumentar a confiabilidade da empresa diante dos investidores, clientes e fornecedores, 
melhorar a imagem pública da empresa, entre outros benefícios. 
Figura 29: Etapas para conseguir um certificado ambiental 
Fonte: O autor 
Figura 30: Modelo de um sistema de gestão ambiental pela ISO 
14001. 
Fonte: Norma ISO 14.001. Sistemas de Gestão Ambiental, 
Especificação e Diretrizes para uso. 
 
 
 
 
 
Para que uma empresa possa ser certificada ISO, ela terá que demonstrar que está 
comprometida a atender toda a legislação, bem como outras normas aplicáveis com 
melhoria contínua. 
A ISO não estabelece critérios absolutos para certificação, sendo possível que duas empresas 
que desenvolvam atividades semelhantes apresentem níveis diferentes de desempenho 
ambiental. Para que uma empresa possa ser certificada pela ISO, ela deverá apresentar um 
plano de melhoria contínua de seu desempenho ambiental. 
Assim fica claro que a empresa deverá estar sempre melhorando sua eficiência ambiental. 
Esse plano é baseado no ciclo PDCA - do inglês Plan (planejar), Do (fazer, executar), Check 
(verificar), e Act (agir). 
Plan significa Planejamento, nesta fase são definidos 
os objetivos e os processos através dos quais a 
organização irá atingir as metas definidas na sua 
política de gestão ambiental. 
Do significa Executar, implementar o que foi 
planejado. 
Check é verificar, avaliar se os processos estão sendo 
desenvolvidos como o planejado e se as metas estabelecidas estão sendo atingidas. 
Act é a correção, a definição de medidas necessárias para melhorar o Sistema de Gestão 
Ambiental (SGA) e corrigir as falhas. Após o Act o ciclo retorna ao Plan, melhorando 
continuamente o SGA. 
2.7.2 FSC (Florest Stewardship Council) 
O FSC certifica produtos florestais como 
madeira, lenha, moveis, papéis, nozes e 
sementes. Este certificado atesta que o 
produto vem de um processo socialmente 
justo, ecologicamente sustentável e 
 
Figura 32: Selo RAINFOREST ALLIANCE 
CERTIFIED . 
Fonte: https://foodservices.appstate.edu 
 
Figura 31: Ciclo PDCA. 
Fonte: O autor 
 
 
 
 
 
economicamente viável. 
Entre os princípios atestados por este certificado estão o cumprimento da legislação 
ambiental, respeito aos povos indígenas e regularização fundiária. 
O FSC é concedido pelo Conselho Brasileiro de Manejo 
Florestal, que trabalha em parceira com órgão locais. 
2.7.3 RAINFOREST ALLIANCE CERTIFIED 
Certifica produtos agrícolas e pecuários. 
O Certificado Socioambiental da Rede de Agricultura 
Sustentável comprova que os agricultores respeitam a 
biodiversidade, os trabalhadores envolvidos no processo produtivo e a comunidade de seu 
entorno. 
Este certificado é muito valorizado na Europa e nos Estados Unidos. O processo de 
certificação no Brasil é realizado pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal
e Agrícola 
(Imaflora). 
3.7.4 IBD (Instituto Biodinamico) 
O IBD é uma empresa brasileira que certifica produtos orgânicos da agricultura, pecuária, 
fibras, aquicultura, extrativismos, cosméticos, vinhos e produtos de limpeza. 
Para obter este certificado é necessário cumprir uma série de requisitos como cuidados para 
a desintoxicação do solo, não uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos e preservação da 
biodiversidade, espécies nativas e mananciais, cumprimento dos princípios humanos 
previstos nos acordos internacionais e tratamento digno 
aos animais. 
2.8 Externalidades 
Em um mercado ideal, o preço dos produtos é definido 
pela oferta e procura. Por exemplo, imagine que o preço 
do tomate aumente para R$ 10,00 o quilo. Mais pessoas 
se interessariam em plantar tomate para obter um bom 
 
Figura 34: Selo FSC. 
Fonte: 
http://www.standardsimpacts.org 
 
Figura 33: Selo IBD 
Fonte: 
http://planetaorganico.com.
br 
 
 
 
 
 
lucro na venda. Com mais tomate sendo oferecido e menos pessoas comprando, o preço se 
estabilizaria. 
Agora imagine que o preço do mel de abelhas tenha seu preço reduzido para R$ 10,00 o 
quilo. Alguns produtores de mel iriam diminuir sua produção ou até mesmo abandonar a 
atividade. Por outro lado, com o mel barato mais pessoas estariam dispostas a consumir 
mel. Com menos mel sendo oferecido no mercado e mais pessoas comprando, o preço irá se 
estabilizar. 
Quanto mais as pessoas desejam um item, mais seu preço aumenta, estimulando as pessoas 
e empresas que os produzem a aumentarem sua produção. 
Quando o desejo dos consumidores por um produto diminui, o seu preço cai, 
desestimulando seus produtores a produzi-lo. 
Ocorre que, na produção de um bem, nem sempre todos os custos são incorporados ao 
preço dos produtos. Além dos custos diretamente incorporados aos produtos, temos custos 
que não são diretamente alocados ao preço dos bens e serviços. 
No caso da produção de tomates, por exemplo, é necessário que se utilize inseticidas para 
controle de insetos. Mas se um vizinho criar abelhas, esses inseticidas poderão matar as 
abelhas criando um custo para o seu vizinho. Esse custo imposto ao vizinho não estará 
incorporado ao preço do produto. 
Por outro lado, imagine um agricultor que produza laranjas e que tenha um vizinho que crie 
abelhas. Ocorre que as abelhas retiram o néctar de flores para produzir mel. Como a 
plantação oferece uma grande disponibilidade de flores a produção de mel irá aumentar 
sem que o produtor de mel nada tenha feito. Esse aumento da produção de mel é um 
beneficio produzido pelo produtor de laranjas, mas que não é totalmente aproveitado por 
ele. 
 
 
 
 
 
Esse custo que uma pessoa ou indústria pode impor aos outros, ou benefícios criados por 
um indivíduo e aproveitados por terceiros, é chamada de externalidade. 
As externalidades são os custos sociais do processo de produção, ou seja, custos dos 
produtos que são suportados ou aproveitados por terceiros. 
Um tipo de externalidade é a fumaça de um cigarro fumado em local público. 
Existem externalidades positivas e negativas. No exemplo da produção de tomates que 
prejudica a produção de mel, temos uma externalidade negativa e no caso da produção de 
mel beneficiada pela plantação de laranjas, uma externalidade positiva. 
Um dos grandes desafios é fazer com que os produtores internalizem seus custos. Isso pode 
ser feito de várias formas. Uma delas é através do governo, pela regulamentação das 
atividades produtivas restringindo as atividades que implicam externalidades negativas ou 
oferecendo subsídios para as atividades com externalidades positivas. 
Por isso a legislação exige que uma indústria instale filtros para redução dos poluentes que 
ela lança no meio ambiente. Por outro lado, o governo deixa de cobrar alguns impostos 
sobre instituições de ensino, já que essas instituições qualificam a mão de obra do local 
onde estão instaladas, possibilitando um aumento da produtividade das indústrias sem que 
consigam aproveitar todos esses benefícios 
criados por elas. 
Mas a sociedade também está obrigando as 
indústrias a internalizarem seus custos. Muitos 
consumidores evitam consumir produtos de 
empresas que não internalizem as externalidades 
negativas do seu processo produtivo. 
Existem também consumidores que aceitam pagar 
mais em produtos de empresas que comprovem 
que internalizam seus custos sociais. É o caso dos 
Figura 35: Exemplo de externalidade: 
fumaça de cigarro 
Fonte: 
http://elgatoalagua7.blogspot.com.br 
 
 
 
 
 
clientes que dão preferência aos produtos que provenham de empresas que tenham um 
certificado ambiental. 
Uma mesma atividade pode ter externalidades positivas e negativas ao mesmo tempo. Por 
exemplo, podemos ter uma indústria mineradora que polui um rio no seu processo 
produtivo, e emprega uma grande quantidade de trabalhadores. 
A poluição do rio é uma externalidade negativa e os empregos gerados, uma externalidade 
positiva. Nesta situação, qual seria melhor? Rios não poluídos e a população desempregada 
ou poluir o rio e gerar empregos? 
Nestas situações, a instalação de um sistema de gestão ambiental pode reduzir o nível de 
poluição, mitigando o efeito das externalidades negativas. Mas isso irá aumentar os custos 
da indústria que, consequentemente, irá produzir menos e gerar menos emprego. 
Assim, definir quanto do custo social deverá ser internalizado pelos produtores não é uma 
tarefa fácil, uma vez que quanto mais externalidades negativas internalizarem maiores serão 
seus custos de produção, o que poderá reduzir também as externalidades positivas geradas. 
 
UNIDADE III: LEGISLAÇÃO AMBIENTAL 
 
Prezado (a) estudante, 
Nesta terceira unidade estudaremos a legislação ambiental e a politica nacional do meio 
ambiente, e como ela influencia o ambiente de negócios. Ao final desta unidade temática, 
você será capaz de: 
 Identificar a finalidade do direito ambiental; 
 Explicar a importância da política nacional do meio ambiente; 
 Apontar os instrumentos da política nacional do meio ambiente. 
É importante destacar que o seu aprendizado dependerá do seu envolvimento e dedicação, 
quanto maior for o seu comprometimento melhor será o resultado. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
3.1 Legislação ambiental 
 
Você já deve ter ouvido falar que alguém ou alguma pessoa já foi multada ou até mesmo 
presa por ter prejudicado o meio ambiente, não é? Mas quem multa? A polícia? 
Como estudamos nas aulas anteriores, o meio ambiente é tudo aquilo que nos envolve, 
logo, a cidade em que moramos, nosso bairro, as praças, bosques, florestas, nossa casa, o ar 
que você respira, tudo faz parte do nosso meio ambiente. 
Mas na sua casa provavelmente também moram outras pessoas, certo? A cidade tem outros 
habitantes além de você e outras pessoas também respiram o mesmo ar que você, não é? 
Então a quem pertence o meio ambiente? 
O meio ambiente é considerado como um bem que pertence a todos, de forma que todo 
indivíduo tem direito de utilizar, e obrigação de preservar os recursos ambientais. 
E o meio ambiente é considerado um recurso de tamanha importância que sua preservação 
foi tratada na maior lei do nosso país, a Constituição Federal (CF) Art. 225, que diz que todos 
nós temos direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, que é essencial à sadia 
qualidade de vida, sendo responsabilidade do poder público e da coletividade defendê-lo e 
preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
Esse direito de todos a um meio ambiente saudável é necessário porque essa condição 
influencia na qualidade de vida dos indivíduos. 
Afinal, se o ar, a água ou o solo estiverem contaminados, é muito mais provável que a 
população sofra com doenças, intoxicação e outras moléstias. 
Entretanto, encontrar um ponto de equilíbrio entre o desenvolvimento, crescimento 
populacional e preservação dos recursos naturais

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