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Processo inflamatório que acomete a mucosa faríngea e tecido linfoide do Anel linfático de Waldeyer. Anel Linfático de Waldeyer: Formado pelas tonsilas palatinas, tonsilas faríngeas, tonsila lingual e tecido linfático peritubário. Um dos mais frequentes tipos de IVAS. Muito comum na infância. Causa frequente de ausência no trabalho e escola. Custo elevado para saúde. Importância dos biofilmes nos casos crônicos e recorrentes. Papel dos anaeróbios: facilitam o crescimento de bactérias aeróbias patogênicas. Papel do refluxo faringolaríngeo? Tipos: • Adenoidite ou rinofaringite. • Tonsilite ou faringotonsilite – o mais comum. • Tonsilite lingual. • Faringite (geralmente na ausência das TPs). Tonsilas faríngea e palatinas representam os primeiros tecidos imunocompetentes a entrar em contato com agentes exógenos das vias digestiva e respiratória. FARINGOTONSILITES Mais frequente infecção das VAS. Origem bacteriana, viral e fúngica. Motivo comum de consultas com pediatras e otorrinos. Virais: 75% dos casos em menores de 2 anos. Mais comum: Adenovírus. Outros: Rinovírus, Coronavírus, Influenza, Parainfluenza, VSR, Herpes simples e EBV. Quadro clínico: dor, odinofagia, febre, mialgias, rinorreia, tosse, cefaleia, sintomas nasais. Evolução favorável – raramente complicações. Tratamento: sintomático. Mononucleose Infecciosa: Doença sistêmica que acomete principalmente adolescentes e adultos jovens (15-25 anos). Agente etiológico: • Vírus Eptein-Barr (EBV) – Família Herpeviridae. • Tropismo por linfócitos B e células epiteliais da faringe e glândulas salivares. • Pode também: CMV, Rubéola, Toxoplasma gondii, HIV (síndrome mononucleose-like). Transmissão principalmente pela saliva (“doença do beijo”). No início do quadro confundida com FT bacteriana. Tríade clínica clássica: febre, angina e poliadenopatia. Ao exame: • Febre alta, astenia, poliadenoapatia cervical; esplenomegalia (50% dos casos); hepatomegalia (10%). • Pode ter pseudomembranas; edema de palato e úvula (sinal clássico). • Rash cutâneo após uso de amoxicilina. Diagnóstico: evolução clínica + exames laboratoriais. • Linfocitose ao hemograma (> 50% da população dos leucóticos). • Linfocitose atípica (10% ou mais dos leucócitos totais). • Teste sorológico de Paul-Bunnel-Davidson (+ 10 a 20 dias após) – S 90% e E 98%. • Pesquisa de anticorpos IgM e IgG (de escolha) - pico em 4-6 semanas. • Pode aumento de transaminases. Tratamento: suporte (analgesia, antitérmicos, hidratação e repouso). ATB se infecção bacteriana secundária. Bacteriana: Pode ser aguda, recorrente ou crônica. Agente mais comum: Streptococcus pyogenes do grupo A (SGA). Risco de complicações. Importância pelo risco de Febre Reumática e de Glometulonefrite difusa aguda. Ainda frequente no mundo inteiro. Outros agentes: • Streptococcus do grupo C e G (menor risco de complicações). • Mycoplasma pneumoniae – população entre 9-19 anos (geralmente associada a tosse). • Neisseria gonorrheae – adolescentes e adultos jovens (FT associada a lesão genital). • Staphylococcus aureus, Haemophilus spp, Moraxella catarrhalis – responsáveis por recaídas de infecções estreptocócicas. Faringotonsilite Estreptocócica: Causa mais comum de FT bacteriana – 20% do total de FT. Após os 3 anos de idade – pico de incidência entre 5-10 anos. Mais comum em climas frios e temperados (pico de incidência durante inverno). Transmissão por gotículas: ambientes fechados como fator de risco. Período de incubação em torno de 4 dias. Quadro clínico: início abrupto de febre alta, mialgias, dor de garganta intensa, odinofagia, otalgia reflexa e ausência de sintomas nasais e laringotraqueais. Náuseas e vômitos em crianças. Exame físico: hiperemia, aumento das tonsilas e exsudato purulento; adenomegalia cervical de cadeia jugulo- digástrica (60%). Diagnóstico: avaliação clínica e epidemiológica + exames laboratoriais. • Hemograma: leucocitose com desvio para esquerda e neutrofilia. • Testes rápidos: o Baseado na reação de um antígeno estreptocócico com anticorpos específicos. o Vantagem: kit pronto no consultório. o Desvantagem: elevado número de falsos negativos - S de 60 a 90%/ E de 95%. o Pouco utilizado na nossa realidade. • Exames Sorológicos: o Pouco utilizados pela demora de 2-3 semanas na elevação dos títulos de anticorpos após a fase aguda. o Anti-estreptolisina O, Anti-hialuronidase, Anti DNAse B, Anti-estreptoquinase. o Útil para avaliação de portadores assintomáticos. • Cultura de orofaringe: padrão-ouro! o Limitação é o período de 18-48h até a confirmação. Tratamento: • Suporte: Analgesia, antitérmico, hidratação, AINEs e Corticóide (?). • Antibioticoterapia: o Diminuição precoce dos sintomas usado nas primeiras 48h (encurta 12-24h). o Diminuição da transmissão do SGA e de novas infecções. o Diminuição das complicações supurativas. o Diminuição do risco de febre reumática. o Duração: 7-10 dias (alguns autores recomendam mais 7 dias de ATB após melhora clínica). o Primeira escolha: Penicilina Benzatina de 600000 UI (peso < 20kg) a 1200000 (peso>20kg) em dose única – alternativa VO Amoxicilina 40-50mg/kg/dia por 10 dias o Associar ácido clavulânico na suspeita de germe produtor de betalactamase. o Cefalosporinas, Macrolídeos (eritromicina, azitromicina), clindamicina – casos de alergia a penicilina. Complicações: • Supurativas: o Abscesso periamigdaliano. o Abscesso parafaríngeo. o Infecções do espaço retrofaríngeo. • Não supurativas: o Escarlatina. o Febre Reumática. o Glomerulonefrite difusa aguda. o Síndrome do Choque Tóxico Estreptocócico. Abscesso Periamigdaliano: Localizado entre a cápsula tonsilar e o músculo constritor superior da faringe – polo superior das tonsilas. Relação com tonsilites recorrentes (obstrução das criptas). Mais frequente em adolescentes e adultos jovens. Recorrências de 10-15%. Flora polibacteriana; mista. Clínica: dor intensa unilateral, otalgia reflexa, sialorreia, dificuldade para deglutir, voz anasalada, febre, mal-estar, calafrios e pode trismo Ao exame: abaulamento unilateral com medialização da TP, hiperemia e edema intensos, com purulação e lateralização da úvula. Tratamento: • Drenagem. • Antibioticoterapia (cobertura para aneróbios, produtores de betalactamases e Gram-negativos). • Pensar em tonsilectomia após resolução do quadro. Escarlatina: Decorre da produção de endotoxinas. Clínica: • Rash cutâneo papular e eritematoso (pele áspera). • Linfadenopatias. • Cefaleia, febre e vômitos. • Eritema de tonsilas e orofaringe. • Língua em framboesa. Diagnóstico: • Clínica + confirmação laboratorial. • Sinal de Filatov (palidez perioral). • Sinal de Pastia (petéquias e hiperpigmentação em linhas de flexão) – ambos característicos. Tratamento: Penicilina G endovenosa. Febre Reumática: Ainda endêmica em países em desenvolvimento. Pico de incidência entre 5-15 anos. Sinais e sintomas 2-3 semanas após o episódio da FT estreptocócica. Diagnóstico – critérios de Jones (2 ou mais critérios maiores e/ou 1 maior e 2 menores + evidência de infecção estreptocócica). Uso de ATB até o 9° dia de FT previne. Glomerulonefrite Difusa Aguda: Após infecção faríngea ou de pele pelo SGA. Incidência de 24% dos expostos a cepas nefritogênicas (correspondem a 1% do total). Síndrome nefrítica 1-2 semanas após a FT. ATB não previne nem altera a evolução. Síndrome do choque tóxico estreptocócico: Após infecção ou colonização pelo SGA de qualquer sítio. Clínica: hipotensão associada a pelo menos 2 dos seguintes: insuficiência renal, coagulopatia, anormalidades de função hepática, SARA,necrose tecidual extensa, e rash eritemato-macular. Faringotonsilite recorrente: Quando episódios recorrentes de infecções agudas acontecem, com melhora completa dos sintomas entre um episódio e outro. O agente infeccioso é diferente entre um episódio e outro. Importante diferenciar de recaída! Tonsilas apresentam número de microorganismos e concentração dos mesmos maior (tanto aeróbios quanto anaeróbios). Tratamento: • 1° escolha: amoxicilina/penicilina – casos que evoluem mal, acrescentar ácido clavulânico. • Cirurgia: o Quando tratamento clínico ineficaz. o Segundo critérios de Paradise. Tonsilite Crônica: Caracterizada por infecção persistente das tonsilas. Dor de garganta superior a 3 meses, associada a inflamação tonsilar. Associada a halitose, formação de caseum nas criptas, eritema peritonsilar e adenopatia cervical persistente. Difícil de diferenciar dos quadros recorrentes. Presença de flora bacteriana mista – presença de anaeróbios. Papel dos biofilmes. Tratamento: • Antibióticos que atuem contra anaeróbios e germes produtores de betalactamases por 3 a 6 semanas – Amoxicilina + ácido clavulânico ou clindamicina. • Cirurgia: casos refratários. FORMAS CLÍNICAS PARTICULARES • Difteria. • Angina de Plaut-Vincent. • Herpes simplex. • Herpangina. • Sífilis. Difteria: Rara após introdução da vacina. Doença de notificação compulsória já na suspeita. Principalmente crianças até 10 anos não vacinadas. Corinebacterium diphteriae – bacilo gram positivo produtor de endotoxina. Letalidade de 5-10%. Transmissão por gotículas respiratórias. Quadro clínico: • Período de incubação de 1-6 dias. • Início insidioso de dor de garganta leve, febre baixa, prostração e palidez. • Pseudomembranas branco acinzentadas sobre tonsilas, pilares amigdalianos e úvula (sangrantes ao se destacar). • Pode casos graves com acometimento de todo trato aero-digestivo alto. • Acometimento de Laringe com voz e tosse roucas e esforço ventilatório. • Tropismo por miocárdio, SNC e rins – principais complicações. Diagnóstico: exame bacterioscópico e cultura de exsudatos ou fragmentos das pseudomembranas. Tratamento: • Internação precoce e iniciar soro antidiftérico. • Eritromicina ou penicilina para erradicar foco infeccioso. • Comunicantes não vacinados, ou vacinados há mais de 5 anos, ou situação vacinal desconhecida, devem ser vacinados e fazer a cultura de orofaringe – se positiva iniciar a quimioprofilaxia com eritromicina. Angina de Plaut-Vincent: Angina úlcero-necrótica causada pela associação entre o bacilo fusiforme Fusobacterium plautvincenti e o espirilo Spirochaeta dentium – saprófitas comuns da cavidade oral. Má higiene bucal, desnutrição e mal estado dos dentes facilitam. Acomete principalmente adolescentes e adultos jovens. Quadro clínico: • Disfagia dolorosa unilateral. • Sem febre e queda do estado geral. • Odor fétido. Ao exame: ulceração de amígdala unilateral, recoberta por pseudomembrana friável. Diagnóstico: exame bacteriológico. Tratamento: • Antibioticoterapia (penicilina ou cefalosporina + metronidazol). • Higiene bucal e dentária. • Sintomáticos. Cancro sifilítico: Treponema pallidum. Pensar em paciente de risco para DST com lesão ulcerada unilateral de amígdala. Ao exame: ulceração rasa e endurada, unilateral, pouco dolorosa. Diagnóstico: microscopia de campo escuro ou sorologias (FTA-ABS e VDRL). Tratamento: Penicilina Benzatona 2400000UI IM dose única de Sífilis primária. Angina por Herpes Simplex: Dois subtipos sorológicos: 1 (mais comum) e 2. Comum em crianças entre 10 meses e 3 anos. Geralmente associada a gengivoestomatite. Caracterizada pelos achados de lesões vesiculo-ulcerosas em palato, úvula e pilares amigdalianos. Pode infecção bacteriana secundária. Tratamento: sintomáticos. Aciclovir em imunocomprometidos. Herpangina: Angina vesiculosa causada pelo Vírus Coxsackie A. Quadro clínico: • Angina eritematosa com pequenas vesículas em palato mole, úvula e pilares amigdalianos. • Febre, cefaleia, micropoliadenopatia cervical, disfagia e vômitos. Tratamento: sintomático e hidratação.
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