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As DII são distúrbios inflamatórios crônicos que podem acome- ter qualquer parte do intestino. São doenças multifatoriais (genética, ambiente e resposta imune) que apresentam surtos de remissão e exacerbação. RETOCOLITE ULCERATIVA FISIOPATOLOGIA CLASSIFICAÇÃO DE MONTREAL RCUI: Leva em consideração a extensão e a gravidade da doença. EXTENSÃO E1: apenas no reto (30%) E2: afeta o reto e o cólon esquerdo (40%) E3: pancolite (afeta reto e cólon proximal até ângulo esplênico – 30%). GRAVIDADE SCORE 0: sem sintomas SCORE 1: sintomas leves, sem sinais sistêmicos SCORE 2: moderada, > 4 evacuações ou sinais sistêmicos SCORE 3: doença grave, > 6 evacuações por dia, aceleração da FC, febre, VSH elevado, pulso acelerado (sinais de toxicidade sistêmica). INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS doenças DEFINIÇÃO EPIDEMIOLOGIA Ocorrência mundial (RCUI tem maior incidência) Ambos os sexos Brancos (judeus) Agregação familiar Jovens (2-3ª década) CARD15/NOD2 Piora com o tabagismo Bimodal (15-35 e 50-70) HLA-DRA Efeito protetor do tabagismo DC RCUIx DOENÇA DE CROHN A doença de Crohn é uma inflamação crônica transmural que pode atingir qualquer segmento do TGI, desde a boca até o ânus. O principal foco de inflamação é intestino delgado, principalmente íleo terminal. 40 - 50% dos casos → acomete intestino delgado + cólon 35% dos casos → apenas intestino delgado 20 - 25% dos casos → apenas cólon Doença inflamatória mais restrita, acomete apenas a mucosa do cólon ou reto. É uma doença contínua e ascendente. Na RCUI acomete apenas reto e cólon, nunca o TGI alto. Pancolite: quando acomete todo o cólon (quadro mais grave). O paciente tem uma mutação genética e, por algum gatilho (infecção, uso de AINES, toxinas), o processo é desencadeado. A partir desse evento o sistema imunológico é ativado e mesmo após de resolver a infecção, o stema imunológico continuará agindo por causa da mutação dos genes, com as citocinas inflamatórias. Com isso, terá uma inflamação da mucosa, levando aos sintomas. Evento → perpertuação → alteração imune → lesão tecidual DC: QUADRO CLÍNICO Dor abdominal: as duas doenças podem cursar com dor abdominal. Mas é mais comum no Crohn do que na retocolite, porque há áreas de estenose e dificuldade de propulsão do bolo fecal. Enquanto na retocolite as ulcerações são mais superficiais. Sangue nas fezes: ocorre apenas em doença de cólon, tanto na retocolite quanto no Crohn que acomete o cólon. Doença de delgado NÃO causa sangue nas fezes. Tenesmo: sensação de evacuação incompleta. Tenesmo é sugestivo de alteração a nível do reto, por isso é ocorre apenas na retocolite. Pode até ter na Doença de Crohn se o paciente tiver a doença no reto. Vômito: principalmente nos quadros mais altos, em quadros de estenose, com dificuldade de passagem. O que pode ocorrer apenas na doença de Crohn. Emagrecimento: a dificuldade de absorção está ligada a inflamações no intestino delgado. Por isso mais comum no Crohn. Em crianças pode causar problemas de nutrição, crescimento e déficit neurológico. Fístulas: para formar fístula tem que ser uma inflamação transmural, por isso que ocorre apenas em Crohn. Na retocolite ulcerativa pode ter perfuração apenas quando se tem o megacólon tóxico, que é uma distensão do cólon, sua parede fica extremamente fina, podendo perfurar, mas a fístula é característica da Doença de Crohn. ANA PAULA - MED UNIMES XXII Hemograma → para ver anemia, leucocitose ou trombocitopenia Provas de atividade inflamatória → VSH e PCR (↑) Hipoalbuminemia → pelas ulcerações na parede do cólon que levam a uma perda de proteínas Deficiência de vitaminas, ácido fólico e zinco → dificuldade de absorção no intestino delgado Anticorpos anti-Saccharomyces cerevisiae IgA (ASCA) - para DC (60% dos casos). Anticorpos anti-citoplasma de neutrófilos (pANCA) - para RCUI (80% dos casos) Calprotectina fecal → específico para doença inflamatória intestinal (>250). Ajuda no seguimento terapêutico. EXAMES DE IMAGEM TC: RNM: Colonoscopia com biópsia: padrão-ouro EDA: quando o paciente tem sintomas de HDA (pode ser DC no TGI alto) Cápsula endoscópica: paciente deglute a cápsula e esta vai tirando fotos conforme passa pelo TGI. Depois é retirada nas fezes para que as imagens sejam analisadas. Não é utilizado de rotina por ser caro, não muito disponível. Enterotomografia (contraste VO) → permite avaliação da mucosa para maior sensibilidade. A enterorressonância é o melhor exame de imagem. Utiliza um constrate próprio para intestino delgado que permite melhor visualização das alças. Não é radioativo e pode ser feito mais de uma vez. Retocolite ulcerativa ESCORE DE MAYO PARA RCUI Classificação endoscópica. SCORE 0: mucosa normal SCORE 1: vermelhidão (perda do padrão vascular normal) SCORE 2: erosões SCORE 3: doença mais grave, com ulcerações, fibrina, mucosa friável BIÓPSIA Raros abscessos de criptas Abscessos de criptas Granulomas epitelioides não-caseosos Atrofia da mucosa Ulcerações profundas Lesões aftoides RCUI: DC: Megacólon tóxico: quando há uma grande proliferação bacteriana, aumento de gases, causa distensão abrupta do cólon, aumenta a pressão interna e torna as paredes mais finas, causando risco de perfuração. - Fístulas - Abscessos - Estenose (obstrução) MANIFESTAÇÕES EXTRA-INTESTINAIS EXAMES LABORATORIAIS Manifestações dermato- lógicas (eritema nodoso e pioderma gangrenoso) Oculares (uveíte e episclerite) Alterações inflamatórias (asma, bronquite) Respiratórias (apneia do sono) Reumatológicas (artrite) A DC e a RCUI são doenças autoimunes relacionadas com fatores genéticos. Por isso podem estar associadas a outras manifestações imunomediadas: COMPLICAÇÕES OBS: essas manifestações ocorrem quando a doença inflamatória está em atividade. Quando cessa a inflamação, as manifestações desaparecem. ↑ risco tromboembólico Radiografia: USG: método não invasivo apenas para diagnósticos diferenciais ou verificar a presença de abscesso. RX simples: consegue visualizar apenas complicações, como megacólon tóxico e perfurações. Trânsito intestinal: série de radiografias seriadas após ingestão de contraste de bário para ver a passagem pelo TGI. Permite verificar se há inflamação, obstrução e estenose. Enema opaco: injeta contraste pelo reto para ver se há ulcerações. Na colonoscopia pode haver imagens que sugiram DC ou RCUI, mas o diagnóstico é confirmado apenas com BIÓPSIA. COLONOSCOPIA DOENÇA DE CROHN RETOCOLITE ULCERATIVA Íleo acometido Reto acometido Lesões salteadas (não contínuas) Lesões contínuas Úlceras profundas, aftoides (transmurais) Lesões superficiais PseudopóliposAspecto mosaico Doença de Crohn DOENÇA DE CROHN RETOCOLITE ULCERATIVA Inflamação segmentar Inflamação contínua/difusa Pseudopólipos Depleção de células caliciformes AGENTES TERAPÊUTICOS AMINOSSALICILATOS Sulfassalazina, Mesalazina - medicamentos que tem como princípio ativo o ácido-5-aminosalicílico (parente do AAS, mas não é a mesma coisa). CORTICOESTEROIDES Budesonida, Prednisona - Budesonida seria o ideal por ser um corticoesteroide de baixa absorção, com ação mais local. Mas no Brasil a Budesonida não tem uma meia vida tão longa, dessa forma, a maioria dos pacientes não tem uma resposta tão boa quanto têm com a Prednisona. IMUNOSSUPRESSORES Azatioprina, Meraceptopurina, Metotrexate TERAPEUTICA BIOLÓGICA Grande avanço no tratamento das doenças inflamatórias. Atuam naquelas substâncias que estão perpetuando o processo inflamatório. ✓ Anti-TNF (Infliximabe, Adalimumabe, Certolizumabe, Golimumabe) ✓ Anti-integrinas (Vedolizumabe) ✓ Anti-IL12/23 (Ustequinumabe) Essas medicações possuem um custo muito alto. ANTIBIOTICOS Metronidazol e Ciprofloxacin Podem ser utilizados na doença de Crohn, quando há complicações, como abscessos e fístulas. TRATAMENTO RCUI Indução da remissão Manutenção da remissão Manutenção do estado nutricional adequado Prevenção e tratamento adequado Prevenção e tratamento das complicações Boa qualidade de vida As DII são doenças autoimunes ligadasa fatores genéticos que não possuem cura. Mas é preciso apresentar uma remissão clínica (sem sintomas) e endoscópica (sem processo inflamatório intestinal), e mantê-lo em remissão. DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS tratamento OBJETIVOS TRATAMENTO DC Aminossalicilatos (Sulfassalazina, Mesalazina) Corticóides: Prednisona, Budesonida Antibióticos: Ciprofloxacin, Metronidazol (se o paciente tiver fístula) Imunossupressores: Azatioprina, 6MP, Metotrexate INDUÇÃO DA REMISSÃO A Azatioprina é um imunossupressor, porém, demora para começar a agir. Por isso que é preciso, nos pacientes mais graves, entrar com o corticoide e o imunossupressor, para tentar em torno de 2 meses diminuir o corticoide e manter apenas o imunossupressor (a Azatioprina leva 3 meses para atingir sua meia vida completa no sangue). MANUTENÇÃO DA REMISSÃO Para continuar o tratamento contínuo após a remissão da doença pode-se utilizar todos os medicamentos citados acima, EXCETO corticoides, que não podem ser utilizados por longo prazo (apenas para entrar em remissão). Para manter é necessário usar apenas antibióticos, imunossupressores e biológicos. O paciente que está utilizando biológicos não precisa associar com outras medicações. Anti-TNF (Infliximabe, Adalimumabe, Certolizumabe) Anti-integrinas (Vedolizumabe) Anti-IL12/23 (Ustequinumabe) BIOLÓGICOS Quando o tratamento inicial não tem sucesso, quando o paciente está dependente do corticoide, ou seja, só o imunossupressor não foi o suficiente) – o tratamento biológico leva a uma imunossupressão importante (controlando a doença autoimune): INDICAÇÕES ABSOLUTAS: ✓ Doença de Crohn de moderada a grave refratária ao tratamento ✓ DC com fístulas (perianal ou enterocutânea) INDICAÇÕES POTENCIAIS: ✓ DC pediátrica ✓ Manifestações extra-intestinais da DC refratárias ao tratamento padrão Aminossalicilatos: Mesalazina, Sulfassalazina Corticosteroides: budesonida, prednisona Imunossupressores: Azatioprina, 6MP, Metrotrexate, Ciclosporina (corticodependentes ou refratários) Biológicos (mesma indicação da DC, para RCUI moderada ou grave refratária ao tratamento convencional, mas nesse caso NÃO tem fístula, porque fístulas é característico de DC, nesse caso não forma fístulas) Inibidores Janus-quinase (Tofacitinibe): medicação semelhante aos biológicos, inibidores da enzima Janus- quinase, diminuindo o processo inflamatório. Está em estudo para ser lançado no Brasil. INDUÇÃO DA REMISSÃO - Supositórios: proctite leve - Enemas: proctosigmoidite leve - Oral: colite esquerda, pancolite, proctite ou proctosigmoidite moderada a severa - Associar oral com supositório ou enema: doença grave com acometimento importante com sintomas no reto MANUTENÇÃO DA REMISSÃO: todos EXCETO corticoides. ANA PAULA - MED UNIMES XXII
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