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Problema 2 M2– “Que diarreia horrível!” Chega ao consultório uma senhora contando a seguinte história: “Minha filha Alana está com diarreia. Tudo começou há alguns meses quando parei de lhe dar o peito. Desde então ela parou de crescer e começou a perder peso. A diarreia era volumosa e de odor muito ruim, frequente (cinco a sete evacuações/dia), fezes amolecidas, com restos alimentares, sem sangue ou muco que persiste até o momento”. Quando fui investigar, descobri que ele também estava com anemia. Mas há uma semana tudo piorou quando ela começou a apresentar lesões pelo corpo que o dermatologista disse se tratar de dermatite herpetiforme. ” A criança foi amamentada até dez meses, quando foi introduzido leite em pó integral no esquema alimentar da criança. O trigo vem sendo oferecido para a criança desde os sete meses de idade. Ao exame físico, Alana apresentava-se irritada, hipocorada e com abdome distendido. Peso = 7.650g e estatura = 76cm. O pediatra explicou para a mãe as principais possibilidades diagnósticas, mas disse que somente com os resultados de uma série de exames solicitados poderia comprovar suas hipóteses. A mãe saiu preocupada, pois acha que terá dificuldades tanto econômicas como na dinâmica familiar para cuidar de sua filha. Resultados de exames: • Pesquisa de substâncias redutoras nas fezes: negativo; Pesquisa de gordura fecal: menor que 3g/24 horas; • Pesquisa de Alfa-1-antitripsina fecal: menor que 3,0 mg/g fezes secas; Anticorpo anti- endomíseo (EMA) positivo; Anticorpo anti-transglutaminase (iTG) – positivo; Teste do suor (Cloretos) – menor que 40 mEq/L. Alana tem uma irmã de 23 anos de idade, Janaína, que também procurou atendimento médico por estar apresentando diarreia crônica acompanhada de emagrecimento progressivo. Há 5 meses evacua em média 7 vezes/dia. As fezes são líquidas e sem sangue. Refere também aftas orais de repetição e artralgia. Nesse período já emagreceu 10 Kg, chegando nesta consulta com 56 Kg e muito apática. Ela disse que não consegue trabalhar e que está muito preocupada em perder o emprego. O médico explica que um diagnóstico provável é doença inflamatória intestinal. Após longa conversa com a paciente, ele solicita colonoscopia para a confirmação diagnóstica, bem como para a definição do tipo da doença. Janaína, preocupada, perguntou se existem muitos tipos de doenças inflamatórias e se existe cura para todos os tipos. Retornou com colonoscopia mostrando úlceras aftóides, ulcerações longitudinais e serpiginosas em toda extensão do intestino, poupando reto, com aspecto em "pedra de calçamento". Diante do quadro foi iniciado prednisona 60mg pela manhã e mesalazina 8/8h. QUESTÕES DE APRENDIZAGEM: 1) discutir conceito, epidemiologia, fisiopatologia da doença celíaca (DC) e diagnósticos diferenciais de diarreia por má absorção. 2) compreender quadro clínico, formas de apresentação da DC, o diagnóstico, as principais condições associadas e o tratamento não farmacológico de doença celíaca. Doença celíaca (DC) Conceito (DC): A doença celíaca (DC) é uma intolerância à ingestão de glúten, contido em cereais como cevada, centeio, trigo e malte, em indivíduos geneticamente predispostos, caracterizada por um processo inflamatório que envolve a mucosa do intestino delgado, levando a atrofia das vilosidades intestinais, má absorção e uma variedade de manifestações clínicas. As proteínas do glúten são relativamente resistentes às enzimas digestivas, resultando em derivados peptídeos que podem levar à resposta imunogênica em pacientes com DC. Epidemiologia (DC): Uma revisão demonstrou que a relação de pacientes com DC diagnosticada e não diagnosticada pode ser de 1:7. Um estudo indica que mais de 36% dos pacientes com DC, haviam recebido diagnóstico de SII (síndrome do intestino irritável) previamente. Doença celíaca não tratada tem alta morbimortalidade. Anemia, infertilidade, osteoporose, e câncer, principalmente, linfoma intestinal, estão entre os riscos de complicação em pacientes sem tratamento. A prevalência pediátrica é estimada em torno de 1:100 na população em geral. Estudos revelam que a doença celíaca atinge faixas etárias variadas, mas principalmente crianças de 6 meses a 5 anos. É observada uma frequência relativamente maior em mulheres, na proporção de 2:1, e pode ser mais severa em gestantes. Pessoas com história familiar de 1º grau, doenças autoimunes como tireoidites e diabetes mellitus tipo 1 (um) estão associadas a maior risco para a doença. Indivíduos com Síndrome de Down também tem maior predisposição chegando a ter um risco vinte vezes maior que a população em geral. Fisiopatologia (DC): Há importante predisposição genética nos pacientes com DC, caracterizada pelos marcadores de superfície HLA-DQ2 e HLA-DQ8. O glúten interage com os marcadores HLA, causando uma resposta imune anormal da mucosa e lesão tecidual. O glúten: O glúten possui duas frações principais: prolaminas e gluteninas. As prolaminas que estão presentes no trigo (chamadas de gliadina), no centeio (secalinas), na cevada (hordeínas) e na aveia (aveninas) são as que possuem potencial de causar uma reação imune nos portadores da DC. As prolaminas do arroz (alanina) e do milho (leucina) não demonstram toxicidade para os portadores da doença. Fatores imunológicos: O indivíduo ao ter predisposição ao desenvolvimento da patologia e ser exposto à proteína hidrossolúvel gliadina, passa a desenvolver uma resposta imunológica inespecífica. Nesta há o surgimento de células T inespecíficas que reconhecem as células induzidas por estresse e ocasiona achatamento das mucosas, sobretudo na parte proximal do intestino delgado. Nas criptas há um aumento de Linfócitos intraepiteliais (principalmente LTCD4+ e em menor número LTCD8+) seguida de acúmulo de material eosinofílico e hiperplasia celular. Pode ocorrer também ativação de mastócitos e neutrófilos. Citocinas e outros fatores inflamatórios afetam diretamente a integridade das junções epiteliais e causam hiperplasia das criptas. Fatores ambientais: Algumas teorias sugerem que o desmame e introdução precoce de alimentos que possuem glúten na dieta de lactentes podem predispor ao aparecimento da DC. Outros estudos ainda sugerem uma reação cruzada entre a proteína alfa-gliadina e a infecção por adenovírus sorotipo 12. Diagnósticos diferenciais de diarreia por má absorção: Quadro clinico e formas de apresentação: As manifestações clínicas da DC podem envolver o trato gastrointestinal, assim como pele, fígado, sistema nervoso, sistema reprodutivo, ossos e sistema endócrino. A dermatite herpetiforme ocorre em 10% a 20% dos pacientes e é uma manifestação patognomônica. Diagnostico: Antes diagnostico só em pacientes com manifestações clinicas típicas ou muito suspeito. Era realizado em crianças com síndroma má absortiva. Após os testes sorológicos de alta acurácia e maior atenção medica as manifestações atípicas aumentou prevalência e diagnósticos não pediátricos. A investigação diagnóstica de DC realizada antes do tratamento (dieta isenta de glúten), pois pode alterar negativamente os resultados dos testes sorológicos e melhorar a histologia. 10% casos o diagnóstico é difícil por achados discordantes entre sorologia, clínica e histologia. Diagnóstico cogitado: todo paciente com diarreia crônica, distensão abdominal, flatulência, anemia ferropriva, osteoporose de início precoce, elevação de transaminases, familiares de primeiro e segundo graus de pacientes com DC, SII, hipocalcemia, assim como na deficiência de ácido fólico e vitaminas lipossolúveis. Sorologia: antitransglutaminase tecidual (anti-tTG IgA), antiendomísio IgA (EMA), Anticorpos Antigliadina (AGA IgA), Deficiência seletiva de IgA, Tipagem HLA, Biópsia duodenal.Outros exames: capsula endoscópica e endoscopia com magnificação. O diagnóstico de DC é complexo, especialmente nos pacientes assintomáticos ou com manifestações atípicas. A biópsia intestinal é necessária para o diagnóstico de DC, mesmo que a sorologia seja positiva. No entanto, os achados histológicos não são específicos, por isso o diagnóstico só pode ser estabelecido após a correlação clínica. Ainda hoje, a maioria dos pacientes com DC não tem esse diagnóstico, apesar de nos últimos anos a prevalência ter aumentado em função do maior grau de suspeição e melhor acurácia dos testes sorológicos. Não está bem estabelecido o significado do grande número de pacientes sem diagnóstico, assim como daqueles pacientes que apresentam apenas sintomas extra intestinais ou não clássicos Principais condições associadas: DC está associada a diversas doenças como diabetes melito tipo I, hipo e hipertireodismo, síndrome de Sjogren, cirrose biliar primária, hepatite autoimune, autismo, depressão, epilepsia, ataxia cerebelar, infertilidade, puberdade tardia, deficiência de IgA seletiva, Síndrome de Turner, Síndrome de Down e neuropatia periférica. Tratamento não farmacológico: Dieta isenta de glúten. 3) compreender conceito e mecanismos fisiopatológicos da doença inflamatória intestinal (DII). 4) discutir quadro clínico, classificação, critérios diagnósticos e diagnóstico diferencial da DII. 5) estudar o tratamento da DII, entendendo a farmacologia das drogas utilizadas. Doença inflamatória intestinal (DII) Conceito DII: Doença inflamatória intestinal idiopática crônica refere-se a dois distúrbios inflamatórios: colite ulcerativa e doença de Crohn. São diagnosticadas por um grupo de características clínicas, endoscópicas e histológicas, mas não existe nenhum achado que, isoladamente, possibilite o diagnóstico definitivo de uma ou outra doença. Ulceração na doença de Crohn é transmural e pode ocorrer em qualquer parte do trato gastrointestinal, mais comumente no íleo distal e cólon proximal. A característica da colite ulcerativa é a contínua ulceração começando no reto e limitada ao cólon. Aproximadamente 10% dos pacientes com doença inflamatória intestinal possuem colite indeterminada, um termo usado quando a colite de Crohn não pode ser diferenciada da colite ulcerativa. Res.: DII são distúrbios que envolvem inflamação crônica do trato digestivo. Tipos mais comuns: colite ulcerativa (inflamação de longa duração e feridas no revestimento interno do intestino grosso colón e reto) e doença de Crohn (inflamação do revestimento do TGI, que se espalha profundamente nos tecidos afetados). Mecanismos fisiopatológicos DII: Embora o gatilho para doença intestinal inflamatória não seja conhecido, três vias principais prováveis ativam a doença: uma predisposição genética, desregulação imunológica e um antígeno ambiental. Uma possível explicação é de que a incapacidade do sistema imune inato para limpar os antígenos microbianos, combinada com aumento da permeabilidade epiteliais intestinais para antígenos, eventualmente leve a uma resposta imune adaptativa hiperativa. Dos pacientes com doença inflamatória intestinal, 5 a 20% têm um histórico familiar positivo. Parentes de primeiro grau têm uma média de 10 a 15 vezes mais risco de desenvolver doença inflamatória intestinal. A taxa de concordância de desenvolver doença de Crohn em gêmeos idênticos, irmãos ou parentes de primeiro grau é 50%, 0 a 3% e 5 a 10%, respectivamente. Colite ulcerativa segue padrões genéticos similares, mas com taxas de risco um pouco menores. Vinte por cento dos pacientes com histórico familiar positivo de doença inflamatória intestinal terão um tipo de doença: um membro da família com doença de Crohn e outro com colite ulcerativa. O gene associado à doença de Crohn é o NOD2/CARD15, localizado no cromossomo 16 (16q12), sendo expresso em células de Paneth epiteliais intestinais, macrófagos e células dendríticas. Este gene está envolvido na expressão de um receptor intracelular que detecta dipeptídeo muramil, um componente de peptidoglicanos das bactérias grampositivas. Ativação de NOD2 leva à ativação de NF-κB, que medeia a transcrição de numerosas citocinas pró-inflamatórias. Uma mutação no domínio rica em leucina de proteína NOD2, que interage com o lipopolissacarídeo bacteriano, leva à falha na ativação de NF-κ B e é associada ao desenvolvimento de doença de Crohn. Polimorfismos dos genes receptor-4 da família TLR são associados tanto à doença de Crohn como à colite ulcerativa. Os polimorfismos do gene do receptor interleucina-23 (IL-23) estão associados à colite ulcerativa e às variações de risco da doença de Crohn. Antígeno do leucócito humano (HLA) classe II, especialmente em moléculas de HLA-DR podem conferir maior risco de polimorfismos, colite ulcerativa e possivelmente também de Crohn. O gene OCTN1, localizado no cromossomo 5, e o gene DLG5, localizado no cromossomo 10, também têm sido associados à doença de Crohn. O DLG5, que codifica uma proteína estrutural importante para a manutenção da integridade epitelial em vários órgãos, pode interagir com o NOD2/CARD15 gene para aumentar a suscetibilidade à doença de Crohn. Gene OCTN1, localizado no cromossomo 5q31, codifica um canal de íons e também aumenta o risco de doença de Crohn; mutações nesse gene podem interromper os canais iônicos através de função alterada de transportadores de cátion e sinalização célula a célula no epitélio intestinal. Os micróbios provavelmente desempenham um papel no desenvolvimento de doença inflamatória do intestino. Em vários modelos animais de colite, colite não se desenvolve em um ambiente estéril, mas pode ser induzida após a introdução das bactérias comensais. Desviando o fluxo fecal de inflamação ativo na mucosa, como em uma ileostomia, também ajuda a aliviar a inflamação na doença de Crohn. Os antibióticos, particularmente antibióticos de amplo espectro com cobertura anaeróbica, são úteis no tratamento de doença de Crohn. Mais recentemente, diversos polimorfismos genéticos associados à monitoração do ambiente microbiano intestinal e que desencadeiem uma resposta imune, têm sido associados à doença intestinal inflamatória. Tanto a doença de Crohn como a colite ulcerativa são produtos de uma desregulação do sistema imune inato que desencadeia as células T e uma resposta humoral. As células TH17, que são ativados na doença de Crohn e na colite ulcerativa, são estimuladas por IL23, produzida por células apresentadoras de antígenos. Variações de polimorfismos de nucleotídeos únicos do gene que codifica o receptor para IL-23 estão associados à doença de Crohn. Res.: predisposição genética resposta imunológica desregulada inflamação. Paciente já predisposto tem contato com antígeno ambiental que gera resposta imune desregulada e então a inflamação. Genes relevantes: NOD2/ CARD 15 para doença de Crohn. Alelos HLA para retocolite ulcerativa. Fatores ambientais: teoria da higiene, papel da dieta e do tabagismo e alteração da microbiota intestinal hábitos ocidentais. Retocolite: mucosa, cólon e reto, continua e ascendente. Crohn: transmural (não é só mucosa), bora à região perianal, descontinua ou continua, aleatório, granulomas não caseosos. Fatores de risco Idade: 15-40 Gênero: pouca diferença Raça: branco, judeus Genética: 1° grau Tabagismo: aumenta risco de Crohn e diminui de retocolite Dieta: ocidental Atividade física: diminui risco de crohn Obesidade: aumenta risco de complicação AINEs: aumenta risco de DII Disbiose: antibiótico e gastroenterite Apendicectomia: protege contra RCU e aumenta risco de Crohn. Quadro clinico: Os sintomas da doença intestinal inflamatória são variados e podem ser consequência da localizaçãoda doença, da duração da doença e quaisquer complicações anatômicas da doença, como estreitamentos e fístulas em doença de Crohn. Gastrointestinais: depende do seguimento do TGI. Diarreia crônica, diarreia invasiva: tenesmo, urge incontinência, dor abdominal, náuseas e vômitos. Crohn: estenoses, fistulas, abcessos, doença perianal, disabsorção (múltiplas cirurgias). Inespecíficos: fadiga, perda de peso, febre e desnutrição Extraintestinais (compreender contexto inflamatório sistêmico): hepatobiliares (colangite esclerosante primaria), osteoarticulares (artralgia, artrite periférica e espondilite), dermatológicas (eritema nodoso epioderma gangrenoso), oculares (uveite, episclerite e conjuntivite), renais (litíase) e hematológicas (hipercoagulabilidade). Classificação: Doença de Crohn e retocolite ulcerativa. Classifica quanto a extensão, gravidade e prognostico Retocolite classificação de montreal- proctite/retite (reto), colite esquerda/distal (reto a flexuria espletinica) e pancolite (além da flexuria espletinica). E tem a classificação alternativa. Escore de trulove e Witts para a gravidade (leve moderada ou grave). Critérios diagnósticos: Quando a diarreia é o sintoma predominante, a avaliação inicial deve incluir uma anamnese completa, teste para colite infecciosa e triagem para distúrbios endócrino-metabólicos, tais como hipertireoidismo e hipocalcemia. As infecções por organismos tais como Shigella, Ameba, Giárdia, Escherichia coli O157:H7 e Campylobacter podem ser acompanhadas por diarreia sanguinolenta, cólicas abdominais e um quadro endoscópico idêntico à colite ulcerativa. São necessários estudos de fezes para diagnosticar ou excluir essas infecções. Se a hematoquezia ou a dor abdominal são os sintomas predominantes, o diagnóstico diferencial é amplo. Avaliação Diagnóstica Avaliação Endoscópica: em um paciente com sintomas sugestivos de doença inflamatória intestinal e nenhuma evidência de infecção para explicar os sintomas, é essencial a avaliação endoscópica. A colonoscopia endoscópica inicial consiste no teste para os pacientes que apresentam menos sintomas gastrointestinais, como diarreia e hematoquezia, exceto na presença de peritonite grave. A colonoscopia para o íleo terminal é importante se houver um diagnóstico potencial de doença intestinal inflamatória. Imagens do intestino delgado (como tomografia computadorizada (TC) do trânsito do intestino delgado ou enterografia) também podem ser necessárias para determinar se há doença do intestino delgado ou para determinar a distribuição da doença. A cápsula endoscópica é útil quando todos os outros exames radiológicos e endoscópicos não são diagnósticos, mas há suspeita de doença de Crohn do intestino delgado. Achados no exame endoscópico devem ser seguidos por endoscopia para obter biópsias. A cápsula endoscópica não deve ser realizada se a doença de Crohn é complicada por uma conhecida estenose de intestino delgado. Doença de Crohn: A manifestação endoscópica mais precoce da doença de Crohn inclui úlceras superficiais da mucosa, também chamadas de úlceras aftoides. Como a gravidade da doença de Crohn progride, a ulceração se torna mais profunda e pode se tornar redonda, linear ou serpiginosa. O aspecto de paralelepípedos (cobblestoning) da mucosa é causado por úlceras que se interconectam longitudinal e transversalmente, com áreas normais semelhantes a pavimento com paralelepípedos. Áreas de ulceração, que normalmente são intercaladas com áreas salteadas “normais”, podem ocorrer em qualquer lugar do esôfago até o ânus, mas são mais comuns na região ileocecal. A doença colônica isolada ocorre em 25% dos pacientes, e 60% terão envolvimento retal, o que torna este, por vezes, difícil de diferenciar da colite ulcerativa. O diagnóstico da doença intestinal inflamatória é preciso, dependendo da histopatologia, de modo que é fundamental a biópsia da área afetada. Achados de um infiltrado inflamatório na própria lâmina e distorção da arquitetura da cripta sustentam o diagnóstico (Fig. 143-2). O diagnóstico da doença de Crohn pode ser feito apenas por histopatologia se os granulomas não caseosos são observados, mas os granulomas são raramente encontrados em biópsias endoscópicas. O diagnóstico da doença de Crohn é fundamentado em uma combinação de informação adquirida da histopatologia, colonoscopia e imagens do intestino delgado. Um alto padrão de ulceração, ulceração no intestino delgado ou do trato gastrointestinal superior, ou a presença de fístulas sustentam o diagnóstico de doença de Crohn. Ulcerações do cólon e do intestino delgado ocorrem em vários outros distúrbios, incluindo infecções que não podem ser detectadas por estudos de fezes de rotina (como Escherichia coli entero-hemorrágica), distúrbios vasculares, enterocolite imunorrelacionada, neoplasia, diverticulite, radiação e medicamentos como os AINEs. Retocolite ulcerativa: o diagnóstico de colite ulcerativa é baseado em achados endoscópicos e histopatólogicos. No início do processo da doença, os pacientes desenvolvem eritema difuso da mucosa, com perda do padrão vascular da mucosa normal. Em doença discreta, a mucosa pode ter uma aparência granular e edematosa. Como a doença se torna mais grave, a mucosa fica mais friável, sangra facilmente quando é tocada e, eventualmente, pode ulcerar (Fig. 143- 3). Achados endoscópicos que começam no reto e podem se estender proximalmente em um padrão contínuo, afetam apenas o cólon. Pseudopólipos podem se formar devido à regeneração epitelial após ataques recorrentes em pacientes com doença de longa duração. Em se tratando de doença crônica, a mucosa colônica pode perder seu padrão de dobras normal, e o cólon encurtar e parecer mais estreito. Manifestações como distorção da cripta, inflamação da mucosa contínua a partir do reto, ausência de granulomas e ausência de doença do intestino delgado são consistentes com colite ulcerativa. No início do processo da doença, os achados inflamatórios crônicos, como a distorção da cripta, podem não estar presentes, e o diagnóstico pode ser mais difícil de ser confirmado. Radiologia: Imagem radiológica é vital e deve quase sempre ser obtida quando a doença inflamatória intestinal, particularmente doença de Crohn, é suspeitada. As radiografias contrastadas do abdome superior, exame do trânsito gastroduodenal e enema de bário geralmente são necessários para diagnosticar as estenoses e fístulas na doença de Crohn. Se há suspeita de doença de Crohn pelo exame colonoscópico, um exame do trânsito gastroduodenal geralmente é feito para avaliar a extensão, gravidade e tipo de doença (estreitamentos e fístulas) no intestino delgado. A TC enterografia e a ressonância magnética (RM) enterografia são alternativas para um acompanhamento do intestino delgado. A TC enterografia pode ser preferida para a detecção de abscessos abdominais, enquanto a RM pode ser preferida para a detecção de abscessos perineal e estenoses. Achados Laboratoriais: pode resultar anemia a partir de doença crônica, de perda de sangue ou de deficiências nutricionais de ferro, folato ou vitamina B12 . Uma contagem de leucócitos discretamente elevada é indício de doença ativa, mas elevações significativas sugerem um abscesso ou outra complicação supurativa. A velocidade de hemossedimentação e a proteína C reativa são marcadores inflamatórios inespecíficos que, às vezes, são usadas para monitorar a atividade da doença. Hipoalbuminemia é indicação de desnutrição. Doença ileal ou ressecção de mais de 100 cm do íleo distal resultam em diminuição no nível sérico de vitamina B12 devido à máabsorção. Marcadores Sorológicos: Marcadores sorológicos são importantes, mas podem não ser usados de maneira independente para diagnosticar a doença inflamatória intestinal. Os anticorpos anti- Saccharomyces cerevisiae (ASCA), que são anticorpos para levedura, ocorrem em 40% a 70% dos pacientes com doença de Crohn e em menos de 15% dos pacientes com colite ulcerativa. A combinação de ASCA elevado de imunoglobulina A (IgA) e os títulos de IgG é altamente específica para a doença de Crohn, variando de 89 a 100%. Anticorpos citoplasmáticos antineutrófilos perinuclear (pANCA) estão presentes em 20% dos pacientes de Crohn, em particular na doença cólon-predominante, e em 55% dos pacientes com colite ulcerativa. A doença ASCA-positiva e pANCA-negativa é associada a uma sensibilidade de 55% e especificidade de 93% para doença de Crohn. Os anticorpos antimicrobianos anti-I2 (doença de Crohn – relacionada à proteína de Pseudomonas fluorescens), anti-Cbir1 (antígeno do tipo flagellin) e anti-OmpC (E. coli membrana externa porina C) são também associados à doença de Crohn, mas a utilidade destes marcadores adicionais ainda precisa ser determinada. Exames: Laboratório: hemograma (hemoglobina, leucócitos e plaquetas), avaliação nutricional (albumina serica, perfil de ferro, ácido fólico e vitamina B12), provas de atividade inflamatória (PCR e VHS), marcadores sorológicos (ASCA, p-ANCA, anti-OmpC IgA, anti-GP2 IgA – não usado). Biomarcadores: calprotectina fecal (mais acessível e cara) e lactoferrina fecal. Exames endoscópicos- indispensável: colonoscopia (mais útil), endoscopia (TGI alto), enteroscopia e capsula endoscópica (delgado). Retocolite: ulcera rasas e Crohn: ulceras profundas. Exames radiológicos: transito intestinal, enterografia (TC ou ressonância), ultrassom. Vê atividade e planejamento pré-operatório. Diagnostico diferencial Tuberculose Colite pseudomembranosa CMV/ herpes/ oportunistas Colite isquêmica (fator risco aterosclerose) AINE’s Doenças monogênicas (crianças) Tratamento (farmacologia das drogas usadas) O objetivo da terapia clínica consiste em reduzir a inflamação e, subsequentemente, induzir e manter a remissão clínica. Os medicamentos usados para tratar a doença intestinal inflamatória incluem as categorias de 5-aminossalicilato (5-ASA), antibióticos, corticosteroides, imunomoduladores, e de biológicos (infliximabe, adalimumab, certolizumab pegol e o natalizumabe). A terapia médica específica selecionada é de acordo com a localização, a extensão (não penetrantes e sem estenose, com estenose e penetrante, além da doença fistulizante), e a gravidade da doença. Devem também ser utilizados tratamento médico de suporte e medicações antidiarreicas e antiespasmódicas. 5-Aminossalicilatos: A 5-ASA, que atua como um anti-inflamatório tópico dentro do lúmen do intestino, é usada para tratar colite ulcerativa leve a moderada, assumindo também um papel limitado na doença de Crohn. A sulfassalazina é a combinação de uma sulfaperidina com 5-ASA; 5-ASA é responsável pela propriedade anti-inflamatória desse medicamento, enquanto sulfaperidina é a substância portadora da medicação 5-ASA que será liberada em nível colônico. Outras formulações orais de 5-ASA podem ser distribuídas para o intestino por diferentes mecanismos. Mesalazina é liberada no intestino com base na mudança do pH, enquanto a sulfassalazina, olsalazine e balsalazide são liberadas no intestino por clivagem bacteriana de uma ligação covalente entre 5-ASA e a forma de uma pró-droga. Para doença retal e sigmoide, enema e supositórios de 5-ASA também são preparações disponíveis. Os eventos adversos associados a 5- ASAs são raros e podem incluir náusea, dispepsia, perda de cabelo, dores de cabeça, piora da diarreia e reações de hipersensibilidade. Corticosteroides: são usados principalmente para tratar as exacerbações de colite ulcerativa e doença de Crohn. As formulações orais podem ser usadas para a doença leve a moderada, enquanto os corticosteroides sistêmicos são usados para doença moderada a grave. A budesonida como revestimento entérico, uma formulação de um corticosteroide oral com liberação ileal dependentes de pH, é um corticosteroide oral com atividade tópica alta e baixa biodisponibilidade sistêmica (10%). Indica-se a budesonida como revestimento entérico para o tratamento da doença de Crohn ativa leve a moderada. Corticosteroides orais como a prednisona e metilprednisolona são usados para doença moderada a grave, começando com doses que variam de 40 a 60 mg uma vez ao dia. Metilprednisolona intravenosa é usada para doença grave, com a dosagem que varia de 40 a 60 mg uma vez ao dia. A manutenção com corticosteroides sistêmicos não é recomendada em razão dos seus efeitos colaterais substanciais (Capítulo 34). Imunomoduladores: pacientes que continuam sintomáticos, apesar da terapia a 5-ASA ou que apresentam doença de Crohn moderada a grave ou colite ulcerativa, análogos tiopurina (6-mercaptopurina e a azatioprina) podem ser utilizados; metotrexato também pode ser usado para doença de Crohn moderada a grave. Azatioprina, o pró-fármaco do 6- mercaptopurina, geralmente é prescrito a uma dose de 2 a 3 mg/kg/dia; a dose equivalente de 6-mercaptopurina é 1,5 mg/kg/dia. Uma desvantagem dos análogos tiopurina é a resposta clínica lenta que pode não ser evidente por até 12 semanas. Seus efeitos colaterais incluem reações alérgicas, pancreatite, mielossupressão, náuseas, infecções, hepatotoxicidade e neoplasias malignas, especialmente linfomas. A contagem de leucócitos e enzimas hepáticas deve ser monitorada rotineiramente. O metotrexato, um antagonista do ácido fólico, é administrado a 25 mg por via intramuscular ou subcutânea uma vez por semana por 16 semanas para doença de Crohn ativa, e 15 a 25 mg por via intramuscular ou subcutânea uma vez por semana para manter a remissão. Antibióticos: o exato mecanismo para o efeito benéfico de antibióticos de amplo espectro no tratamento da doença intestinal inflamatória não é conhecido. Mecanismos potenciais incluem eliminar o crescimento bacteriano excessivo, a erradicação de um gatilho antigênico e propriedades imunossupressoras de potencial mediado de bactérias (p. ex., metronidazol). O papel principal dos antibióticos engloba a doença de Crohn, na qual o metronidazol (10 a 20 mg/kg por dia por 4 a 8 semanas), a ciprofloxacina (500 mg via oral duas vezes ao dia por 4 a 8 semanas), ou ambas, são terapias indutivas primárias para as fístulas perianais e fissuras. Metronidazol também pode ser um adjuvante útil no tratamento para a doença de Crohn do cólon. Produtos Biológicos: Tratamento de Fator de Necrose Antitumor [Anticorpos para o fator-α de necrose tumoral (anti-TNF-α) incluem infliximabe, que é um anticorpo monoclonal quimérico IgG1 rato-humano aprovado para o tratamento da doença de Crohn de intensidade moderada a grave, fistulização da doença de Crohn e colite ulcerativa moderada a grave que não responde à terapia convencional. Adalimumabe (Humira) e certolizumab pegol (Cimzia) foram aprovados para tratar a doença de Crohn moderada a grave que não responde à terapia convencional. Adalimumabe é um anticorpo humanizado completamente IgG1 autoadministrado por via subcutânea. Certolizumab pegol, que consiste em um fragmento Fab pegilado quimérico para o TNF-α, também é administrado por via subcutânea. ] Moléculas Antiadesão [O natalizumabe, um anticorpo monoclonal humanizado IgG4, se liga à subunidade α4β1 e α4β7 integrinas expressa em todos os leucócitos, exceto os neutrófilos. Natalizumabe inibe as interações entre as integrinas α4 na superfície de leucócitos e moléculas de adesão nas células endoteliais vascularesno trato gastrointestinal, evitando assim a adesão e recrutamento de leucócitos. O natalizumabe é aprovado para o tratamento de doença de Crohn moderada a grave refratária à terapia convencional, mas existem diretrizes rigorosas para a prescrição de natalizumabe por causa de seu risco associado de leucoencefalopatia multifocal progressiva. ] Terapias Clínicas para Doença de Crohn Doença de Crohn Leve a Moderada: Sulfassalazina, 3 a 6 g/dia, é superior ao placebo para o tratamento da doença de Crohn ativa da região íleo-colônica e com taxas de resposta variando de 45 a 55% para a doença leve a moderada, embora não seja claramente eficaz para doença do intestino delgado isoladamente (Fig. 143-5). Mesalazina também demonstra um modesto benefício em comparação com o placebo para doença branda a moderada. 1 No entanto, a 5-ASA não é eficaz para manter a remissão. Para doença de Crohn leve a moderada, que envolve a porção distal do intestino delgado ou cólon proximal budesonida (9 mg via oral uma vez ao dia), proporciona cerca de 70% de taxa de resposta após 8 semanas e é bem mais eficaz que a Mesalazina, 4 g uma vez ao dia, para a doença que compromete o íleo distal e o cólon direito. 2 Como agente de manutenção em 3 ou 6 mg, os efeitos da budesonida desaparecem dentro de 1 ano. Doença de Crohn comprometendo o trato gastrointestinal superior (esôfago, duodeno e jejum) é incomum, devem ser avaliadas de maneira separada e estudos clínicos estão sendo desenvolvidos para avaliar a melhor terapia para estas regiões. Como as terapias locais, tais como 5-ASA e a budesonida, não são liberadas nessas localizações; os fundamentos da terapia são os imunossupressores sistêmicos (azatioprina, mercaptopurina, infliximabe, adalimumabe, certolizumabpegol). Doença de Crohn Moderada a Grave: Os pacientes com doença moderada a grave são inicialmente tratados com corticosteroides sistêmicos, mas estes não devem ser usados como terapia de manutenção. As opções para induzir uma remissão ou manter uma remissão induzida por esteroides incluem 6-mercaptopurina, azatioprina, metotrexato, infliximabe, adalimumabe e certolizumab. 3-5 Após 1 ano, pacientes tratados com terapia combinada (corticosteroides, azatioprina diariamente e infliximabe 5 mg/kg nas semanas 1, 2 e 6), aproximadamente 20% mais pacientes, estarão em remissão quando em comparação com o tratamento convencional (corticosteroides mais azatioprina e infliximabe — conforme necessário, de acordo com as diretrizes atuais). 6 Em um estudo randomizado, infliximabe (5 mg/kg em 0,2 e 6 semanas e, então, a cada 8 semanas) ou azatioprina (2,5 mg/kg/dia) ou ainda infliximabe mais azatioprina revelaram ser mais eficazes do que a azatioprina utilizada isoladamente. Em um estudo randomizado, infliximabe (5 mg/kg nas semanas 0, 2 e 6 e depois a cada 8 semanas mais placebo) ou azatioprina (2,5 mg/kg/dia mais placebo) ou infliximabe mais azatioprina demonstrou que a associação foi mais eficaz do que a azatioprina isoladamente. 7 Os pacientes que não responderam à terapia convencional podem ser considerados para natalizumabe. Para doença de Crohn grave, o paciente é hospitalizado, permanece em jejum, é reidratado com fluidos intravenosos e medicado com corticosteroides parenterais. Pacientes que respondem aos corticosteroides parenterais passam a ser medicados com altas doses de corticosteroides orais (prednisona 40 a 60 mg/dia), e a dose de prednisona é gradualmente reduzida. Aos pacientes com doença de Crohn grave que não responderem a corticosteroides parenterais dentro de uma semana convém considerar infliximabe ou cirurgia.. Um curso total de nutrição parenteral (Capítulo 224) pode ser útil como terapia adjuvante. Fistulização da Doença de Crohn: As fístulas ocorrem em um terço dos pacientes com doença de Crohn, e as fístulas perianais representam a localização mais comum. As fistulas internas assintomáticas raramente precisam de terapia. Um abscesso concomitante, que pode ocorrer no contexto de uma fístula, deve ser excluído antes de iniciar a terapia imunossupressora. A cirurgia pode ser necessária. O tratamento clínico depende da localização e complicações associadas. Fístulas enterocutâneas de alto débito no contexto de envolvimento do intestino delgado proximal podem levar a perdas de mais de 500 mL/dia e causar grave depleção de volume. O tratamento inicial exige a repleção de volume. No contexto pósoperatório, uma abertura é fistulosa, geralmente na área de uma ferida, e é imperativo para proteger a pele de cura de infecção causada pela drenagem de uma bolsa de ostomia ou um cateter usado para uma fístula de alto débito. Fístulas de alto débito raramente se fecharão espontaneamente e, em geral, necessitam de fechamento cirúrgico. Fístulas de baixo débito podem ser tratadas inicialmente com azatioprina (ou 6- mercaptopurina), metotrexato ou a terapia anti-TNF-α (infliximabe, adalimumab, certolizumab). 8 As fístulas perianais são classificadas em simples e complexas. Uma fístula simples é localizada mais abaixo do esfíncter anal e demonstram um trajeto. Uma fístula complexa passa através da região interesfincteriana (alta), transesfincteriana ou supraesfincteriana e pode ter vários trajetos. Fístulas simples respondem bem à terapia clínica, inicialmente com metronidazol (10 a 20 mg/kg via oral por dia durante 4 a 8 semanas) e ciprofloxacina (500 mg, duas vezes ao dia por 4 a 8 semanas) para o tratamento concomitante da doença. O tratamento com imunomoduladores ou agentes anti-TNF-α também é benéfico. 8 Pacientes com fístulas, sem doença de Crohn na mucosa retal, podem responder bem à fistulotomia, enquanto os pacientes com envolvimento da mucosa podem se beneficiar da colocação de um material não absorvível em todo o trajeto fistuloso em vez de fistulotomia. Fístulas complexas requerem geralmente uma combinação de terapia cirúrgica e médica. No contexto de doença colônica pode permitir desvio ileal intratável ou retal, além de cicatrização perianal; em casos graves, pode ser necessário proctocolectomia. Para doença de Crohn relacionada a fístulas retovaginais, o tratamento médico com terapia antimetabólita, ou agentes anti-TNFα, é geralmente considerado antes da cirurgia. A terapia cirúrgica como fistulotomia e dobra da mucosa pode ser considerada. Fístulas enterovesical ou colovesical podem ser tratadas com agentes antimetabólitos ou terapia anti- TNF-α, ou ambos, mas infecção recorrente do trato urinário é uma indicação para cirurgia. A cirurgia geralmente envolve ressecção do intestino envolvido e o fechamento do defeito da bexiga. As fístulas internas assintomáticas, tais como fístulas êntero-entéricas, não necessitam de intervenção cirúrgica, mas pode ser considerado o tratamento com imunomoduladores. Fístulas internas, como cologástrica e coloduodenal, podem causar sintomas substanciais devido ao bypass de parte do intestino. Se o tratamento médico falhar ou se formar um abscesso, a cirurgia é recomendada. Tratamento Clínico da Colite Ulcerativa: A distribuição anatômica da colite ulcerativa orienta a terapia. As opções incluem supositórios, enemas de retenção, espuma tópica, terapia oral e a terapia parenteral. Os supositórios são eficazes para tratar da proctite a 20 cm do cólon. Espuma tópica e enemas são eficazes para colite distal e do lado esquerdo. A terapia oral e a terapia parenteral são eficazes para todos os locais da doença. Proctite: para proctite ulcerativa ativa, o tratamento tópico com 5-ASA (enema e supositórios) em combinação com o oral é superior ao tratamento oral isoladamente. 9 O tratamento tópico com 5-ASA é superior a corticosteroides tópicos para o tratamento de proctite, a terapia com 5-ASA retal produz uma resposta mais rápida quando administrada com 5-ASA oral. Enemas com corticosteroides,supositórios ou espuma podem também ser usados se 5-ASA falhar. 5-ASA ou enemas de retenção de corticosteroides podem ser empregados para doença ativa até a flexura esplênica (i. e., o reto, cólon sigmoide e cólon descendente). Outra abordagem à proctite ou colite distal é a administração de um aminossalicilato por via oral, embora a resposta possa não se evidenciar durante 3 a 4 semanas. Colite Extensa: para pacientes com colite de atividade leve a moderada e com extensão proximal ao cólon sigmoide, a escolha farmacológica inicial é o aminossalicilato oral; a eficácia aumenta com o aumento das doses. 10 Mesmo com uma doença mais extensa, a suplementação oral de 5-ASA com enemas 5-ASA ou supositórios pode ajudar a reduzir os sintomas de urgência, que resultam de envolvimento retal. Em pacientes com mais de cinco ou seis evacuações por dia, em que o resultado mais rápido é desejado, ou que não responderam a 3 a 4 semanas de 5-ASA, o tratamento de escolha é a prednisona oral. Em pacientes com diarreia muito intensa, os sintomas sistêmicos ou quantidades significativas de sangue nas fezes devem ser tratados inicialmente com 40 mg/dia de prednisona; a maioria dos pacientes responde a corticosteroides orais dentro de poucos dias. Depois que os sintomas forem controlados, pode-se reduzir gradualmente a prednisona em 5 mg a cada 1 a 2 semanas. Pacientes que respondem à prednisona oral e nos quais essa medicação pode ser completamente descontinuada, deve-se manter 5-ASA. Se os pacientes com colite ulcerativa grave não começam a responder aos corticosteroides na equivalente dose de 60 mg de metilprednisolona intravenosa dentro de 5 dias ou não respondem completamente dentro de 7 a 10 dias, as opções incluem a colectomia, infliximabe ou ciclosporina. Para pacientes cuja doença se exacerba sempre que os corticosteroides são retirados ou sua dose de corticosteroide é reduzida, a continuação da terapia com altas doses de corticosteroide é o tratamento errôneo mais comum. Se o paciente requer uma dose substancial (> 15 mg/dia de prednisona) por mais de 6 meses, deve-se considerar seriamente a possibilidade de colectomia, imunomoduladores, ou infliximabe. A indicação mais comum de hospitalização em pacientes com colite ulcerativa é diarreia intratável, embora a perda de sangue seja também comum. Pacientes com colite ulcerativa ativa grave devem ser avaliados para megacólon tóxico por radiografia abdominal ou TC. Medicamentos anticolinérgicos e antidiarreicos estão contraindicados em pacientes com colite ulcerativa grave por causa do risco de precipitação de megacólon tóxico. Os pilares do tratamento para retocolite ulcerativa grave são reidratação com líquidos intravenosos e corticosteroides intravenosos (hidrocortisona, 300 mg/dia; prednisolona, 60 a 80 mg/dia; ou metilprednisolona, 40 a 60 mg/dia). Em caso de desnutrição, pode haver necessidade de nutrição parenteral total (Capítulo 224). Pacientes com sinais de irritação peritoneal ou de infecção sistêmica devem ser tratados com antibióticos parenterais (Capítulo 144). Os pacientes que não melhoram em 7 a 10 dias devem ser considerados tanto para a colectomia, um ciclo de ciclosporina intravenosa, 11 ou infliximabe Terapia de Manutenção: Aminossalicilatos reduzem a doença recorrente em pacientes com colite ulcerativa, e essencialmente todos os pacientes devem receber terapia de manutenção 12 com original ou preparações 5-ASA mais novos. Corticosteroides não são efetivos como terapia de manutenção e não devem ser utilizados com essa finalidade. Azatioprina, 6- mercaptopurina e infliximabe são eficazes para terapia de manutenção em pacientes cuja colite ulcerativa não respondeu a 5-ASA. Terapia Cirúrgica Doença de Crohn: Considerando que a ressecção cirúrgica não é curativa na doença de Crohn, e levando em conta também serem prováveis as recidivas, a abordagem é mais conservadora em termos da quantidade de tecido removido. Após 10 anos do diagnóstico, aproximadamente 40% dos pacientes com doença de Crohn são submetidos ao tratamento cirúrgico. A falha de conduta médica é uma causa comum para a ressecção em pacientes com doença de Crohn, mas as complicações (p. ex., obstrução, fístula, abscesso) são muitas vezes as indicações para a ressecção. Para doença de Crohn do intestino delgado, o procedimento cirúrgico mais comum é a ressecção segmentar para obstrução ou fístula; a incidência de uma recorrência suficientemente grave para exigir cirurgia repetida após ressecção ileal ou ileocólica é de cerca de 25% após 10 anos e 35% após 15 anos. Para pacientes com doença colônica extensa, inclusive do reto, o procedimento de escolha é proctocolectomia total com ileostomia de Brooke (final). Colectomia total com anastomose ileoanal não é opção apropriada em casos de colite de Crohn, porque a recorrência da doença Crohn no segmento ileal formador da nova bolsa implicaria necessidade de repetir a operação e perda de um longo segmento de íleo. Retocolite ulcerativa: Em casos de retocolite ulcerativa, a colectomia total é o procedimento curativo. Cerca de 40% dos pacientes com colite ulcerativa extensa eventualmente submetem-se à colectomia, porque a doença não respondeu de forma adequada ao tratamento clínico. Pode haver necessidade de colectomia de emergência em casos de megacólon tóxico, ou em um grave ataque fulminante sem megacólon tóxico. A operação de rotina para colite ulcerativa é a proctocolectomia e ileostomia de Brooke. A operação alternativa mais popular é proctocolectomia total com uma anastomose bolsa ileal anal; neste procedimento, uma bolsa é construída a partir do íleo terminal (30 cm), e a extremidade distal da bolsa é puxada por meio do canal anal. Anastomose ileoanal é por vezes complicada devido à inflamação na bolsa ileal (denominada bursite), que pode ser tratada com antibióticos (geralmente, metronidazol, 500 mg 3 vezes por dia ou 20 mg/kg por dia, ou ciprofloxacina, 500 mg 2 vezes por dia por um período de 2 semanas). A decisão a favor da colectomia ou contra esta, entre tipos de cirurgia, é influenciada pela idade do paciente, as circunstâncias sociais e a duração da doença — esta decisão requer consultas com especialistas. Quando outras indicações são duvidosas, o risco de malignidade (ver adiante) pode ser uma indicação para colectomia. Tratamento: objetivo- Remissão clínica e endoscopia Step up: otimização progressiva da terapia a partir das exacerbações da doença Top down: início da terapia com drogas potentes (biológicos) em casos graves com fatores de mau prognostico Derivados 5-AZA: sulfassalazina e mesalazina. Indicados na RCUL ou em quadro articular associado. Corticoides: usados nas exacerbações. Não usados na manutenção (médio e longo prazo). Imunossupressores: azatioprina, metrotexate e ciclosporina Terapia biológica: somente pacientes graves ou com mau prognostico. Infliximabe, adalimumabe, certolizumabe e vedolizumabe. Retocolite: doença leve mesalazina tópico ou sistêmico doença moderada corticoide + mesalazina e imunossupressor doença grave corticoide + terapia biológica e imunossupressores Avaliar a cada 3-6 meses: PCR, colonoscopia e calprotectina. Doença de Crohn: forma leve budesonida ou corticoide sistêmico forma moderada (S/ mau prognostico) corticoide + imunossupressor forma grave (c/ mau prognostico, estenose ou fistula) terapia biológica com anti- TNF + imunossupressor Irat- questões Questão 01_______________________________ Em relação à Doença Celíaca (DC), julgue os itens: a) As mulheres têm probabilidade ligeiramente menor de serem acometidas pela doença celíaca. Verdadeira Frequência relativamente maior em mulheres, na proporção de 2:1, e pode ser mais severa em gestantes. b) Doença celíaca clássica:os sintomas típicos incluem diarréia, perda de peso, dor e desconforto abdominal e fadiga. Verdadeira Forma clássica: Má absorção intestinal sintomática. Pode ocorrer: diarreia crônica, dor abdominal, distensão abdominal, perda de peso e flatulência. c) Doença celíaca atípica: não há sintomas gastrointestinais típicos de má absorção. O paciente não apresenta estados de deficiência nutricional ou manifestações extraintestinais. Falso O paciente apresenta estados de deficiência nutricional. Forma atípica: Ausência de sintomas ou poucos sintomas gastrointestinais, presença de sintomas atípicos, como anemia por deficiência de ferro, osteoporose ou osteopenia, infertilidade, baixa estatura. É a apresentação mais comum. d) Após o diagnóstico, o paciente deve ser encaminhado a um nutricionista com formação. Verdadeira Por ser uma doença cujo tratamento é fundamentalmente dietético, a terapia durante a transição alimentar deve ser bem conduzida pelo nutricionista para melhor adesão do paciente à dieta, considerando que a inclusão de novas práticas alimentares pode significar uma ruptura com a identidade individual e cultural: a alimentação de cada cidadão não pode ser deslocada da sociedade Questão 02 ______________________________ Sobre a Doença Celíaca (DC), julgue os itens: a) A DC depende somente da presença de glúten na dieta, e não tem relação com fatores genéticos, imunológicos e ambientais. Falso Fisiopatologia da doença depende da resposta imunológica anormal aos peptídeos do glúten. E a história familiar de DC ou distúrbios autoimunes estão comumente presentes nos pacientes. Há importante predisposição genética nos pacientes com DC, caracterizada pelos marcadores de superfície HLA-DQ2 e HLA-DQ8. O glúten interage com os marcadores HLA, causando uma resposta imune anormal da mucosa e lesão tecidual. b) A DC afeta apenas o sistema gastrintestinal. Falso As manifestações clínicas da DC podem envolver o trato gastrointestinal, assim como pele, fígado, sistema nervoso, sistema reprodutivo, ossos e sistema endócrino. Embora os sintomas clássicos da doença celíaca sejam os gastrointestinais – como dor abdominal, constipação, gases, náusea, perda de peso e diarreia – mais da metade dos celíacos têm sinais e sintomas que não estão relacionados ao sistema digestivo, tais como: Dermatite herpetiforme (lesões bolhosas na pele); Lesões na boca; Cansaço; Formigamento nas mãos e pés; Alterações de humor; Dor nas articulações; Menstruação irregular; Problemas de crescimento em crianças. Defeitos no esmalte dentário, osteoporose, baixa estatura, atraso puberal, infertilidade, anemia por deficiência de ferro refratária a tratamento, deficiência não explicada de ácido fólico, B12, doenças neurológicas ou alterações comportamentais, atrite e doenças hepáticas. c) O aparecimento dos sintomas só ocorre na velhice. Falso O aparecimento de sintomas pode acontecer em qualquer fase da vida, desde a infância até a idade adulta, dependendo de cada pessoa; É uma doença comum em crianças d) Alguns possíveis diagnósticos diferenciais não incluem outras síndromes de má absorção. Falso O diagnóstico diferencial da DC é vasto, principalmente considerando-se as manifestações atípicas da doença. Outras causas de diarreia crônica devem ser lembradas no diagnóstico, como: alergia alimentar, intestino irritável, intolerância à lactose, hiperproliferação bacteriana, doença inflamatória, giardíase e outras. Questão 03_______________________________ A doença celíaca é comum e afeta até 1% da população geral, podendo manifestar-se em qualquer idade. Em relação a esta patologia, julgue os itens: a) A doença celíaca é uma doença autoimune sistêmica desencadeada por peptídeos de glúten alimentar encontrados nos derivados do leite. Falso A doença celíaca (DC) é uma intolerância à ingestão de glúten, contido em cereais como cevada, centeio, trigo e malte, em indivíduos geneticamente predispostos b) A ativação imunológica no intestino delgado causa atrofia vilosa, hipertrofia das criptas intestinais e aumento do número de linfócitos no epitélio e na lâmina própria. Verdadeira O patologista deve estar familiarizado com o espectro das alterações compatíveis com DC; deve avaliar e descrever a infiltração linfocitária, padrão das criptas e a atrofia vilositária. A estimulação das células Th tem 2 consequências, a morte celular (apoptose) e a remodelação do tecido com atrofia vilosa e hiperplasia de criptas – induzidas por linfócitos T derivados de Th1. O Th2 desencadeia a maturação dos plasmócitos e subsequente produção de anticorpos anti-tTG e antigliadina. c) As modificações fisiopatológicas provocam alterações que causam sintomas gastrointestinais e má absorção. Verdadeira A doença celíaca afeta a mucosa do intestino delgado; usualmente, a submucosa, a muscular própria e a serosa não estão envolvidas. A lesão na mucosa do intestino delgado na doença celíaca pode variar consideravelmente em gravidade e extensão. O exame microscópico da superfície mucosa do intestino delgado na doença celíaca grave não tratada revela uma superfície mucosa plana com completa ausência das vilosidades intestinais normais. Essas alterações de arquitetura reduzem a porção de superfície epitelial disponível para digestão e absorção. d) As manifestações decorrentes da doença celíaca são exclusivamente locais (intestinais) e não provoca manifestações sistêmicas (outros órgãos). Falso As manifestações clínicas da DC variam desde pacientes assintomáticos até formas graves de síndromes má absortivas, podendo envolver múltiplos sistemas e aumentar o risco de algumas neoplasias. As características extraintestinais, incluindo anemia, osteopenia, sintomas neurológicos e anormalidades menstruais, em geral vêm a ser mais perturbadores ao paciente do que os sintomas gastrintestinais. Questão 04 ______________________________ Sobre a DC, julgue os itens: a) Em crianças com doença celíaca clássica pode se manifestar com diarreia, vômitos, dor abdominal recorrente e até retardo ponderoestatural. Verdadeira Há relação entre a idade do aparecimento e formas clínicas da doença. Nas formas típicas, os sintomas geralmente surgem antes dos 2 anos de idade, ao contrário das formas atípicas, mais comuns em crianças maiores e adultos Forma típica ou clássica: má absorção intestinal, tais como diarréia, distensão abdominal, perda de peso e desnutrição protéico-energética (apatia, anorexia e palidez). Forma clássica a presença de dois ou mais destes achados. Forma atípica: como baixa estatura, anemia resistente a tratamento, dor abdominal, osteoporose. Forma silenciosa: doença existe, há alterações de anticorpos e de histologia de mucosa intestinal, sem manifestações clínicas. Forma latente: doença só se manifesta por alterações de anticorpos A história típica infância: esteatorreia com ou sem vômitos, e dor abdominal em cólica ocasional. Classicamente, apresenta deficiência do desenvolvimento, é apática e irritável, e tem falta de massa muscular, hipotonia e distensão abdominal. b) Uma variante importante da doença celíaca é a Dermatite Herpetiforme, onde o paciente apresenta lesões de pele pruriginosas associadas à intolerância permanente ao glúten. Verdadeira A dermatite herpetiforme ocorre em 10% a 20% dos pacientes e é uma manifestação patognomônica. c) Exame clínico e análise histopatológica do intestino delgado são fundamentais para o diagnóstico da doença celíaca. Verdadeira O diagnóstico de DC é complexo, especialmente nospacientes assintomáticos ou com manifestações atípicas. A biópsia intestinal é necessária para o diagnóstico de DC, mesmo que a sorologia seja positiva. No entanto, os achados histológicos não são específicos, por isso o diagnóstico só pode ser estabelecido após a correlação clínica. Suspeita: clinica + testes sorológicos anormais. Biopsia do intestino delgado é o teste padrão. d) O tratamento da DC é principalmente dietético e baseia-se na exclusão do glúten da dieta. Verdadeira TRATAMENTO consiste primordialmente na dieta sem glúten excluindo todos os alimentos que contenham centeio, cevada e trigo, ao longo de toda a vida. É uma dieta bem difícil devido à restrição e que altera o cotidiano do paciente. Questão 05 ______________________________ Em relação às doenças intestinais inflamatórias (Doença de Crohn – DC; Retocolite ulcerativa – RCU), julgue os itens: a) A DC é um tipo de doença inflamatória intestinal que tipicamente envolve o reto e se estende em direção proximal afetando uma extensão variável do cólon, não se estendendo às demais regiões do trato gastrointestinal. Falso Ulceração na doença de Crohn é transmural e pode ocorrer em qualquer parte do trato gastrointestinal, mais comumente no íleo distal e cólon proximal. b) A RCU pode envolver alguma ou todas as partes do trato gastrointestinal como um todo, desde a boca até a área perianal. Falso Colite ulcerativa é a contínua ulceração começando no reto e limitada ao cólon. c) DC é caracterizada por lesões descontínuas e segmentares (skip lesions). Verdadeira As características clássicas incluem inflamação crônica desigual e transmural com áreas normais intermediárias (skip lesions). DC é caracterizada por lesões descontínuas e segmentares (skip lesions, onde a mucosa normal do intestino é encontrada entre áreas doentes). A inflamação transmural muitas vezes causa fibrose, resultando em obstrução intestinal. A inflamação também pode resultar em perfuração dos tratos sinusais e posterior penetração na serosa, causando perfurações e fístulas. d) A idade pico de início da DC ocorre entre 15 e 40 anos, e há um segundo pico, menor, entre 60 e 80 anos. Verdadeira A doença de Crohn é diagnosticada mais frequentemente em pessoas entre 15-30 anos de idade, embora a idade de diagnóstico possa variar desde a primeira infância até ao longo de uma vida inteira. Muitos estudos, embora nem todos, mostraram um segundo pico de incidência menor no período tardio da vida, geralmente na sétima década. Esse segundo pico pode ser o resultado da apuração da causa dos mais frequentes contatos com a assistência médica e das avaliações de pacientes idosos. Questão 06 ______________________________ Sobre as doenças inflamatórias intestinais (DII), julgue os itens: a) As doenças inflamatórias intestinais, doença de Crohn e retocolite ulcerativa são enfermidades agudas do trato gastrointestinal. Falso Doença inflamatória intestinal idiopática crônica b) Aos exames laboratoriais, pode-se verificar anemia pela dificuldade de absorção ou perda sanguínea, leucocitose, hipopotassemia em casos de diarreia intensa e aumento progressivo do VHS e PCR. Verdadeira Pode resultar anemia a partir de doença crônica, de perda de sangue ou de deficiências nutricionais de ferro, folato ou vitamina B12. Uma contagem de leucócitos discretamente elevada é indício de doença ativa, mas elevações significativas sugerem um abscesso ou outra complicação supurativa. A velocidade de hemossedimentação e a proteína C reativa são marcadores inflamatórios inespecíficos que, às vezes, são usadas para monitorar a atividade da doença. c) Urgência e incontinência são sintomas que não surgem quando há casos de envolvimento do cólon e reto. Falso Gastrointestinais: depende do seguimento do TGI. Diarreia crônica, diarreia invasiva: tenesmo, urge incontinência, dor abdominal, náuseas e vômitos. d) Pode haver a ocorrência de úlceras aftóides nos lábios, gengiva e mucosa bucal. Verdadeira A manifestação endoscópica mais precoce da doença de Crohn inclui úlceras superficiais da mucosa, também chamadas de úlceras aftoides. Como a gravidade da doença de Crohn progride, a ulceração se torna mais profunda e pode se tornar redonda, linear ou serpiginosa. Questão 07 ______________________________ Em relação ao quadro clínico e diagnóstico das doenças inflamatórias intestinais, julgue os itens: a) A DC pode se manifestar de diversas formas, com sintomas gastrointestinais e sistêmicos (fadiga, diarreia, dor abdominal, perda de peso, febre e sangramento gastrointestinal). Verdadeira Os sintomas da doença intestinal inflamatória são variados e podem ser consequência da localização da doença, da duração da doença e quaisquer complicações anatômicas da doença, como estreitamentos e fístulas em doença de Crohn. Sintomas: gastrointestinais, inespecíficos e inespecíficos. b) A colonoscopia com intubação do íleo não ajuda na investigação diagnóstica da DC. Falso A colonoscopia para o íleo terminal é importante se houver um diagnóstico potencial de doença intestinal inflamatória. c) Pacientes com quadro de diarreia hemorrágica não devem ser considerados como possível quadro de RCU. Falso quadro de diarreia hemorrágica é um possível quadro de RCU. d) A RCU pode apresentar manifestações extraintestinais como eritema nodoso e artropatia aguda. Verdadeira Extraintestinais (compreender contexto inflamatório sistêmico): hepatobiliares (colangite esclerosante primaria), osteoarticulares (artralgia, artrite periférica e espondilite), dermatológicas (eritema nodoso epioderma gangrenoso), oculares (uveite, episclerite e conjuntivite), renais (litíase) e hematológicas (hipercoagulabilidade). Questão 08 ______________________________ Sobre as DII, julgue os itens: a) A história clínica e exame físico completo não têm importância para auxiliar no diagnóstico das DII e diferenciação entre RU e DC. Falso São diagnosticadas por um grupo de características clínicas, endoscópicas e histológicas, mas não existe nenhum achado que, isoladamente, possibilite o diagnóstico definitivo de uma ou outra doença. b) Podem cursar com complicações como sangramentos e perfurações. Verdadeira Dentre as complicações pode ser destacado perfurações intestinais e sangramentos c) São possíveis diagnósticos diferenciais das DII: infecções intestinais, uso de medicamentos e outras colites. Verdadeira Tuberculose Colite pseudomembranosa CMV/ herpes/ oportunistas Colite isquêmica (fator risco aterosclerose) AINE’s Doenças monogênicas (crianças) d) Manifestações clínicas extraintestinais sempre devem ser levadas em consideração como parte do quadro clínico das DII. Verdadeira As Queixas extra intestinais devem ser levadas em consideração como parte do quadro clínico, sendo elas: anemia hipocrômica microcítica (ferropriva, sangramentos constantes), anemia por doença crônica normocítica normocrômica ou megaloblástica. Questão 09 ______________________________ Em relação ao tratamento das doenças inflamatórias intestinais, julgue os itens: a) Na RCU é indicado tratar apenas os casos agudos, não existe evidência do benefício do tratamento de manutenção da remissão. Falso Tratamento: objetivo- Remissão clínica e endoscopia. O tratamento não é indicado apenas em casos agudos, deve ser considerado o benefício no aspecto de remissão da doença. Tratar os quadros agudos e manter a remissão da doença. Avaliar ainda a questão endoscópica através de classificações: de Montreal na RCU, leve (reto e sigmóide), moderada(reto, sigmóide e cólon descendente) e grave (se tem além da flexura esplênica). De Mayo (vai de 0-12 pontos). b) Na RCU a doença fulminante é manejada como uma emergência para prevenir complicações de risco de vida, como megacólon tóxico e perfuração. Verdadeira Existem complicações locais da RCU, em caso de perfuração do intestino, colite fulminante e megacólon tóxico há risco de vida para o paciente. Nesse caso, o manejo é feito como emergência médica c) Na DC, antes de iniciar o tratamento, é importante definir a atividade da doença. Verdadeira A aferição da atividade da doença de Crohn pode ser de difícil realização em decorrência de diferentes padrões de localização da doença, bem como presença de complicações. Não há nenhum indicador padrão da atividade da doença estabelecido. Muitas vezes não é possível definir a atividade da doença antes de iniciar o tratamento. d) Na DC o objetivo principal de todas as modalidades de tratamento é induzir a remissão clínica geralmente usando o Índice de Atividade da Doença de Crohn (IADC) de <150 como critério para definir a remissão. Verdadeira O tratamento da DC é complexo, exigindo habilidades clínicas e cirúrgicas em algumas situações. O tratamento clínico é feito com aminossalicilatos, corticosteróides, antibióticos e imunossupressores, e objetiva a indução da remissão clínica, melhora da qualidade de vida e, após, manutenção da remissão. O tratamento cirúrgico é necessário para tratar obstruções, complicações supurativas e doença refratária ao tratamento medicamentoso. Questão 10 ______________________________ Sobre o tratamento das DII, julgue os itens: a) Os objetivos principais do tratamento incluem o controle dos sintomas, o equilíbrio nutricional e a melhora da qualidade de vida. Verdadeira O objetivo da terapia clínica consiste em reduzir a inflamação e, subsequentemente, induzir e manter a remissão clínica. A DII é uma inflamação verdadeira do intestino, que pode resultar em febre, aumento dos glóbulos brancos, além de diarréia, dor abdominal e muitos outros sintomas.Sobre o tratamento da DII deve-se avaliar a melhora do epitélio intestinal juntamente com a melhora clínica do paciente. Por ser um problema crônico, quem sofre de DII precisará conviver com ela a vida inteira, por isso, o tratamento deverá ser contínuo, assim como o acompanhamento da doença, com exames e consultas médicas regulares. A boa notícia é que, com o tratamento adequado, a rotina de um portador de DII pode ser normal. b) Os medicamentos atuam no bloqueio ou ativação de diferentes células, receptores e mediadores participantes da cascata inflamatória, visando à interrupção da inflamação e a remissão da doença. Verdadeira Os medicamentos atuam no bloqueio ou ativação de diferentes células, receptores e mediadores participantes da cascata inflamatória, visando à interrupção da inflamação e a remissão da doença. Os fármacos atuarão diretamente na cascata inflamatória para como consequência diminuir os efeitos inflamatórios. c) O manejo clínico da DII deve basear-se em: localização e fenótipo da doença, severidade, complicações, resposta sintomática individual, tolerância à intervenção medicamentosa, acesso dos pacientes às opções diagnósticas e tratamento e outros. Verdadeira O manejo clínico da DII deve basear-se em: localização e fenótipo da doença, severidade, complicações, resposta sintomática individual, tolerância à intervenção medicamentosa, acesso dos pacientes às opções diagnósticas e tratamento e outros. Visto que o manejo clínico da DII deve basear-se em: CU vs. DC (embora isso seja pouco importante para os aspectos precoces do tratamento), localização e fenótipo da doença, severidade, complicações, resposta sintomática individual, tolerância à intervenção medicamentosa, acesso dos pacientes a opções diagnósticas e tratamento, evolução e duração da doença no passado, com o número de recidivas no ano calendário. d) O tratamento cirúrgico pode ser considerado em situações como falta do tratamento clínico com severidade de sintomas. Verdadeira O tratamento cirúrgico pode ser considerado em situações como falta do tratamento clínico com severidade de sintomas. Visto que o tratamento cirúrgico está indicado nos pacientes com DII para alívio dos sintomas se o tratamento medicamentoso fracassar, ou para corrigir complicações. Slide do professor
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