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ALTERAÇÕES NUMÉRICAS E ESTRUTURAIS

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ALTERAÇÕES NUMÉRICAS E ESTRUTURAIS – 
MECANISMOS E TIPOS 
Este resumo segue o livro de Genética Médica, do Thompson e Thompson, os slides de aula da Profa. Dra. Gabriella Soares de 
Souza, docente na Faculdade de Medicina de Rio Claro – Claretiano. 
INTRODUÇÃO 
As mutações são espontâneas e são silenciosas, podendo, 
em alguns casos, serem letais ou acarretarem doenças ou 
anomalias. Essas mutações podem ser numéricas ou 
estruturais. 
DIVISÃO: 
- Aneuploidia: soma ou perda de cromossomos 
- Euploidias: alteração do genoma inteiro. 
• Monoploidias (n): quando há apenas um genoma 
• Triploidias (3n): quando há 3 genomas 
• Poliploidias (4n, 5n...): quando há 4 ou mais 
genomas – incompatível com a vida = aborto. 
• Nulissomia (2n-2): perda de um par inteiro de 
cromossomos – no homem é letal. 
• Monossomia (2n-1): um cromossomo a menos no 
cariótipo – a única compatível com a vida é a 
síndrome de Turner (X0) 
• Trissomia (2n+1): um cromossomo a mais no 
cariótipo. 
As alterações cromossômicas estão presentes em 50% dos 
abortos espontâneos no primeiro trimestre. 
A avaliação do cariótipo é feita na medula óssea e na cultura 
celular (linfócitos T e fibroblastos). 
ALTERAÇÕES NUMÉRICAS 
As aneuploidias são definidas como as células que tiveram 
o seu material genético alterado, sendo portador, portanto, 
de um número cromossômico diferente do normal da 
espécie. Elas podem ser uma DIMINUIÇÃO ou um AUMENTO 
no número de pares de cromossomos, sendo que a maioria 
dos portadores apresentam Trissomias e, em menor escala, 
Monossomias. 
Elas vão surgir por uma NÃO DISJUNÇÃO MEIÓTICA, ou 
seja, uma falha na separação de um par de cromossomos, 
seja na meiose I ou na meiose II. 
Caso esse erro ocorra durante a meiose I, o gameta com 24 
cromossomos conterá ambos os membros cromossômicos 
(tanto paterno quanto materno). Agora, caso o erro ocorra 
durante a meiose II, o gameta com o cromossomo extra 
conterá ambas as cópias dos cromossomos (materno ou 
paterno). Ainda, em alguns casos, não é possível distinguir 
se o erro foi na meiose I ou na meiose II. 
 
- Trissomia Simples: a pessoa possui 47 cromossomos em 
todas as células, muito comum na Síndrome de Down, a 
causa da Trissomia Simples do cromossomo 21 é a não 
disjunção cromossômica. 
- Translocação Robertsoniana: entre o braço longo do 
cromossomo 21 e o braço longo de um dos outros 
cromossomos acrocêntricos, geralmente o 12 ou 22 – por 
exemplo, uma translocação entre o cromossomo 21 e 14, o 
indivíduo tem apenas 45 cromossomos, na qual um 
cromossomo 14 e um cromossomo 21 estão ausentes e são 
substituídos pelo cromossomo 21 translocado. 
• É uma alteração numérica e estrutural, podendo 
ter, por exemplo, a junção das manifestações da 
síndrome de Patau e da síndrome de Down. 
- Mosaico: a alteração genética compromete apenas parte 
das células, ou seja, algumas células têm 47 e outras 46 
cromossomos (ocorre em cerca de 2% dos casos de 
Síndrome de Down). Os casos de mosaicismo podem se 
originar da não disjunção mitótica nas primeiras divisões 
de um zigoto normal. 
• PROBLEMA: criança não tem todas as 
características de uma síndrome, de modo que não 
se investigue e o diagnóstico fique mais difícil. 
OBS: indivíduos com trissomias possuem maior 
probabilidade de desenvolver neoplasias. 
1. SÍNDROME DE DOWN – TRISSOMIA DO 21 
- É a síndrome mais comum à CRIANÇA POSSUI UM 
FENÓTIPO DISTINTIVO 
- Somente 20-25% sobrevivem até o nascimento e 4% destes 
é mosaico, enquanto 1% é trissomia parcial do braço longo 
do cromossomo 21. 
- 95% dos casos é resultado da não disjunção meiótica do 
par do cromossomo 21 à 90% na meiose I materna e 5% 
na meiose II paterna. 
- A base cromossômica (origem) não está bem esclarecida. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: 
• Desenvolvimento anormal do crânio + face 
achatada + arredondamento da cabeça 
• Ossos mais delgados, mas fontanelas com 
fechamento normal. 
• Cérebro com volume e peso diminuídos = sulcos e 
giros alterados = chance maior de demência e 
Alzheimer. 
• Número de neurônios reduzidos no córtex e no 
cerebelo 
• Cabelos finos e lisos 
• BOCA ABERTA, BOCA PEQUENA, LÍNGUA 
LEVEMENTE PROJETADA PARA FORA E 
SULCADA à OCORRE DEVIDO À HIPOTONIA 
DOS MÚSCULOS DA FACE (MENOR FORÇA 
MUSCULAR). CAUSA TAMBÉM ALTERAÇÃO NA 
SUCÇÃO, AMAMENTAÇÃO E FALA. 
• Baixa implantação das orelhas 
• Olhos com pregas epicânticas 
• Mãos curtas e largas com uma única prega palmar 
transversal (prega simiesca) 
 
• Hipotonia muscular grave + FROUXIDÃO 
LIGAMENTAR = alteração do controle da cervical 
• 25% possuem cardiopatias congênitas 
• 15% possuem risco de leucemia 
• ATRASO DO DESENVOLVIMENTO 
NEUROPSICOMOTOR (DNPM) à IMPORTANTE 
AVALIAR AS FASES DO DESENVOLVIMENTO 
NEUROPSICOMOTOR. 
 
Note, acima, que uma criança normal faz controle da 
cervical com 3 meses, enquanto a criança com Down vai 
realizar por volta dos 7 meses. 
DIAGNÓSTICO: TESTE DE DNA; TRANSLUCÊNCIA NUCAL; 
E AMNIOCENTESE. 
O teste de DNA não é muito realizado, pois é caro e 
arriscado, mas, nele, realiza-se uma coleta de sangue 
materno, a partir da nona semana de gravidez, retirando 
fragmentos de DNA fetal. Assim, o rastreio é feito no DNA 
do bebê. 
Já a translucência nucal é um procedimento que avalia o 
acúmulo de líquidos na nuca do feto por ultrassom 
transvaginal ou abdominal, por volta da 11ª – 14ª semana 
de gestação. O normal é encontrar inferior a 2,5 mm, mas, 
de acordo com o que é encontrado, o bebê é considerado de 
baixo risco, risco intermediário ou alto risco. 
 
2. TRISSOMIA DO 18 – SÍNDROME DE EDWARDS 
- Sobretudo não disjunção do cromossomo 18, 
principalmente durante a meiose II materna, sendo que 90-
95% dos casos são trissomias completas e o resto é 
mosaicismo. 
- 2,5% dos conceptos afetados sobrevivem até o nascimento, 
sendo que o tempo gestacional é alterado por alterações 
cardíacas em 50% dos casos. 
• 55-60% dos nascidos vivos morrem ao redor de 6 
meses de vida 
• 5-10% sobrevivem até completar 1 ano. 
ANORMALIDADES EM MAIS DE 50% DOS PACIENTES: 
- Choro fraco e atividade fetal fraca 
- Tempo gestacional alterado 
- Placenta pequena 
- Artéria umbilical pequena 
- Déficit de crescimento 
- Baixo peso ao nascer, mãos cerradas, fissuras palpebrais 
pequenas 
- Hipoplasia da musculatura esquelética 
- Deficiência mental depois do período neonatal 
- Persistência do ducto arterial e defeitos nos septos 
interventriculares (CIV, CIA) 
ALTERAÇÕES ENCONTRADAS EM 10-50% DOS 
PACIENTES: 
- Microcefalia, córnea opaca, fenda labial e/ou palatina 
- Mãos e pés com desvio ulnar ou radial 
- Tórax largo com espaçamento dos mamilos 
- Estenose da artéria pulmonar 
- Mal segmentação do pulmão direito 
- Diafragma com hipoplasia muscular 
ALTERAÇÕES ENCONTRADAS EM MENOS DE 10% DOS 
PACIENTES: 
- SNC: paralisia facial e defeitos no corpo caloso 
- Catarata 
- Ossificação incompleta da clavícula, escoliose e 
anormalidades das costelas 
- Tetralogia de Fallot e calcificações das artérias 
- Hipoplasia da glândula adrenal e tireóidea. 
A PARTIR DESTAS ALTERAÇÕES, MARION, EM 1988, 
CRIOU UM SCORE: 
• Se a criança tem uma característica do grupo dos 
50% dos afetados = 5 pontos cada característica. 
• Se a criança tem uma característica do grupo dos 
10-50% dos afetados = 3 pontos cada 
• Se a criança tem uma característica do grupo dos 
menos de 10% afetados = 1 ponto cada 
Se a soma der igual ou superior a 94, a criança tem 
síndrome de Edwards, que pode ser confirmada com análise 
cromossômica. 
 
É MUITO VISÍVEL A IMPLANTAÇÃO BAIXA DAS 
ORELHAS 
3. TRISSOMIA DO 13 – SÍNDROME DE PATAU 
- É a mais grave 
- Não disjunção dos cromossomos durante a meiose 
materna, gerando 24 cromossomos. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: 
• TRÍADE: DEFEITOS CONGÊNITOS DO CORAÇÃO, 
ANOMALIAS DO CÉREBRO E MEDULA 
ESPINHAL E MICROCEFALIA. 
• Micrognatia = tamanho reduzido do queixo 
(mandíbula menor que o normal) 
• Deformação das orelhas à SURDEZ 
• Microftalmia e/ou anoftalmia 
• Fenda palatina + fissura congênita do lábio 
superior• Hipotonia 
• Inabilidade intelectual 
 
DIAGNÓSTICO: DOSAGEM DE ALFAFETOPROTEÍNA – os 
valores estarão muito elevados, o que pode ser confirmado 
pela avaliação cromossômica. Os valores alterados de 
alfafetoproteína indicam ou síndrome de Patau, ou defeitos 
no tubo neural. 
4. SÍNDROME DE KLINEFELTER 
- Ocorre em meninos, pois é a presença de um cromossomo 
X extra (47 XXY) ou, em casos de mosaico: 46XY/47XXY 
- 50% resulta de erros na meiose I paterna e na meiose I 
materna. 
- No início, é muito confundida com autismo. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS NA PRIMEIRA INFÂNCIA 
• Músculos fracos 
• Desenvolvimento motor atrasado 
• Atraso na fala 
• Personalidade dócil e silenciosa. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS NA INFÂNCIA E 
ADOLESCÊNCIA 
• Estatura maior que a média e quadris mais amplos 
• Puberdade atrasada 
• Pênis pequeno e testículos reduzidos. 
• Ginecomastia 
• Timidez e problemas de socialização como 
resultado de suas características 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS NA FASE ADULTA 
• Infertilidade 
• Testículos e pênis pequenos 
• Diminuição dos pelos da face e do corpo 
• Diminuição do desejo sexual 
 
5. SÍNDROME DE TURNER 
- ÚNICA MONOSSOMIA COMPATÍVEL COM A VIDA 
- Em mulheres (45 XO) – cromossomo ausente ou 
incompleto, sendo que existem casos de mosaicismo 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: 
• Pescoço alado (excesso de pele e tecido mole no 
pescoço e ombros) 
• Linha de cabelo baixa 
• Problemas hormonais 
• Crescimento lento 
• Mãos e pés com edemas desde o nascimento 
• Puberdade tardia 
• Amenorreia 
• Doença de Crohn 
• Hipotireoidismo ou hipertireoidismo 
• Pálpebras caídas, problemas auditivos, escoliose e 
pés chatos. 
 
ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS 
Ocorrem quebras cromossômicas (na interfase), seguidas de 
reconstituição em uma combinação anormal, não havendo 
modificação na quantidade de cromossomos, mas sim na sua 
estrutura, possivelmente afetando um único gene, no qual o 
segmento pode ser perdido, duplicado ou rearranjado. 
Os rearranjos estruturais podem ser: 
• Não equilibrados: a informação genética pode ser 
aumentada ou diminuída à deficiência ou deleção, 
duplicação ou translocação simples. 
• Equilibrados: a informação genética está presente, 
podem acondicionada de forma diferente à 
inversão, translocação Robertsoniana ou 
translocação recíproca. 
1. DEFICIÊNCIA OU DELEÇÃO 
É a perda ou quebra de uma porção maior ou menor do 
cromossomo, resultando na falta de um ou mais genes. A 
severidade dos possíveis fenótipos está associada ao 
tamanho do fragmento envolvido, ou seja, quanto maior o 
fragmento mais genes perdidos. 
- SÍNDROME DE CRI-DU-CHAT (SÍNDROME DO MIADO DE 
GATO/CHORO DE GATO OU CDC) – É uma condição 
genética rara em que a criança nasce e o seu choro parece 
um miado de gato, aspectos faciais afilados, retardo mental 
e desenvolvimento motor. 
• Se for deleção do segmento 152, a criança 
apresenta retardo mental 
• Se for deleção do segmento 153, a criança 
apresenta miado de gato 
• Se for deleção do 152 e 153, a criança apresenta 
as duas características. 
O tipo de deleção caracteriza o prognóstico da criança. Essa 
síndrome é o resultado de uma deleção de parte do braço do 
cromossomo 5. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DA SÍNDROME DE CDC: 
• Baixa estatura e magros 
• Hipotonia muscular 
• Dedos longos e escoliose 
• Prejuízos visuais e face de lua 
• Microcefalia 
• Refluxo 
NÃO HÁ ALTERAÇÃO DA EXPECTATIVA DE VIDA. 
 
2. DUPLICAÇÃO 
É o produto da presença de uma porção extra de 
cromossomo, resultando na repetição de um ou mais genes, 
sendo que a severidade da síndrome vai depender do 
tamanho da duplicação. 
Existem poucas síndromes conhecidas, pois a maioria das 
duplicações não causam efeitos fenotípicos. 
- SÍNDROME DE CHARCHOT-MARIE-TOOTH (CMT) OU 
ATROFIA FIBULAR MUSCULAR – É a duplicação de um 
pequeno fragmento do cromossomo 17 ou 18. 
• Quando o indivíduo não tem alteração genética, 
chama-se atrofia fibular muscular, e quando tem, 
chama-se síndrome de CMT. 
Ela é uma doença desmielinizante, com danos à bainha de 
mielina dos neurônios dos nervos periféricos e degeneração 
dos axônios, com diminuição a sensação dos membros, em 
especial, pernas e pés. 
Ela progrida com atrofia muscular progressiva da 
panturrilha, ocasionando déficits sensitivos motores e 
problemas ortopédicos. 
 
Essa síndrome pode ser classificada em 2 grupos principais: 
tipo 1 e tipo 2. 
A tipo 1 (CMT1) é a mais comum e possui velocidade de 
condução reduzida, afetando o cromossomo 18. Já a tipo 2 
(CMT2) é a menos com e possui velocidade normal ou 
aumentada. 
Ela evolui lentamente, podendo haver surtos, sendo que o 
paciente não recupera o que ele perdeu durante o surto. 
3. TRANSLOCAÇÃO SIMPLES 
É quando um cromossomo recebe o segmento de outro 
cromossomo. Está associada à letalidade e ao aborto. 
4. INVERSÃO 
É quando uma parte do cromossomo sofre 2 fraturas e, logo 
em seguida, sofre uma rotação de 180º graus, restaurando 
os fragmentos, porém, em posição inversa, havendo uma 
modificação na ordem dos nucleotídeos. 
Elas não causam um fenótipo anormal, mas afetam a prole. 
Elas podem ser classificadas em pericêntricas quando a 
região que sofre inversão envolve o centrômero, ou 
paracêntricas, quando não envolve o centrômero. 
5. TRANSLOCAÇÃO ROBERTSONIANA 
É quando os braços curtos de 2 cromossomos diferente se 
partem, deixando pontas adesivas, permitindo com que os 2 
braços longos se unam, formando um novo cromossomo a 
partir de braços longos de dois cromossomos diferentes. 
Assim, a pessoa com o grande cromossomo translocado é 
chamado de portador de translocação, contendo 45 
cromossomos. 
Pode ocorrer na síndrome de Down (translocação do 21 com 
o 14, formando um cromossomo híbrido), de modo que passe 
a ser hereditária, uma vez que a translocação acontece no 
pai ou na mãe. 
6. TRANSLOCAÇÃO RECÍPROCA 
- SÍNDROME DE ALAGILLE OU DISPLASIA 
ARTERIOHEPÁTICA – Acontece entre o cromossomo 2 e 
20, sendo uma doença que afeta o fígado e o coração. 
A translocação está associada ao braço curto do 
cromossomo 20, envolvido em processo de sinalização 
durante o desenvolvimento embrionário, causando erros no 
coração, em especial, escassez de ductos biliares (colestase 
crônica – bile não flui do fígado para o duodeno). 
Os portadores apresentam alterações faciais, defeitos 
oculares e anormalidades dos arcos vertebrais, sendo que o 
prognóstico depende da evolução. Se progride para cirrose, 
ocorre falência hepática, se há complexidade das alterações 
cardíacas, o óbito é precoce. 
 
 
PORTANTO, EM RESUMO:

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