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Principais patologias do aparelho genital feminino

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Principais patologias do aparelho genital feminino 
Vulvite: Uma das causas mais comuns de vulvite é a inflamação reativa em resposta a um estímulo 
exógeno, seja um irritante (dermatite irritante de contato), seja um alérgeno (dermatite alérgica de 
contato). 
 O traumatismo induzido pelo ato de coçar, secundário à “coceira” (prurido) intensa associada, 
muitas vezes agrava a condição primária. A dermatite eczematosa irritante de contato manifesta-
se como exsudação eritematosa bem definida e pápulas e placas crostosas, podendo ser uma 
reação a urina, sabões, detergentes, antissépticos, desodorantes ou álcool. A dermatite alérgica 
tem aparência clínica semelhante e pode resultar de alergia a perfumes, aditivos em cremes, 
loções e sabonetes, tratamentos químicos no vestuário e outros antígenos. 
 A vulvite também pode ser causada por infecções 
que, nesse caso, muitas vezes são sexualmente 
transmissíveis. Os mais importantes desses agentes 
infecciosos na são o papilomavírus humano (HPV), o 
agente causador do condiloma acuminado e da 
neoplasia intraepiteIial vulvar (NIV); o vírus herpes simples 
(HSV-1 ou 2), o agente do herpes genital com sua 
erupção vesicular típica; N. gonorrhoeae, uma causa de 
infecção supurativa das glândulas vulvovaginais; 
Treponema pallidum, o patógeno da sífilis, em associação com o cancro primário em local vulvar 
de inoculação; e Candida, também uma causa potencial de vulvite. Uma complicação importante 
da vulvite é a obstrução dos ductos excretores das glândulas de Bartholin. Esse bloqueio pode 
resultar na dilatação dolorosa das glândulas (cisto de Bartholin) e formação de abscesso. 
 
Condilomas: Condiloma é o nome dado a qualquer lesão verrucosa da vulva. A maioria dessas 
lesões pode ser atribuída a uma de duas formas distintas. Os Condilomas lata, atualmente não 
muito observados, são lesões planas, úmidas e minimamente elevadas que ocorrem na sífilis 
secundária. Os mais comuns, os condilomas acuminados, podem ser papilares e distintamente 
elevados ou um pouco planos e rugosos. Eles podem ocorrer em qualquer lugar na superfície 
anogenital, às vezes como lesão única, mas com mais frequência como lesões múltiplas. 
 
 Quando localizados na vulva, variam de alguns milímetros a vários centímetros de diâmetro e 
são rosa-avermelhados ou marrom-rosados. No exame histológico, o aspecto celular típico é a 
coilocitose, uma alteração citopática caracterizada por vacuolização citoplasmática perinuclear 
e contornos nucleares enrugados, que é uma característica da infecção por HPV. Os condilomas 
acuminados são fortemente associados aos subtipos 6 e 11 de HPV. O HPV pode ser transmitido 
de maneira venérea, e lesões idênticas ocorrem em homens no pênis e ao redor do ânus. As 
infecções por HPV 6 e 11 carregam baixo risco de transformação maligna e, por isso, condilomas 
vulvares normalmente não evoluem para câncer. 
Carcinoma de Vulva: O carcinoma de vulva representa cerca de 3% de todos os cânceres do 
trato genital feminino, ocorrendo principalmente em mulheres com mais de 60 anos de idade. 
Aproximadamente 90% dos carcinomas de células escamosas; os outros tumores são, 
principalmente, adenocarcinomas ou carcinomas de células basais. 
 Parecem existir duas formas distintas de carcinoma de células escamosas vulvar. A forma menos 
comum está relacionada a cepas de HPV de alto risco e ocorre em mulheres de meia-idade, 
principalmente fumantes de cigarro. Nessa forma, o aparecimento de carcinoma muitas vezes é 
precedido de alterações pré-cancerosas no epitélio, chamadas de neoplasia intraepitelial vulvar 
(NIV). A NIV evolui na maioria dos pacientes para graus maiores de atipia e subsequentemente 
sofre transformação para carcinoma in situ; no entanto, a progressão para carcinoma invasivo não 
é inevitável, e muitas vezes ocorre depois de muitos anos. Fatores ambientais, como tabagismo e 
imunodeficiência, parecem aumentar o risco de tal progressão. 
 Uma segunda forma de carcinoma vulvar ocorre em 
mulheres mais velhas. Não está associada ao HPV, 
mas muitas vezes é precedida por anos de 
alterações epiteliais reativas, principalmente líquen 
escleroso. O epitélio sobrejacente frequentemente 
não apresenta alterações citológicas típicas de NIV, 
mas pode apresentar atipia sutil da camada basal e 
queratinização basal. Os tumores invasivos dessa 
forma tendem a ser bem diferenciados e altamente 
queratinizados. 
 
 
 
 
 
Vaginite: A vaginite é uma condição relativamente comum, geralmente transitória e sem 
consequência clínica. Está associada à produção de corrimento vaginal (leucorreia). Grande 
variedade de microrganismos está envolvida, incluindo bactérias, fungos e parasitas. Muitos são 
comensais normais que se tornam patogênicos apenas em caso de diabetes, antibioticoterapia 
sistêmica (que causa perturbação da flora microbiana normal), imunodeficiência, gravidez ou 
aborto recente. Nos adultos, a infecção primária gonorreica da vagina é incomum. 
 
 
 Os únicos outros microrganismos dignos de menção, porque são agressores frequentes, são 
Candida albicans e Trichomonas vaginalis. Vaginite por Candida (monilial) é caracterizada por 
corrimento branco coalhado. Esse microrganismo é parte da flora vaginal normal em cerca de 5% 
das mulheres, de modo que o aparecimento de infecção sintomática quase sempre envolve uma 
das influências predisponentes citadas anteriormente ou superinfecção por uma cepa nova e mais 
agressiva. T. vaginalis produz um corrimento aquoso e abundante verde-acinzentado onde os 
parasitas podem ser identificados por microscopia. Trichomonas também podem ser identificadas 
em cerca de 10% das mulheres assintomáticas; assim, a infecção ativa geralmente decorre da 
transmissão sexual de uma nova cepa. 
 
Cervicite: As condições inflamatórias do colo do útero são extremamente comuns e estão 
associadas a corrimento vaginal purulento. As cervicites podem ser subclassificadas como 
infecciosas ou não infecciosas, embora a diferenciação seja difícil devido à presença de uma 
flora vaginal normal que inclui aeróbios e anaeróbios vaginais incidentais, estreptococos, 
estafilococos, enterococos e Escherichia coli. Muito mais importantes são Chlamydia tracomatis, 
Ureaplasma urealyticum, T. vaginalis, Candida spp., Neisseria gonorrhoeae, HSV-2 (o agente do 
herpes genital) e determinados tipos de HPV, sendo que todos são, muitas vezes, sexualmente 
transmissíveis. 
O C. trachomatis é de longe o mais comum desses 
patógenos, representando até 40% dos casos de 
cervicite encontrados na clínica de doença 
sexualmente transmissível (DST). Embora menos comuns, 
as infecções herpéticas são notáveis porque a 
transmissão entre bebê e mãe durante o parto pode 
resultar em infecção herpética sistêmica grave e, às 
vezes, fatal no recém-nascido.

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