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Resumo Ordem Crococodila Medicina Veterinária

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Ordem Crocodylia
Podem medir até 7 metros, entre 1.5 a 7 metros quando adultos, sua reprodução ocorre normalmente no verão, quanto maior a distância do equador mais frequentemente vê esses animais. Temos em torno de 20 a 70 ovos/ninho, ao trabalhar com esses animais devemos nos ater a posturas que podem ocorrer no mesmo ninho, para saber se ovos da mesma fêmea podemos mensurar o comprimento e tamanho dos ovos. 
Localização Mundial:
Ásia/Índia/Oceania
	Aligátor
	Aligator senensis
	
	
	
	
	Crocodilo
	Crocodylus johnstoni
	Crocodylus minorensis
	Crocodylus palustris
	Crocodylus porosus
	Crocodylus siamensis
	Gavial
	Gavialis ganeeticus
	
	
	
	
	Falso Gavial
	Tomistoma schlegelu
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
África
	Crocodilo
	Crocodylus cataphractus
	Crocodylus niloticus
	Osteolaemus tetraspis
Américas
	Jacaré
	Caiman crocodilus
	Caiman latirostris
	C. yacare
	Paleosuchus palpebrosus
	Paleosuchus triganatus
	Melanosuchus niger
	Crocodilo
	Crocodylus acutus
	C. intermedius
	C. moreletti
	C. rombifer
	
	
	Aligátor
	Aligator missippiensis
	
	
	
	
	
Espécies brasileiras de jacarés
	Caiman latirostis
	Caiman crocodilus
	Paleosuchus trigonatus
	P. palpebrosus
	Melanosuchus niger
	
	Sul/Sudeste/Nordeste (rios Paraná, São Francisco e bacias litorâneas)
	Amazônia (introduzido no Sudeste em 1980)
	Pantanal (introduzido em outras regiões)
	Amazônia Paraná
	Amazônia (podem chegar a 5m)
	
Caiman latirostis (Jacaré-do-papo-amarelo)
Caiman crocodilus (Jacaré-tinga)
 
Paleosuchus trigonatus (Jacaré-coroa)
 
Paleosuchus palpebrosus (Jacaré paguá)
 
Caiman yacare (Jacaré-do-Pantanal)
 
Melanosuchus niger (Jacaré-açu)
1. Anatomia e fisiologia
· Pele: Sua pele tem grande resistência, possuem por suas escamas córneas retangulares na maior parte do tronco e cauda, geralmente disposta em fileiras transversais e longitudinais. 
As placas osteodérmicas encontradas nos adultos são responsáveis por defesa em combates intraespecíficos, além de captarem e distribuírem calor radiante do banho de sol aos capilares sanguíneos, durante a vida há incremento da densidade do osteodermo e este avança e aumenta progressivamente sua espessura. 
Possuem três pares de glândulas almíscar localizadas na parte interna da cloaca, parte inferior da cabeça (maxila) e dentro da cavidade oral, essas são usadas para demarcar território, sendo, assim, mais desenvolvido nos machos, sendo também um atrativo para fêmeas. 
· Sistema digestório: Possui uma língua achatada que é presa no assoalho da cavidade oral, não protrátil (não se alonga), ela pode ser utilizada para isolar a nasofaringe no momento do mergulho, isso é importante para manter o ar na narina mesmo com a boca repleta de água. Não temos ocorrência de fenda palatina nesses animais; seus dentes são cilíndricos, situados sobre os alvéolos, usados para apreensão e não para corte, em caso de queda ou quebra esses dentes não temos problemas, pois esses dentes são repostos periodicamente. Na família Aligatoridae os dentes da mandíbula são escondidos enquanto os da maxila ficam a mostra quando a boca está fechada, enquanto os animais da família Crocodylidae ficam com ambos expostos. Esses animais não possuem movimento de mastigação devido à falta de mobilidade lateral, presas pequenas são ingeridas inteiras, enquanto as maiores são destroçadas por movimentos de cabeça e giros corporais, para deglutir eles elevam a cabeça para ação da gravidade. 
Seu estômago possui duas câmaras sendo a anterior mais espessa; não apresentam ceco e seu trânsito intestinal é termo dependente, podendo demorar aproximadamente 4 dias à 30°C ou uma semana a 25°C. 
· Coluna vertebral: composta por vértebras cervicais, torácicas, lombares, sacrais e caudais, alguns autores classificam apenas em pré-sacrais, sacrais e pós-sacrais. As cervicais possuem costelas curtas e livres, as torácicas e o esterno são unidos por um prolongamento cartilaginoso ventral, e entre o esterno e os ossos da região púbica há 7 pares de costelas abdominais em forma de V, unidas por um ligamento.
· Sistema nervoso: Apresenta-se com dois lobos olfatórios alojados no encéfalo, ligados aos grandes hemisférios cerebrais e atrás deste temos 2 lobos ópticos ovais. Na parte anterior do cérebro encontram-se as epífises e o hipotálamo, responsáveis pela regulação da temperatura e da atividade sexual; o olho pineal, ainda de função pouco estudada, parece estar ligado ao controle metabólico diurno e sazonal, de acordo com o fotoperíodo. Em forma de pera temos o cerebelo mediano, o mielencéfalo expande-se lateralmente por de baixo do cerebelo, estreitando-se para formar a medula espinhal, ventralmente, entre as bases dos hemisférios, estão os tratos e nervos ópticos, seguidos pelo infundíbulo e a hipófise. Há 12 pares de nervos espinais, não ocorre a cauda equina, isso favorece os procedimentos de venipunção caudal, cirurgias de cauda e colheita de fluído cérebro-espinal. 
· Órgãos sensitivos: Apresentam órgãos sensitivos desenvolvidos, seus olhos possuem excelente visão binocular sobreposta e ótima visão noturna, sua pálpebra inferior é móvel e a superior tende a ser estática devido a calcificação. Apresentam membranas nictantes translúcidas que são dobras da conjutiva que protegem seus olhos quando submersos. Ouvem muito bem tanto em terra quando submersos, seus ouvidos são próximos aos olhos, em formato de fenda, protegidos por uma membrana muscular responsável pelo fechamento da cavidade auditiva quando submersos.
· Glândulas: Possuem glândulas lacrimais que são usadas como osmorreguladores secretando sal, glândulas de Hardex localizada entre a membrana nictante e o globo ocular, para facilitar a movimentação da membrana.
· Sistema circulatório: O coração se aloja na parte anteroventral do tórax e é formado por um pequeno seio venoso, duas aurículas e dois ventrículos separados. Só há mistura de sangue na união dos arcos sistêmicos, através do forame de Panizza. O sangue sai do coração por um par de arcos aórticos que passam para o dorso de cada lado do esôfago, do arco direito saem duas artérias carótidas para a cabeça e o pescoço e uma subclávia para cada membro torácico, os arcos se unem e formam a aorta dorsal que supri o restante do corpo. 
· Sistema urinário: Possuem dois rins lobulados e achatados, estes estão em contato com a parede dorsal do corpo, na região pélvica. Os glomérulos filtram o sangue, deixando passar apenas água e sais mineirais, retendo grandes moléculas, nos túbulos renais parte da água é reabsorvida, a urina e uratos precipitados são transportados para a cloaca e a água liberada, é reabsorvida, lembrando que répteis não podem concentrar urina muito acima da osmolaridade plasmática. 
A conservação de água nos répteis processa-se por uma modificação na via do catabolismo de proteína e pela cloaca funcionar como ponto de reabsorção. 
· Sistema reprodutor: Em animais jovens as gônadas são de difícil diferenciação, no macho adulto temos 2 testículos arredondados situados próximo a borda mediana dos rins, pode se expor a genitália com os dedos. Cada ducto deferente segue a borda caudolateral do testículo e se unem na base do pênis (assoalho da cloaca). Em fêmeas adultas temos 2 ovários em posição semelhante aos testículos no macho, presos parcialmente à parte cranial dos rins, na parte anterior dos ovários situa-se o funil do oviduto que vai até a cloaca. No momento da fecundação os óvulos saem do ovário passam pelo funil e são fecundados no oviduto envolvidos por albumina, membrana e casca para ocorrer a ovipostura. 
A termorregulação desses animais é realizada com a participação de três fatores que participam na captação ou dissipação de calor. São eles, fatores comportamentais que envolvem ações do animal de se deslocar para controle da sua temperatura, aumentando ou reduzindo sua exposição ao calor; fatores autônomos que envolvem variações orgânicas, como mudança do fluxo sanguíneo; fatores adaptativos envolvem mudanças a médio e longo prazo, como alterações metabólicas e hormonais. Influenciadospela temperatura ambiente, eles sofrem grandes mudanças que afetam a morfologia, fisiologia e comportamento. Crocodilianos não apresentam cromossomos sexuais heteromórficos e a temperatura de incubação dos ovos é fator determinante para determinação do sexo. Em aligátores o período sensível é entre o sétimo e vigésimo primeiro dia de incubação. Em temperaturas extremas temos nascimento de fêmeas (28-31°C ou 33-34°C), em temperaturas intermediárias (31°C-33°C) temos nascimentos de machos, isso é conhecido como padrão F:M:F, onde a temperatura pivotal pode mudar com as espécies. A temperatura de incubação também pode afetar a duração do período de incubação, grau de pigmentação do embrião e suas taxas de crescimento ontogenético (é o crescimento considerável que os crocodilianos têm durante a fase do nascimento e a maturidade sexual). 
Esses animais possuem baixa taxa metabólica devido a sua menor demanda de energia para produzir calor. Portanto sua demanda fisiológica de energia, especialmente glicose, é baixa em animais heterotérmicos, pois não utilizam essa energia para manutenção da temperatura. Porém, para sobreviverem necessitam de uma faixa ideal de temperatura já que sua atividade metabólica é de 8 a 10 vezes menor que em animais endotérmicos.
2. Reprodução
Grandes animais ectotérmicos têm a primeira reprodução determinada pelo seu tamanho corpóreo além da idade, o ciclo reprodutivo dos crocodilianos possui um forte elemento sazonal também, com desenvolvimento e retração cíclicos das gônadas por ação hormonal que são fortemente controladas pela temperatura ambiente. A disputa por locais apropriados para banhos de sol (assoalhamento) durante o período pré-reprodutivo é um componente importante que pode afetar o desenvolvimento gonadal de fêmeas com baixa posição hierárquica do grupo. Essas fêmeas podem não entrar no estro ou apresentar desenvolvimento folicular mínimo. Assim, é descrito que fêmeas estressadas por alta lotação, dominância e temperaturas muito baixas ou elevadas tenham inibição da ovulação, por altos níveis de corticosteronas.
As fêmeas de aligátores não ovulam em ciclos contínuos, sendo que grande parte permanece quiescente a cada ano, no Estado de São Paulo o período de acasalamento de jacarés-de-papo-amarelo ocorre no início da primavera, onde aumentam os displays de vocalização, cortejo e atividade ovariana, sendo que a postura ocorre entre o final de novembro e o início de fevereiro. O registro de maturidade sexual de jacarés-de-papo-amarelo nascidos em cativeiro varia de cinco a dez anos de idade, supõe-se que recintos aquecidos nos primeiros meses de vida dos filhotes (período outono-inverno) podem reduzir a idade da maturidade sexual para até três anos. O comportamento social também afeta seu sucesso reprodutivo, o que os fazem ser mais similares aos mamíferos que qualquer outro réptil. O comportamento materno de proteção ao ninho, ocorrência de comportamento territorial e outras relações sociais, além da vocalização dos embriões dentro dos ovos para estimular a eclosão sincronizada.
· Exploração comercial e outras abordagens: os jacarés-de-papo-amarelo são basicamente usados para produção de carne e pele, e pode ocorrer utilização de outros subprodutos (dentes, gordura, crânio, patas, e outros), há três formas de abordagem para os crocodilianos:
1. Harvesting ou cropping: onde é realizada caça seletiva de espécimes de população selvagem, não é permitido no Brasil pela proibição da caça e ameaça de risco de extinção;
1. Ranching: é realizada pela colheita de ovos na natureza e posterior incubação, podendo ser praticado no Brasil apenas com o jacaré-do-pantanal, pois exige grandes agregados populacionais em vida livre;
1. Farming: ciclo completo em cativeiro, incluindo a reprodução.
Esse último é utilizado no sistema proposto pelo Programa de Propagação da Espécie em Cativeiro do Laboratório de Ecologia Animal da Universidade de São Paulo, e é utilizado em quase todos os sistemas de criação comercial de jacarés-de-papo-amarelo no Brasil. Esse programa foi realizado com fornecimento de matrizes legalizadas pelo IBAMA, evitando retirada de animais da natureza.
· Instalações: em cativeiro, as proporções entre machos e fêmeas podem variar com os propósitos e diferenças comportamentais. Algumas espécies como o crocodilo-do-Nilo podem conviver bem em grandes agregados, enquanto os de papo amarelo não se adaptam, sendo necessários pequenos grupos de reprodução, com apenas um macho. Nos recintos de reprodução de jacarés-de-papo-amarelo constam módulos de 10m X 10m, cada um contendo um tanque de 4m X 6m de espelho d’água com 1m de profundidade máxima e cinco abrigos de nidificação de 2m X 2m, utilizando um macho para quatro fêmeas. Os tanques devem ter um formato redondo para evitar abrasões por atrito na superfície frontal das maxilas dos animais. A qualidade da água deve ser monitorada para seguir características semelhantes a de criação de peixes, é importante repor a água e limpar os tanques periodicamente para evitar parasitas e doenças infecciosas. Os ninhos são construídos com vários tipos de materiais disponíveis e de acordo com a espécie, na maioria das vezes, são encontrados ninhos constituídos apenas de matéria vegetal, misturados com terra.
Na incubação é necessário avaliação de umidade e temperatura, evitando temperaturas abaixo de 28°C ou acima de 34°C, além disso, a temperatura é determinante para o sexo. Seus ovos colhidos devem ser depositados na mesma posição que se encontravam no ninho, em bandejas contendo vermiculita umedecida, proporcionando conservação e manutenção de calor e umidade, que deve ser superior a 90% na incubadora. Durante o desenvolvimento, os animais devem ser submetidos à estufa de crescimento. Esta fase deve conter vários módulos, contando com um tanque de água com aproximadamente dois terços da área total do recinto, com profundidade de 70-100cm, para facilitar abordagem. A densidade deve ser mantida de 0,1m²/animal no nascimento até 0,3m²/animal adulto. 
*Incubadoras de isopor proporcionam conservação e manutenção de calor e umidade.
3. Nutrição: 
São considerados animais predadores oportunistas, podendo se alimentar de qualquer animal vivo, inclusive cometem canibalismo. Naturalmente, os filhotes se alimentam de crustáceos, gastrópodes, répteis menores, pequenos peixes, e, principalmente, insetos, possuindo preferência por animais vivos. Porém, do ponto de vista comportamental, não há necessidade de incluir alimentos vivos para os filhotes, nem mesmo aos adultos. A quantidade de alimento deve ser na faixa de 6,5 a 7,5% do peso vivo por semana para animais adultos. Em cativeiro, filhotes recebem alimentação diária desde os primeiros dias de vida, ainda nas incubadoras, e continua por toda a fase de crescimento ou enquanto estiverem nas estufas. Já animais adultos são alojados a céu aberto e devem ser alimentados uma vez na semana, excetuando-se os meses mais frios do ano. Isso se deve ao metabolismo termodependente muito baixo nessa época, desse forma os animais tem dificuldade de digerir e esse alimento pode gerar proliferação bacteriana, formar gases e até mesmo levar o animal a óbito.
A grande maioria dos criadouros comerciais de jacarés-de-papo-amarelo utiliza como fonte de alimento descartes de granjas avícolas ou descartes bovinos, possui menor custo, porém cria preocupação com entrada de bactérias patogênicas na criação.
4. Contenção física e química
· Contenção física: Em recintos pequenos que permitem drenagem completa do tanque captura, capturam-se animais de até 1 metro diretamente com as mãos, com o uso de luvas de borrachas grossas para proteção contra mordidas. Para animais maiores utilização um laço de aço ou cambão ao redor do pescoço, mantendo-o tracionado, coloca-se um pano molhado sobre os olhos (mantém o animal mais calmo e evita que ele fixe os olhos no alvo), percorra uma das mãos sobre as costas do animal a cabeça, realize forte pressão manual no focinho, sentando-se cuidadosamente sobre o animal, então, com o auxíliode tiras circulares de borracha mantém-se a boca imobilizada com segurança.
· Contenção farmacológica: Vários procedimentos e protocolos anestésicos podem ser empregados nos crocodilianos, levando em conta que estes fármacos apresentam grandes intervalos entre doses. Isso se deve ao estado clínico do animal e também a diferença na resposta farmacológica entre espécies e indivíduos. Em anestesia local, a lidocaína (alfadietilaminoaceto-2,6-xilidida) na concentração de 20mg/ml, utilizada para bloquear regionalmente os nervos. Suas vantagens são: ausência de distorção das características anatômicas na linha de incisão, isquemia dos tecidos no interior da área bloqueada, relaxamento muscular e não interferência na cicatrização da ferida, além disso, possui um período mais curto para o efeito e uma duração mais longa comparada a procaína. 
Quando for necessária a anestesia geral, sugere-se utilização de propofol por via intravenosa, promove duração que varia de 30-90 minutos, tempo para pequenas intervenções ou ara passagem do tubo endotraqueal para anestesia inalatória, preferencialmente com isoflurano, recomendável, pois permite manutenção intermitente da pressão positiva na ventilação. O anestesista deve ficar atento a manutenção da temperatura corpórea em animais ectotérmicos para evitar hipotermia, sugere-se o uso de fluxos de ar quente, em vez de tapetes de aquecimento que só provocam aumento de temperatura nas áreas de contato. 
5. Clínica e cirurgia
Os procedimentos cirúrgicos mais comuns são os de reparação de solução de continuidade e amputação de membros, causada, na maioria das vezes, por interações agonísticas intraespecíficas, especialmente em fases de acasalamento, embora outras intervenções possam ser realizadas, especialmente relacionadas a experimentações científicas.
· Diagnóstico: A colheita de sangue pode ser realizada por punção na veia caudal ventral, no seio venoso occipital (mais fácil) ou por punção cardíaca. O hemograma e a bioquímica plasmática são de grande importância para detecção de doenças, porém pode haver grande variação entre os valores dos parâmetros, causados especialmente pela termorregulação. A coprocultura é utilizada para diagnóstico de salmonelose (Salmonella spp. estão presentes na microbiota normal), além de diagnosticar coccidiose e outras doenças parasitárias, a colheita é dificultada por frequentes casos onde os animais defecam na água. A endoscopia digestória com endoscópio flexível também pode ser utilizada, principalmente para retirada de corpos estranhos no estômago. A colheita de material microbiológico é realizado com frequência em estudos, especialmente aqueles relacionados as microbiotas bucal e cloacal. Por fim, a ultrassonografia tem se revelado de grande valia para acompanhamento folicular ovariano. 
· Doenças e terapêutica: As principais doenças encontradas em jacarés-de-papo-amarelo são descritas a seguir, são relevantes informações como: origem, idade, atividade reprodutiva, doenças e tratamentos médicos anteriores, em progressão e observações comportamentais e clínicas, com o máximo de detalhes possível sobre o animal.
1. Doenças reprodutivas
-Fatores relacionados aos ovos: A casca do ovo não é utilizada apenas como proteção física como quebras e fissuras, mas também participa ativamente das trocas gasosas e de água do embrião com o ambiente durante o desenvolvimento. Isso ocorre através da porosidade existente na casca, dessa forma, excesso dos níveis de porosidade podem causar morte embrionária, levando a proliferação de bactérias e fungos nos ovos, ninho e até mesmo na incubadora. Outro fator é a má-formação da camada mineralizada, esse problema geralmente é relacionado a baixa oferta de cálcio na alimentação das mães, principalmente em cativeiro. Além desses aspectos é necessário se atentar a possíveis problemas na incubação como: rotação dos ovos no momento da colheita, que pode causar morte embrionária por sufocamento, além de erros no controle de temperatura e umidade. 
-Infertilidade: Na natureza as fêmeas podem ter acesso a cópulas com diferentes machos, o que teoricamente faria com que todos os ovos fossem fertilizados. Nas criações em cativeiro, especialmente com espécies agressivas, isso não é possível, geralmente é colocado apenas um macho para todas as fêmeas. Caso ocorra incidência de ovos inférteis a provável infertilidade é do macho. Por outro lado, caso outros ninhos tenham ovos férteis e apenas um ninho inférteis se pensa em infertilidade da fêmea, sendo a infecção nos ovidutos a principal causa, podendo ser ascendente da cloaca ou descendente pelo infundíbulo. Porém deve se avaliar outras possibilidades como distúrbios nutricionais, taxa de estresse, taxa de lotação, baixas temperaturas e outros.
-Infecção nos ovos e morte embrionária: Para sobrevivência dos embriões é essencial o controle da umidade e temperatura das incubadoras. Baixas temperaturas resultam em morte embrionária e altas temperaturas e umidade deixam os ovos expostos à contaminação por fungos e bactérias, trazidas especialmente por manipulação inadequada e pela passagem pela cloaca, onde muitas vezes entram em contato com a microbiota do intestino da mãe. Pode se realizar a limpeza dos ovos e sempre manipulá-los com uso de luvas, não se devem lavar os ovos, pois isso facilita a rotação do embrião, embora haja descrição literária de lavagem com água e produtos a base de amônia quaternária. Ovos defeituosos, trincados, inférteis e extremamente sujos devem ser descartados da incubação, pois podem gerar sofrer ação bacteriana e fúngica, e assim infectar o restante da ninhada. 
-Onfalite: é uma das principais doenças dos filhotes de crocodilianos, é diagnosticada pelo aumento do volume abdominal e não fechamento do umbigo. Basicamente, ocorre o fechamento do canal vitelínico por uma infecção bacteriana vinda do saco da gema. Assim, a gema se contamina e não pode ser absorvido afetando a nutrição do recém-nascido, o conteúdo do saco da gema deixa de ter aspecto líquido e adquiri uma consistência endurecida, na maior parte das vezes por infecção ascendente, sendo necessária remoção cirúrgica. O animal vem a óbito por septicemia e choque endotóxico na maioria dos casos. Antes da colocação dos ovos na incubadora é necessária uma desinfecção no local com amônia quaternária, além da antissepsia da região umbilical com iodopovidona tópica, a utilização de violeta de genciana na água da incubadora, tudo isso ajuda a prevenir onfalites. 
-Síndrome da má adaptação: possivelmente está associada ao estresse nos recém-nascidos em cativeiro, normalmente causados por oscilações térmicas exageradas e recintos inadequados. Eles agem como estressores e causam liberação de corticosteroides pela adrenal e tecidos linfoides, dessa forma, causa uma depleção no organismo. Os achados mais comuns são perda de peso, desenvolvimento de lesões ulcerativas rostrais, dermatites necróticas, apatia, anorexia, enterites e desidratação. O tratamento da anorexia é difícil já que esses animais têm dificuldade de se alimentarem sozinhos e a passagem de sonda pode causar esofagite traumática ou estenose de esôfago, além de servir como porta de entrada para todo tipo de patógeno. 
-Anomalias e más formações congênitas: Podem estar associadas a problemas de incubação, como temperaturas muito baixas ou altas, assim como a baixa umidade, além dos casos de mães muito jovens ou muito velhas, com estado nutricional ruim e problemas genéticos. Ocorrem em várias partes do corpo: cabeça, pescoço, olhos, mandíbula, coluna vertebral e pernas. As anomalias relacionadas com a coloração da pele e órgão internos são menos documentadas por serem mais raras, como o albinismo, ou, a falta de utilização da necropsia em criadouros. As anomalias de cabeça, olhos e mandíbula são as mais relatadas pela facilidade de observação, sendo as mais observadas: braquignatia, prognatismo, microftalmia, anoftalmia, monolateral ou bilateral, além de deformações craniais causadas por descalcificação ou ossificação prematura,em cativeiro esses animais são mantidos vivos, enquanto na natureza não teriam uma vida longa. 
2) Doenças infecciosas
-Paxvírus ou dermatite viral: é causada por um parapoxvírus, aparentemente afeta animais bastante jovens, com menos de 15 meses. É uma doença contagiosa com período de latência, ou seja, possui indivíduos assintomáticos. Formam lesões semelhantes a pequenos halos de coloração branco-acinzentada, que pode persistir por meses, podendo levar um indivíduo a morte. Em jacarés temos lesões mais proeminentes nas pálpebras, membranas nictitantes, interdigitais e timpânicas, na maxila, mandíbula e língua. Exames histopatológicos revelam degeneração balonosa, acantose e hiperqueratose da epiderme. Inclusões corpusculares, ricas em partículas virais, há grandes inclusões intracitoplasmáticas eosinofílica nas células epiteliais. Pode ainda se verificar processos inflamatórios discretos, com presença predominante de células mononucleares agranulocíticas. A cura espontânea sugere que seja uma doença autolimitante, porém é importante o isolamento para evitar uma epidemia. O tratamento consiste em isolar os animais, desinfecção das piscinas, manutenção de um ambiente livre de estresse, além de antibioticoterapia contra infecções secundárias, são importantes o uso de microscopia eletrônica, cultura e antibiogramas antes do início do tratamento. 
-Doenças gastroentéricas: os sinais dessas doenças são incomuns em crocodilianos, mas podem estar presentes em locais com grande número de indivíduos. E seu aparecimento dos sinais clínicos está relacionado ao estresse. As principais por ordem de ocorrência são salmonelose (Salmonella spp.) e coccidiose (Eimeria spp., Isospora spp.). Embora quase sempre seja assintomática, a salmonelose pode apresentar sinais graves em animais imunodeprimidos e/ou expostos a situação de estresse. Dentre os estressores mais comuns estão: variações de temperatura, recintos com acúmulo de sujeira, má qualidade de alimentos, má qualidade da água e manipulação exagerada dos animais. Os sorotipos mais comuns em répteis saudáveis são subespécies III, sendo consideradas regulares na microbiota intestinal. Podemos encontrar essas bactérias em ninhos e cascas dos ovos, indicando contaminação por material fecal das mães na passagem pela cloaca ou por infecção transovariana. A alta prevalência da doença em cativeiro se deve a abordagem sanitária deficiente ou alta incidência de canibalismo, sendo que temos mais casos em cativeiro explicado pela alta taxa de lotação nos criadouros comerciais. Apresentam-se quadros de diarreia, seguidos de anorexia e apatia, são os sinais mais observados, em alguns casos, pode ocorrer septicemia com focos necróticos no fígado. Os diagnósticos diferenciais: amebíase, helmintíase gastrointestinal, intoxicação química e septicemia por Aeromonas. A presença da Salmonella spp. no exame de cultivo de fezes não é conclusivo como única causa dos problemas gastroentéricos, por ser parte da microbiota regular, por isso sugere que se realize cultivo do material fecal em conjunto ao cultivo microbiológico de sangue. Já a coccidisose, por sua vez, tem um ciclo que passa obrigatoriamente pelas células epiteliais intestinais, causando lesões similares à amebíase, mas sem passagem pelo fígado, também é marcada por diarreia, porém, diferente da salmonelose pode apresentar sangue nas fezes, anorexia e apatia. A maioria dos coccídeos é hospedeiro-específico. O diagnóstico definitivo é pelo exame de fezes com presença de oocistos, embora a quantidade destes não esteja relacionada com a gravidade da infecção. Para o tratamento clínico a sulfametazina é o melhor medicamente, embora seja uma doença autolimitante. 
3) Doenças e condições não infecciosas
-Hipoproteinemia nutricional: decorrente de alimentação inadequada, seus sinais incluem anemia, palidez, anorexia, apatia e depressão. Secundariamente esses animais mal nutridos ficam suscetíveis a outras doenças. O tratamento é a melhora da condição alimentar, não são raros os casos onde essa alimentação deve ser realizada por sonda. 
-Hiperparatireoidismo secundário nutricional: essa doença é diretamente relacionada a alimentação, sua causa mais comum é fornecimento de carne bovina como única fonte de alimento, assim a proporção cálcio-fósforo é de aproximadamente 1:16 no músculo. Seus sinais clínicos frequentes são fraturas espontâneas em ossos, mandíbula flexível ou mandíbula de borracha e aumento do volume do dorso, culminando com paralisia. Extrema hipocalcemia leva à dilatação do coração. Assim, quando têm-se leve diminuição dos níveis sanguíneos de cálcio ocorrerá um aumento de secreção do hormônio da paratireoide, que estimulará o transporte de cálcio dos ossos para a corrente sanguínea, se essa deficiência não for resolvido ocorre uma condição crônica de hiperparatireoidismo. Sua prevenção consiste em fornecimento adequado de cálcio e fósforo, proporção de aproximadamente 2:1, além disso, animais devem receber uma adequada exposição solar ou luz ultravioleta em recintos privados de insolação direta, a vitamina D deverá ser suprida na ração.
-Choque hipoglicêmico: tem sido observada em todas as espécies de crocodilianos. Geralmente ocorre em animais com alto nível de estresse, desencadeado por superpopulação, frequência intensa de capturas e manipulação dos animais, assim utilização de fármacos anestésicos, principalmente no fim do inverno, quando os níveis de glicose sanguínea estão mais baixos e a possibilidade de mobilização de glicogênio não é tão rápida quanto em outras épocas. Entre os sinais mais comuns estão midríase, tremores musculares, incoordenação motora (natação em círculos), hipocalcemia e redução da taxa metabólica, causando colapso da circulação periférica e uma profunda alteração cardiovascular. Nota-se letargia bradicardia, palidez de mucosas e extremidades frias, mesmo quando os animais estão sendo aquecidos. O diagnóstico não é sempre fácil e o tratamento consiste em reposição fluida aquecida, em geral soluções salinas acrescidas de glicose. 
-Soluções de continuidade: quase totalidade das soluções de continuidade (ferimentos de pele e de mucosas) é decorrente de comportamento agressivo, que ocorre durante formação de grupos reprodutores, principalmente em jacarés-de-papo-amarelo. A agressividade também pode ser responsável por até 5% da mortalidade e até por 100% das soluções de continuidade em cativeiro. O ferimento deve ser imediatamente tratado, pois no momento da mordida ocorre inoculação de patógenos. Fazer a antissepsia, assim como antibioticoterapia injetável de amplo espectro (ex. enrofloxacino).
-Gota urina: a gota úrica, depois das soluções de continuidade, são a doença de maior incidência e importância em animais em cativeiro. É pouco provável que seja causada apenas por altos níveis proteicos na alimentação. No entanto, uma falência renal secundária, tem sido pesquisada. A desidratação sugere ser a causa principal de gota visceral, animais jovens são mais afetados por estarem expostos no calor, muitas vezes excessivos, das estufas. Alguns cientistas associam o uso de antibióticos nefrotóxicos (ex. gentamicina) causam predisposição ao quadro. Clinicamente, há distúrbios nervosos por intoxicação, pouca atividade física, anorexia, hiperplasia das articulações e emagrecimento. Por ser caracterizada por deposição de cristais de sais de urato nas articulações, tecidos periarticulares, parênquima hepático, saco pericárdico e rins. Verificar os níveis de ácido úrico no sangue é um importante método diagnóstico, a concentração normal em crocodialianos fica entre 1 e 4,1 mg/dl, sendo que animais com gota podem apresentar níveis plasmáticos próximos de 70 mg/dl e, em casos mais graves, até níveis superiores. As lesões microscópicas incluem reações inflamatórias, podendo apresentar nefrite intersticial, nefrose e necrose renal. O tratamento básico inclui hidratação, que pode ser feita por administração de fluídos via intravenosa, intraperitoneal, intraóssea ou via oral, com auxilio de sonda paraanimais pequenos, embora o quadro seja muitas vezes irreversível principalmente por diagnóstico tardio. A tentativa de passagem de sonda por via oral por pessoas inexperientes pode causar traumatismos no esôfago, nos membros e até coluna vertebral, além de risco para pessoas envolvidas na contenção. 
*Passagem de sonda: colocar o paciente sobre uma superfície plana, deixando-o com a boca aberta até o fim da passagem até o estômago. Se o paciente tiver tamanho superior a 50 cm poderá ser necessária colocação de um pequeno tubo de PVC na boca, que é mantida fechada por tiras adesivas. O tubo deve ser suficientemente largo para que a sonda passe pelo seu interior. A administração do fluído deve ser lenta, de preferência a temperaturas de 30°C, podendo utilizar soluções isotônicas de dextrose a 5% que fornece suplementação calórica. Deve se evitar a utilização de fluídos com lactatos, pois já há uma produção anaeróbica normal de ácido láctico. 
Deposição de cristais de urato (coloração branca) em articulação do membro posterior em jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris).
Passagem de sonda esofágica com endoscópio flexível
Fonte: Tratado de animais selvagens, Cuba e col., 2014.
Autora: Daniela Fonte Boa Melo.
Instagram: @daniela.f.b.m

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