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AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

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9
Universidade Paulista
Educação a distância 
ANDRÉIA FLÁVIA DE MARQUES
AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM OLHAR DIFERENCIADO À CRIANÇA.
POSSE-GO
2020
Universidade Paulista
Educação a distância 
ANDRÉIA FLÁVIA DE MARQUES
AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM OLHAR DIFERENCIADO À CRIANÇA.
Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Pedagogo 
Universidade Paulista – Polo Posse/ Go.
Orientação: Professor Reginaldo B. Ferreira
POSSE- GO
2020
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus que me amparou em todos os momentos, dando força e coragem nesta caminhada. Aos meus pais e familiares que incentivaram e ajudaram de diversas formas na realização deste trabalho, aos professores desde a alfabetização até o ensino superior. 
Dedico este trabalho aos familiares pelo apoio e a confiança acreditando no meu potencial, ajudando a realizar este sonho em comum. A todos os professores responsáveis por minha formação docente, aos amigos e colegas que sempre tiveram presentes nesta jornada, segurando as mãos durante as quedas. E em especial a todos os educadores e futuros educadores que sonham com uma educação de qualidade e enfrentam no dia a dia os desafios da sala de aula.
Resumo
A avaliação favorece a ampliação do conhecimento dos profissionais da Educação Infantil, contribuindo para a superação de lacunas na formação inicial e aprofudamento téorico para compreensão do desenvolvimento infantil e metodologias adequadas para a faixa etária, um diálogo relacionando à teoria e a prática vivenciada no dia a dia do ambiente escolar. É necessário compreender a avaliação como norteadora de caminhos no processo de aprendizagem das crianças. Avaliar é acompanhar essa trajetória, levando em conta suas mudanças e transformações. Segundo Vygotsky, precisa-se levar em conta também as potencialidades cognitivas das crianças. Para isso, é preciso oportunizar práticas que sejam desafiadoras e provocativas aos alunos.
Palavras-chave: Avaliação, educação infantil e desenvolvimento infantil.
ABSTRACT
The evaluation favors the expansion of the knowledge of Early Childhood Education professionals, helping to overcome gaps in initial training and theoretical deepening for understanding child development and appropriate methodologies for the age group, a dialogue relating to the theory and practice experienced on the day to school environment day. It is necessary to understand the evaluation as guiding paths in the children's learning process. To evaluate is to follow this trajectory, taking into account its changes and transformations. According to Vygotsky, it is also necessary to take into account the cognitive potential of children. For this, it is necessary to provide opportunities that are challenging and provocative to students.
Keywords: Assessment, early childhood education and child development.
Sumário
Introdução...........................................................................................................09
CAPÍTULO I
1 A EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL E O OLHAR SOBRE A CRIANÇA......11
0. Educação infantil no Brasil.............................................................................11
0. Construção de um ambiente favorável ao desenvolvimento infantil...............13
0. Avaliação na educação infantil……………………………………....................16
 CAPÍTULO II
2 A EDUCAÇÃO INFANTIL DENTRO DA BNCC: RESPEITO À CRIANÇA E SUAS EXPERIÊNCIAS.........................................................................................................19
 2.1 Proposta da BNCC para a educação infantil...................................................19
2.2 Campos de experiências ………………..........................................................22
 
CAPÍTULO III
3 ELABORAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM E DO DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS....................................................................27
0. A importância do acompanhamento familiar no desenvolvimento infantil.......27
0. O quê é como avaliar na educação infantil? ...................................................29
0. Construção de registro de acompanhamento e relatórios de avaliação.........33 
0. Portfólios como instrumento de registro da trajetória de aprendizagem das crianças...........................................................................................................34
CONSIDERAÇÕES FINAIS………….........................................................................37
REFERÊNCIAS..........................................................................................................39
INTRODUÇÃO
A Educação Infantil vem evoluindo e demonstrando sua força e necessidade dentro do contexto educacional, tendo inicialmente, como obrigação o cuidar, prover a higiene, a alimentação e um espaço acolhedor. Através de reflexões sobre o contexto educacional foi possível compreender que o espaço precisa promover estímulos e ampliar as habilidades necessárias para o desenvolvimento integral da criança.
A criança é um ser social formada pelas capacidades cognitivas, emocionais e afetivas. Durante a primeira infância ao adentrar a Educação Infantil ela aprende algumas de suas primeiras responsabilidades: A socialização, os deveres e as avaliações. 
Quando se refere à avaliação na primeira infância, sabe-se que não é simplesmente medir conhecimento através de uma folha A4, ou padronizar testes de aptidões físicas e cognitivas. Nessa etapa as crianças estão em desenvolvimento na formação do pequeno cidadão. 
Para que o processo de avaliação seja justo e completo é necessário muita observação, o processo de ensino-aprendizagem ocorre de forma gradual, contínua, cumulativa e integrativa. Envolvendo ações, sentimentos, erros, acertos e novas descobertas. A avaliação serve como mola propulsora nesse processo, pois ajuda as crianças e responsáveis a acompanharem suas conquistas, dificuldades e possibilidades. 
De acordo com a base nacional curricular a avaliação na Educação Infantil ainda é um tema complexo, por ter na atualidade como principal função, numa concepção contínua e formativa, elucidar a ação pedagógica desenvolvida na instituição educacional. A avaliação nesse período da vida, demanda observação, múltiplos registros e análises sistemáticas pelo professor, tanto das aprendizagens da turma quanto da criança individualmente. 
A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação, na seção II, artigo 31, item 1, determina que a avaliação deve ocorrer “mediante o acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental”. 
É necessário que os educadores se aprofundem e conheçam sobre o desenvolvimento infantil, não adaptando padrões utilizados no ensino fundamental, ou simplesmente reproduzindo dentro da Educação Infantil. Cada fase possui suas particularidades e necessidades. 
Esta pesquisa objetiva a reflexão sobre as formas de avaliação na primeira infância, os instrumentos utilizados, metodologias e aplicação dentro da sala de aula. Fortalecer e estender a concepção de qualidade na avaliação ao invés de quantidade, como é costumeiro, tabular as crianças em números. Através dessa concepção é possível a tomada de decisão coerente durante o ato de avaliar.
Ao professor é necessário estar em constante formação para compreender as mudanças educacionais e refletir sobre sua práxis. Sabe-se da deficiência dos cursos de licenciatura atuais, onde o professor adentrar a sala de sem bagagem, fazendo suas descobertas no dia a dia, surgindo dúvidas durante o processo. O que avaliar na educação infantil? Como externar essa avaliação aos gestores, pais e responsáveis das crianças? O que fazer com os resultados?
O projeto será embasado em pesquisas bibliográficas de renomados e respeitados estudiosose teóricos educacionais, que se dedicaram a observar, investigar e apresentarem ao mundo suas grandes descobertas. Estas modificaram o olhar do adulto sobre as crianças, lhes garantindo direitos, respeito e qualidade de vida. 
Ao leitor será proporcionado uma discussão sobre a avaliação e a aprendizagem dentro da educação infantil, apresentando os pressupostos, funções e concepções na avaliação dentro da sala de aula. 
O ato de avaliar é de extrema importância para o trabalho docente, contribuindo para o desenvolvimento das práticas pedagógicas após a análise do desenvolvimento das crianças, e a sua autorreflexão sobre a contribuição de mediador dentro do processo educacional infantil.
CAPITULO I- A EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL E O OLHAR SOBRE A CRIANÇA
1.1 Educação infantil no Brasil
A Educação Infantil tem papel importante no desenvolvimento humano e social. Configura-se como uma das áreas educacionais que mais retribui à sociedade os recursos nela investidos, contribuindo para a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças. Também oferece argumentos fortes e contundentes sobre a sua importância na concretização dos direitos sociais da infância, de sua cidadania.
Para o melhor desenvolvimento infantil as crianças precisam estabelecer relacionamentos constantes, serem estimuladas através de atividades interativas e contatos sociais. 
É importante que os profissionais que atuam nessa faixa etária engajem-se em uma cultura de pensamento, reflexão e diálogo sobre as crianças e a infância, aprofundando em um conhecimento sobre a aprendizagem e o desenvolvimento infantil, respeitando a individualidade, com atividades que atendam as necessidades e interesses individuais e coletivos.
O olhar sobre a infância dentro do ambiente escolar nein sempre foi pautado no desenvolvimento nas dimensões sociais, afetivas, intelectuais, mas no cuidar e alimentar.
O sistema republicano, no Brasil, é relativamente novo, tendo seu início somente em 1889. Embora existissem instituições destinadas à infância no sistema, que era o monárquico, somente após a chegada da República é que essas instituições cresceram em número. 
Antes disso, o que se via mais constantemente, eram tentativas de proteger a infância, fosse por motivação política, econômica ou religiosa e, nesse caso, predominava a ação caritativa relacionada à criança desamparada. 
A partir de 1880, já se falava com mais frequência em jardins-de-infância, e alguns textos de grande repercussão, como uma lei de 1879, assinada por Leôncio de Carvalho, ministro do Império, ou um Parecer assinado pelo jurista Rui Barbosa em 1882, indicavam claramente a necessidade de oferta de Educação Infantil por parte do Estado.
As creches aumentaram ainda mais quando, em 1923, as autoridades governamentais reconheceram a grande presença feminina no trabalho industrial. Isso fez com que as indústrias fossem pressionadas a reconhecer o direito a amamentar. Tanto na indústria quanto no comércio essa medida provocou a expansão de creches. Essa situação colaborou para que, em 1932, o trabalho feminino fosse regulamentado. Quando o governo de Getúlio Vargas apresentou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), constava entre as obrigações dos estabelecimentos com mais de 30 mulheres empregadas, a manutenção de creches para as crianças na “primeira infância”
Em muitas cidades podiam-se encontrar escolas maternais que recebiam crianças de 2 a 4 anos, ocorrendo, porém, muitas vezes, a entrada de crianças com menos de 2 ou com mais de 4 anos em tais instituições. Os jardins-de-infância, para crianças com 5 e 6 anos, faziam parte da mesma paisagem. 
Quando algumas creches passaram a ser designadas como berçários, isso queria dizer que estavam abertas para crianças de 0 a 2 anos de idade. Se, na sequência, o maternal passou a atender a faixa de 2 a 4 anos e o jardim-de-infância de 4 a 5 anos de idade, percebe-se que, mesmo com grande irregularidade e muita precariedade, a sociedade reconheceu que num período chamado infância existia várias etapas relacionadas ao tempo de ser criança. 
O Congresso Nacional aprovou a Lei nº 4.024 de 20 de dezembro de 1961, que apresentava uma ampla reforma para a educação brasileira. No texto dessa lei, a criança de 0 a 6 anos de idade aparece como dona do direito a receber educação, especialmente em escolas maternais e nos jardins-de-infância.
[...] foi na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB Nº 9394/1996, que o termo Educação Infantil ganhou a forma mais favorável à criança pequena desde que existe legislação educacional no Brasil. ALDB declara que a Educação Infantil começa dos 0 aos 3 anos de idade para quem precisa estar numa creche, prosseguindo dos 3 aos 6 anos de idade como pré-escola, tornando-se a Educação Infantil, também, um ciclo de 6 anos de formação contínua e parte integrante, constituidora, da Educação Básica brasileira. (PROINFANTIL, p.28)
Com a saída das mulheres para o mercado de trabalho foi necessário a ampliação do ambiente escolar para suprir esta necessidade. De acordo com a LDB, a Educação Infantil é a primeira etapa da vida escolar da criança, tendo como finalidade o desenvolvimento da criança até os seis anos de idade. É uma fase global para o desenvolvimento da criança nos aspectos socioafetivo, cognitivo, psicomotor e psicológico, preparando-a para a aprendizagem de leitura e escrita na fase da alfabetização e a aquisição de habilidades e competências necessárias para a aprendizagem.
O ambiente escolar deve suprir as necessidades das crianças, dando suporte para crianças com necessidades especiais ou não, deficientes físicos, e isso devem acontecer em todos os ambientes, como: salas de aulas, banheiros, pátios, rampas, etc. A escola deve promover a inclusão social e isso significar proporcionar na criança acesso a um ambiente, onde ele seja capaz de esquecer das suas limitações, sendo capaz de desenvolver as atividades que as demais crianças.
A pouca exigência em termos de formação escolar também pode ser vista de outro lado, o lado heroico. Nesse sentido, tornar-se profissional de creches ou de instituições pré-escolares, em várias cidades, significou para muitas mulheres escapar de uma vida ainda mais miserável e encontrar no trabalho junto à chamada primeira infância um lugar, ainda que precário, no mundo do trabalho.
Ao longo dos últimos anos, pesquisas e estudos têm contribuído para ampliar o conhecimento a respeito das crianças, de suas necessidades, características, potenciais, formas de aprender e desenvolver-se. Portanto, é clara a relevância em se produzir um documento que explicite princípios e práticas de qualidade na Educação Infantil, como forma de inspirar e apoiar a formulação, a implementação e a avaliação de Políticas Públicas para as crianças, que garantam a qualidade de sua aprendizagem e seu desenvolvimento.
1.2- Construção de um ambiente favorável ao desenvolvimento infantil
A educação infantil é uma fase cheia de aprendizado, desenvolvimento e experiências. Nessa fase prepara-se a criança para a aprendizagem da leitura e escrita, e a aquisição dos pré-requisitos necessários para a referida aprendizagem, através do desenvolvimento global da criança nos aspectos sócio afetivos, cognitivos, psicomotores e psicológicos. 
Um ambiente propício ao bem-estar físico, mental e emocional de crianças planeja, organiza e fornece espaços, materiais, mobiliários e brinquedos que podem proporcionar experiências significativas para ampliar as potencialidades da criança e incentivar o brincar e a exploração. O ambiente oferece oportunidades para que as crianças participem ativamente de sua própria aprendizagem, para que elas adquiram e dominem novas habilidades, ganhem autoconfiança, autonomia e sentimento de pertencimento. (SEB, 2018, p. 62)
As escolas de educação infantil não foram designadas a substitutas maternais para mães ausentes, mas suplementar e ampliar o papel que, durante os primeiros anos da criança, que a mãe desempenha, sendo uma ampliação da família.
A sala de aula constitui um ambienteeducativo relevante, pois é lá que as crianças se encontram diariamente e compartilham suas experiências de aprendizagens e aprendem. É importante que as crianças possam desenvolver-se com segurança e confiança dentro da sala; por este motivo deve-se cuidar para que tanto o equipamento material como os recursos que estiverem à disposição do grupo estejam de acordo com suas características de desenvolvimento e aprendizagem, a fim de que possam ser manipulados e utilizados de forma autônoma por elas. (MENDEL, 2014, p.04)
A organização do ambiente educativo, tanto interno como externo, deverá promover a convivência das crianças entre si e com os adultos a cargo do processo educativo, favorecendo as interações positivas baseadas no respeito mútuo, na resolução pacífica de conflitos, na expressão e respeito pelos sentimentos próprios e dos demais, e no trabalho colaborativo. As normas, limites e regras que se utilizarão para organizar o grupo de crianças adquirem um valor educativo somente num contexto de afeto, respeito e clareza. 
As formas de interações entre as crianças e os adultos devem promover 	segurança, confiança garantindo assim sucesso no processo de ensino aprendizagem. Nesta etapa as crianças estão em início de construção do seu conhecimento, sendo seu professor a maior referência, a criança tentará imitar seus passos, assim as interações devem ser positivas para promover a mediação, favorecendo o papel ativo e protagônico diante da construção do conhecimento.
A sala de aula deve ser um local seguro, com boa iluminação, ventilação, higiene e funcionalidade. Com mobiliário e recursos de aprendizagem em bom estado de conservação, que possibilite o deslocamento para o desenvolvimento de diversas experiências de aprendizagem e formas de agrupar as crianças.
Além dos recursos físicos é necessário um ambiente acolhedor e significativo, capaz de auxiliar no desenvolvimento da criança. É imprescindível que as crianças possam participar de sua organização, dando ideias, participando da confecção dos recursos necessários, sendo protagonista da sua aprendizagem.
A partir do planejamento, o educador, junto à coordenação pedagógica, deverá decidir que disposição dará ao mobiliário, mesas, cadeiras e outros, como organizarão o grupo e como devem ser as interações para facilitar a mediação e favorecer a aprendizagem das crianças. Este aspecto é muito importante, já que o ambiente constitui o cenário em que se desenvolvem as experiências de aprendizagem e, caso não se planeje adequadamente, pode-se obstruir o desenvolvimento da criança. É importante que o educador atue com flexibilidade, realizando adaptações necessárias para oferecer experiências de aprendizagem pertinentes ao grupo de crianças. (MENDEL, 2014, p.5)
Ao organizar o ambiente educativo o professor deve cuidar para que exista um equilíbrio entre os núcleos de aprendizagem que favoreçam os recursos que servem para desenvolver diferentes experiências pedagógicas. Permitindo que as crianças exercitem suas aprendizagens em relação aos eixos de aprendizagem que lhes são difíceis. 
Uma ambientação adequada deve partir de recursos selecionados pelo educador com uma clara intenção pedagógica, facilitando o processo de aprendizagem. É importante que o ambiente tenha uma conotação educativa e não decorativa. Todos os recursos visuais devem localizar-se dentro do campo visual das crianças e á sua altura, de modo que possam interagir com eles. O ambiente não pode haver uma poluição visual, sem sobrecarregar com enfeites e ilustrações, se necessário o educador poderá ir realizando rodízios com os cartazes e enfeites de acordo com as atividades que irá desenvolver.
A sala de aula como ambiente estimulador, consiste em oferecer ao espaço educativo condições adequadas para que se desenvolva o processo de aprendizagem. Uma ambientação adequada, a partir de recursos selecionados pelo educador com uma clara intenção pedagógica, facilitando o processo de desenvolvimento infantil.
Os recursos visuais devem estar no campo visual das crianças, e a altura das mãos para manipulação dos recursos e interação com os mesmos. O ambiente não pode ser carregado ou poluído de enfeites e ilustrações, deve estar atento a qualidade. Os recursos devem renovar-se periodicamente, de acordo com o avanço do processo educativo, utilizando da construção do concreto com a participação das crianças, durante esse processo as mesmas deverão compreender a função do recurso que estão elaborando.
1.3 Avaliação na educação infantil
Considerar-se avaliação de crianças quando se seleciona criteriosamente os aspectos a serem avaliados, verificando se as estratégias escolhidas para avaliá-las são as mais adequadas para obtenção de elementos que possibilitem comparar avanços, analisar as intervenções realizadas, definindo o que é necessário para impulsionar a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças. 
Em nossa prática pedagógica, o conjunto dessas ações resulta no processo de avaliação da aprendizagem e do desenvolvimento das crianças. Entretanto, o uso de uma dessas ações isoladamente pode minimizar a ação educativa, impedindo sua transformação em prática refletida, intencional e comprometida com os sujeitos que aprendem e ensinam. (PROINFANTIL, p. 12)
Avaliar é um grande dilema enfrentado pelos professores da educação infantil, pois a avaliação de crianças na creche, pré-escola ou escola não se refere apenas ao processo de desenvolvimento da criança, mas também o trabalho desenvolvido pela instituição. 
Historicamente, a escola carrega denúncias sobre o uso indevido que faz da avaliação. Você já deve ter vivido experiências em que a avaliação na escola serviu como instrumento para separar os que sabiam dos que não sabiam, quem poderia prosseguir ou quem teria que repetir tudo o que deveria ter aprendido durante todo o ano. Deve se lembrar, também, do valor atribuído à prova como instrumento para manutenção da disciplina e classificação dos alunos em fracos, regulares, bons e ótimos. (PROINFANTIL, 12)
A ideia de avaliar para medir conhecimentos revela uma concepção de avaliação como verificadora do que se espera que seja aprendido, ou ainda, como medida de desempenho, o que pressupõe a seleção do que medir, das formas de mensuração e o que fazer com os resultados obtidos.
Nas perspectivas atuais, a avaliação analisa uma situação ou uma ação como ela é e o que pode ser feito para transformá-la, ou seja, o (a) professor (a) busca definir estratégias para diagnosticar o que as crianças sabem sobre determinado assunto e analisar os avanços alcançados por elas em determinado período.
A LDB traz, pelo menos, vinte e seis referências relativas à avaliação, estando elas relacionadas às instituições, aos alunos, aos docentes e ao processo educativo como um todo. Conforme o art. 31, da LDB. 
A avaliação na educação infantil deve basear-se na consignação e na análise da evolução da progressão da criança, não tendo, portanto, como objetivo a promoção/retenção em decorrência do alcance ou não de pré requisitos indicados como necessários para o acesso ao ensino fundamental (BRASIL, 1996).
Essa forma de avaliar inclui, ao invés de excluir em função de uma medida padrão, uma vez que não compara a criança com esse padrão, mas valoriza as suas conquistas, elevando sua autoestima. Nessa perspectiva, avaliar implica proceder a uma análise individualizada das aprendizagens das crianças, levando em consideração o processo, bem como os contextos em que elas se realizam.
Nenhuma ação humana é nula, qualquer progresso é válido. As ações são comandadas pelo individuo e suas concepções, tudo de forma intencional. Seguindo essa linha, conclui que a avaliação, no âmbito escolar, nunca é neutra, pois se sustenta nas concepções de criança, de educação, de cultura e de aprendizagem, que orientam o cotidiano das instituições. 
Partindo das conceituações anteriores, seguimos na perspectiva de uma abordagem avaliativa que se caracteriza por ser reflexiva e dialógica; participativa; negociada e democrática, que tem uma clarafinalidade formativa. A avaliação deve ser tratada e desenvolvida como constitutiva do processo educativo em sua amplitude, inserido no projeto político-pedagógico da instituição, não sendo tratada de forma isolada, independente (UFPR, 2015).
A avaliação é de grande importância para o desenvolvimento da crítica e da autocrítica do (a) professor (a) em relação ao seu planejamento e às suas formas de atuação. É também uma ação que propicia a análise do percurso e dos progressos das crianças, bem como das relações que se estabelecem entre os sujeitos envolvidos na ação educativa, incluindo a família.
É através de ações sistematizadas e integradas que podemos realizar a avaliação numa dimensão pedagógica, que promove na criança uma autoimagem positiva, pois valoriza suas atividades na instituição, sua convivência com os grupos de colegas e seus saberes.
 Nesse processo, os professores tem um papel fundamental de provocadores, aqueles que estão atentos às condições e capacidades das crianças e procurar conhecê-las cada vez mais, à medida que a incentiva a buscar novas aprendizagens, desafiando-a constantemente e valorizando os seus avanços.
CAPÍTULO II- A EDUCAÇÃO INFANTIL DENTRO DA BNCC: RESPEITO À CRIANÇA E SUAS EXPERIÊNCIAS
Essa organização curricular se constitui numa perspectiva didática de apresentação dos conhecimentos para o professor visualizar de forma mais clara as possibilidades de trabalho com as crianças e planejar atividades culturalmente significativas, projetos didáticos, temáticos, investigativos de trabalho que expressem a intencionalidade da ação pedagógica proposta e desenvolvida. 
A criança aprende a partir das diferentes dimensões que a compõe, expressivo-motora, afetiva, linguística, ética, estética e sociocultural (BRASIL, 2009), ou seja, aprende a partir de todas as suas capacidades, mobilizando, ao mesmo tempo, numa única ação pedagógica, variados saberes e conhecimentos. Por isso, a criança não produz e se apropria de sentidos, saberes e conhecimentos de forma isolada ou fragmentada. 
Assim, os direitos de aprendizagens e desenvolvimento, os campos de experiências e seus respectivos objetivos são materializados no cotidiano da instituição educacional, numa perspectiva intercomplementar e de interrelação entre os campos, a partir da organização de contextos de aprendizagens, que consistem no planejamento de tempos, espaços, materiais, interações e mediações, indo para além da elaboração e da preparação da atividade.
2.1 Proposta da BNCC para a educação infantil
A proposta para a educação infantil apresentada na BNCC aos educadores e gestores das escolas de todo o país, asseguram que as crianças aprendam em situações em que sejam protagonistas, desempenhando um papel ativo, dentro de um ambiente que as convidem a vivenciar desafios e sejam motivadas e provocadas a resolvê-los, construindo uma aprendizagem significativa sobre si, o outro e o mundo social no qual estão inseridas. A fim de garantir os eixos estruturantes das práticas pedagógicas, foram propostos seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento a essa fase escolar.
Nas últimas décadas, vem se consolidando, na Educação Infantil, a concepção que vincula educar e cuidar, entendendo o cuidado como algo indissociável do processo educativo. Nesse contexto, as creches e pré-escolas, ao acolher as vivências e os conhecimentos construídos pelas crianças no ambiente da família e no contexto de sua comunidade, e articulá-los em suas propostas pedagógicas, têm o objetivo de ampliar o universo de experiências, conhecimentos e habilidades dessas crianças, diversificando e consolidando novas aprendizagens, atuando de maneira complementar à educação familiar – especialmente quando se trata da educação dos bebês e das crianças bem pequenas, que envolve aprendizagens muito próximas aos dois contextos (familiar e escolar), como a socialização, a autonomia e a comunicação. (MEC, 2017, p. 36)
Os direitos estabelecidos para a Educação Infantil na BNCC (BRASIL, 2017) foram definidos a partir das DCNEI (BRASIL, 2009) na consideração de três aspectos: 
a. o reconhecimento das especificidades das crianças quanto aos seus modos próprios de interagir, conhecer, aprender e desenvolver; 
b. a construção identitária das crianças relacionada à necessidade de constituição de novas formas de sociabilidade e de subjetividade; 
c. os eixos do currículo, as interações e as brincadeiras, estruturantes da prática pedagógica.
Segundo a BNCC (2017) a escola precisa garantir os seis direitos de desenvolvimento e aprendizagem às crianças, que são: 
· Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas. 
· Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais. 
· Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando. 
· Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia. 
· Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens. 
· Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário.
Ao colocar a criança no centro da aprendizagem, sendo protagonista, construindo seu conhecimento através da observação, questionamento, hipóteses, interação dentro e fora do ambiente, o educador precisar estar atento e mediar intencionalidade educativa as práticas pedagógicas na educação infantil, não se pode confundir protagonismo com falta de direcionamento pedagógico.
Essa intencionalidade consiste na organização e proposição, pelo educador, de experiências que permitam às crianças conhecer a si e ao outro e de conhecer e compreender as relações com a natureza, com a cultura e com a produção científica, que se traduzem nas práticas de cuidados pessoais (alimentar-se, vestir-se, higienizar-se), nas brincadeiras, nas experimentações com materiais variados, na aproximação com a literatura e no encontro com as pessoas. (MEC, 2017, p. 39)
O trabalho do educador se concentra quase que metade, no planejamento do dia. É necessária a reflexão, seleção de material e organização do mesmo, planejamento e mediação. Posteriormente em sala de aula deverá colocar em prática, mediando e monitorando o conjunto de práticas e ações desenvolvidas e as interações do grupo, além de garantir a pluralidade de situações que promovam o desenvolvimento integral das crianças.
O acompanhamento individual e coletivo das crianças, seus avanços, conquistas e potenciais possibilidades de aprendizagem, fazem parte do processo de avaliação da educação infantil, sendo necessário que seja realizada através de diversos registros, indo desde o traçado de um desenho a portfólios e relatórios. 
Através de um acompanhamento observador e reflexivo é possível evidenciar a progressão ocorrida durante o ano letivo no grupo, mas sem intenção de seleção, promoçãoou rótulos. A avaliação na educação infantil possibilita a reunião dos elementos necessários para organização do espaço, tempo e situações que garantam dos direitos de aprendizagem das crianças e que leve o professor a uma avaliação do seu trabalho e as possibilidades de experiências que apresentou aos seus alunos.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998, Vol. 1), educar é também preocupar-se com atividades que possam contribuir para o desenvolvimento de capacidades, tendo consciência da realidade na qual está inserida. É importante ressaltar que as diretrizes legais estabelecidas para a educação infantil nas ultimas décadas, nos guiam da seguinte forma: “a prática de avaliar na educação infantil não pode ocorre em caráter de aprovação ou reprovação das crianças. [...] Deve ser feita sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso do ensino fundamental” (LBD nº. 9.394/96).
A avaliação envolve observação sensível do aluno, pois entre os princípios da avaliação está à coleta de dados para o planejamento das propostas pedagógicas e sua relação com todos os elementos que proporcionam uma ação educativa. O olhar avaliativo é o modo que o professor tem na educação infantil de explorar constantemente o mundo da criança, tendo em vista que, observar e compreender o desenvolvimento infantil e suas etapas é fundamental para que o professor possa desenvolver o trabalho pedagógico.
2.2 Campos de experiências 
Dentro da educação infantil o conhecimento não é fragmentado em componentes curriculares, ou disciplinas, como nas demais modalidades de ensino. Baseados no que dispõem as DCNEI, em relação aos conhecimentos e saberes fundamentais a serem propiciadas as crianças e associados as suas experiências diárias, foram criados os campos de experiências.
Considerando que, na Educação Infantil, as aprendizagens e o desenvolvimento das crianças têm como eixos estruturantes as interações e a brincadeira, assegurando-lhes os direitos de conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se, a organização curricular da Educação Infantil na BNCC está estruturada em cinco campos de experiências, no âmbito dos quais são definidos os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento. Os campos de experiências constituem um arranjo curricular que acolhe as situações e as experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural. (MEC, 2017, p. 40)
Esses campos de experiências, por um lado, resguardam uma relação com as áreas do conhecimento e seus objetos de estudo, estrutura das demais etapas da Educação Básica, na perspectiva de articulação e continuidade na formação dos sujeitos. Por outro, concebem o trabalho com os conhecimentos do patrimônio da humanidade, artísticos, culturais, ambientais, científicos e tecnológicos (BRASIL, 2009) numa perspectiva aberta e flexível, de forma articulada às práticas sociais, à cultura, às interações e aos encontros entre os sujeitos, num tempo e espaço de vida comum entre crianças e adultos.
 Assim, cada campo é composto por um conjunto específico de sentidos, saberes e conhecimentos de diferentes naturezas, agrupados por afinidades, semelhanças e aproximações, que se desdobram em objetivos de aprendizagens e desenvolvimento. Contudo, os campos de experiências são concebidos numa perspectiva intercomplementar, em que, numa mesma ação pedagógica proposta às crianças, dois, três ou mais campos se fazem presentes e são trabalhados ao mesmo tempo.
De acordo com a BNCC (2017) os campos de experiência e suas definições são:
· O eu, o outro e o nós – É na interação com os pares e com adultos que as crianças vão constituindo um modo próprio de agir, sentir e pensar e vão descobrindo que existem outros modos de vida, pessoas diferentes, com outros pontos de vista. Conforme vivem suas primeiras experiências sociais (na família, na instituição escolar, na coletividade), constroem percepções e questionamentos sobre si e sobre os outros, diferenciando-se e, simultaneamente, identificando-se como seres individuais e sociais. Ao mesmo tempo que participam de relações sociais e de cuidados pessoais, as crianças constroem sua autonomia e senso de autocuidado, de reciprocidade e de interdependência com o meio. Por sua vez, na Educação Infantil, é preciso criar oportunidades para que as crianças entrem em contato com outros grupos sociais e culturais, outros modos de vida, diferentes atitudes, técnicas e rituais de cuidados pessoais e do grupo, costumes, celebrações e narrativas. Nessas experiências, elas podem ampliar o modo de perceber a si mesmas e ao outro, valorizar sua identidade, respeitar os outros e reconhecer as diferenças que nos constituem como seres humanos.
· Corpo, gestos e movimentos – Com o corpo (por meio dos sentidos, gestos, movimentos impulsivos ou intencionais, coordenados ou espontâneos), as crianças, desde cedo, exploram o mundo, o espaço e os objetos do seu entorno, estabelecem relações, expressam- -se, brincam e produzem conhecimentos sobre si, sobre o outro, sobre o universo social e cultural, tornando-se, progressivamente, conscientes dessa corporeidade. Por meio das diferentes linguagens, como a música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz de conta, elas se comunicam e se expressam no entrelaçamento entre corpo, emoção e linguagem. As crianças conhecem e reconhecem as sensações e funções de seu corpo e, com seus gestos e movimentos, identificam suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo, ao mesmo tempo, a consciência sobre o que é seguro e o que pode ser um risco à sua integridade física. Na Educação Infantil, o corpo das crianças ganha centralidade, pois ele é o partícipe privilegiado das práticas pedagógicas de cuidado físico, orientadas para a emancipação e a liberdade, e não para a submissão. Assim, a instituição escolar precisa promover oportunidades ricas para que as crianças possam, sempre animadas pelo espírito lúdico e na interação com seus pares, explorar e vivenciar um amplo repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo, para descobrir variados modos de ocupação e uso do espaço com o corpo (tais como sentar com apoio, rastejar, engatinhar, escorregar, caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas, saltar, escalar, equilibrar-se, correr, dar cambalhotas, alongar-se etc.). 
· Traços, sons, cores e formas – Conviver com diferentes manifestações artísticas, culturais e científicas, locais e universais, no cotidiano da instituição escolar, possibilita às crianças, por meio de experiências diversificadas, vivenciar diversas formas de expressão e linguagens, como as artes visuais (pintura, modelagem, colagem, fotografia etc.), a música, o teatro, a dança e o audiovisual, entre outras. Com base nessas experiências, elas se expressam por várias linguagens, criando suas próprias produções artísticas ou culturais, exercitando a autoria (coletiva e individual) com sons, traços, gestos, danças, mímicas, encenações, canções, desenhos, modelagens, manipulação de diversos materiais e de recursos tecnológicos. Essas experiências contribuem para que, desde muito pequenas, as crianças desenvolvam senso estético e crítico, o conhecimento de si mesmas, dos outros e da realidade que as cerca. Portanto, a Educação Infantil precisa promover a participação das crianças em tempos e espaços para a produção, manifestação e apreciação artística, de modo a favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da criatividade e da expressão pessoal das crianças, permitindo que se apropriem e reconfigurem, permanentemente, a cultura e potencializem suas singularidades, ao ampliar repertórios e interpretar suas experiências e vivências artísticas. 
· Escuta, fala, pensamento e imaginação – Desde o nascimento, as crianças participam de situações comunicativas cotidianas com as pessoas com as quais interagem. As primeiras formas de interação do bebê são os movimentos do seu corpo, o olhar, a postura corporal, o sorriso, o choro eoutros recursos vocais, que ganham sentido com a interpretação do outro. Progressivamente, as crianças vão ampliando e enriquecendo seu vocabulário e demais recursos de expressão e de compreensão, apropriando-se da língua materna – que se torna, pouco a pouco, seu veículo privilegiado de interação. Na Educação Infantil, é importante promover experiências nas quais as crianças possam falar e ouvir, potencializando sua participação na cultura oral, pois é na escuta de histórias, na participação em conversas, nas descrições, nas narrativas elaboradas individualmente ou em grupo e nas implicações com as múltiplas linguagens que a criança se constitui ativamente como sujeito singular e pertencente a um grupo social. Desde cedo, a criança manifesta curiosidade com relação à cultura escrita: ao ouvir e acompanhar a leitura de textos, ao observar os muitos textos que circulam no contexto familiar, comunitário e escolar, ela vai construindo sua concepção de língua escrita, reconhecendo diferentes usos sociais da escrita, dos gêneros, suportes e portadores. Na Educação Infantil, a imersão na cultura escrita deve partir do que as crianças conhecem e das curiosidades que deixam transparecer. As experiências com a literatura infantil, propostas pelo educador, mediador entre os textos e as crianças, contribuem para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo. Além disso, o contato com histórias, contos, fábulas, poemas, cordéis etc. propicia a familiaridade com livros, com diferentes gêneros literários, a diferenciação entre ilustrações e escrita, a aprendizagem da direção da escrita e as formas corretas de manipulação de livros. Nesse convívio com textos escritos, as crianças vão construindo hipóteses sobre a escrita que se revelam, inicialmente, em rabiscos e garatujas e, à medida que vão conhecendo letras, em escritas espontâneas, não convencionais, mas já indicativas da compreensão da escrita como sistema de representação da língua.
· Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações – As crianças vivem inseridas em espaços e tempos de diferentes dimensões, em um mundo constituído de fenômenos naturais e socioculturais. Desde muito pequenas, elas procuram se situar em diversos espaços (rua, bairro, cidade etc.) e tempos (dia e noite; hoje, ontem e amanhã etc.). Demonstram também curiosidade sobre o mundo físico (seu próprio corpo, os fenômenos atmosféricos, os animais, as plantas, as transformações da natureza, os diferentes tipos de materiais e as possibilidades de sua manipulação etc.) e o mundo sociocultural (as relações de parentesco e sociais entre as pessoas que conhece; como vivem e em que trabalham essas pessoas; quais suas tradições e seus costumes; a diversidade entre elas etc.). Além disso, nessas experiências e em muitas outras, as crianças também se deparam, frequentemente, com conhecimentos matemáticos (contagem, ordenação, relações entre quantidades, dimensões, medidas, comparação de pesos e de comprimentos, avaliação de distâncias, reconhecimento de formas geométricas, conhecimento e reconhecimento de numerais cardinais e ordinais etc.) que igualmente aguçam a curiosidade. Portanto, a Educação Infantil precisa promover experiências nas quais as crianças possam fazer observações, manipular objetos, investigar e explorar seu entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de informação para buscar respostas às suas curiosidades e indagações. Assim, a instituição escolar está criando oportunidades para que as crianças ampliem seus conhecimentos do mundo físico e sociocultural e possam utilizá-los em seu cotidiano.
CAPÍTULO III- ELABORAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM E DO DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS
A avaliação na Educação Infantil ainda é um tema complexo, por ter na atualidade, como principal função, numa concepção contínua e formativa, elucidar a ação pedagógica desenvolvida na instituição educacional, bem como apresentar para as famílias e para a comunidade em geral, como a criança, desde bebê, aprende e se desenvolve.
 A avaliação nesse período da vida, demanda observação, múltiplos registros e análises sistemáticas pelo professor, tanto das aprendizagens da turma quanto da criança individualmente. Isso se torna mais exigente porque, em sua maioria, os professores não vivenciaram esse processo enquanto estudantes da Educação Básica e nem no processo de formação inicial, uma vez que se tem no país, historicamente, práticas avaliativas classificatórias e de retenção.
Somente linguagem escrita não consegue elucidar e tornar visível para o professor e para as famílias e/ou responsáveis, as variadas interações estabelecidas pela criança na instituição educacional e, consequentemente, as aprendizagens que ali ocorrem. 
Assim, a utilização de múltiplos registros, como: fotografias, vídeos, áudios, imagens, desenhos, cartazes, anotações de falas etc. Consiste na possibilidade do professor capturar na complexidade do dia a dia, cenas, fragmentos do cotidiano, que expressam a singularidade dos processos de aprendizagens e desenvolvimento de cada criança num espaço coletivo.
3.1 A importância do acompanhamento familiar no desenvolvimento infantil
O desenvolvimento da criança está relacionado tanto com as suas condições biológicas quanto com as condições proporcionadas pelo contexto social e cultural em que ela vive. Dessa forma, são com os pais e demais integrantes da família, sejam eles adultos ou crianças, que ela vai interagir, iniciando seu processo de socialização e construindo suas primeiras representações sobre o mundo. A família constitui-se, assim, na primeira fonte de informações sobre o mundo e referência de socialização.
Quando a criança inicia sua vida escolar, é importante ter consciência que a mesma já traz consigo uma bagagem de experiências e conhecimentos oriundos da interação com seu meio familiar. Esse fator não pode ser ignorando dentro do processo de desenvolvimento infantil, dessa forma, o professor precisa conhecer e respeitar as experiências já vivenciadas pela criança, e a partir desse ponto definir parâmetros, analisar e acompanhar o desenvolvimento infantil. 
Independente da sua origem, cultura e bagagem de conhecimento adquirido antes de ir para a escola, estudos apontam que as crianças têm o mesmo potencial de aprendizagem, cabe ao professor depositar todas as suas expectativas no grupo em que estar à frente, utilizando de diversas formas de práticas num mesmo contexto para que todas as crianças sejam capazes de construir seu conhecimento. É importante transparecer as crianças o afeto e a aprovação durante o processo, nessa etapa o carinho é essencial, pois a relação entre a criança e seu mediador deve haver empatia.
A parceria com a família é indispensável para o desenvolvimento e o aprendizado da criança, sendo que o âmbito familiar e o institucional complementam-se em suas especificidades e em sua participação. Os Professores, profissionais de apoio de Educação Infantil e familiares ou responsáveis devem estabelecer relações harmoniosas e pautadas no respeito mútuo e na valorização da identidade de cada agrupamento familiar e da criança. A Instituição de Educação Infantil e as famílias têm papéis complementares na formação integral da criança, por isso devem estabelecer relações de cooperação e troca de experiências e conhecimentos, tendo sempre em vista compreender mais detalhadamente a criança e pensar em estratégias para potencializar sua aprendizagem e desenvolvimento. (SEB, 2018, p. 55)
Ao realizar momentos de diálogos, como rodas de conversas, as próprias crianças irão realizar relatos sobre a sua vida familiar. Quando o professor propõe atividades de registros que envolvam a família, pode conhecer o modo de vida, seus valores e cultura, podendo interferir positivamente na rotina familiar.
Se, por um lado, a participação das famílias é importante para o trabalho desenvolvido nas creches, pré-escolas e escolas onde funcionam turmas de EducaçãoInfantil, por outro, incentivando a participação dos pais no desenvolvimento da ação educativa, as creches, escolas ou pré-escolas que possuem turmas de Educação Infantil podem também favorecer a ação dos familiares sobre as crianças, uma vez que eles poderão conhecer melhor os aspectos do desenvolvimento infantil, aprender a reforçar as ações da instituição que são por eles aprovadas e descobrir que, também em casa, podem preparar ambientes favorecedores do desenvolvimento das crianças, a exemplo da instituição. (MEC, 2006, p. 28)
A aproximação da família as atividades escolares são fundamentais para o desenvolvimento infantil, esses encontros favorecem a formação dos pais e responsáveis, conhecendo as propostas pedagógicas e sua relevância para essa fase, poderão estar mais empenhados e buscarem melhores formas de atingirem os objetivos educacionais junto à escola.
Os encontros e reuniões pedagógicas coletivas e individuais são necessários dentro do processo educativo do ano letivo, nesse momento professores, pais e demais profissionais da instituição podem definir e discutir sobre os objetivos educacionais. 
É importante que a família e a escola unam forças para favorecer o desenvolvimento e a construção da autonomia pela criança. Algumas famílias não possuem a mesma disponibilidade de interação na rotina da escola, porém juntos podem enfrentar os conflitos com tranquilidade e visando o melhor para a criança. 
A participação da família é fundamental, pois é direito e dever dos pais acompanhar o processo vivido pelos filhos, dialogar com a escola, assumir o que lhe é de responsabilidade. A avaliação na educação infantil é destinada a todos os envolvidos com a criança, tanto os educadores, pais e até mesmo a própria criança, pois se beneficia com a prática da avaliação. Desta forma o professor vai construir com essa família um conjunto de ações que serão utilizadas em prol do desenvolvimento cognitivo da criança. 
3.2 O quê e como avaliar na educação infantil?
Esse novo sistema educacional exige educadores melhor preparados e mais flexíveis no sentido de perceber e atender às particularidades de seus alunos. É preciso observar que embora pareça algo assustador e muito diferente da prática convencional, importantes teóricos da educação infantil reconhecem a influência dos fatores emocionais e enfatizam sua importância no processo de desenvolvimento cognitivo.
A avaliação na educação infantil se refere àquela feita internamente no processo educativo, focada nas crianças enquanto sujeitos e coautoras de seu desenvolvimento. Seu âmbito é o microambiente, o acontecer pedagógico e o efeito que gera sobre as crianças. Ela é feita pelo mediador, pelas pessoas que interagem com ela no cotidiano e pelas próprias crianças. 
As atividades, as experiências, as interações e os relacionamentos que a criança vivencia em seu processo de aprendizagem e desenvolvimento devem ser o foco de toda a atenção e prática das Instituições e profissionais de Educação Infantil. Instituições e profissionais de Educação Infantil precisam reconhecer a criança em sua individualidade, respeitando suas diferenças, preferências, singularidades e entendendo-as como membros ativos e participantes da construção do seu aprendizado. Também precisam trabalhar em articulação e parceria com as famílias e responsáveis das crianças, estabelecendo ações complementares de educação e cuidado. (SEB, 2018, p. 48)
A avaliação da educação infantil toma esse fenômeno sociocultural. A educação nos primeiros cinco anos de vida em estabelecimentos próprios, com intencionalidade educacional, configurada num projeto político-pedagógico ou numa proposta pedagógica, visando a responder se atende à sua finalidade, a seus objetivos e às diretrizes que definem sua identidade.
A avaliação da aprendizagem é competência da escola. Como previsto no art. 31 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei número 9.394/96), na Seção II, Da Educação Infantil, “a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental”. 
Portanto, tem como referência os objetivos estabelecidos no projeto pedagógico da instituição e não deve assumir finalidades seletivas e classificatórias. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (Resolução CNE/CEB número 05/2009) explicitam que as creches e pré-escolas devem planejar formas de avaliação que contemplem o acompanhamento do trabalho pedagógico e a avaliação do desenvolvimento da criança.
Em função da complexidade dos processos de ensinar e aprender, não é possível estabelecer ações predeterminadas de avaliação das crianças, relacionadas em uma listagem de comportamentos e de aprendizagens. Isso é impossível, uma vez que na Educação Infantil a observação do desenvolvimento cotidiano da criança é o principal instrumento de avaliação. 
A observação deve ser sustentada por conhecimentos sobre o desenvolvimento infantil e orientada por metas e objetivos claros, definidos na proposta pedagógica da instituição e concretizados na prática educativa. É importante ressaltar que esses objetivos devem, necessariamente, levar em conta todos os aspectos do desenvolvimento da criança.
Além da observação, o registro é, também, um grande instrumento no processo de avaliação das crianças, dos professores e de seu trabalho e da instituição. O registro pode acontecer através de diferentes instrumentos, como, por exemplo: fotografias, portfólios, relatórios diários e gerais, desenhos, avaliação do dia pelas crianças, dentre outros. O importante é pensar no significado dos registros e como eles podem apontar caminhos para melhor conhecer e acompanhar o desenvolvimento das crianças. 
Quando o educador faz o registro de suas observações, pensando no que registrar e analisar aquilo que observou. A escrita é uma das formas privilegiadas de representação da nossa realidade, obrigando a reorganização do pensamento e estimulando a reflexão sobre o que está sendo representado. 
O registro também é importante como documentação da história/processo do trabalho e do desenvolvimento da criança. Os registros escritos podem ser feitos com a participação das crianças, contribuindo para que elas percebam essa importante função da escrita, mesmo antes de saberem escrever. 
Segundo o caderno do Proinfantil, algumas das situações abaixo favorecem os registros de avaliação das crianças do cotidiano do trabalho docente.
· As produções das crianças: são instrumentos importantes para o acompanhamento do desenvolvimento das crianças. Todos os tipos de produções (desenhos, registros escritos, elaborações artísticas, entre outros) devem ser apreciados e analisados pelos (as) professores (as) com cuidado, pois, através deles, tem-se a possibilidade de acompanhar a trajetória das crianças, como podemos perceber no relato que apresentamos no quadro anterior. 
· As produções dos (as) professores (as): são recursos fundamentais para a análise do cotidiano do grupo de crianças e para a revisão das práticas educativas. Nesses instrumentos (planejamentos das aulas, relatórios, instrumentos de avaliação, propostas de atividades para as crianças e outros) podem ser encontradas informações reveladoras dos avanços do trabalho pedagógico desenvolvido com o grupo e, principalmente, das expectativas dos (as) professores (as).
· As atividades em grupos: podemos, através da observação do comportamento das crianças e de suas reações frente aos desafios da convivência com outras crianças, analisar os modos de interagir e as necessidades de intervenções nas atividades coletivas, visando o desenvolvimento das crianças em seus diferentes aspectos. 
· As brincadeiras das crianças: as diferentes formas de brincar que as crianças buscam diariamente são momentos fundamentais para a observação sistemática do (a) professor(a). 
· Individual ou coletivamente, as crianças, durante as brincadeiras, revelam modos de ver, compreender, sentir e representar a realidade e nos fornecem importantessubsídios para compreender o seu desenvolvimento. Possibilitam, também, pensar em atividades, propostas e formas de organização dos espaços e tempos institucionais que favoreçam suas manifestações e representações. 
· As atividades individuais das crianças: de um modo geral, todas as atividades que as crianças realizam individualmente são fundamentais para a compreensão e o acompanhamento do seu desenvolvimento. Em diferentes momentos (atividades de movimento, atividades de higiene e alimentação, representações, escolhas de objetos, formas de interação com os adultos e com as outras crianças) é possível ao (à) professor (a) observar, registrar e analisar o comportamento delas.
Essas são algumas possibilidades que o ambiente institucional oferece aos professores para que possam investigar as potencialidades e desenvolvimento das crianças e promover reflexão sobre intervenções necessárias para o desenvolvimento infantil.
3.3 Construção de registro de acompanhamento e relatórios de avaliação 
Os registros vão além de uma prestação de contas aos pais ou gestores. Os escritos servem para organizar, sistematizar as observações sobre as crianças e ampliar a visão sobre o desenvolvimento do grupo e as práticas docentes. 
Manter os registros atualizados é uma tarefa difícil, porém necessária dentro da rotina da educação infantil. Em uma turma de ensino fundamental conhecimento é medido através de provas escritas, que medem o valor do conhecimento do aluno, realizando uma tabulação quantitativa.
Registrar o que foi vivido pela criança é muito importante, pois assim podemos acompanhar suas conquistas e seus avanços. É importante termos em vista que não podemos nos basear apenas em nossa memória; ela muitas vezes falha. Se não registramos nossas experiências, corremos o risco de esquecer detalhes preciosos! Além disso, o registro nos permite refletir com maior profundidade, uma vez que a linguagem escrita, segundo Vygotsky, é mais reflexiva do que a oral. (MEC, 2006, p. 44)
O professor poderá adotar um caderno de registros, desenvolvendo o hábito de escrever, assim poderá realizar anotações diárias ou sempre que possível as observações sobre as crianças, ou algum comportamento ou desenvolvimento diferente dos demais do grupo. É necessário estar atento ao que a criança consegue realizar nas mais diversas atividades, seus avanços e objetivos alcançados.
As observações não devem ser realizadas somente em atividades de registro, todos os momentos são experiências que resultam em aprendizagem e avanço infantil, por isso as brincadeiras, refeições, higiene, rodas de conversas precisam ser analisados e registrados.
As diferenças entre as crianças devem ser entendidas como normais, nunca desvantajosas. Cada criança é um ser único que possui uma história e diferentes vivências. São incomparáveis e possuem seu próprio ritmo e suas marcas culturais. Desse modo, o desenvolvimento da criança é complexo e só pode ser entendido se levarmos em conta as múltiplas influências que concorrem na vida de cada uma delas. É claro que não podemos anotar algo sobre todas as crianças todos os dias. Bem sabemos quantas demandas temos diariamente! No entanto, vale a pena ter sempre seu caderno de anotações por perto para registrar uma fala da criança que chamou a atenção, uma pergunta curiosa, um comportamento que merece destaque, a forma como a criança toma parte das atividades cotidianas, seus parceiros mais constantes, o modo como ela resolve seus impasses, como se expressa. Assim, num momento oportuno, quando você tiver mais tempo para investir no seu registro, mais será possível retomar aquelas anotações e ampliá-las. (MEC, 2006, p.45)
Através das anotações forma-se um documento individual da criança, apresentando elementos para o educador refletir e intervir no desenvolvimento de habilidades necessárias para o desenvolvimento infantil. Esses registros são, portanto, instrumento de reflexão para o professor permitindo uma visão mais clara, objetiva e detalhada das crianças com as quais divide a sua rotina diária.
Os registros possibilitam e facilitam a construção dos relatórios de avaliação, podendo estes ser bimestrais ou semestrais, trazendo a visão do desenvolvimento da criança por um período determinado. Neles, é possível o registro do desenvolvimento global e amplo, acompanhando as mudanças, conquistas, descobertas e os aspectos relativos ao conhecimento de mundo adquirido pelas crianças durante o processo educativo.
O docente precisa definir de forma clara os objetivos a serem alcançados durante o ano letivo. Se estiverem bem traçados e definidos poderá observar as crianças e refletir se estão atingindo o que foi almejado. 
O planejamento é de extrema importância para organizar e distribuir as práticas pedagógicas do educador, sendo necessário o apoio de mediação do coordenador pedagógico. É importante que o professor seja flexível, capaz de realizar adaptações na sala de aula, oferecendo experiências de aprendizagens pertinentes ao grupo de crianças. As aulas devem acontecer de maneira dinâmica, com o objetivo de construção para conseguir a atenção e participação das crianças.
Assim, sempre que avaliamos e registramos algo, baseamo-nos em nossas metas e em nossos objetivos, naquilo que consideramos relevante observar e nas concepções de criança – o que é criança para nós –, de desenvolvimento – como entendemos que ela se desenvolve – e de aprendizagem – como pensamos que ela aprende –, que orientam nossa prática. Nesse aspecto precisamos nos deter um pouco. O que queremos com o nosso trabalho com a criança de 0 a 6 anos? Quais os nossos objetivos? Avaliamos as crianças em função delas; portanto, é preciso ter claro quais são. (MEC, 2006, p. 48)
A educação infantil é a porta de entrada a educação formal, faz parte da educação básica e é um direito da criança, assim família, escola e Estado assumi o compromisso de um projeto educativo de qualidade. A prática educacional precisa ser bem estruturada, que permita a ação de avaliar a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças. 
Além do conhecimento das teorias de aprendizagem sobre o desenvolvimento infantil, e a forma como constroem conhecimentos, é necessário o compromisso em basear a prática do dia a dia em um projeto educativo ou uma proposta pedagógica. 
3.4 Portfólios como instrumento de registro da trajetória de aprendizagem das crianças
No dicionário Aurélio, a expressão “porta-fólio” significa pasta de cartão usada para guardar papéis, desenhos, estampas. Os portfólios são utilizados por artistas plásticos como uma coleção de seus trabalhos mais significativos. Atualmente têm sido utilizados também no âmbito escolar a partir da adoção de novas práticas de avaliação que têm como objetivo acompanhar os processos de aprendizagem vividos pelos educandos.
O uso de portfólios tem sido adotado com grande frequência pelos docentes e instituições de ensino da educação infantil. Os registros organizados dessa forma permitem o registro das experiências vividas pelo grupo e pelas crianças ao longo do desenvolvimento dos projetos. Esse recurso possibilita a reunião de diferentes produções em momentos diversos, construindo uma linha do tempo, possibilitando a comparação dos avanços de desenvolvimento da criança.
No portfólio, valorizam-se todas as etapas do projeto, mesmo inacabadas, e, do mesmo modo, as impressões, opiniões, sentimentos e questionamentos das crianças. Além desses registros diários, o(a) professor(a) pode também guardar, por exemplo, algumas atividades das crianças para depois perceber as diferenças entre seus desenhos/pinturas/modelagens em momentos distintos. Isso pode ser feito numa pasta de plástico, por exemplo, ou num fichário. Poderá, também, caso haja recursos, fotografar, filmar, gravar conversas ao longo do ano. Assim, após algum tempo será possível identificar as mudanças na maneira de se expressar, se relacionar, enfim, de agir das crianças. Todo esse material vai constituindo um portfólio individual das crianças. Vale lembrar que esses registros e materiaisque estamos citando são úteis não apenas para a avaliação, você pode também trabalhar com eles diariamente, expondo-os na sala de atividades, mostrando-os para as crianças em uma roda de troca e conversa etc. É muito importante que a produção da criança tenha visibilidade, isso faz com que ela se sinta valorizada, reconhecendo-se como parte do grupo e como alguém cuja produção tem lugar de destaque. (MEC, 2006, p. 64)
Este recurso dá visibilidade á produção realizada pelos alunos, despertando o sentimento de valorização do seu trabalho. Constitui-se num instrumento de troca, comunicação, memória, favorecendo a experiência de conviver na sala de aula. Pode, ainda, ser um interessante instrumento de parceria com as famílias. Assim, os familiares podem tanto acompanhar o trabalho do grupo através do que foi ali registrado e coletado quanto podem se envolver na sua elaboração ou avaliação.
Segundo Shores & Grace (2001), existem três tipos de portfólio: 
Portfólio particular: são anotações específicas da criança, tais como históricos médicos, telefones de contato com a família, registros de conversas ente o docente e as famílias, enfim, informações importantes que muitas vezes são confidenciais. 
Portfólio de aprendizagem: são as anotações da criança e do professor, as produções das crianças, amostras de seus trabalhos, enfim, o acervo de trabalhos realizados pela criança. 
Portfólio demonstrativo: nele, os avanços importantes ou problemas ocorridos são registrados. São os relatórios construídos professor. É importante a participação dos pais nesses portfólios: à medida que apresenta os relatórios às famílias, discute-se com elas suas impressões sobre as crianças. 
A avaliação se norteia pelas concepções de criança e professor sobre educação. Não se caracterizando como sentença definitiva o que foi registrado, afinal a educação infantil é um processo. O objetivo central é avaliar o entendimento sobre as crianças, a prática pedagógica e o desenvolvimento individual e coletivo, reunindo recursos para subsidiar e integrar o trabalho docente durante o ano letivo. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Compreende-se através dos resultados obtidos na pesquisa, que os profissionais de educação infantil precisam estudar e compreender os documentos que norteiam os direitos de aprendizagem da educação infantil. Somente através de formação continuada constante os educadores terão embasamento para avaliar seu aluno e a sua prática docente.
Na educação infantil a construção de conhecimentos e mediação deve fundamentar-se numa proposta concreta, enfatizando assim o trabalho com projetos, pois através de materiais concretos que embasem a compreensão e a linguagem do sujeito. 
O projeto votado a prática educativa visa a conscientização do educando, assumindo uma postura de problematização, a partir desse ponto professor e alunos coletivamente e individualmente através das metodologias propostas pelo mediador buscam soluções aos problemas apresentados incialmente. Durante a realização trabalham de forma interdisciplinar enfocando os assuntos que serão trabalhados com uma visão única, que é a informação para a construção do ensino aprendizagem.
Precisa-se construir uma educação voltada ao protagonismo infantil, possibilitando que a mesma alcance ao máximo o desenvolvimento humano. A criança carece aprender a lidar com objetos e instrumentos, se relacionar com os colegas, compreender diferentes formas de linguagem, respeitar costumes e regras distintas de diversos grupos, se comunicar e ser entendida, ouvir e respeitar outras ideias, investigar na busca por respostas, realizar questionamentos coerentes. Para que esse desenvolvimento seja possível é necessário pensar em atividades integradas, não fragmentadas ou isoladas, que partam da realidade da criança
Acredita-se que a educação seja um espaço para descobertas obtidas através da participação e colaboração ativa de cada criança com seus parceiros em todos os momentos, possibilitando, assim, a construção de sujeitos autônomos e cooperativos.
Quando o professor inicia um trabalho com o objetivo além da alfabetização, a criança se tranforma em protagonista dentro do planejamento, ela tem sua voz, opinião, e pensamentos ouvidos e respeitados. 
Cada criança possui sua experiência, e algumas não são positivas, mas devem ser respeitadas, havendo diálogo e mediando-a sobre novas soluções para as situações que considera conflituosas. Tendo a sensibilidade de observar se de alguma forma a situação esta presente vida da criança. 
O professor de educação infantil possui uma maior liberdade para criar, explorar e integrar conhecimentos, diante disso, os projetos literários são ferramentas valiosas de interdisciplinariedade entre os mais distintos conhecimentos, partindo de uma brincadeira, um assunto que chama a atenção das crianças, uma curiosidade demonstrada numa roda de conversa. Nessa faixa etária os alunos estão mais dispostos a novas experiências e compartilham de uma enorme ânimo a tentativas e participação em projetos.
Este estudo possibilitou um olhar diferenciado no sentido de investigar as concepções de avaliação na educação Infantil e as ações docentes sobre esse processo. Ressaltando também a importância da avaliação para o desenvolvimento do aluno, levando - nos a refletir sobre os reais objetivos da prática que faz parte da ação pedagógica. 
Concluindo assim, que diversas são as possibilidades para se discutir, avaliar, ou propor padrões de qualidade na educação infantil. Para que os professores possam avançar com mudanças significativas em avaliação, faz- se necessário uma mediação gestora e formação continuada em uma reflexão crítica referente às concepções que embasam seu olhar avaliativo. 
O que se visualiza é que muito se tem a fazer para que a educação infantil ofereça melhores condições de atendimento, um novo caminho de inclusão e oferecimento de equidade dentro do território nacional já vem sendo traçado, politicas públicas estão sendo implantadas dentro dessa nova concepção educacional para que a avaliação de fato se efetive de maneira correta na educação infantil. É preciso projetos e recursos para o desenvolvimento de ações de formação continuada com base em propor alicerces teóricos e conhecimento aos professores desse ciclo tão importante.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Educação Infantil e Ensino Fundamental. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2017. 
BRASIL. Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394/ 1996, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 23 dez. 1996.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretária de Educação Básica- SEB. Parâmetros nacionais de qualidade da educação infantil. Brasília: UDIME, 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretária de Educação Básica- SEB. Contribuições para a política nacional: a avaliação em educação infantil a partir da avaliação de contexto. Brasília: MEC, 2005.
BRASIL. Ministério de Educação e do Desporto. Referencial curricular nacional para educação infantil. Brasília, DF: MEC, 1998.
LOPES, Karina rizek, MENDES, Roseana Pereira, FARIA, Vitória Líbia Barreto de. Coleção PROINFANTIL- unidade 3. Brasília: MEC secretária de educação básica, 2005.
LOPES, Karina rizek, MENDES, Roseana Pereira, FARIA, Vitória Líbia Barreto de. Coleção PROINFANTIL- unidade 3 Módulo IV. Brasília: MEC secretária de educação básica, 2006.
MENDEL, Cássia Ravena Mulin de A. Educação Infantil: da construção do ambiente às práticas pedagógicas. 4ª ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2014.

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