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SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS
 (
INQUISITIVO
)É o conjunto de normas, coordenadas entre si, intimamente correlacionadas, que funcionam como uma estrutura organizada dentro do ordenamento jurídico.
Surgiu nos regimes monárquicos e se aperfeiçoou durante o direito canônico, passando a ser adotado em quase todas as legislações europeias dos séculos XVI, XVII e XVIII. Surgiu com sustento na afirmativa de que não se poderia deixar que a defesa social dependesse da boa vontade dos particulares, já que eram estes que iniciavam a persecução penal no acusatório privado anterior. O cerne de tal sistema era a reivindicação que o Estado fazia para si do poder de reprimir a prática dos delitos, não sendo mais admissível que tal repressão fosse encomendada ou delegada aos particulares” (RANGEL, 2009, p. 191).
Típico dos sistemas ditatoriais contempla um processo judicial em que podem estar reunidas na pessoa do juiz as funções de acusar, defender e julgar. 
O sistema inquisitivo possui as seguintes características: 
a) reunião das funções: o juiz julga, acusa e defende; 
b) não existem partes – o réu é mero objeto do processo penal e não sujeito de direitos;
c) o processo é sigiloso e secreto, isto é, é praticado longe “aos olhos do povo”; apenas a execução era feita em público.
d) inexiste garantias constitucionais, pois se o investigado é objeto, não há que se falar em contraditório, ampla defesa, devido processo legal etc.; 
e) a confissão é a rainha das provas (prova legal e tarifação das provas);
f) existência de presunção de culpa? O réu é culpado até que se prove o contrário.
 (
ACUSATÓRIO
)
Inicialmente podemos verificar que o sistema acusatório esteve presente em dois momentos distintos na humanidade. Um foi na Roma antiga perante uma democracia arcaica que visava um procedimento que condenava ou absolvia. Um outro momento se deu após a idade medieval do século XVIII com uma substancial mudança em seus procedimentos, sendo que em ambos os casos existiam o que alguns autores chamam de sistema acusatório puro, (na Grécia) pois dependia de acusação formulada pelo povo, não era permitida a denúncia de maneira anônima e eram analisados os contraditórios e ampla defesa, bem como se transparecia a publicidade dos atos praticados no procedimento.
Características do Sistema Acusatório:
a) as partes são as gestoras das provas; 
b) há separação das funções de acusar, julgar e defender; (Actum Trium Personarum).
c) o processo é público, salvo exceções determinadas por lei; 
d) o réu é sujeito de direitos e não mais objeto da investigação; 
e) consequentemente, ao acusado é garantido o contraditório, a ampla defesa, o devido processo legal, e demais princípios limitadores do poder punitivo; 
f) presume-se a não culpabilidade (ou a inocência do réu); 
g) as provas não são taxativas e não possuem valores preestabelecidos;
h) Igualdade entre as partes.
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MISTO
)
Por fim, o sistema processual misto contém as características de ambos os sistemas supracitados. Possui duas fases: a primeira, inquisitória e a segunda, acusatória. Tem origem no Código Napoleônico (1808).
Primeira fase 
A primeira fase é a da investigação preliminar. Tem nítido caráter inquisitório em que o procedimento é presidido pelo juiz, colhendo provas, indícios e demais informações para que possa, posteriormente, embasar sua acusação ao Juízo competente. Obedece as características do sistema inquisitivo, em que o juiz é, portanto, o gestor das provas.
Segunda Fase
A segunda fase é a judicial, ou processual propriamente dita. Aqui, existe a figura do acusador (MP, particular), diverso do julgador (somente o juiz). Trata-se de uma falsa segunda fase, posto que, embora haja as demais características de um sistema acusatório, o princípio unificador (idéia fundante) ainda reside no juiz como gestor da prova. 
O MP não é inerte.
 (
SISTEMA PROCESSUAL PENAL ADOTADO NO BRASIL.
)
O Código Penal Brasileiro, datado de 1941, traz em seu entorno características essencialmente inquisitórias. Concebido com inspiração do Código Processual italiano da década de 30 dentro de uma lógica autoritária.
Trazendo à tona a realidade do processo penal brasileiro, há forte posicionamento doutrinário que afirma que, após a lei 13.964/19, com a implementação da figura conhecida como “juiz de garantias”, o sistema acusatório seria definitivamente selado como o sistema processual penal que impera no Brasil. No entanto, há de salientar que a figura do juiz de garantias, instituída pelos artigos 3º-A a 3º-F no Código de Processo Penal, permanece com sua aplicabilidade Revista Jurídica Acadêmica Novos Horizontes nº 1, jun./ago. 2021 Página 10 de 29 suspensa por liminar concedida pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, em Medida Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 6299/DF.
 (
No Brasil, o juiz das garantias foi instituído pela Lei 13.964, sancionada em 24 de dezembro de 2019, no entanto, a criação foi suspensa pelo ministro do 
STF
, 
Luiz 
Fux
, através de uma liminar em 19 de janeiro de 2020.
TADO
 NO BRASIL.
)
Um dos problemas indicados pelo ministro, para fundamentar a suspensão, diz respeito ao impacto financeiro que poderá ser causado nas contas públicas, o que feriria o novo regime fiscal da União, instituído pela Emenda Constitucional 95/2016. O tema seria objeto de discussão em audiência pública, que seria realizada no mês de março, no entanto, por conta da pandemia de COVID-19, o evento foi suspenso.
Por sua vez, Guilherme Nucci afirma que o sistema adotado pelo Brasil era o misto; porém, após a reforma trazida pela lei 13.964/19, afirma ser o acusatório mitigado, de forma que se tenha revigorado o sistema acusatório, porém, de forma mitigada, já que ele ainda não se encontra totalmente purificado.
DO INQUÉRITO POLICIAL 
A fim de que possa haver um processo penal, há de se ter, anteriormente, uma investigação acerca do fato noticiado a que se pretende averiguar a autoria do suposto crime, de tal maneira que se possa iniciar o ius puniendi.
O juiz das garantias vai atuar desde o fundamento do inquérito policial, até o recebimento da denuncia ou queixa.

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