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Trabalho de Pesquisa - Princípios da Execução

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Universidade Católica do Salvador
 
INGRA FARIAS DOMINGUES
	
 
 
 
 
 PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO
 
 
 
 
SALVADOR
2021
INGRA FARIAS DOMINGUES
PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO
 
 
 
Este trabalho de pesquisa, apresentado à disciplina de Processo Civil IV, do Eixo de Formação Básico da Universidade Católica do Salvador, como requisito parcial de avaliação da disciplina de Processo Civil IV.
Docente: Aleksandro Brasileiro.
 
 
 
 
 
 
SALVADOR
2021
1. Nulla executio sine título:
Este princípio exige, até os dias de hoje, que aquele que se diz credor de outra pessoa comprove a veracidade de sua própria situação jurídica, com a apresentação de um título, com todas as formalidades exigidas em lei.
Isso porque, junto com o inadimplemento do devedor, o título executivo é um dos requisitos da execução, exigidos para que o credor possa legitimamente exigir o provimento jurisdicional.
Ou seja, além de o devedor não ter cumprido voluntariamente a obrigação, o exequente deve apresentar um título que de lastro ao seu processo de execução ou fase de cumprimento de sentença.
Os títulos executivos devem estar revestidos de certeza da existência de crédito e de liquidez ou quantificação para que possa a execução civil ter existência juridicamente válida.
Vejamos o julgado:
EMENTA: EXECUÇÃO PROVISÓRIA. REFORMA DA DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. INEXISTÊNCIA DE TÍTULO EXECUTIVO. PERDA DE OBJETO. EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO. Ocorrendo a reforma da decisão de primeiro grau e a consequente improcedência total do pedido autoral, não subsiste o título executivo que dava suporte à execução provisória, devendo ela ser extinta sem resolução do mérito, por perda de objeto. Incidência do princípio nulla executio sine titulo.
2. Patrimonialidade:
O princípio diz que somente o bem/patrimônio do devedor (CPC, art. 591), ou de terceiros responsável, pode ser objeto da execução.
Houve uma época, como no primitivo Direito Romano, em que se permitia que a execução incidisse sobre a própria pessoa do executado, que poderia, por exemplo, virar escravo do credor como forma de pagamento da sua dívida. Uma obra que retrata o espírito desta época é o célebre julgamento de Pórcia na obra “O Mercador de Veneza” de Shakespeare.
Nessa perspectiva, ensina Humberto Theodoro Júnior:
(…) “toda execução é real, quer-se com isso dizer que, no direito processual civil moderno, a atividade jurisdicional executiva incide, direta e exclusivamente, sobre o patrimônio, e não sobre a pessoa do devedor. […] Em linha de princípio, portanto, frustra-se a execução e suspende-se o processo quando o devedor não disponha de bens patrimoniais exequíveis” (art. 921, III).
Em resumo, com fulcro no princípio da realidade ou patrimonialidade, a atividade executiva deve atingir apenas o patrimônio do responsável executivo, admitindo-se, quando a lei assim o autorizar, o uso de medidas executivas indiretas para satisfazer o crédito, tudo garantindo o devido processo legal executivo e à respeitabilidade ao princípio da dignidade da pessoa humana
3. Desfecho Único:
O final “normal” da execução ocorre quando a execução é bem sucedida, quando o direito do exequente fica satisfeito. No fim normal da execução, o processo é extinto pela sentença prevista no NCPC, art. 924. Tal sentença não é de mérito, mas declaratória de encerramento, e não produzirá coisa julgada material, mas apenas formal.
O final “anormal” da execução, assim como ocorre com o processo de conhecimento, ocorrerá por um dos motivos previstos no NCPC, art. 485, ou com o acolhimento integral dos embargos à execução, cujo fundamento seja a inexistência do direito material exequendo.
O único objetivo da execução é satisfazer o direito do exequente. A única forma de prestação que pode ser obtida em tal processo é a satisfação do direito do exequente e nunca do executado.
4. Disponibilidade da Execução:
Em razão do próprio desfecho único da execução, que não tem como tutelar o direito material do executado, é permitido ao exequente a qualquer momento “desistir do processo”, sendo dispensada a concordância do executado para que tal desistência gere efeitos jurídicos. A lei presume a aceitação do executado. O credor não está obrigado a executar, ao contrário, possui livre disponibilidade do processo de execução.
Dessa forma Araken de Assis dispõe:
“diversamente do que sucede no processo de conhecimento, em que ao réu assiste idêntico direito a um juízo de mérito, visando à eliminação da incerteza a seu favor, a execução só almeja o benefício do credor. Por isso, dela pode desistir sem o consentimento do adversário.”
Além disso, o credor não está compelido a prosseguir na execução até o fim, muito menos está afastado do direito de solucionar a execução mediante autocomposição endoprocessual (acordo).
5. Utilidade:
Não se justifica o processo de execução apenas para prejudicar o devedor, sem que isso traga proveito prático para o credor. Um exemplo deste princípio ocorre quando a penhora não será realizada quando restar evidente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução.
6. Menor Onerosidade:
O princípio da menor onerosidade, previsto no art. 620 do Código de Processo Civil, dispõe que o juiz determine que a execução ocorra pelo meio menos gravoso para o devedor, quando houver outros meios de promover a execução
Nesse sentido, manifestou-se o Ministro do STJ Teori Albino Zawasky, no Recurso Especial nº 474435: 
O princípio da menor onerosidade (art. 620 do CPC) pode, em determinadas situações específicas, ser invocado para relativizar o rigorismo da ordem legal da nomeação dos bens à penhora estabelecida no art. 655 do Código de Processo Civil, amoldando-se às peculiaridades do caso concreto, conforme assentado em já antiga jurisprudência do STJ. Todavia, tal princípio não tem força para comprometer a gradação legal, que, salvo em situações justificadas e que provoquem prejuízo à efetividade da execução, deve ser observada.16
Assim sendo, entende-se que, ao contrário do grande entendimento jurisprudencial, deve-se mitigar o princípio da menor onerosidade para o devedor em favor da satisfação da execução e da observância da ordem legal do art. 655 do Código de Processo Civil e não relativizar a ordem legal para que a execução se dê pelo meio menos gravoso.
7. Contraditório:
O princípio do contraditório é garantido constitucionalmente na CF, o art. 5°, LV, sendo indispensável num Estado Democrático de Direito, mas na execução ele é menos amplo que no processo de conhecimento. Mas isto não significa que ele não exista: o princípio do contraditório tem aplicação na execução, sendo claro também que num processo de execução não se discute a princípio sobre o mérito do direito material do exequente, pois este já está constituído em título executivo.
8. Lealdade e Boa-Fé:
Como ocorre nos outros processos, na execução também é exigido das partes o respeito ao dever de lealdade e boa-fé.
Segundo Theodoro Humberto (2014 apud ECHANDIA, 1974, p. 95):
“A lealdade processual é consequência da boa-fé no processo e exclui a fraude processual, os recursos torcidos, a prova deformada, as imoralidades de toda ordem”. 
Deste modo, a conduta processual pautada na boa-fé, atingirá seu fim, na solução da lide, de modo que todos os atos sejam eficazes, agindo em conformidade com o padrão ético e moral, objetivando a celeridade do processo bem como um deslinde sem atos procrastinatórios.

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