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ANA CLARA GUIMARÃES VENTURI – MED T4 - UFR Fibrilação Atrial ROTEIRO PARA PRÁTICA NO AMBULATÓRIO ▪ É a taquiarritmia crônica mais comum, caracterizada por múltiplos circuitos de microrreentradas no miocárdio atrial doente – maior risco de formação de trombos. ▪ Muito comum em pós-operatório de cirurgias cardíacas. ▪ Aumenta o risco de AVC, a mortalidade, as hospitalizações e os eventos tromboembólicos e reduz a qualidade de vida, a capacidade de exercício, podendo também diminuir fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE). ▪ FISIOPATOLOGIA: Doença cardíaca → Remodelamento atrial → Condução elétrica heterogênea ▪ PÚBLICO MAIS AFETADO 1. Idosos 2. Portadores de cardiopatia crônica 3. Portadores de doenças tireoidianas Tipos de FA ▪ SUBCLÍNICA: Episódios de FA assintomáticos, detectados por dispositivos. ▪ PAROXÍSTICA: Autolimitada e com reversão espontânea ou por intervenção. Dura menos de 7 dias (costuma desaparecer em 48hrs) ▪ PERSISTENTE: Dura mais de 7 dias ▪ PERSISTENTE DE LONGA DURAÇÃO: Permanece por mais de 1 ano ▪ PERMANENTE: Pacientes com FA de longa duração, nos quais se opta por controle de frequência mantendo o paciente cronicamente em arritmia. ▪ SECUNDÁRIA: Advém de hipertireoidismo, distúrbios eletrolíticos e gasométricos, miopericardite. Diagnóstico ANAMNESE ▪ SINTOMATOLOGIA: → Classificar conforme Escore EHRA 1. Palpitação? 2. Dispneia? 3. Dor ou desconforto torácico? ▪ TEMPO de início da arritmia ▪ SINTOMAS CONCOMITANTES: 1. Tonteira? 2. Sudorese fria? 3. Urgência urinária e poliúria? → Liberação de peptídeo natriurético 4. Déficit focal (no AVE isquêmico cardioembólico) ▪ ANTECEDENTES PESSOAIS ▪ USO DE MEDICAÇÕES ▪ TRATAMENTOS JÁ REALIZADOS: Tentativas prévias de cardioversão? EXAME FÍSICO ▪ FC → taquicardia e pulso irregular (menos em casos de bloqueio AV) ▪ PA ▪ Tempo de enchimento capilar *Instabilidade hemodinâmica → Hipotensão ou choque (principalmente se pacientes com IC) ▪ Turgência jugular ▪ Edema periférico ▪ Estertoração pulmonar → Podem evoluir para edema agudo de pulmão se estenose mitral grave. ▪ Pulso venoso com ausência de onda A (contração atrial) ▪ Exame neurológico → Se sinais de AVE tromboembólico Na presença de taquicardia com ritmo cardíaco irregular, o diagnóstico é de FA até que se prove o contrário!! Exames Complementares ▪ Exames laboratoriais: avaliar perfil tireoidiano, presença de anemia, presença de diabetes mellitus, função renal e eletrólitos. Coagulograma ANA CLARA GUIMARÃES VENTURI – MED T4 - UFR ▪ Eletrocardiograma (ECG): avaliar sinais de cardiopatia estrutural ▪ Ecocardiograma: para avaliação de tamanho do átrio esquerdo, doenças cardíacas estruturais e FEVE. ▪ Holter de 24 horas: para avaliar controle de frequência cardíaca (casos de FA permanente) ou resposta terapêutica (densidade de extrassístoles atriais, taquicardias atriais não sustentadas etc.). Eletrocardiograma ▪ Ausência de onda P, com aspecto serrilhado da linha da base. ▪ RR irregular. ▪ QRS estreito (exceto em casos de bloqueio de ramo associado) ▪ FC variável (geralmente entre 90-170bpm). **Devido à alta prevalência de FA em pacientes com doença isquêmica cardíaca, doença valvar, pré-excitação e outras cardiomiopatias, bem como uso de medicações, sempre avaliar: ✓ Sinais de isquemia: Inversão de onda T e onda Q/QS de necrose. ✓ Sinais de cardiopatia associada: Sobrecargas cavitarias e pré-excitação ventricular ✓ Intervalo QT: Medicamentos como propafenona, amiodarona, sotalol e outros antiarrítmicos prolongam QT. ✓ Complexo QRS: A presença de aberrância não é incomum em vigência de FA Tratamento Ambulatorial ▪ Objetivos: Redução de sintomas + Prevenção de complicações 1. MANEJO ANTITROMBÓTICO ▪ Em TODOS os pacientes com FA devem ser avaliados riscos e benefícios da anticoagulação ✓ Indicação de anticoagulação: Escores de CHADS2 e CHA2DS2VASc OU pacientes com doença valvar ou miocárdio compactado ✓ Contraindicação de anticoagulação: Escore HAS- BLED Se CHADS=1 considerar CHA2DS2VASC ANA CLARA GUIMARÃES VENTURI – MED T4 - UFR ANTICOAGULANTES ASPIRINA ▪ Dose para FA: 100 a 300 mg via oral (VO) ao dia. ▪ CI: Alergia comprovada e Sangramento digestivo ativo. VARFARINA ▪ Dose de acordo com INR (manter entre 2-3). ▪ Atua inibindo a síntese de fatores de coagulação dependentes da vitamina K, incluindo os fatores II, VII, IX e X. ▪ Antídoto: Vitamina K ▪ Iniciar com doses menores em idosos e pacientes em uso de amiodarona. ▪ Contraindicações: 1. Gravidez; 2. Pacientes com tendências hemorrágicas ou discrasias sanguíneas; 3. Úlceras gastrointestinais ou sangramento gastrintestinal, respiratório, geniturinário; 4. Hemorragia cerebrovascular; 5. Aneurisma cerebral; 6. Dissecção da aorta; 7. Pericardite e efusões pericárdicas; 8. Cirurgia recente ou programada do sistema nervoso central (SNC), ocular ou qualquer cirurgia traumática que requer grandes superfícies abertas DABIGATRAN ▪ Dose: 150 mg, de 12/12h (maioria) ▪ Inibidor direto de trombina. ▪ Não há exame para controle. ▪ Contraindicações: ANA CLARA GUIMARÃES VENTURI – MED T4 - UFR 1. Valvopatia; 1. Insuficiência renal grave (ClCr < 30 ml/min); 2. Hemorragia ativa clinicamente significativa; 3. Lesões orgânicas com risco de hemorragia; 4. Alteração espontânea ou farmacológica da hemóstase; 5. Doença em tratamento concomitante com cetoconazol sistêmico, ciclosporina, itraconazol e tacrolimus. RIVAROXABAN (Xarelto) ▪ Dose: 20 mg/d. ▪ Inibidor do fator de coagulação Xa. ▪ Não há exame para controle. ▪ Contraindicações: 1. Valvopatia; 2. Hemorragias ativas clinicamente; 3. Doenças hepáticas associadas à coagulopatia e a risco de hemorragia. 2. CONTROLE DA FREQUÊNCIA ▪ Na FA, os estudos não mostram benefício em termos de mortalidade entre controle de ritmo e controle da FC ▪ A nova recomendação, oriunda de dados do RATE II, é que o controle de FC rigoroso (FC < 80 bpm em repouso ou < 110 bpm após teste de caminhada de 6 minutos) NÃO adiciona benefício ao controle mais tolerante (FC < 110 bpm) em portadores de FA com função de VE estável (FEVE: > 0,4) e sem sintomas ou naqueles com sintomas toleráveis BETABLOQUEADORES ✓ Bisoprolol 5 a 10mg/dia; ✓ Atenolol 25 a 100 mg/dia; ✓ Metoprolol 25 a 200 mg/dia. ▪ CI: BAV de segundo ou terceiro grau, hipotensão, bradicardia, bloqueio sinoatrial, insuficiência cardíaca, insuficiência ventricular esquerda, asma e doença pulmonar obstrutiva crônica BLOQUEADORES DO CANAL DE CÁLCIO ✓ Verapamil 360 a 480 mg/dia; ✓ Diltiazem 120 a 360 mg/dia. ▪ CI: BAV de segundo ou terceiro grau, hipotensão, bradicardia, bloqueio sinoatrial, insuficiência cardíaca e insuficiência ventricular esquerda DIGOXINA ▪ Dose de 0,125 a 0,5 mg ao dia. ▪ CI: bloqueio cardíaco completo intermitente ou bloqueio atrioventricular de segundo grau, arritmias causadas por intoxicação por glicosídeos cardíacos. ABLAÇÃO ▪ Em casos refratários, pode-se optar por ablação do nó atrioventricular e implante de marca- passo definitivo. 3. CONTROLE DE RITMO PROPAFENONA ✓ Dose: 300 a 900 mg/dia, fracionada em duas ou três doses. ▪ Indicação: FA sem cardiopatia ou hipertensão arterial sistêmica (HAS) sem hipertrofia ventricular esquerda (HVE). ▪ CI: insuficiência cardíaca manifesta, choque cardiogênico, bradicardia acentuada, transtornos preexistentes de alto grau das conduções sinoatrial, atrioventricular e intraventricular, síndrome do nódulo sinusal, doença pulmonar obstrutiva grave, miastenia grave. AMIODARONA ✓ Amiodarona 200 a 600 mg/dia ▪ Somente em casos refratários ou com cardiopatia estrutural. ANA CLARA GUIMARÃES VENTURI– MED T4 - UFR ▪ CI: BAV de segundo ou terceiro grau, bradicardia, bloqueio sinoatrial, gravidez, lactação. CARDIOVERSÃO ELÉTRICA (CVE) 1. MOV 2. Anticoagulação: Heparina não fracionada, EV, 60 a 70 U/kg, máximo de 4.000 U. 3. Sedação: Propofol 0,5 mg/kg em pacientes sem cardiopatia estrutural (pelo risco de hipotensão e dromotropismo negativo) ou Etomidato 0,2 a 0,3 mg/kg em pacientes com cardiopatia. 4. CVE sincronizada: choque inicial de 50 J para flutter e 100 J bifásico ou 200 J monofásico para FA. Caso não ocorra reversão para ritmo sinusal, choques com cargas maiores, até 360 J, devem ser tentados. 5. Amiodarona EV: Em casos refratários. - Dose de ataque: de 150 a 300 mg, podendo-se repetir mais 150 mg após 15 minutos. - Dose de manutenção de 1 mg/min por 6 horas, seguida de 0,5 mg/min por 18 horas. - Dose máxima de 2,2 g em 24 horas. 6. Anticoagulação: Manter após reversão. ABLAÇÃO ▪ Considerar em pacientes que persistem sintomáticos apesar do tratamento medicamentoso otimizado, principalmente se a FA for paroxística. ANA CLARA GUIMARÃES VENTURI – MED T4 - UFR TÓPICOS IMPORTANTES QUE O PROFESSOR PERGUNTA: ▪ Novos anticoagulantes: rivaroxabana, apixabana, dabigatrana, enoxabana. ▪ FA com valvopatia metálica -> ANTICOAGULAR SEMPRE COM VARVARINA FA não valvar -> anticoagular a depender do score CHADS (pode ser com varvarina ou com os novos anticoagulantes) ▪ PROTESE MITRAL: INR 2,5-3,5 PROTESE AORTICA: INR 2-3 (se FA ou AVC ou doença coronariana estabelecida INR 2,5- 3,5) PROTESE BIOLOGICA (menos trombogênica): INR 2-3 ▪ Antídoto para Marevan: vitamina K ▪ Amiodarona aumenta o potencial de anticoagulação do Marevan ▪ Pacientes que precisam de dupla antiagregação: sd coronariana aguda e com angioplastia ▪ Saber FA conduta se paciente com instabilidade hemodinâmica ou pcte estável - Instável: Corrente de 200j + sedação pré-cardioversão - <48 horas -> Anticoagula por 6-12 horas e depois cardioversão - >48 horas ou com risco de tromboembolismo -> Faz ECO p/ descartar trombo. Sem trombo -> Anticoagula por 6-12 horas e cardioverte OU anticoagula por 1 mês antes de cardioverter. ▪ Tríade da Estenose de aórtica: Síncope + Angina + Dispneia
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