Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Anamnese e exame físico ginecológico Anamnese: Identificação completa: com o nome completo, e não abreviado, idade e estado civil, cor, profissão e religião. QP: anotar as palavras expostas pelo paciente; HMA: com base em ampla análise das queixas referidas, caracterizando-se pelo início e evolução de todo o processo clínico. Será permitido nessa fase que a paciente apresente amplamente todas as suas queixas e que discuta sobre exames anteriormente realizados ou medicamento utilizados; Antecedentes pessoais: doenças ou medicamento anteriores empregado, bem como sobre quais as cirurgias a que foi submetida anteriormente. Questionar sobre outro possíveis hábitos, como fumo, uso de álcool e de drogas ilícitas, e sobre reações alérgicas medicamentosas ou de outros agentes alergênicos; Antecedentes familiares: valorizar a ocorrência de neoplasias como as das mamas, intestinais e dos ovários e que tenham ocorrido principalmente na parentela de primeiro grau. Torna-se conveniente avaliar a idade do surgimento das neoplasias, principalmente das mamas, pois isso exigira um rastreio mais precoce das pacientes que futuramente possam ser envolvidas. Os antecedentes de outras doenças endócrinas como DM, HA, hipotireoidismo necessitam de conveniente análise sobre a sua ocorrência familiar. Antecedentes menstruais: merecem especial atenção, pois as informações sobre a idade da menarca, do desenvolvimento cronológico, do surgimento dos caracteres sexuais secundários e da regularidade ou irregularidade dos ciclos menstruais subsequentes são imperativas. É necessário anotas as datas das últimas menstruações e observar a regularidade ou irregularidade dos ciclos e os sintomas associados, como os pré-menstruais ou mesmo a sintomatologia sistêmica associada à tensão pré-menstrual (TPM). • Conceituar as irregularidades menstruais como: ✓ Hipomenorreia: diminuição do número de dias e da quantidade do fluxo menstrual; ✓ Hipermenorreia/menorragia: aumento do número de dias e da quantidade do fluxo menstrual; ✓ Polimenorreia: diminuição do intervalo do fluxo menstrual menor de 21 até 25 dias; ✓ Oligomenorreia: aumento do intervalo do fluxo menstrual superior a 35 dias; ✓ Metrorragia: sangramento irregular e totalmente desperiodizado, sangramento irregular e acíclico. Antecedentes obstétricos: anotar o número de gestações, o número e os tipos de partos, se normais ou cesáreos; a ocorrência de abortamentos espontâneos ou induzidos e de traumas genitais que possam ter ocorrido, bem como de possíveis complicações infecciosas. Referir também o período puerperal e das lactações, com duração ou complicações. Antecedentes sexuais e dos métodos contraceptivos usados: é necessário perguntar e esclarecer sobre seu início e as suas possíveis falhas e efeitos colaterais. A história sexual dependera da situação individual de cada paciente, do seu médico e das circunstâncias do momento da consulta, idade da sexarca, mas torna-se essencial conhecer o número prévio de parceiros e a ocorrência de doenças sexuais previas. As disfunções sexuais, como diminuição da libido e redução no grau de resposta sexual ou impossibilidade no relacionamento, merecem sempre cuidadosa e progressiva análise, principalmente nas consultas posteriores; coitarca, dispareunia (dor na relação sexual – superficial e profunda); sinusiorragia (sangramento durante o coito); MC (método contraceptivo); dismenorreia (cólica – primaria, secundaria, que começa anos depois da menarca e está relacionada a patologia, como endometriose). Antecedentes mamários: questionar sobre o desenvolvimento das mamas, lactação, nódulos, dores, processos inflamatórios e traumas mamários prévios. Avaliar a fase e a época do surgimento e do desenvolvimento de nódulos existentes e sua velocidade de surgimento e de crescimento. Caso tenha realizado exames de imagem (mamografia, ecografia mamária), perguntar quando realizou e o motivo de sua indicação, e se já realizou biopsia mamária e sobre o laudo histopatológico. Avaliação das queixas urinarias ou gastrointestinais: perguntar sobre as ocorrências e o número de infecções urinarias, bem como sobre as medicações utilizadas e o tempo de uso, e se há incontinência urinaria ou quadros de urgência miccional. Perguntar sobre intolerância gástrica a alimentos ou medicamentos, ritmo intestinal, continência fecal, sangramento ou dores durante a evacuação. Exame físico: Exame físico geral: 1. Desde o início, deve-se ter atenção ao estado geral da paciente, com o seu aspecto físico, muscular e do tecido adiposo, e ao seu trofismo geral; 2. Observar a PA, o peso, a estatura e a frequência cardíaca e, se necessário, a temperatura corporal; calcular o IMC; 3. Na cabeça e pescoço, avaliar as fácies, as mucosas oculares e da boca, a tireoide e a presença ou não de linfonodos cervicais; 4. Realizar a ausculta cardíaca e pulmonar de modo objetivo; 5. Fazer inspeção e palpação do abdômen, observando as suas cicatrizes cirúrgicas, a sua distensão ou a presença de massas abdominais, avaliando suas dimensões, consistência, mobilidade, superfície e sensibilidade. Analisar também se há hepato ou esplenomegalia; 6. Realizar exame dos membros inferiores para detectar a presença de varizes ou edemas; 7. É importante examinar a coluna, principalmente suas porções dorsolombares e pontos renouterais. Exame ginecológico: • Exame das mamas: ✓ A inspeção estática e dinâmica devera sempre ser procedida com a paciente sentada e o examinador postado à sua frente, permitindo assim uma análise das mamas quanto a sua simetria, volume, mobilidade e retrações ou abaulamentos; ✓ Palpação das axilas e das fossas supra e infraclaviculares, evidenciando ou não a presença de aumento dos linfonodos aí situados; *paciente relaxada, pois músculos contraídos podem obscurecer linfonodos aumentados de tamanho. *o examinador deve suspender o braço do paciente e com a mão oposta a que você suspendeu e o paciente, deve-se fazer uma concha com os dedos, penetrando o mais alto possível em direção ao ápice da axila, a seguir trazer os dedos para baixo, pressionando contra a parede torácica. ✓ Examinar as papilas mamarias e mamilos para avaliar suas características, como desvios, secreções ou áreas descamativas. ✓ Com o paciente deitado em decúbito dorsal, procede-se à palpação pressionando o tecido mamário contra o gradeado costal e observando com acurácia a existência ou não de nódulos (se presentes deverão ser descritos sua localização, característica, tamanho e mobilidade). *examinar as mamas em sua totalidade. ✓ Finaliza-se o exame com a expressão das mamas para evidenciar se há ou não a presença de secreções serosas, lácteas ou sanguinolentas intraductais (se for positiva a presença de descarga papilar, torna-se imperativa a coleta desse material para análise laboratorial); *pior diagnostico: coloração água cristalina ou água de rocha (mais associado com carcinoma de mama). ✓ Se durante o exame for constatada a presença de prótese mamaria ou cicatrizes cirúrgicas por exérese de nódulo, sectoretomia, quadrantectomia ou mastectomia, impõe-se avaliação bastante acurada desses locais. *quadrante mamários- maior incidência de tumores no quadrante superior externo. • Exame do abdome: ✓ Deve ser realizado com a paciente em decúbito dorsal, com as pernas esticadas e a cabeça apoiada confortavelmente, para que não haja contração da musculatura abdominal; ✓ O abdome deve estar completamente exposto, e o examinador deve se posicionar ao lado direito da paciente; ✓ Todas as etapas do exame do abdome deverão ser procedidas iniciando pela inspeção sobre a presença de anormalidades, como abaulamentos, distensões, retrações ou cicatrizes cirúrgicas; ✓ A ausculta dos ruídos abdominais deve se iniciar pelo mesogástrio e seguir pelos quadrantes. ✓ Os ruídos normais geralmentese manifestam a cada 10s, e sua ausência após 2 minutos de ausculta está associada a íleo paralitico ou irritação peritoneal difusa; ✓ A percussão tem a função de identificar distensão gasosa, visceromegalia e massas sólidas ou líquidas; ✓ Todos os quadrantes devem ser verificados com hepatimetria e avaliação esplênica, inclusive pela percussão do espaço de traube; ✓ Som maciço na região suprapúbica pode corresponder a aumento do volume uterino ou bexiga distendida; ✓ A palpação poderá determinar a existência de anormalidade, percebendo-se, assim, a mobilidade ou não de massas abdominais ou pélvicas e a sua consistência, se sólida ou sólido-císticas, ou mesmo a presença de ascite. • Exame pélvico: ✓ Devera ocorrer com a paciente em decúbito dorsal e bexiga vazia. ✓ O ideal é a posição de litotomia em mesa ginecológica: decúbito dorsal, nadegas junto à borda da mesa de exame, com coxas e joelhos fletidos, descansando os pés ou a fossa poplítea nos estribos (perneiras). *quando não se dispõe de mesa ginecológica adequada, pode-se colocar a paciente em decúbito dorsal, solicitar que deixe os calcanhares próximos e que afaste bastante os joelhos. ✓ É importante que a paciente esteja despida e, de preferência, coberta com um avental de abertura posterior e um lençol para cobrir parcialmente o abdome e os membros inferiores. • Exame dos genitais externos: ✓ É conveniente a observação de todas as partes anatômicas dos genitais externos femininos, começando pelos grandes e pequenos lábios, clítoris, uretra, verificando se há ou não procidência das paredes vaginais anterior e posterior; nesse momento, solicitará a realização de manobra de esforço-tipo Valsava, que acentuara e mostrará tais procidências e/ou a presença de graus diversos de ruptura perineal (primeiro a terceiro grau) ou de graus diversos de prolapso uterino, detectando-se aí se há ou não lesão do esfíncter anal; ✓ Na inspeção e palpação das diversas partes da vulva, impõe-se avaliar o monte de vênus e a cadeia ganglionar inguinal bilateral para determinar se há existência de linfonodomegalias. ✓ Observa-se também, em posição suburetral bilateral, o possível aumento de volume das glândulas de Skene e, próximo à rima vulvas, bilateralmente, as glândulas de Bartholin, que, pela presença de infecções, cistos ou tumorações, poderão estar com volume aumentando e com grande sensibilidade dolorosa. • Exame dos genitais internos: ✓ Sempre será realizado pelo exame especular, desde que evidenciada e manifestada pela paciente que há ruptura himenal, com um especulo de Collins ou hoje com espéculo de plástico, o qual permitira uma conveniente exposição do colo uterino; ✓ Além de avaliar o colo uterino e propiciar a coleta de material cervical, o exame especular permitirá a avaliação das paredes vaginais quanto ao seu trofismo, rugosidade e coloração normal ou alterada ou presença de lesões e/ou tumorações; ✓ O espéculo é introduzido fechado. Apoia-se ele sobre a fúrcula, ligeiramente obliquo (para evitar lesão uretral), e faz-se sua introdução lentamente; antes de ser completamente colocado na vagina, quando estiver no meio do caminho, deve ser rodado, ficando as valvas paralelas às paredes anterior e posterior, posição que ocupará no exame; a extremidade do aparelho será orientada para baixo e para trás, na direção do cóccix, enquanto aberto; na abertura do espéculo, a mão esquerda segura e firma a valva anterior dele, para que a mão direita possa, girando a borboleta para o sentido horário, abrir o espéculo e expor o colo uterino; ✓ Com a exposição do colo uterino, tem-se a visualização da junção cervicovaginal, sendo essa a oportunidade para a coleta da citologia cervicovaginal, conhecida como teste de Papanicolaou; ✓ A coleta deverá ser feita com escova apropriada; com a introdução dessa escova, a coleta será feita ao nível da junção dos dois epitélios cervicais; nesse momento o colo uterino deverá ser visualizado, e terá aspecto puntiforme nas nulíparas e fenda transversa nas multíparas; ✓ Também é essencial a observação de nódulos, eversões da endocérvice ou irregularidades como lesões vegetantes que necessitem de complementação diagnóstica com colposcopia ou biopsia dirigida por colposcopia; ✓ Poderá ser finalizado com o teste de Schiller; após a limpeza do colo uterino com solução de ácido acético a 2%, faz-se o pincelamento de todo o colo uterino com solução saturada de iodo. Essa solução propiciará a impregnação das células da exocérvice com uma coloração marrom-escura, pois os vacúolos de glicogênio presentes no citoplasma dessas células normais serão coradas; em outras células, como as endocervicais ou neoplasias, que não contêm tais vacúolos, serão consideradas iodo-claro ou iodo negativas e o teste de Schiller positivo; nessa mesma ocasião, se houver manifestações pertinente à presença de secreção vaginal anormal, tal material deverá ser coletado para identificação dos agentes. ✓ O momento também será apropriado à observação do muco cervical, que, sob a ação estrogênica, é claro, filante e de grade distensibilidade; na observação do muco cervical, o muco turvo e espesso nos leva a investigar infecções aí localizadas, causadas pela Neisseria gonorrhoeae ou pela Chlamydia trachomatis. • Toque vaginal: ✓ Permitirá avaliar a amplitude e as características das paredes vaginais, do colo e do corpo uterino; ✓ Poderá ser unidigital, quando somente o dedo indicador é introduzido a vagina, ou bidigital, quando o procedimento é com dois dedos: indicador médio. ✓ Com os dedos introduzidos na cavidade vaginal, se observarão as paredes vaginais, com sua elasticidade, posição e direcionamento; a consistência do colo é cartilaginosa, e quando se evidencia a possibilidade de gestação, ele se torna amolecido pela impregnação hormonal gravídica; ✓ Na sequência, realiza-se o exame bimanual com a outra mão apoiada sobre o hipogástrio e associado ao toque vaginal, sendo essencial que a bexiga esteja vazia para determinar o posicionamento do útero. *esse habitualmente tem a localização em anteversiflexão (AVF), e suas dimensões têm aspecto piriforme, sendo rijo na sua consistência. *outras posições do útero: retroversoflexão (RVF) ou medioversoflexão (MVF). ✓ Poderão ocorrer situações que induzem ao aumento de volume do útero, como se evidencia nos úteros grávidos ou com nódulos leiomiomatosos; ✓ Ao exame bimanual, é importante avaliar as dimensões dos anexos tubas e ovários, quando poderemos determinar a presença de massas tumorais, sejam elas císticas, sólidas ou sólido-císticas; ✓ O fundo de saco de Douglas deverá também ser bem avaliado por massas que aí poderão localizar-se, como o útero retrovertido e fixo ou nódulos tumorais peritoniais, como na endometriose pélvica ou nas neoplasias ovarianas benignas ou malignas; ✓ Os anexos também habitualmente poderão não ser impalpáveis nas pacientes mais obesas e sempre deverão ser impalpáveis nas mulheres pós-menopausa; ✓ No exame bimanual, o ovário direito costuma ser palpável na mulher não obesa, e o ovário esquerdo é dificultado pelo cólon; ✓ Trompas e ligamentos redondos são palpáveis quase somente quando estão aumentados de volume, por inflamação ou infiltração; ✓ Na presença de dor à mobilização do colo uterino, associado à dor à palpação dos anexos, devemos estar diante da suspeita de DIPA – doença inflamatória pélvica aguda. • Toque retal: ✓ Não é essencial, mas poderá ser realizado com a devida colaboração e permissão da paciente em situações distintas, como em pacientes virgens com suspeita de massas pélvicas, quando há neoplasia do colo uterino, para um perfeito estadiamento, e nas suspeitas de útero retroverto e fixo, por possível endometriose pélvica; ✓ O dedo do examinador com a mão enluvada nesse momento deverá ser lubrificado para melhor permitir otoque. *pode ser dispensado sempre que puder substituir pela ultrassonografia.
Compartilhar