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Nutrição em cirurgia Alterações nutricionais comuns em cirurgia • Doença primária: câncer, politrauma, queimadura grave • Doenças associadas: diabetes, obesidade, insuficiência renal/cardíaca/respiratória • Fatores de risco: alcoolismo, infecção, extremos de idade • Intervenção cirúrgica: cirurgia de médio e grande porte Desnutricao pre-operatoria • Fator independente de risco, com aumento de morbidade e mortalidade pós-operatória: baixa composição corporal, massa magra, imunodepressão do tipo celular e retardo na cicatrização das feridas • O ato cirúrgico, naturalmente, leva a uma resposta orgânica sistêmica ao trauma, desencadeando um hipermetabolismo e hipercatabolismo, consumindo massa proteica, o que pode levar o paciente a desnutrição (depende do estado nutricional prévio, comorbidades e das complicações cirúrgicas) Fisiolopatologia da desnutricao • Considerada desnutrição leve quando há perda de peso >10% • Considerada desnutrição grave quando há perda de peso >15% • A perda de massa muscular diminui a função respiratória e cardíaca • A diminuição da massa visceral digestiva diminui o processo digestivo e absortivo do paciente, além de diminui a permeabilidade intestinal • Retarda a cicatrização das feridas (deiscência anastomose e da FO) • Diminui a imunidade tardia ou celular (leva ao aumento de incidência de infecção) Avaliacao nutricional • Deve ser realizado no período pré-operatório • Identifica o grau de comprometimento nutricional e se há necessidade de intervenção nutricional • Avaliação subjetiva global (ASG): avaliação clínica que apresenta correspondência com o grau de Bioempedância elétrica • Medida dos compartimentos de composição corporal • Avalia massa gordurosa e magra através de corrente elétrica de baixa intensidade pelo organismo Medidas laboratoriais de proteínas séricas • Albumina sérica (meia vida de 20 dias) – valores normais >3,5 mg/dl; desnutrição se <2,8 • Transferrina (meia vida de 8 dias) – valores normais >200mg% • Pré-albumina e proteína ligada ao retinol (1 a 2 dias) → Avaliam precocemente as alterações nutricionais Planejamento nutricional em cirurgia • Além das informações obtidas por anamnese, exame físico e laboratoriais, devem ser levado em conta doença de base, comorbidades, tratamento cirúrgico proposto e terapia adjuvante a ser realizada Pos-operatorio • Avaliação do catabolismo através do nitrogênio ureico na urina (NUU) de 24 horas o NUU = ureia urinária x 0,47 > 15 identifica hipercatabolismo • Índice catabólico (IC) – IC = NUU – [(0,5 x ingestão de proteínas x 0,16) + 3] o <5 indica catabolismo moderado o >5 indica catabolismo grave Necessidades nutricionais • Necessidade de energia, proteínas, minerais e vitaminas • Melhor forma de terapia nutricional e a via de acesso Gasto energético basal – GEB • Calorimetria indireta o Método não invasivo complicações pós-operatórias o Avalia perda de peso, alteração da ingestão alimentar, presença de sintomas gastrointestinais, grau de estresse metabólico da doença, mudanças de mobilidade, perda de massa muscular e gorda, presença de edema o Exame físico: sinais de desnutrição, diminuição da massa muscular, perda de força muscular, diminuição dos estoques de gordura Medidas antropométricas • Peso e altura • Prega cutânea do tríceps • Circunferência muscular do braço (úteis quando comparado sexo e idade, seguimento nutricional) • IMC – utilizado para substimar o grau de desnutrição Gasto energético total • GET = GEB x FE (fator de estresse) o FE = 1,2 a 1,5 para pacientes hospitalizados Prática clínica • Pré-operatório: cerca de 30-35 kcal/kg/dia → Fornecer energia para garantir os processo de coagulação, inflamação, combate a infecção e cicatrização o Pacientes com neoplasia: 7 a 10 dias de nutrição pré-operatória o Energia pode ser fornecida sob forma de carboidratos e lipídios, proporção variável de acordo com via de acesso e metabolismo do paciente o Glicose não pode ultrapassar 5 mg/kg/min devido ao risco de hiperglicemia o Proteínas cerca de 1-1,2 g/kg/dia • Pós-operatório o SIRS moderado: 25-30 kcal/kg/dia o SIRS grave, sepse: 20-25 kcal/kg/dia o Proteínas cerca de 2g/kg/dia • Hiperalimentação: alterações hepaticas, imunológicas e dificuldades para desmame ventilação artificial • Média proteica: 1,5 g/kg/dia desde que haja bom funcionamento renal e hepático o Método não invasivo o Medido a partir do consumo de oxigênio e produção de dióxido de carbono o Obtido a partir da análise do ar inspirado e expirado pelos pulmões o Método dispendioso Vias de acesso • Via digestiva se estiver disponível funcional e estruturamente é preferível • Oral ou enteral mantém o trofismo intestinal e evita translocações de endotoxinas e bactérias o Sonda nasoenteral (DobbHoff) – colocados com EDA ou fluoroscopia até estômago ou duodeno, normalmente pós-operatório de cirurgia de grande porte (esogagectomia, gastrectomia, GDP) o Gastrostomia – via endoscópica ou cirúrgica o Jejunostomia a Witzel • Se estiver impossível o uso da via enteral, usa-se a via parenteral, normalmente em casos de peritonite com íleo adinâmico, obstrução intestinal, hemorragia digestiva ou fístula digestiva de alto débito Pré-operatório • Suplementos nutricionais enriquecidos com nutrientes imunomoduladores (glutamina, arginina, ômega 3, vitamina A, C, E, zinco e selênio Nutricao enteral • Dietas industrializadas: poliméricas, oligomérica (carboidratos de médio peso molecular, peptídeos de pequena cadeia) – úteis em doenças absortivas e intestino curto; ou elementares • Fórmulas específicas: pacientes renais e diabéticos, doentes hipercatabólicos, hepatopatias, câncer Pós-operatório imediato: paciente crítico em UTI dieta por meio de bomba de infusão em cateter locado em jejuno. Permite o uso precoce e diminui o risco de aspiração Nutricao parenteral • Ministração em veia central ou periférica por meio de cateteres apropriados • Solução esterilizada contendo aminoácidos, glicose, triglicerídeos, minerais, vitaminas e oligoelementos • Usada em doentes que não tem condição de utilizar seu trato digestório total ou parcialmente • São manipuladas por farmácias hospitalares ou de manipulação – solução 3:1, carboidratos 60-80% do valor calório total com emulsões lipídicas a 20% • Pode ser central ou periférica, variando a osmolaridade • Fórmula central contém 1kcal/ml e a periférica 0,6-0,7 kcal/ml • Pacientes que necessitam de tempo prolongado deve receber por via central Complicações • Relacionadas ao cateter central: pneumotorax, infecção, sepse por cateter venoso central • Metabólicas: hiperglicemia, eletrólitos (Na, K, Mg e fósforo) Complicações • As metabólicas são raras • Mecânicas: vômitos, distensão abdominal, dor, diarreia, pneumonia aspirativa
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