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Farmacologia da constipação e diarreia • A motilidade está relacionada com a quantidade de água existente no bolo fecal • A quantidade de líquido é o principal determinante do volume e consistência das fezes (70-85% de água). • A motilidade do TGI está relacionada à atividade contrátil (contratilidade maior ou menor), atividade absortiva e atividade secretória. • Deve-se haver equilíbrio entre a secreção e absorção. • Quem controla tudo isso são os neurohormônios (neurotransmissores), patógenos, fármacos e alimentos. REGULAÇÃO ENTÉRICA Tem-se a parte e mucosa e os músculos lisos • Nervo motor: faringe e esfíncter anal externo • SNAS H inibitório → Fibras adrenérgicas → 50% aferentes (mecano- e quimio- receptores) → 50% eferentes (músculos lisos dos vasos sanguíneos – vasoconstrição) • SNAP H estimulatório → Nervo vago (esôfago ao cólon) e nervo pélvico (colon sigmoide ao esfíncter anal interno) → Fibras colinérgicas → 75% aferentes (mecano e quimiorreceptores) → 25% eferentes (mm liso, glândulas e células secretórias) • SNE → Plexo mioentérico ou Auerbach – motilidade → Plexo submucoso ou Meissner – secreções e fluxo sg → Comunicação com o SNA Constipação/ prisão de ventre Dificuldade de evacuação ou evacuações infrequentes, associadas a esforço para defecar ou sensação de defecação incompleta. Não se trata de uma doença, mas sim, de um sintoma de doença ou problema subjacente!!! Critérios subjetivos • Diminuição do n° de evacuações - < 3x/semana (dieta ocidental) ou mais de 3 dias seguidos sem evacuação • Dificuldade de iniciar ou completar a passagem das fezes • Eliminação das fezes firmes ou de pequeno volume • Sensação de evacuação incompleta CLASSIFICAÇÃO E ETIOLOGIA Primária: sem causa subjacente identificável. Secundária: secundário a determinado fator • Fármacos: opiácieos, anticolinérgicos, antiácidos a base de alumínio, BCC, ADT, uso crônico de laxantes • Estilo de vida: dieta pobre em fibras, baixo consumo de líquidos, sedentarismo, não obediência do reflexo da evacuação • Distúrbios clínicos → Origem psicogênica: depressão → TGI: SII, hemorroidas, fissuras anais, proctite ulcerativa, tumores, hérnias, prolapsos retais → Endócrino-metabólicos: DM, hipotireoidismo, feocrocitoma, hipercalcemia → Cardíacos: ICC → Distúrbios neurológicos: lesão medular, Dç de Parkinson, EM CLASSIFICAÇÃO DOS LAXANTES ÉRICA LUANA – MED XI – UNIRV – 5ºP - FARMACOLOGIA TRATAMENTO Objetivos: → Aliviar sintomas → Reestabelecer os hábitos intestinais normais → Melhorar qualidade de vida Abordagem geral → Medidas gerais: aumentar fibras, exercícios físicos, criar hábito intestinal, consumo de líquidos → Tratar a doença subjacente → Se for causada por medicamentos, considerar substituição ou redução da dose → Tratamento medicamentoso: drogas que aumentam a retenção intraluminal ou redução da absorção de líquidos (ação osmótica) ou que alteram a motilidade CLASSIFICAÇÃO DOS LAXANTES • Agentes de ação intraluminal = 3 dias para iniciar sua ação; modula o bolo fecal - os fármacos não possuem nenhum tipo de receptor, atuam diretamente no bolo fecal → Agentes formadores de volume → Agentes osmóticos → Agentes umectantes e emolientes fecais • Estimulantes inespecíficos ou irritantes = induzem fezes líquidas → Difenilmetano → Antraquinonas → Óleo de ricínio • Agentes procinéticos – atuam em determinado receptor → Agonistas 5-HT4 → Antagonistas dopaminérgicos → Motilídeos Laxantivos formadores de volume Polissacarídeos que não são digeridos na parte alta do TGI, chegando ao intestino grosso inalterada • Formação de massa hidratada volumosa na luz intestinal (melhora consistência das fezes) – estimula o peristaltismo • Aumenta o volume do cólon → distensão e diarreia • Aumento da contagem de bactérias → contribui para a formação do bolo fecal • Bactérias no cólon fermentam as fibras→ formação de ácidos graxos (efeito pró-cinético) Fibras da dieta e suplementos: • Metilcelulose • Extratos de plantas: sterculina, ágar, farelo de trigo, psílio • Pectinas e hemiceluloses em frutas e vegetais Agentes osmóticos Compostos pouco absorvíveis pelo TGI, levando a atração osmótica da água no lúmen e estimula o peristaltismo. • Efeitos adversos: flatulência, cólicas, diarreia e desequilíbrio eletrolítico • Laxativos salinos: sulfato de Mg, Hidróxido de Mg, citrato de Mg e fosfato de Na • Açucares ou álcoois indigeríveis: lactulose, sorbitol, manitol • Soluções eletrolíticas de PEG: macrogol Agentes umectantes e emolientes fecais Compostos que amolecem as fezes e permite a evacuação mais fácil. • Docusato sódico, docusato potássico e docusato cálcio → Surfactantes que reduzem a tensão superficial das fezes (ação detergente) H facilita a mistura de substancias aquosas e gordurosas • Óleo mineral → Mistura de hidrocarbonetos alifáticos do petróleo H penetra nas fezes e amolece-as, podendo interferir na reabsorção da água Laxantes estimulantes(irritantes) Induzem inflamação branda e limitada pela estimulação de neurônios entéricos, enterócitos e mm lisa do TGI. Ativação das vias das PGs-cAMP e NO-cGMP ❖ Promove acúmulo de água e eletrólitos e estimula a motilidade intestinal ❖ Não devem ser utilizados quando há obstrução ❖ Uso exagerado astenia do cólon (diminuição da atividade propulsora natural) • Difenilmetano: Bisacodil e Picossulfato de sódio • Antraquinonas: Sene (Cassia acutifólia) e cáscara-sagrada (espinheiro cerval) • Óleo de rícino (semente da mamona, Ricinus communins) Antagonistas dopaminérgicos (procinéticos) ❖ A dopamina estimula neurônios colinérgicos mioentéricos, que reduzem a Ach, inibindo a motilidade. O fármaco inibe o receptor D2. ❖ Causa alívio de náuseas e vômitos. • Síndromes dispépticas frequentemente associadas a um retardo de esvaziamento gástrico, refluxo gastroesofágico e esofagite → Sensação de empachamento epigástrico, saciedade precoce, distensão abdominal, dor abdominal alta. → Eructação, flatulência → Náuseas e vômitos → Azia, queimação epigástrica com ou sem regurgitação de conteúdo gástrico Agonistas serotoninérgico • Bolo alimentar, agentes nocivos, toxinas microbianas ECL aumentam serotonina receptor 5-HT4 neurônios do plexo mioentérico e submucoso aumenta Ach peristaltismo e secreções epiteliais. • Representantes: Tegaserode, Metoclopramdia, Domperidona, Pricaloprida Motilídeos Agonistas da motilina nas células mm lisas do TGI H Peristaltismo • Eritromicina • Macrolídeos: azitromicina, claritromicina e oleandomicina • Rápido desenvolvimento de tolerância (down-regulation de receptores de motilina) + efeito antibacteriano H limitação do uso!!! ALGORITMO DO TRATAMENTO Diarreia Aumento da frequência e/ou uma diminuição da consistência das fezes eliminadas em comparação com o padrão intestinal normal do indivíduo. Ocorrência de 3 ou mais evacuações amolecidas ou líquidas nas últimas 24h • Não se trata de uma doença, mas sim, de um sintoma de doença ou problema subjacente!!!. • Causa desiquilíbrio hidroeletrolítico, por isso o mais IMPORTANTE é determinar a causa porque pode ser que seja bom deixar o paciente com diarreia → Sobrecarga osmótica presente no intestino → Secreção excessiva de eletrólitos e água no lúmen do órgão → Exsudação de proteínas e líquidos presentes na mucosa → Alteração da motilidade intestinal resultando em aceleração do trânsito • Característica principal: hipersecreção pelas glândulas ETIOLOGIA • Doença subjacente • Infecção • Toxinas • Ansiedade • Fármacos: antiácidos com Mg, antineoplásicos, colinérgicos, AINES, IBP e ant H2 CLASSIFICAÇÃO Quanto a fisiopatologia • Osmótica: ocorre quando há grande quantidade de molecular hidrossolúveis no lúmen intestinal, levando à retençãoosmótica de água. Tem como causa mais frequente o uso de lexativos e a má-absorção intestinal de carboidratos. • Secretória: causada por transporte anormal de íons pelas células do epitélio intestinal. As causas incluem infecções por vírus, enterotoxinas bacterinas, neoplasias síndrome de Zollinger-Ellinson, ácidos graxos de cadeia longa (esteatorreia), ácidos biliares e catárticos, derivados da antraquinona. • Exsudativa: exsudação de proteínas do soro, sangue, muco ou pus, a partir de áreas inflamadas, de doenças ulcerativas ou infiltrativas, aumenta o volume fecal e causa diarreia. Nesse grupo, estão incluídas as doenças inflamatórias intestinais, neoplasias intestinais, a colite induzida por antibióticos e a parasitose (giardíase). • Motora: trânsito acelerado, causando inadequada mistura do alimento com as enzimas digestivas, e o pouco contato com superfície absortiva, por ressecção intestinal ou fístulas enteroentéricas. Quanto ao tempo • Diarreia aguda aquosa: até 14 dias, perda de grande volume de fluidos, pode causar desidratação, bactérias e vírus. • Diarreia aguda com sangue (disenteria): sangue nas fezes, lesão na mucosa intestinal que pode associar-se com infecção sistêmica (Shigella) e outras complicações (desitratação) • Diarreia persistente: se estende por 14 dias ou mais, desnutrição e desidratação, paciente que evoluem para a diarreia persistente formam um grupo de alto risco e elevada letalidade Quanto a localização Diarreia alta: doenças no intestino delgado → Volume grande e frequência pequena das evacuações, cessa com jejum restos alimentares digeríveis nas fezes, esteatorreira (gordura nas fezes) e distensão abdominal Diarreia baixa: intestino grosso → Volume pequeno, alta frequência, diminui mas não cessa com jejum, tenesmo, eliminação de muco e pus → Não é raro que características de diarreia “alta” e “baixa” estejam presentes no mesmo paciente TRATAMENTO Objetivos → Controle da dieta → Prevenção de distúrbios hidroeletrolíticos → Alívio sintomático → Tratamento da causa → Manejo de distúrbios secundários Abordagem geral ao tratamento: → A diarreia pode constituir um mecanismo de defesa do organismo com a finalidade de livrar-se de substâncias ou patógenos nocivos → A reposta terapêutica correta não é necessariamente interromper a diarreia a todo custo → Se a diarreia for secundária a outra doença, é necessário proceder ao controle da condição primária Base do tratamento 1. Tratamento das causas curáveis 2. Manejo dos distúrbios secundários que causam diarreia 3. Alívio dos sintomas com agentes antidiarreicos (paliativo, não curativo) • Oferece alivio sintomático nos casos brandos de diarreia aguda • Devem ser evitados nas doenças diarreicas agudas causas por microrganismos patogênicos Reidratação oral H solução NaCl + glicose • Manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico • É necessário acelerar o processo, e por isso usa a água com sólido Anti-infecciosos H Atuação sobre o agente etiológico da diarreia (vírus, bactérias ou parasitas) Infecções virais → Mais frequente → Sintomas leves – frequentes evacuações líquidas, cólicas abdominais e baixo grau de febre → Duração média de 3-7 dias → Rotavírus, norovírus → Apenas hidratação Infecções bacterianas → Mais grave → Vômitos, febre, cólicas abdominais intensas → Contaminação de alimentos ou bebidas → E. coli, Salmonella e shigella → Hidratação + ATB Infecções parasitárias → Contaminação de água e alimentos → Giardia lamblia, Entamoeba histolytica → Antiparasitários Probióticos H espécies de bactérias não patogênicas que colonizam e se replicam no TGI e recuperam a microbiota. S. boulardii, L. acidophillus, B. Jactis, L. caseii → Interação com a microbiota do hospedeiro → Inibe o crescimento de MO patogênicos → Inativação de toxinas bacterianas → Inibe a ligação das toxinas com os receptores intestinais → Antissecretório → Estimula o sistema imune do hospedeiro → Efeito trófico na mucosa intestinal → Inibe a resposta inflamatória induzida por enterotoxinas Agentes antimotilidade H agentes antidiarreicos inespecíficos que não atuam no mecanismo fisiopatológico subjacente responsável pela diarreia. Agonistas opioides: Elixir paregórico, codeína, difenoxilato, difenoxina e loperamida → Reduz liberação de Ach pelos neurônios colinérgicos periféricos – antimotilidade, antissecretório, antiespasmódico → Loperamida: primeira escolha, não atravessa a BHE (efeito exclusivamente intestinal) – ação periférica Antagonistas muscarínicos → Não mais empregados, devido suas ações provocarem efeitos colaterais sobre outros sistemas (bradicardia, constipação, câimbras, boca seca e visão borrada) → Agentes anticolinérgicos: batanecol (menor peristaltismo) → iAChE: neostigmina Adsorventes e formadores de bolo fecal H polímeros hidrofílicos pouco fermentáveis que absorvem água e aumentam o volume fecal. → Formação da massa hidratada volumosa (melhora consistência das fezes) → sensação de redução da fluidez das fezes → Ligam-se a toxinas bacterianas, microrganismos e sais biliares → Reveste e protege a mucosa intestinal Fibras da deita e suplementos: • Metilcelulose (colestiramina, colestipol) • Policardofila cálcica • Caulim (salicato de alumínio hidratado) • Atalpugita (dissilicato de magnésio e alumínio) Antissecretórios Subsalicilato de bismuto + HCL → oxicloreto de bismuto (não absor.) + ác. Salicílico (absor.) ● Antissecretório → estimula absorção de água e eletrólitos pela parede intestinal ● Antimicrobiano → H. pylori ● Liga-se a toxinas da E. coli ● Anti-inflamatório r→ eduz PGs ALGORITMO DO TRATAMENTO
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