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Módulo de Planificação de Educação Curso de Licenciatura em Administração e Gestão da Educação Universidade Pedagógica © 2015 Ensino à Distância Direitos do autor (copyright) Este módulo não pode ser reproduzido para fins comerciais. Caso haja necessidade de reprodução, deverá ser mantida a referência à Universidade Pedagógica e aos seus Autores. Universidade Pedagógica Rua Joao Carlos Beirao, nº 135 Telephone: 21-320860 /2 Telephone: 21-306720 Maputo - Moçambique Website: www.up.ac.mz Centro de Educação Aberta e à Distância Bairro do Zimpeto, Av. de Moçambique, Condomínio Vila Olímpica, bloco 22 edifício 4, R/C Telephone: 82 3050353 Maputo - Moçambique Website: www.ceadup.ac.mz Agradecimentos À COMMONWEALTH of LEARNING (COL) pela disponibilização do Template usado na produção dos Módulos. Ao Instituto Nacional de Educação a Distância (INED) pela orientação e apoio prestados. Ao Magnífico Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento pelo apoio prestado em todo o processo. Ficha Tecnica Autores: Eduardo Moisés Humbane Revisão científica: Alípio Matangue Revisão de engenharia de EaD e do Desenho Instrucional: Suzete Buque Revisão Linguística: Paula Cruz Maquetização e Edição: Valdinácio Florêncio Paulo Ilustração: Valdinácio Florêncio Paulo Planificação de Educação i Índice Visão geral 1 Bem-vindo ao módulo de Planificação de Educação ........................................................ 1 Objectivos do Modulo ...................................................................................................... 2 Quem deve estudar este manual? ...................................................................................... 2 Como está estruturado este manual? ................................................................................. 3 Ícones de actividade .......................................................................................................... 4 Precisa de apoio? .............................................................................................................. 5 Unidade n° 01 7 A Planificação Estratégica na Educação ........................................................................... 7 Introdução ................................................................................................................ 7 Lição no 01 8 A Planificação na Educação ............................................................................................. 8 Introdução ......................................................................................................................... 8 Sumário ........................................................................................................................... 11 Auto-avaliação ................................................................................................................ 11 Comentários .................................................................................................................... 12 Lição no 02 13 A Planificação Tradicional ............................................................................................. 13 Introdução .............................................................................................................. 13 Sumário ........................................................................................................................... 16 Auto-avaliação ................................................................................................................ 17 Comentários .................................................................................................................... 18 Lição no 03 19 O Planeamento Estratégico ............................................................................................. 19 Introdução .............................................................................................................. 19 Sumário ........................................................................................................................... 22 Auto-avaliação ................................................................................................................ 22 Comentários .................................................................................................................... 22 Lição no 04 24 O Planeamento EstratégicoO Planeamento Estratégico como Factor Crítico do Sucesso Escolar ............................................................................................................................ 24 Introdução .............................................................................................................. 24 ii Sumário ........................................................................................................................... 29 Auto-avaliação ................................................................................................................ 30 Comentários .................................................................................................................... 31 Lição no 05 32 O Papel do Director de Escola na Construção do Plano Estratégico da Escola ............. 32 Introdução .............................................................................................................. 32 Sumário ........................................................................................................................... 37 Auto-avaliação ................................................................................................................ 38 Comentários .................................................................................................................... 39 Unidade n° 02 40 A Elaboração do Plano Estratégico da Escola ................................................................ 40 Introdução .............................................................................................................. 40 Lição no 01 41 Etapas de Elaboração do Plano Estratégico da Escola: a Pré-Planificação e o Diagnóstico ..................................................................................................................... 41 Introdução .............................................................................................................. 41 ETAPA 01: A PRÉ-PLANIFICAÇÃO ........................................................ 41 ETAPA 02: O DIAGNÓSTICO .................................................................. 43 Sumário ........................................................................................................................... 47 Auto-avaliação ................................................................................................................ 48 Comentários .................................................................................................................... 48 Lição no 02 49 Etapas de Elaboração do Plano Estratégico da Escola: Formulação, Elaboração e Implementação e Replanificação do Plano ..................................................................... 49 Introdução .............................................................................................................. 49 ETAPA 03: Formulação do plano................................................................ 50 ETAPA 04: Elaboração do plano ................................................................. 50 ETAPA 05: Implementação e execução do plano ....................................... 51 ETAPA 06: Avaliação, revisão e replanificação (reformulação) do plano . 52 Suamário .........................................................................................................................54 Auto-avaliação ................................................................................................................ 54 Comentários .................................................................................................................... 55 Lição no 03 56 A Elaboração do Plano Estratégico da Escola: Valores, Visão e Missão ....................... 56 Introdução .............................................................................................................. 56 I. Valores ................................................................................................. 57 II. Visão do futuro .................................................................................... 58 III. Missão ................................................................................................. 59 Planificação de Educação iii Resumo ........................................................................................................................... 60 Auto-avaliação ................................................................................................................ 61 Comentários .................................................................................................................... 61 Lição no 04 62 A Elaboração do Plano Estratégico da Escola: Os Objectivos Estratégicos ................... 62 Introdução .............................................................................................................. 62 Sumário ........................................................................................................................... 65 Auto-avaliação ................................................................................................................ 65 Comentários .................................................................................................................... 65 Lição no 05 66 A Elaboração do Plano Estratégico da Escola: As Estratégias e Metas ......................... 66 Introdução .............................................................................................................. 66 Sumário ........................................................................................................................... 68 Auto-avaliação ................................................................................................................ 69 Comentários .................................................................................................................... 69 Lição no 06 70 A Elaboração do Plano Estratégico da Escola: O Plano de Acção ................................. 70 Introdução .............................................................................................................. 70 Sumário ........................................................................................................................... 73 Auto-avaliação ................................................................................................................ 73 Comentários .................................................................................................................... 73 Bibliografia 74 Planificação de Educação 1 Visão geral Bem-vindo ao módulo de Planificação de Educação Caro estudante, bem-vindo ao módulo de Planificação de Educação, em que você terá a oportunidade de aprofundar os seus conhecimentos teóricos sobre a planificação de Educação mas também será convidado para a aventura de construir um plano estratégico de uma escola. Na verdade, um dos principais problemas apontados à escola em Moçambique e que está por detrás dos seus muito modestos resultados em termos de qualidade de ensino, prende-se com a ausência de uma planificação estratégica. Por isso, neste módulo você vai aprender que a forma tradicional de fazer planeamento, nas organizações, entrou em crise, porque se mostrava incapaz, por causa das suas características, de ajudar as organizações a desenvolverem-se nesta nossa sociedade cada vez mais complexa. Assim, emergiu um outro paradigma de planificação, a planificação estratégica. E esta forma de planificação tornou-se a forma moderna de fazer planificação, nas organizações em geral e na escola em particular e tem-se mostrado insubstituível para a promoção do sucesso. Na verdade ela permite que as organizações não só possam ter e manter uma direção como também que se relacionem convenientemente com o macro meio em que estão inseridas. Mas neste módulo nós vamos ficar apenas nestas interessantes discussões teóricas. Provavelmente para si, vamos fazer algo mais interessante ainda: a elaboração de um plano estratégico de uma escola. Deste modo, você, mais tarde, enquanto profissional da área de gestão e planificação escolar, poderá contribuir para municiar as 2 nossas escolas de instrumentos que as tornem capazes de progredir, o que, por sua vez, significa fazer progredir o nosso país. A tarefa é aliciante! Objectivos do Modulo Quando terminar o estudo do módulo de Planificação de Educação, você deverá ser capaz de: Objectivos do módulo Explicar a planificação estratégica como factor crítico para o sucesso da organização escolar; Diferenciar a planificação tradicional da planificação estratégica; Distinguir o plano da planificação; Explicar os ganhos que uma escola obtém com boas práticas de planificação; Explicar o papel que o director da escola desempenha no âmbito da construção de um plano estratégico da escola e Construir um plano estratégico da escola, com o respectivo plano de suporte estratégico. Quem deve estudar este manual? Este módulo foi concebido para todos aqueles que estudam a disciplina de Planificação de Educação do curso de Administração e Gestão da Educação (AGE), em particular e aos que têm interesse pela gestão e planificação educacional, em geral. Entretanto, importa referir que estudantes de outros cursos que tenham o minor de AGE também poderão usar o módulo. Planificação de Educação 3 Como está estruturado este manual? Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Pedagógica encontram-se estruturados da seguinte maneira: Páginas introdutórias Um índice completo. Uma visão geral detalhada do módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo. Outros recursos Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista de recursos adicionais que pode explorar. Estes recursos podem incluir livros, artigos ou sites na internet. Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação As tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes elementos encontram-se no final do manual. Comentários e sugestões Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários sobre a estrutura e o conteúdo do módulo. Os seus comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este módulo emviando para o – email: up.cead@gmail.com mailto:up.cead@gmail.com 4 Conteúdo do módulo Unidades Lições Unidade I: A Planificação Estratégica Na Educação Licão N° 01: A Planificação na Educação Licão N° 02: A Planificação Tradicional Licão N° 03: O Planeamento Estratégico Licão N° 04: O Planeamento Estratégico como Factor Crítico do Sucesso Escolar Licão N° 05: O Papel do Director de Escola na construção do Plano Estratégico da Escola Unidade II : A Elaboração Do Plano Estratégico Da Escola Licão N° 01: Etapas de Elaboração do Plano Estratégico Da Escola: A Pré-Planificação e o Diagnóstico Licão N° 02: Etapas de Elaboração do PlanoEstratégico da Escola: Formulação, Elaboração, Implementação e Replanificação do Plano Licão N° 03: A Elaboração do Plano Estratégico da Escola: Valores, Visão E Missão Licão N° 04: A Elaboração do Plano Estratégico da Escola: Os Objetivos Estratégicos Licão N° 05: A Elaboração do Plano Estratégico da Escola: As Estratégias e Metas Licão N° 06: A Elaboração do Plano Estratégico da Escola: O Plano de Acção Ícones de actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Planificação de Educação 5 No manual encontrará ícones que identificam as actividades, dicas, sumárias e actividades de auto-avaliação. Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada um com uma descrição do seu significado e da forma como nós interpretámos esse significado para representar as várias actividades ao longo deste módulo. Comprometimento/ perseverança Actividade Resistência, perseverança Auto-avaliação “Qualidade do trabalho” (excelência/ autenticidade) Avaliação / Teste “Aprender através da experiência” Exemplo / Estudo de caso Paz/harmonia Debate Unidade/relações humanas Actividade de grupo Vigilância / preocupação Tome Nota! “Eu mudo ou transformo a minha vida” Objectivos “[Ajuda-me] deixa- me ajudar-te” Leitura “Pronto a enfrentar as vicissitudes da vida” (fortitude / preparação) Reflexão “Nó da sabedoria” Terminologia Apoio / encorajamento Dica Tabela 1: Ícones Precisa de apoio? Se você tiver dificuldades, tem o Centro de Recursos à sua disposição, perto do local da sua residência. Não hesite em recorrer a esse centro, pois ele foi criado para si. Com efeito, lá encontrará literatura e outros materiais de consulta. Planificação de Educação 7 Unidade n° 01 A Planificação Estratégica na Educação Introdução Caro estudante, bem-vindo à primeira unidade do seu módulo de Planificação de Educação, em que você terá a oportunidade de aprofundar os seus conhecimentos teóricos sobre a Planificação de Educação. Com efeito, você vai aprender que a crise do paradigma tradicional de planificação, por causa das suas limitações, levou à emergência de um outro paradigma de planificação, a planificação estratégica. E esta, forma moderna de fazer planificação, nas organizações em geral e na escola em particular, tem-se mostrado indispensável para a promoção do sucesso. Na verdade ela permite que as organizações não só possam ter e manter uma direcção como também permite que se relacionem melhor com o macro meio em que estão inseridas. Esta unidade é composta por cinco lições, cada uma delas com 45 minutos de estudo. As lições desta unidade abordam os seguintes tópicos: a planificação tradicional versus a planificação estratégica, o planeamento estratégico como factor crítico do sucesso escolar e, finalmente, o papel do director de escola na construção de um plano estratégico da escola. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos da unidade Diferenciar a planificação tradicional da planificação estratégica; Distinguir o plano da planificação; Explicar os ganhos que uma escola obtém com boas práticas de planificação e Explicar o papel que o director da escola desempenha no âmbito da construção de um plano estratégico da escola. 8 Lição no 01 A Planificação na Educação Introdução Esta lição, basicamente, constitui revisão do módulo de “Introdução à Planificação de Educação”, que vimos no período anterior. Naquele módulo estudámos que o acto de planear faz parte da nossa história e vida. Na verdade, nós, os seres humanos, na nossa existência individual e colectiva, sempre manifestamos o desejo de transformar sonhos em realidade o que nos leva à actividade de planear. Assim, nesta lição vamos rever todo um conjunto de conceitos que nos ajudarão a perceber as matérias que abordaremos adiante, no módulo. Ao completar esta lição, você será capaz de: Objectivos da lição Definir o planeamento; Explicar a importância do planeamento em geral e na educação em particular; Explicar quais as circunstâncias que tornam a planificação indispensável. No módulo “Introdução à Planificação de Educação” 1 aprendemos que o acto de planear fazia parte da nossa história e vida. Você ainda se recorda porque é que dissemos isso? Porque no nosso quotidiano, sempre enfrentamos situações que necessitam de planificação o que não quer dizer que o façamos sempre, pelo menos de uma forma explícita. Efetivamente há actividades que já pertencem ao contexto da nossa rotina, em que agimos aparentemente sem um exercício prévio de planificação. 1 Reveja a Unidade 04 do Módulo Introdução à Planificação de Educação Planificação de Educação 9 Na nossa vida, individual e colectiva, no entanto, há situações, como estudámos no mudulo anterior, em que a planificação se torna um imperativo, sob o risco de fracassarmos nos nossos propósitos. São exemplo de algumas destas situações: a realização de actividades que não nos são familiares ou então novas; a realização de tarefas ou alcance de objectivos complexos; a necessidade de nos adaptarmos a situações que estão envoltas num ambiente crítico, envolvendo alto risco ou alto custo; a realização de actividades em parceria com outros actores, etc. O que é então a Planificação? Ela é o lado racional da acção. Tratando-se portanto de um processo de reflexão, abstracto, explícito que escolhe e organiza acções, antecipando os resultados esperados. Esta reflexão busca alcançar, da melhor forma possível, objectivos pré-definidos. PADILHA (2001) citado por Baffi (2002) vê o Planeamento, no sentido amplo, como um processo que visa dar respostas a um problema, estabelecendo fins e meios que apontem para a sua superação, de modo a atingir objectivos antes previstos, pensando e prevendo necessariamente o futuro, mas considerando as condições do presente, as experiências do passado, os aspectos contextuais e os pressupostos filosófico, cultural, económico e político de quem planeja e com quem se planeja. Logo, o autor citado percebe o planeamento como um processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e objectivos, visando o melhor funcionamento de empresas, instituições, sectores de trabalho, organizações grupais e outras actividades humanas. O acto de planejar, ainda na perspectiva do autor referenciado, é sempre um processo de reflexão, de tomada de decisão sobre a acção; processo de previsão de necessidades e racionalização de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos) disponíveis, visando a concretização de objectivos, em prazos determinados e etapas definidas, a partir dos resultados das avaliações. Então, quais serão os casos em que recorremos à planificação? Recorremos à planificação nos casos em que a situação o exige, 10 isto é, quando lidamos com uma realidade complexa, sistémica, dinâmica, de enorme importância social, que envolva avultados recursos humanos, financeiros, materiais, etc. A educação, ou organização escolar ou sistema educativo, como é evidente, apresenta estas características, logo, a planificação é um imperativo, sob o risco do sistema não responder às suas obrigações, que são as de providenciar serviços de educação à sociedade, para a promoção do desenvolvimento individual e social dos países. TEIXEIRA, (s/d), referindo-se à questão da planificação de educação, explica que a educação é actualmente concebida como factor de mudança,renovação e progresso e que, por isso, o seu planeamento se impõe, como recurso de organização. É o fundamento de toda a acção educacional. O autor considera, igualmente, que a inovação ou mudança suscitam resistências e que o planeamento é também a forma de gerenciar essas mudanças, para que haja o mínimo de resistências. E, muito importante, o Planeamento Educacional potencia o sector de Educação, integrando-o, ao mesmo tempo, no progresso global do país. O que é então o o Planeamento Educacional? COARACY, J (1972) citado por TEIXEIRA (s/d) define como sendo o processo contínuo que se preocupa com o “para onde ir” e “quais as maneiras adequadas para chegar lá”, tendo em vista a situação presente e possibilidades futuras, para que o desenvolvimento da Educação atenda tanto às necessidades do desenvolvimento da sociedade, quanto às do indivíduo”. A planificação de educação é, portanto, um processo de abordagem racional e científica dos problemas da Educação, incluindo definição de prioridades e levando em conta a relação entre os diversos níveis do contexto educacional. Planificação de Educação 11 Sumário Nesta lição estudámos que a planificação é um processo de reflexão, abstracto, explícito que escolhe e organiza acções, antecipando os resultados esperados. Esta reflexão busca alcançar, da melhor forma possível, objectivos pré-definidos e à ela recorremos nos casos em que a situação o exige, quer dizer, quando lidamos com realidades complexas, sistémicas, dinâmicas, de enorme importância social, que envolvam avultados recursos humanos, financeiros, materiais, etc. Finalmente estudámos que a educação ou organização escolar ou sistema educativo, apresenta essas características e, por isso, nela, a planificação é um imperativo, sob o risco do sistema não responder às suas obrigações: providenciar serviços de educação à sociedade, para a promoção do desenvolvimento individual e social dos países. Auto-avaliação Exercícios Para a sua autoavaliação, responda, preferencialmente em grupo, às questões que se seguem: 1. Porque é que se afirma que a planificação tem a ver com o “lado racional” da acção? 2. Explique porque é que a educação configura um dos casos em que, sem planificação, as possibilidades de sucesso são praticamente inexistentes. 12 Comentários Confronte as suas respostas com os comentários que lhe apresentamos abaixo. Se na sua resposta você teve em consideração estes aspectos é porque ela está correcta, mas se não os teve, então, continue a estudar o módulo e a discutir com os seus colegas. 1. A planificação tem a ver com o “lado racional” da acção porque ela é um exercício mental, de “pensamento” em que reflectimos de forma intencional sobre como fazer para alcançar os nossos objectivos. Portanto, nesse processo escolhemos e organizamos acções, antecipando os resultados esperados, buscando alcançar, da melhor forma possível, objectivos pré-definidos. 2. Uma escola ou um sistema educacional no seu todo, são realidades complexas, sistémicas, dinâmicas, de enorme importância social, que envolve avultados recursos humanos, financeiros, materiais, etc. Sem boas práticas de planificação não conseguiríamos conjugar todos estes elementos e característica para conduzir ou orientar a escola ou um sistema educacional rumo ao alcance de seus propósitos: providenciar serviços de educação à sociedade, para a promoção do desenvolvimento individual e social dos países. Planificação de Educação 13 Lição no 02 A Planificação Tradicional Introdução Na sessão passada estudámos a planificação educacional e vimos que ela é um processo de reflexão e tomada de decisão sobre a acção a ser empregue, para o alcance de objectivos. Nesta sessão, como forma de introduzir a planificação estratégica, a nossa abordagem vai centrar-se particularmente na planificação tradicional, onde teremos a oportunidade de abordarmos as limitações que ela carrega consigo. Ao completar esta lição, você será capaz de: Objectivos da lição Explicar o contexto de surgimento do planeamento tradicional; Caracterizar o planeamento tradicional e Indicar as limitações do planeamento tradicional. INA (s/d) explica que o conceito de planeamento estratégico vem do meio militar e só na década de 60 é que foi adoptado pelas empresas, com vista a reforçar a competitividade, “em consequência das suas dificuldades de desenvolvimento, face à evidência das limitações do planeamento tradicional” (INA, s/d:29). Efectivamente, o paradigma de planeamento tradicional caracteriza-se por possuir um elevado nível técnico e de se basear em modelos matemáticos sofisticados. Ele parte do pressuposto de que é possível fazer a previsão perfeita e quantificar os fenómenos sociais, não tem em conta os actores sociais, ou seja, a complexidade das relações sociais que se desenvolvem na organização. 14 Segundo SILVA (s/d: 6), citando SANTANA et al (1986), este tipo de planeamento, em termos de contexto de surgimento, emergiu com a crescente secularização do conhecimento, a diversificação da estrutura económica e racionalização do trabalho. Igualmente, contribuiu para o seu surgimento a crescente burocratização das entidades económicas, processo que foi acompanhado pela “tecnificação”, isto é, pela crescente aplicação da ciência (com carácter disciplinar ou especializado) no quotidiano. O planeamento tradicional, ainda segundo explicação de SILVA (s/d), tem um enfoque racional ou normativo, dado que subentende que o homem necessita de prescrições e normas para regular as suas acções. Assim, ela vai ser uma planificação muito prescritiva, indicando minuciosamente aos actores organizacionais “o que” e “como fazer”, independente de valores e da motivação deles. Portanto, trata-se duma planificação com forte carácter burocrático, no sentido em que ela se processa de “de cima para baixo” e se baseia no método racional (linearidade das etapas). Enfim, trata-se de uma planificação mecânica, marcado pela concepção tecnocrática e economicista. E como será que este paradigma de planificação olha para a figura do planificador? Ele é visto técnico ou perito, cuja preparação exige “objectividade” científica para a tomada de decisão e também que ele possua conhecimento e domínio de estratégias e técnicas específicas. Como você já se deve ter apercebido, esta planificação é “problemática”, no sentido em que possui limitações. Quais serão, no seu ponto de vista, algumas dessas limitações? Entretanto vejamos algumas. Planificação de Educação 15 a) Limitações da planificação tradicional Então, tendo em conta a caracterização acima, a planificação tradicional, também conhecida como clássica, caracteriza-se por ser praticada a partir de uma visão fraccionada ou parcial da realidade, tornando-se, portanto, isolada, fragmentada. Noutros termos, é uma planificação que não tem em consideração o todo organizacional, mas partes específicas da organização e, também, não leva em consideração a dinâmica social, quer dizer, não pondera convenientemente o comportamento dos actores, influenciado por variáveis de natureza cultural, psicológica, política, etc. Esta planificação apresenta, por conseguinte, as seguintes limitações: 1. É uma planificação rígida, inflexível. Ela não prevê modalidades de ajustamentos, caso se mostrem necessários. Portanto, é um tipo de planificação para funcionar num mundo ideal, sem crises, sem contingências em que tudo acontece como deveria acontecer. E nós sabemos que a realidade não é bem assim! Por isso, é razoável afirmar que os planos que resultam desta planificação servem mais para se dizer que há planificação, legitimando assim as actividades realizadas do que para, deveras,guiar os actores organizacionais. 2. Reflecte esta planificação, em geral, a realidade ou a visão dos que planeiam (gestores, dirigentes) e não de todos os actores, particularmente dos actores dos escalões mais baixos. Idem, não tem em consideração o ambiente externo em que a organização está inserida. 3. Relacionado com a anterior limitação, os planos que resultam desta planificação são aplicados mecanicamente, rotineiramente, sem um exercício de reflexão. São planos 16 relativamente fáceis de aplicar a curto prazo, mas vão-se mostrando cada vez mais inadequados com o passar do tempo. 4. Estes planos até podem levar ao alcance dos objectivos, mas não promovem a mudança qualitativa da organização; muitas vezes, mesmo tendo sido alcançados os objectivos, verifica-se mais tarde regressão ao estado anterior. Sumário Nesta lição estudámos que o planeamento tradicional tem um carácter racional, prescritivo, burocrático portanto, sem a necessária consideração dos aspectos socioculturais e surgiu nas organizações com a burocratização das mesmas, o que foi acompanhado pela “tecnificação”, isto é pela crescente aplicação da ciência, cada vez mais com carácter disciplinar ou especializado. Esta planificação, entre outras, apresenta como limitações o fato de ser rígida, inflexível, dela resultarem planos para serem aplicados mecanicamente, sem um exercício de reflexão e, finalmente, reflecte mais a realidade ou a visão dos que planeiam e não dos actores organizacionais e, como corolário, ela não promove mudanças qualitativas na organização. Planificação de Educação 17 Auto-avaliação Exercícios Para a sua autoavaliação, responda, preferencialmente em grupo, às questões que se seguem: 1. Refira-se ao contexto de surgimento da planificação do planeamento tradicional. 2. O planeamento tradicional tem poucas possibilidades de promover mudanças qualitativas nas organizações. Explique porquê. 18 Comentários Confronte as suas respostas com os comentários que lhe apresentamos abaixo. Se na sua resposta você teve em consideração estes aspectos é porque ela está correcta, mas se não os teve, então, continue a estudar o módulo e a discutir com os seus colegas. 1. Quanto ao contexto de surgimento, a planificação tradicional apareceu com a burocratização das organizações, processo que foi acompanhado pela crescente secularização do conhecimento, que por sua vez pressupôs a “tecnificação”, isto é, pela crescente aplicação da ciência, com carácter disciplinar ou especializado. 2. O planeamento tradicional tem poucas possibilidades de promover mudanças qualitativas nas organizações na medida em que ela é uma planificação muito matemática, “idealizada”, ela tem a crença de que é possível fazer previsões perfeitas e de que se podem quantificar os fenómenos sociais. Quer dizer, não é uma planificação que parta do princípio de que os sujeitos do plano são homens, daí ser importante considerar os seus valores, crenças, motivações, entenda-se a complexidade das relações sociais que se desenvolvem na organização. Outrossim, é uma planificação que não visualiza convenientemente o todo organizacional e a relação da organização, como um todo, com o macro meio onde a organização se insere. Em síntese, esta planificação não alcança a complexidade da organização! Planificação de Educação 19 Lição no 03 O Planeamento Estratégico Introdução O planeamento tradicional, pelas suas características (limitações), não constituía um instrumento capaz de levar as organizações ao progresso. Ela, como estudámos na lição anterior, na verdade dava muito poucas possibilidades às organizações de promoverem mudanças qualitativas. Tal originou que, a partir dos anos 70, surgisse uma crise com o planeamento tradicional, dai terem emergido inúmeras teorias com vista a que a planificação alcançasse a complexidade das organizações, transpondo-se desse modo as limitações encontradas no paradigma tradicional de planeamento. Nesta lição vamos estudar o paradigma do planeamento estratégico, surgido como resposta à crise do paradigma tradicional. A nossa abordagem irá enfatizar as escolas. Ao completar esta lição, você será capaz de: Objectivos da lição Definir o planeamento estratégico; Diferenciar o planeamento estratégico do tradicional. A partir dos anos 70 surge a crise do planeamento tradicional, daí terem surgido inúmeras teorias, “exigindo um pensamento voltado para a complexidade, tentando ultrapassar as limitações encontradas no paradigma racionalista de planeamento, e anunciando a emergência de um novo paradigma – o planeamento estratégico”. (INA s/d:04) Na verdade, a planificação tradicional não se mostrava capaz de municiar as organizações para responder aos desafios com que 20 estavam cada vez mais confrontadas: a crescente concorrência entre elas, os utentes ou consumidores cada vez mais exigentes, o mundo cada vez mais globalizado, etc. Uma questão então se impõe: O que será então o planeamento estratégico? Segundo ARGUIN (2000), citado por PERFEITO (2007:56) o planeamento estratégico “é um processo de gestão que apresenta, de maneira integrada, o aspecto futuro das decisões institucionais, a partir da formulação da filosofia da instituição, sua missão, sua orientação, seus objectivos, suas metas, seus programas e as estratégias a serem utilizadas para assegurar a sua implantação”. Analisemos a definição acima. Nela, primeiro vemos que o planeamento estratégico é diferente do tradicional que é fraccionado ou isolado. O que quererá isto dizer? Ele apresenta-se como integrado, quer dizer, visa o todo organizacional e não a partes especificas. Nesta perspectiva, um plano estratégico de uma escola, por exemplo, é um plano de toda a escola e não um plano só da direcção ou da área pedagógica, da direcção administrativa ou da secretaria. O plano estratégico é integrado, ele incorpora todas as vertentes da escola, desde a curricular, à financeira, a infra- estrutural, de recursos humanos, etc. Vemos igualmente nesta definição que a planificação estratégica é um esforço consistente, destinado a produzir decisões e consequentes acções que guiem a organização escolar rumo ao futuro desejado. Quer dizer, a planificação estratégica permite à escola tomar decisões com base numa visão de futuro ou a partir de uma ideia muito clara sobre onde se pretende chegar. Mais ainda, percebemos que os resultados a obter, baseiam-se numa visão de futuro, isto é, nesta planificação a motivação não é apenas a gestão do quotidiano, do imediato mas também, há um compromisso com a mudança para o melhor, com o Planificação de Educação 21 desenvolvimento da escola. Portanto o planeamento estratégico está projectado para um futuro qualitativamente melhor. O planeamento estratégico é assim um processo gerencial que permite estabelecer uma direcção a ser seguida pela escola, com o fim de optimizar (tirar maiores benefícios ou proveito) dos recursos disponíveis (professores, infra-estruturas, equipamentos, etc.) e, por via disso, melhor servir a sociedade. Neste sentido, o planeamento estratégico também pode ser vista como a forma pela qual a escola define como se mobiliza (organização, disposição, motivação), como um todo, com vista a alcançar os seus próprios objectivos. Há ainda um outro aspecto de importância capital nesta definição. O planeamento estratégico não é somente um exercício de análise e tomada de decisões, ela não termina nestas decisões, ela inclui planos operacionais de acção, que indicam as acções concretas que cada uma das unidades (o director da escola, o sector pedagógico, a secretaria, a contabilidade, etc.) deve implementar para o alcance dos objectivos estratégicos. Em jeitode síntese, as organizações incluindo as escolas, no âmbito da planificação estratégica, procuram responder às seguintes questões: Porque é que existimos? O que fazemos? Como fazemos? Onde queremos chegar? Como devemos lá chegar? As respostas a estas perguntas, no caso da escola, vão resultar no Plano Estratégico da Escola, que será um guia ou referência para toda a escola, uma espécie de bússola da escola. Entretanto, importa referir que o Plano Estratégico da Escola também é conhecido como Plano de Desenvolvimento da Escola, por isso, neste módulo, doravante, iremos designar a este plano de “PEE/PDE”. 22 Sumário O planeamento tradicional entrou em crise devido às suas limitações. Em seu lugar surgiu o planeamento estratégico, que é um processo de gestão que apresenta, de maneira integrada, o aspecto futuro das decisões institucionais. Mais do que isso, desembocam em planos operacionais, para assegurar a sua implantação. Esta planificação, diferente da tradicional, é integrada, quer dizer, refere-se ao todo organizacional e não a partes específicas e procura articular o todo com o macro ambiente. Auto-avaliação Exercícios Para a sua autoavaliação, responda, preferencialmente em grupo, às questões que se seguem: 1. Diferencie (dois elementos) o planeamento estratégico do tradicional, mostrando como o primeiro supera o segundo. 2. No texto, numa metáfora, o planeamento estratégico da escola foi visto como uma bússola. Você concorda com essa metáfora? Explique o seu ponto de vista. Comentários Confronte as suas respostas com os comentários que lhe apresentamos abaixo. Se na sua resposta você teve em consideração estes aspectos é porque ela está correcta, mas se não os teve, então, continue a estudar o módulo e a discutir com os seus colegas. Planificação de Educação 23 1. (i.) O planeamento estratégico, diferente do tradicional, procura mobilizar toda a organização (recursos humanos, matérias, organizacionais, etc.) com vista ao alcance dos objectivos. Portanto, ela preocupa-se também com os actores organizacionais, o que vale dizer com as suas preocupações, motivações, etc. Noutros termos, é uma planificação atenta à complexidade da organização, dando também atenção às dinâmicas sociopsicológicas que ocorrem na organização. (ii.) No planeamento estratégico, diferente do tradicional, as decisões e acções e por isso os resultados a obter, baseiam-se numa visão de futuro, quer dizer, num estágio qualitativamente melhor. Portanto, nesta planificação a motivação não é apenas a gestão do quotidiano, do imediato mas há sim um compromisso com a mudança para o melhor, logo com o desenvolvimento. Não se trata, por conseguinte, de uma gestão mecânica, rotineira, como no planeamento tradicional, mas de uma acção norteada por uma ideia muito clara de um “ futuro melhor”, que se pretende alcançar. 2. A bússola, como sabemos, é um instrumento de orientação geográfica, que permite aos viajantes, particularmente àqueles que conduzem embarcações, encontrar ou determinar a direção correcta para se chegar ao destino ou “bom porto”. É um instrumento indispensável para um navegador. Tal como a bússola, o planeamento estratégico é todo um exercício que tem em vista produzir um plano, que irá orientar os esforços organizacionais, incluindo o uso dos recursos disponíveis, com vista a chegar a “bom porto”, ou seja alcance de objetivos predefinidos. Também é indispensável para um gestor. 24 Lição no 04 O Planeamento EstratégicoO Planeamento Estratégico como Factor Crítico do Sucesso Escolar Introdução Na lição anterior, estudamos o planeamento estratégico e vimos que ele tinha inúmeras vantagens por comparação com a planificação tradicional, o que a leva a dar mais possibilidades às organizações de se desenvolverem. Nesta lição vamos aprofundar um pouco essa questão. Com efeito, você vai aprender que a organização escolar, nas sociedades modernas, tem como grande desafio e exigência formar cidadãos à altura dos desafios sociais nas suas múltiplas dimensões e que, para que tal suceda, torna-se indispensável que a escola conheça muito bem o seu ambiente interior bem como o envolvente, e que se tenha as competências necessárias para realizar os ajustes e mudanças, de acordo com as necessidades e demandas emergentes, o que só pode ser feito com boas práticas de planificação. Ao completar esta lição, você será capaz de: Objectivos da lição Explicar porque o planeamento educacional é visto como factor crítico do sucesso escolar; Explicar o princípio da flexibilidade no planeamento estratégico; Diferenciar o “plano” da “planificação” e Referir-se à postura do gestor escolar, no contexto do planeamento. Iniciemos a nossa lição falando, de forma bem breve, sobre a organização escolar, essa agência criada pela sociedade para realizar a educação formal. Uma questão inicial seria a de sabermos Planificação de Educação 25 qual o desafio com que actualmente a escola está confrontada. Ela, , nas sociedades modernas, tem como grande desafio e exigência de formar cidadãos à altura dos desafios sociais nas suas múltiplas dimensões, por outras palavras, fazer dos alunos cidadãos emancipados e qualificados para o trabalho. Para que ela seja bem-sucedida, logicamente, “torna-se imprescindível que se conheça a realidade e que se tenha as competências necessárias para realizar os ajustes e mudanças nos contextos educacionais, de acordo com as necessidades e demandas emergentes no contexto da realidade externa e no interior da escola”. LÜCK (2009:16) A partir de LÜCK (2009), como você já deve ter depreendido, vemos que as escolas lidam não só com um objecto (a educação) que já é complexo, como também têm que atingir os seus objectivos dentro de um contexto, a própria escola e a sociedade, igualmente bastante complexa. Daqui decorre, como não poderia deixar de ser, que a planificação educacional se mostra um instrumento crítico para que a escola seja bem-sucedida, na medida em que ela lida com uma realidade complexa e sistémica (realidade composta por muitos elementos que se inter-relacionam), dinâmica (sempre “em movimento”, algo vivo, que muda e se transforma), de enorme importância social e que envolve avultados recursos humanos, financeiros, materiais, etc. o planeamento [escolar] tem por finalidade “ fazer algo vir à tona, fazer acontecer, concretizar, e para isto é necessário „amarrar‟, „condicionar‟, estabelecer as condições – objectivas e subjectivas – prevendo o desenvolvimento da acção no tempo (o que vem primeiro, o que vem em seguida), no espaço (onde vai ser feita), as condições materiais (que recursos, materiais, equipamentos serão necessários) e políticas (relações de poder, negociações, estruturas), bem como a disposição interior (desejo, mobilização), para que aconteça.” (VASCONCELLOS , 2000 ) citado por (SILVA, s/d: 11). 26 Que ilações poderemos tirar do extracto acima? Que o planeamento se mostra extremamente útil para a escola, na medida em que ela lhe dá unidade, fazendo emergir um ambiente psicológico de coesão (e mesmo de motivação) dos actores escolares e também da direcção. Por outras palavras, a planificação faz com que a escola, como um todo, tenha uma direcção. Entretanto vários autores chamam a atenção para que a planificação que gere estes múltiplos ganhos à escola, o exercício de planificação não deva ser uma actividade mecânica, ou então, os planos produzidos não devam ser considerados uma “camisa-de- força” que forçosamente deve servir a todos. Por exemplo, LÜCK (2009: p.35), critica a ideia tão comum de que planear corresponde à elaboração de um plano ou projeto, “com um valor em si mesmo”. E qual é a proposta da autora? Que planear vai para além disso, atéporque planos e projectos “constituem-se apenas em documentos em que registam os resultados do processo de planeamento, de modo a não se perder a sua riqueza de detalhes e variedade de aspectos envolvidos, sua sequenciação, etc.” (idem). Planear, na verdade, é um processo de reflexão, dado que quem o faz ”diagnostica e perspectiva, mediante o qual se pondera a realidade educacional em seus desdobramentos e se propõe intervenções necessárias” (ibidem). SILVA (s/d), a propósito desta discussão, mostra-se contrária ao planeamento normativo (tradicional), por ter caráter determinístico, ao tender a prescrever as formas de acção dentro de uma programação mais fechada e pro-activa e defende um planeamento mais participativo, interactivo ou situacional. Segundo argumenta as organizações são manejadas por pessoas, cuja percepção do que é possível e desejável depende da situação em que são colocadas.[...] o planeamento é interativo no sentido de que a organização (e as pessoas que nela atuam) é o sujeito do plano e, na busca de seus objetivos, ela própria se modifica e encoraja transformações Planificação de Educação 27 (também das pessoas). (SANT‟ANNA et al (1986), citados por SILVA, s/d: 3). O planeamento mecânico, o plano “camisa-de-força” ou seja estas práticas que se aproximam do planeamento tradicional, como você já deve ter concluído, dificilmente levam a escola à alcançar os seus propósitos, considerando o seu carácter sistémico, dinâmico e de grande pluralidades de actores. Pelo contrário, o planeamento participativo, considerado o seu carácter interactivo, quer dizer ao estar de certo modo centrado nos actores organizacionais, o activo principal da organização, e, ao procurar responder “em tempo real” às dinâmicas organizacionais parece ser o mais adequado. Um plano ou projeto educacional, por mais bem delineado que seja, não consegue prever todas as condições e situações da dinâmica educacional, não deve ser considerado como uma camisa de força que tolha iniciativas necessárias para fazer face a situações não previstas e emergentes; deve também prever a necessidade de adaptações, a partir do princípio de flexibilidade […] essa característica que exprime uma condição de sucesso ao exercício do trabalho escolar, também demanda do diretor um posicionamento claro, porém flexível e compreensivo em relação aos fenômenos e circunstâncias inerentes à dinâmica social. (LÜCK, 2009, p. 34) O princípio da flexibilidade, parece-nos central no planeamento estratégico educacional. Como já bem sugere LÜCK (2009), exige- se que os gestores (directores de escolas), aqueles a quem cabe gerir a implementação dos planos adoptem este princípio, dado que a realidade é dinâmica, mutável e deve-se estar permanentemente atento a ela, ademais, as organizações é que se devem transformar para acompanharem as novas exigências e não o inverso, o que seria contraproducente. Esta ideia é igualmente reforçada por SILVA (s/d, p. 12) ao sugerir que “o planeamento escolar é também um processo reflexivo”. Mais ainda, ela distingue o “plano” que é um produto e refere-se a um determinado momento do planeamento, que é “processo 28 contínuo, dinâmico que incita uma determinada intervenção na realidade”. Neste sentido, a autora chama-nos a atenção para não confundir estes dois conceitos, “plano” e “planeamento”. O primeiro não significa o esgotar de todo o processo de planificação, ele não é mais do que a síntese (no papel) de uma reflexão feita num determinado momento, contudo, esta reflexão (o planeamento) deve ser contínua, porque a realidade na qual se vai fazer a intervenção não é estática, mas dinâmica, cheia de variáveis “movediças”, transformando-se sempre. LÜCK (2009) tem uma análise muito próxima de SILVA (s/d). Segundo desenvolve, quem planeia, examina e analisa dados, comparando-os criteriosamente, estuda limitações, dificuldades e identifica possibilidades de superação das mesmas. Esse processo de análise, comparação, dentre outros processos mentais, fazem do planeamento um processo de reflexão diagnóstica e prospectiva 2 , mediante o qual se pondera a realidade educacional em seus desdobramentos e se propõe intervenções necessárias. “O planeamento será, portanto, tanto mais eficaz quanto mais cuidada for a reflexão promovida: rigorosa, crítica, de conjunto e livre de tendências e de ideias preconcebidas. LÜCK (2009:35 Em suma, a partir de LÜCK (2009) e SILVA (s/d), vemos que uma boa prática de planificação necessariamente deve ser reflexiva. Mas o que é que isto quer dizer? Que ela, a planificação, deve ser baseada numa interacção ou diálogo entre os atores organizacionais, dado que tal permitirá que continuamente (ou sempre que necessário) se faça o redimensionamento ou replaneamento, com vista a dar respostas adequadas e em tempo útil às dinâmicas da escola. E, como foi bem vincado, todo este processo só chegará a “bom porto” se se respeitar o princípio da flexibilidade, quer dizer se se optar por um processo de análise de tomada de decisões e implementação das mesmas, rigoroso, crítico, 2 Relaciona-se com análise do que será do “agora” para o futuro. É a estimação do que irá acontecer no futuro face às intervenções realizadas no presente. Planificação de Educação 29 sobretudo livre de tendências e de ideias preconcebidas, por conseguinte com abertura para a construção e reconstrução do que já terá sido postado no plano, num processo dialogado que envolve todos os actores, independente dos seus escalões. Sumário Nesta lição estudámos que uma escola, dada a sua complexidade, para que funcione a contento e atinja os seus objetivos, desse modo se desenvolvendo, imperiosamente, deve ter boas práticas de planificação. Na verdade, estas é que vão fazer com que a escola tenha unidade e direcção, ao fazer emergir nela um ambiente psicológico de coesão e de motivação de todos os segmentos ou vertentes da escola. Entretanto, para que assim seja, o processo de planificação estratégico, o que pressupõe ser situacional, interactivo e dialogado e os planos dele resultantes não serem encarados como uma “camisa-de-forças” que, forçosamente, deve servir a todos, pelo contrário, embora a sua implementação deva ser rigorosa mas também deve ser crítica e livre de tendências e de ideias preconcebidas. Em última análise, no processo de planificação deve imperar o princípio da reflexividade e flexibilidade. 30 Auto-avaliação Exercícios Para a sua autoavaliação, responda, preferencialmente em grupo, às questões que se seguem: 1. Explique a importância dos princípios da reflexividade e flexibilidade. 2. Relacione o plano “camisa- de-forças” com o planeamento tradicional. 3. Diferencie o “plano” da “planificação” . Planificação de Educação 31 Comentários Confronte as suas respostas com os comentários que lhe apresentamos abaixo. Se na sua resposta você teve em consideração estes aspectos é porque ela está correcta, mas se não os teve, então, continue a estudar o módulo e a discutir com os seus colegas. 1. Um plano ou projeto educacional, por mais bem esboçado que seja, não pode prever todas as condições e situações passíveis de acontecer no ambiente escolar, pelo que se deve estar aberto a iniciativas que levarão a ajustes, como forma de se fazer face a estas situações não previstas e emergentes. Portanto, exige-se dos implementadores do plano uma postura maleável e compreensiva em relação aos fenómenos e circunstâncias inerentes à dinâmica social. 2. O plano “camisa-de-forças” é aquele que não respeita os princípios da reflexividade e flexibilidade, ou seja, pretende-se que ele seja implementado independentemente do que sucede na dinâmica organizacional, nas suasdiferentes vertentes. Este tipo de plano enquadra-se no planeamento tradicional, que se caracteriza por ser burocrático, normativo, fechado, etc. 3. O “plano” é um documento no qual se regista a reflexão e as decisões feitas no acto da planificação, logo ele é produto que tem a ver com um determinado momento do planeamento. É algo acabado na sua construção, num dado momento. Diferentemente, o planeamento é processo contínuo, dinâmico. Assim, plano não significa o esgotar de todo o processo de planificação, ele não é mais do que a síntese (no papel) de uma reflexão feita num determinado momento, sendo que esta reflexão deve ser contínua, porque a realidade na qual se vai fazer a intervenção não é estática, mas dinâmica. 32 Lição no 05 O Papel do Director de Escola na Construção do Plano Estratégico da Escola Introdução A escola é uma agência social especializada em providenciar educação à sociedade e nela interagem uma pluralidade de actores, como gestores, professores, alunos, pais e encarregados de educação, comunidade e parceiros que, de forma organizada, trabalham para alcançar objectivos. Nesta lição você vai estudar quem são estes actores escolares, com destaque para o director da escola (doravante neste módulo DE), enquanto gestor cimeiro da escola, por conseguinte aquele a quem cabe, em última análise, governar a escola e que, por isso, deve possuir competências no campo do planeamento e organização da escola, sob o risco de fracassar na sua função de levar a escola a atingir os seus propósitos. Ao completar esta lição, você será capaz de: Objectivos da lição Indicar os actores escolares Explicar o papel do DE gestor escolar enquanto gestor cimeiro da escola Referir-se às competências do DE ao nível da planificação e organização do trabalho escolar A escola, como você já estudou, é uma agência social especializada em providenciar educação à sociedade. Assim, nela interagem uma pluralidade de actores que você certamente conhece como gestores, professores, alunos, pais e encarregados de educação, comunidade e parceiros, que trabalham de forma estruturada para alcançar Planificação de Educação 33 objectivos. Estes actores têm cada um suas funções e características. 1. Os actores escolares Como afirmámos no parágrafo antecedente, na escola há actores que interagem, com vista a que haja a “efectiva aprendizagem dos alunos”. Quem são esses actores? Segundo LUCK (2009), são os professores, os funcionários, comunidade e parceiros, os próprios alunos e os gestores escolares. A partir das ideias de LUCK (2009:21-22), passamos a sistematizar quem é cada um deles com maior destaque para o DE. a) Professor - é o profissional que actua directamente na formação dos alunos. A partir de seu desempenho, que é baseado em conhecimentos, habilidades e atitudes, sobretudo por seus horizontes pessoais, profissionais e culturais, orienta de forma competente os seus alunos, numa actuação aberta, com forte liderança e perspectivas positivas orientadas para o sucesso. b) Funcionários - são os colaboradores directos da construção do ambiente educacional e na efectivação dos seus processos educacionais. A qualidade da contribuição dos funcionários é determinante para o trabalho educativo, dado que eles estão presentes nos vários segmentos da escola. Um funcionário não é um mero assalariado, ele é um dos fazedores do ambiente educativo mas também, ele próprio, é um educador. c) Gestores escolares - são os profissionais responsáveis pela organização e orientação administrativa e pedagógica da escola, da qual resulta a formação da cultura e ambiente escolar, que devem ser mobilizadores e estimuladores do desenvolvimento das aprendizagens e formação dos alunos. Na equipa de gestão destaca-se o DE, responsável principal pelo direccionamento do modo de ser e de fazer da escola e seus resultados. Fazem 34 também parte da equipa de gestão os directores adjuntos, os coordenadores pedagógicos e os gestores administrativos. d) Os alunos - constituem os protagonistas da finalidade da escola. São a razão de ser da Escola. Estes contribuem com o seu saber e constituem o centro da atenção por parte dos professores na sua formação integral e desenvolvimento harmonioso das suas capacidades diversas. e) Pais, encarregados de educação e comunidade – são actores que actuam dentro e fora da escola. A boa educação dos alunos depende em grande medida da participação dos pais e encarregados de educação e da comunidade na vida da escola. Recordemo-nos, a educação e socialização primária ocorrem em casa, numa certa comunidade que tem as suas características culturais; assim, a participação destes actores, numa relação de parceria com a escola, no processo educativo, mostra-se de capital importância. f) Parceiros - estes são todos stakeholders da escola. Na elaboração dos PEE/PDE, deve-se dar espaço à participação destes (podem ser antigos alunos, trabalhadores, professores da escola, instituições do estado ou privadas que se encontrem ao redor da escola ou aquelas com que a escola mantém acordos de cooperação). 2. Funções do DE no âmbito do PEE/PDE Acabamos de ver que na equipa de gestão da escola tem papel de destaque o DE, que é o responsável principal pelo governo da escola. A ele compete zelar pela realização dos objectivos educacionais, pelo bom desempenho de todos os participantes da comunidade escolar e alcance dos padrões de qualidade definidos pelo sistema de ensino e legislação vigente. Planificação de Educação 35 Para que a escola consiga realizar com sucesso as suas atribuições, muitos desafios se colocam ao seu director. O DE deve, acima de tudo, conseguir com que o ambiente escolar efectivamente leve ao desenvolvimento de aprendizagens significativas, que possibilitem o desenvolvimento dos alunos. Portanto, o foco principal da actividade do DE deve ser o de os alunos terem sucesso na escola, quer dizer que desenvolvam as saberes que era suposto desenvolverem. Note bem, não estamos dizendo que “conseguir com que o ambiente escolar efectivamente leve ao desenvolvimento de aprendizagens significativas” signifique necessariamente que o DE se concentre na sala de aulas, que ele vá para a sala de aula. Ao DE , na verdade, cabe, agindo em toda a estrutura da escola, criar este ambiente que propicie as aprendizagens significativas dos alunos. a) Competências do DE ao nível da planificação e organização do trabalho escolar Antes, comecemos por ver o que será uma competência. Segundo LUCK (2009: 12) ela “constitui capacidade de executar uma acção específica ou dar conta de uma responsabilidade específica em um nível de execução suficiente para alcançar os efeitos pretendidos. A competência envolve conhecimentos, habilidades e atitudes referentes ao objecto”. No seu ponto de vista, a partir da sua experiência ou como profissional de educação ou como utente das escolas, quais seriam as competências de um DE? Segundo o ponto de vista da autora que temos vindo a citar, para um DE ser bem-sucedido, deve revelar várias competências, como, por exemplo, de planificação e organização do trabalho escolar, de monitoria e avaliação, de gestão de resultados educacionais, de gestão democrática e participativa, de gestão de pessoas na escola, entre outras. 36 Pelos nossos interesses didácticos, referir-nos-emos apenas à competência de planificações e organização do trabalho escolar. O DE, como já exposto, é o responsável máximo pela direcção que a escola toma e para que ele saiba qual a direcção e como manter essa mesma direcção, a escola deve ter boas práticas de planificação. Sem plano, a acção dos actores escolares (professores, funcionários, alunos e stakeholders) é descoordenada e a avaliação das suasactividades mostra-se praticamente impossível. Então, a questão que se coloca é: o que deve fazer o DE, no âmbito da planificação e organização do trabalho escolar, para que a escola tenha direcção e mantenha essa mesma direcção, por forma a promover a coordenação e posterior avaliação das suas actividades? Assim, o DE: Estabelece na escola a prática do planeamento como um processo fundamental de gestão, organização e orientação das acções em todas as áreas e segmentos escolares, de modo a garantir a sua materialização e efectividade. Promove a construção da visão, missão e valores com os participantes da comunidade escolar e a sua tradução em planos específicos de acção, de modo a integrá-los na organização e modo de fazer das diferentes áreas de actuação da escola. Reforça e orienta a prática de planeamento em diversos níveis e âmbitos de acção como instrumento de orientação do trabalho quotidiano, de modo a dar-lhe unidade, organização, integração e operacionalidade. Promove e lidera a elaboração participativa, do PEE/PDE e o seu Projeto Político-Pedagógico, com base em estudo e adequada compreensão sobre o sentido da educação, suas finalidades, o papel da escola, diagnóstico objectivo da Planificação de Educação 37 realidade social e das necessidades educacionais dos alunos e as condições educacionais para atendê-las. Promove a realização sistemática de diagnóstico da realidade escolar, avaliação institucional e compreensão dos seus desafios e oportunidades, como subsídios para a elaboração de planos de melhoria. Uma análise a estas competências, sinalizam, tal como estudado nas lições anteriores, que o processo de planificação deve ser situacional, interactivo e dialogado. Noutros termos, o DE deverá ser capaz de trazer para a dinâmica de planificação todos os actores escolares, dado que cada um, com as suas características e funções, é que fazem o ambiente escolar, e sem eles a escola não existe ou pelo menos seria problemática. Mais ainda, o DE deverá conseguir que a prática de planificação, que inclui os princípios de reflexividade e flexibilidade, passe a fazer parte da cultura de trabalho de todas as secções da escola. Sumário Nesta lição estudámos que a escola é uma agência social especializada em providenciar educação à sociedade, sendo que interagem uma pluralidade de actores que, de forma organizada, trabalham para alcançar objectivos. No conjunto destes actores destaca-se o DE, enquanto gestor cimeiro da escola, por conseguinte aquele a quem cabe em última análise governar a escola e que por isso deve possuir competências no campo do planeamento e organização da escola, sob o risco de fracassar na sua função de levar a escola a atingir os seus propósitos. Fazem parte dessas competências estabelecer na escola a prática do planeamento como um processo fundamental de gestão, promover e liderar a elaboração participativa dos diversos planos que existam 38 na escola, promover a realização sistemática de diagnóstico da realidade escolar, que deverão servir de ponto de partida para futuras actividades de planeamento, entre outras. Auto-avaliação Exercícios Para a sua autoavaliação, responda, preferencialmente em grupo, às questões que se seguem: 1. Os alunos são a razão de ser da escola, logo, conhecer as suas expectativas, necessidades, avaliação mostra-se fundamental para que a escola logre encontrar a direcção que a faça atingir os seus propósitos. Considera importante que os alunos e famílias sejam também incluídos? Justifique a sua resposta. 2. Para que uma escola tenha direcção e consiga mantê-la, deve ter boas práticas de planificação. Explique a afirmação, se possível com exemplos. 3. Procure uma escola e analise as suas práticas de planificação. Procure ver de que forma elas se relacionam com o sucesso/insucesso dessa mesma escola. Planificação de Educação 39 Comentários Confronte as suas respostas com os comentários que lhe apresentamos abaixo. Se, na sua resposta, você teve em consideração estes aspectos é porque ela está correcta, mas se não os teve, então, continue a estudar o módulo e a discutir com os seus colegas. 1. A escola, sob liderança do DE, deve acima de tudo conseguir com que o ambiente escolar leve ao desenvolvimento de aprendizagens significativas, que possibilitem o desenvolvimento dos alunos. O foco principal da actividade do DE deve ser o dos alunos aprenderem, com qualidade. Assim, é indispensável que as expectativas, anseios, preocupações, avaliações, etc. dos alunos venham sempre ao de cima quando na escola se realizem acções de planificação. Em relação às famílias, a escola, como você aprendeu, é um subsistema de um sistema maior, a sociedade. A escola educa os alunos para depois os “devolver” à sociedade, logo, mostra-se essencial que a escola tenha em conta os saberes que os alunos já trazem da sociedade (socialização primária) e os saberes que a sociedade espera que eles adquiram na escola, sob o risco dela desenvolver um ensino irrelevante. 2. Ao elaborar um PEE/PDE, a escola define uma visão e os respectivos planos operacionais, para a concretizarem. Assim, a visão será a direcção da escola e vai mantê-la a partir de todo exercício de implementação do plano. No entanto, importa referir que a implementação do plano, ou seja, da visão ou direcção embora deva ser rigorosa, não deve ser mecânica mas crítica, quer dizer reflexiva e flexível, pelo que aperfeiçoamentos, ajustes, poderão ser realizados, sempre que necessários. 3. O professor e o tutor deverão enquadrar melhor a actividade, em função da realidade objectiva. 40 Unidade n° 02 A Elaboração do Plano Estratégico da Escola Introdução Caro estudante, bem-vindo à segunda unidade do seu módulo. Ele constitui continuidade das lições da unidade anterior, mas com uma diferença: enquanto na unidade precedente o foco foi para questões conceptuais ou teóricas à volta da planificação da Educação, com realce para a planificação estratégica, nesta unidade a preocupação estará centrada na produção do plano estratégico da escola. Assim, fora questões conceptuais, estudaremos o como elaborar o plano. Esta unidade é composta por seis lições, cada uma delas com 45 minutos de estudo. As lições desta unidade abordam os seguintes tópicos: as etapas de elaboração do plano estratégico da escola e a elaboração do plano estratégico da escola, que observa duas grandes componentes, a visão estratégica e o plano de suporte estratégico. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos da unidade Indicar as etapas a serem seguidas na elaboração do plano estratégico da escola; Fazer o diagnóstico de uma escola, baseando-se na metodologia do FOFA; Mostrar a relação ou interdependência entre os ciclos de planificação; Indicar a estrutura geral de um plano estratégico da escola; Construir uma visão estratégica no contexto do plano estratégico da escola e Elaborar um plano de suporte estratégico no contexto do plano estratégico da escola. Planificação de Educação 41 Lição no 01 Etapas de Elaboração do Plano Estratégico da Escola: a Pré- Planificação e o Diagnóstico Introdução Nesta lição vamos ver como a escola se deve organizar e quais os passos que ela deve dar para elaborar o seu PEE/PDE. Concretamente, vamos estudar as etapas iniciais, a primeira a pré- planificação, em que a escola se prepara para o exercício de planificação e o Diagnóstico fase em que ela se preocupa em saber qual o ponto de situação em que a escola se encontra, nos seus diversos domínios. Com efeito, ao completar esta lição, você será capaz de: Objectivos da lição Indicar as etapas de elaboração do PEE/PDE, a serem seguidas pela escola; Explicarcomo a escola se deve organizar para elaborar o seu PEE/PDE e Fazer o diagnóstico de uma escola, a partir da metodologia do FOFA Como a escola se organiza para realizar a planificação e quais os passos que ela deve dar para elaborar o seu PEE/PDE. As etapas de planificação foram retiradas de NHAVOTO (2005). ETAPA 01: A PRÉ-PLANIFICAÇÃO A expressão “pré-planificação” certamente remete-o para uma certa ideia. Qual seria? Esta etapa consiste na criação de pressuposto, condições para a atividade de planificação. Nela se faz a construção da equipa técnica que vai ser o núcleo duro da construção do PEE. 42 O DE é quem orienta directamente o processo da construção desta equipa. Fazem parte desta equipa, logicamente, os membros da direcção da escola, mas não são só eles, já que o que se pretende é a construção participativa ou inclusiva do PEE/PDE, o que significa que a direcção da escola não deve construir sozinha o plano, mas devem estar envolvidos outros segmentos ou sensibilidades. Assim, poderão estar representados na equipa do PEE/PDE um ou dois professores, de preferência os que conhecem bem a escola (por exemplo os mais antigos) ou aqueles que, na sua formação, aprenderam a fazer planificação estratégica. Igualmente deve estar representado um ou dois funcionários da escola para além de um ou dois pais encarregados de educação. Os elementos de “fora da escola” devem participar? Claro que sim, não se deve vedar a participação de elementos de “fora da escola” que mostrem interesse em colaborar com a escola. É importante realçar que os membros desta equipa não são os únicos a lidar com o plano. A eles cabe conceber o PEE que depois, será implementado por todos os actores da escola.A escola deverá decidir sobre quantos elementos no global terá a equipa técnica (não se aconselha uma equipa enorme) e os procedimentos para a escolha dos seus integrantes, fora os membros da direcção da escola, que são membros por inerência de funções. Será coordenador da equipa o director da escola. Construída a equipa, ainda no âmbito da pré-planificação, deve ser reunida 3 e estudadas matérias básicas sobre a planificação estratégica, a legislação nacional (regulamentos e outras normas), os planos do sector de educação aos mais diversos níveis (Plano 3 Dentro das possibilidades de espaço da escola, poderia haver uma sala ou gabinete da equipa do PEE, onde seriam guardados todo este material, o que permitiria o seu fácil acesso e manuseio no âmbito da construção do PEE. Planificação de Educação 43 Estratégica de Educação, plano da Direcção Distrital, plano da Direcção Provincial, etc.). Finalmente no âmbito da pré-planificação a equipa deve reunir informação estatística (dados pedagógicos) sobre o funcionamento da escola dos últimos três a cinco anos, para além de todo outro tipo de avaliação que tenha sido feita à escola, quer internamente quer por qualquer entidade externa. Estatísticas mais gerais, atinentes ao sistema educativo nacional podem eventualmente ser necessárias. ETAPA 02: O DIAGNÓSTICO Uma vez a equipa cumprida a etapa anterior, quer dizer, a equipa ou o núcleo duro do do PEE formada e estando operacional, ela deve proceder a uma avaliação da escola no seu todo, noutros termos, deve realizar o diagnóstico ou a análise situacional da escola. Dissemos acima que a equipa técnica é somente núcleo duro, ou seja é o grupo que faz o levantamento da informação e a sua sistematização e, mais tarde, a redacção do plano. Mas não trabalha sozinha. Para efeitos do diagnóstico, a equipa deve recolher informações junto de outros actores escolares, podendo observar os seguintes passos: i. definir que informação é necessária; ii. definir a metodologia da colecta dessa informação (reuniões, questionários, entrevistas, etc.) e iii. sistematizar a informação recolhida. Actualmente nas organizações, para se fazer o diagnóstico ou a análise situacional usa-se a metodologia FOFA ou SWOT em inglês, que significa: strengths, as forças ou pontos fortes, weakness as fraquezas ou pontos fracos, opportunities, oportunidades e theats, as ameaças. Na construção de PEE/PDE esta metodologia é também comumente usada. Trata-se de um instrumento de análise que permite diagnosticar a situação interna 44 da escola bem como o ambiente externo que a envolve, com o objectivo de, inicialmente, identificar, nomeadamente: Forças ou pontos fortes: São as capacidades, habilidades e conhecimentos que a escola possui. Também é o que vem sendo feito muito bem pela escola. Igualmente, as forças, ou pontos fortes, podem ser vistas como as vantagens da escola em relação ao alcance dos seus objectivos. Fraquezas ou pontos fracos: São as áreas em que a escola possui menores capacidades e habilidades. É o que não vem sendo bem feito pela escola. Igualmente, podem ser vistas como as desvantagens da organização em relação ao alcance dos seus objectivos. Oportunidades: São actos ou possibilidades que ocorrem no meio exterior à escola, que podem ser de natureza política, económica, social, tecnológica, legal, etc. que existem na comunidade, na sociedade e no mundo em geral e que podem ser aproveitados pela escola em seu beneficio. A escola, não tem controlo sobre estas ocorrências, as oportunidades. São aspectos positivos do ambiente com potencial para trazer vantagens à organização. Ameaças: São actos ou tendências externas à escola que lhe podem causar prejuízos, impedir ou perturbar o seu desenvolvimento e/ou crescimento. Igualmente, são aspectos que estão fora do controlo da organização. Ameaças, noutros termos, são aspectos negativos do ambiente que envolve a escola com potencial para comprometer as vantagens que ela possui. No entanto, se conhecidas a tempo, pode-se minimizar o seu impacto. Identificadas as FOFA, no segundo passo do processo de diagnóstico ou análise situacional, deve-se identificar o potencial Planificação de Educação 45 (capacidade) interna a preservar ou ressaltar, as fraquezas a corrigir ou eliminar, as oportunidades a aproveitar e ameaças a considerar ou minimizar ou prevenir. Mas vejamos cada um dos elementos: Feito o exercício anterior, segue-se o cruzamento ou análise conjugadas entre o ambiente interno (forças e fraquezas) com o ambiente externo (oportunidades e ameaças), do qual resultam as potencialidades (capacidades) internas a preservar; as fraquezas internas a eliminar ou reduzir; as oportunidades externas a aproveitar e as ameaças externas a considerar ou prevenir. Você certamente tem ligação com uma ou várias escolas, ou como servidor ou como utente. Imagine uma escola que lhe é familiar e procure descortinar as suas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. Em seguida, entretanto, num exercício hipotético, veja um exemplo de aplicação da FOFA numa escola. Análise do ambiente interno da escola Forças ou pontos fortes Fraquezas ou pontos fracos A escola dispõe de Internet de boa qualidade, que pode ser utilizada quer para a gestão quer para PEA Existência de alguns professores com muita experiência de trabalho Existência do ADE 4 Existência de um corpo docente jovem, que pode progredir Existência da legislação que cria o Conselho da Escola Os alunos não adquirem as competências que deveriam adquirir A maior parte dos docentes tem baixo nível académico e não tem formação psicopedagógica Más práticas de planificação: não há metas para ninguém e não se exigem resultados A comunidade não participa na vida da escola Mau ambiente de trabalho, caracterizado pela desconfiança e intriga 4 Programa Apoio Directo às Escolas 46
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