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Partograma Partograma é a representação gráfica do trabalho de parto que possibilita acompanhar a sua evolução, documentar, diagnosticar alterações e indicar a tomada de condutas apropriadas para a correção dos desvios, evitando intervenções desnecessárias. Mostra, entre outros dados, a evolução da dilatação do colo e a altura da apresentação, associando dois elementos fundamentais na qualidade da assistência ao parto: a simplicidade gráfica e a interpretação rápida de um trabalho de parto. O início dos registros no partograma só deve acontecer quando a parturiente estiver na fase ativa do trabalho de parto (TP). Existe uma grande divergência na literatura em relação a definição de fase ativa: ACOG (2014): trabalho de parto estabelecido quando dilatação cervical ≥ 6 cm de dilatação cervical; CONITEC (2016): trabalho de parto estabelecido quando dilatação cervical ≥ 4 cm de dilatação cervical; Ministério da Saúde (2017): trabalho de parto estabelecido quando dilatação cervical ≥ 4 cm + contrações regulares; OMS (2018): trabalho de parto estabelecido quando dilatação cervical ≥ 5 cm de dilatação cervical. A curva de dilatação cervical se processa de forma ascendente, com menor velocidade de dilatação inicialmente. No final, após 4 cm de dilatação, a velocidade aumenta espontaneamente. Essa diferenciação na velocidade da cervicodilatação caracteriza a fase latente (inicial) e a fase ativa (final). Na fase latente do trabalho de parto, a conduta é expectante. Em muitas mulheres, a duração é superior a 20 h e os ocitócicos devem ser evitados pelo risco aumentado de cesárea, decorrente do colo desfavorável. Na forma mais comum de montagem do partograma, utiliza-se papel quadriculado, colocando nas abscissas (eixo X) o tempo em horas e, nas ordenadas (eixo Y), em centímetros, a dilatação cervical à esquerda e a descida da apresentação à direita. Para a descida da apresentação, considera-se o plano zero de DeLee ou o correspondente plano III de Hodge – espinhas ciáticas do estreito médio da bacia; acima desse ponto, estão os valores negativos e, abaixo, os positivos. Plano de HODGE 1- Polo cefálico ao nível da borda superior do pube. 2- Borda inferior do pube (plano paralelo ao I). 3- Ao nível das espinhas ciáticas. 4- Ao nível da ponta do cóccix e confundindo-se com o assoalho pélvico. Saúde da mulher Por: ANA CLARA MELO O plano zero “De LEE” corresponde, aproximadamente, ao plano III de HODGE. Na construção do partograma, existem duas linhas paralelas denominadas linhas de alerta e de ação. Quando a dilatação atinge ou cruza a linha de alerta, isso significa a necessidade de melhor observação clínica; a intervenção médica torna-se necessária somente quando a curva de dilatação cervical atinge a linha de ação, o que não significa conduta cirúrgica. Como a velocidade de dilatação normal é de 0,8 a 1,5 cm/h, no trabalho de parto ativo, posicionou-se a linha de alerta na hora subsequente ao primeiro exame; a linha de ação foi desenhada quatro horas à direita da linha de alerta. Para a construção do partograma, algumas observações são necessárias: No partograma, cada divisória corresponde a 1 h na abscissa (eixo X) e 1 cm de dilatação cervical e de descida da apresentação na ordenada (eixo Y) Inicia-se o registro gráfico quando a parturiente estiver na fase ativa do trabalho de parto (2 a 3 contrações generalizadas em 10 min, dilatação cervical mínima de 3 a 4 cm) FASE LATENTE – início do TP até 3cm, com 2 ou mais contrações. A fase latente não pode ser > 8h FASE ATIVA – após 3 cm de dilatação Os toques vaginais são realizados a cada 2 h. Em cada toque, deve-se anotar a dilatação cervical, a altura da apresentação, a variedade de posição e as condições da bolsa das águas e do líquido amniótico; quando a bolsa estiver rompida, por convenção, registra-se a dilatação cervical com um triângulo, e a apresentação e a respectiva variedade de posição são representadas por uma circunferência O padrão das contrações uterinas e dos BCF, a infusão de líquidos, fármacos e o uso de analgesia devem ser devidamente registrados A dilatação cervical inicial é marcada no ponto correspondente do gráfico, traçando-se na hora imediatamente seguinte a linha de alerta e, em paralelo, 4 h após, sinala-se a linha de ação, desde que a parturiente esteja na fase ativa de parto (no mínimo, 1 cm/h de dilatação). ATUALIZAÇÕES (para individualização de casos e reflexão) Os dados de Friedman são antigos e não refletem necessariamente o padrão “normal” de evolução do TP. (Zhang, 2010) Cerca de 50% das mulheres não dilatam 1cm/hora até alcançarem 5-6cm. Padrão de evolução diferente pode ser usado para definir fase ativa. Em estudo prospectivo recente, a OMS indica 5cm como definidor de fase ativa. (OMS, 2018) O uso da linha de alerta é pobre para detecção de desfechos adversos e não deve ser utilizado (Souza et al, 2018) A fase latente prolongada (>20 horas em nulíparas e >14 horas em multíparas) não deve ser uma indicação para cesariana. Trabalho de parto lento, porém progressivo não deve ser uma indicação para cesariana. Dilatação cervical de 6 cm deve ser considerada a dilatação inicial na fase ativa da maioria das mulheres em trabalho de parto, para Zhang. Antes de 6 cm de dilatação, os padrões de progresso de fase ativa não devem ser aplicados. As principais características do parto normal são: Início espontâneo Apresentação cefálica de vértice, única Gravidez a termo (37 a 42 semanas) Nenhuma intervenção artificial Duração < 12 h em primíparas e < 8 h em multíparas. Na evolução normal do trabalho de parto, a curva de dilatação cervical se processa à esquerda da linha de ação; quando essa curva ultrapassa a linha de ação, trata-se de parto disfuncional Nunca deixar de preencher a apresentação fetal, pois as apresentações pélvicas em primíparas e apresentações córmicas em qualquer parturiente traduzem indicação de cesariana, salvo alguns casos particulares. Exemplo: primípara pélvica ou córmica com feto morto e prematuridade extrema. Apresentações cefálicas: polo cefálico pode apresentar-se fletido, com o mento próximo à face anterior do tórax ou dele se afastar em 03 graus definidos de extensão (deflexão): 1º grau (I) ou bregma, 2º grau (II) ou fronte, e na deflexão. máxima 3º grau (III) ou apresentação de face. Na prática toca-se: A sutura sagital e fontanela lambdóide nas apresentações cefálicas fletidas; A sutura sagitometópica e a fontanela bregmática, nas deflexões de I grau; A linha metópica e a glabela nas deflexões de II grau. A linha facial e o mento nas deflexões do III grau. BCF: O registro dos batimentos cardíacos fetais (BCF) deve ser realizado antes, durante e após a contração. Contrações uterinas: Destinado às contrações uterinas, anotar o número de contrações em 10 minutos e duração média em segundos. Membranas e líquido amniótico: Espaço destinado a descrição da situação das membranas, conforme legenda abaixo. Bolsa Íntegra (I); Bolsa Rota (R); Amniotomia (AT); Rotura acidental ao exame (R.A.). O aspecto do líquido amniótico deve ser registrado conforme legenda abaixo: C = claro; M = meconial; S = sanguinolento; Claro com grumos = Cl c/ Gr; Claro sem grumos = Cl s / Gr. Medicamentos: Anotar o tipo do medicamento administrado
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