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TCC - Adriana

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20
	
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE
CAMPUS FLORESTA – CZS
CENTRO DE EDUCAÇÃO E LETRAS – CEL
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
ADRIANA DE FRANÇA SOUZA
FRANCISCA JOSILENE SENA DE SOUZA
NEILA LIMA DOS SANTOS
		
A FORMAÇÃO E A PRÁTICA DOS PROFESSORES DO ENSINO INFANTIL NA ZONA URBANA DO MUNICÍPIO DE PORTO WALTER/AC
Porto Walter/AC
 2018
ADRIANA DE FRANÇA SOUZA
FRANCISCA JOSILENE SENA DE SOUZA
NEILA LIMA DOS SANTOS
A FORMAÇÃO E A PRÁTICA DOS PROFESSORES DO ENSINO INFANTIL NA ZONA URBANA DO MUNICÍPIO DE PORTO WALTER/AC
Monografia elaborada como critério de avaliação para a disciplina de TCC apresentada ao Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Acre/UFAC/Campus Floresta.
Orientadora: Profa. Dra. Francisca Adma de Oliveira Martins
Porto Walter/AC
 2018
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Setorial do Campus Floresta
S729f Souza, Adriana de França, 1988 - 
A formação e a prática dos professores do ensino infantil na zona urbana do município de Porto Walter-AC/ Adriana de França Souza; Francisca Josilene Sena de Souza; Neila Lima dos Santos. – 2018. 
46 f. il. ; 30 cm. 
Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Acre, Centro de Educação e Letras - CEL, Curso de Licenciatura em Pedagogia, Cruzeiro do Sul, 2018. 
 Inclui Referências bibliográficas.
 Orientador: Prof.ª Dr.ª Francisca Adma de Oliveira Martins. 
 
 1. Educação infantil. 2. Formação de professores. 3. Prática pedagógica. I. Título. II. Souza, Francisca Josilene Sena de. III. Santos, Neila Lima dos. 
 CDD: 372.21
Bibliotecária: Nádia Batista Vieira CRB-11/882
FICHA DE APROVAÇÃO
Acadêmicos: Adriana de França Souza, Francisca Josilene Sena de Souza, Neila Lima dos Santos
Tema: A Formação e a Prática dos Professores do Ensino Infantil na zona urbana do Município de Porto Walter/AC
Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Acre, Campus Floresta, como requisito de avaliação da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
Aprovado em: ______/______/______
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Profa. Dra. Francisca Adma Martins (Orientadora)
Universidade Federal do Acre – UFAC
__________________________________________
Prof. Me. Ericson Araújo da Costa
Universidade Federal do Acre – UFAC
__________________________________________
Profa. Dra. Maria Aldeci Rodrigues de Lima.
Universidade Federal do Acre – UFAC
Porto Walter/AC
2018
DEDICATÓRIA
O presente trabalho é dedicado sobretudo a Deus, por nos dar saúde e força para enfrentar as dificuldades; aos nossos familiares, que sempre estiveram ao nosso lado; aos nossos professores, especialmente à nossa orientadora professora Adma Martins; e a todos que, de alguma maneira, estiveram presentes durante esta caminhada.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradecemos a Deus, que nos concedeu a oportunidade de estar neste projeto e nos deu forças para não desistir e enfrentar os obstáculos, que foram muitos. Aos nossos companheiros, filhos, pais, mães e irmãos, que suportaram a saudade e nossa ausência, nos dando sempre coragem e motivos para suportarmos cada dia com resignação. Aos nossos queridos mestres que, cada um à sua maneira, nos ensinaram algo inesquecível. De forma especial à nossa orientadora, professora Adma Martins, que soube compreender nossas limitações, e, finalmente, a todos que estiveram ao nosso lado, torcendo e nos motivando a seguir em frente.
Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou sua construção.
(Paulo Freire)
RESUMO
Esta monografia trata da formação e prática de professores que atuam no Ensino Infantil, primeira etapa da Educação Básica. É um tema que merece atenção pelo fato de ser o período inicial da educação escolar do sujeito. Nosso estudo se centra na única instituição escolar de educação infantil do município de Porto Walter, a escola Izaura Amorim de Lima. A pesquisa tem por finalidade realizar um estudo sobre a formação e a prática dos professores do Ensino Infantil da zona urbana do Município de Porto Walter (PW). Para tanto, tem como objetivo geral analisar a formação e a prática pedagógica dos professores da educação infantil que atuam na zona urbana do município de PW. A investigação direciona-se para a seguinte questão problematizadora: Quem é e como trabalham os professores de Educação Infantil do município de PW? Para obter os resultados desta pesquisa vários métodos foram utilizados para colher as informações que nos levarão a compreender, com maior coerência, a importância do Ensino Infantil no município, lócus de nosso estudo. Optamos pela abordagem qualitativa de cunho descritivo a partir de uma pesquisa de campo. Como instrumento de produção de dados utilizamos a entrevista semiestruturada aplicada aos professores que atuam como docentes na escola de educação infantil de PW,assim como a observação realizada no cotidiano da sala de aula deste nível de ensino. Os dados e informações foram colhidos a partir das entrevistas com os professores que atuam na escola e com os dados da Secretaria Municipal de Educação (SEMEC) do munícipio. Nessa pesquisa tivemos como base o estudo dos seguintes autores: Piaget (1989), Leite (2016); Sarmento (2005); Kramer (2006); Angotti (2006); Moreno (2007), dentre outros. A pesquisa nos mostra como está acontecendo o processo formativo e a prática profissional dos professores da educação infantil, assim como nos fornece dados para compreendermos a importância da formação inicial e continuada dos professores do Ensino Infantil, bem como sua prática cotidiana.
Palavras-chave: Educação Infantil. Formação de Professores. Prática Pedagógica.
ABSTRACT
	
This monograph deals with the formation and practice of teachers who work with children's education, the first stage of basic education. It is a subject that deserves attention because it is the initial period of the subject's school education. Our study focuses on the only school institution of early childhood education in the municipality of Porto Walter, the Izaura Amorim school in Lima. The research aims to conduct a study on the training and practice of teachers of Early Childhood Education in the urban area of ​​Porto Walter (PW). In order to do so, it has as its general objective to analyze the training and pedagogical practice of teachers of early childhood education in the municipality of PW, who work in the urban area of ​​the municipality. The research is directed towards the following problematizing question: Who is and how do the teachers of Early Childhood Education in the municipality of PW work? In order to obtain the results of this research, several methods were used to gather information that will lead us to more coherently understand the importance of Early Childhood Education in the municipality, the locus of our study. We chose the qualitative, descriptive approach, based on a field research. As a data production instrument, we used the semi-structured interview, applied to teachers who work as teachers in the PW elementary school; and observation, carried out in the daily classroom of this level of education. The data and information were collected from the interviews with the teachers who work in the school and with the data of the Municipal Secretariat of Education SEMEC, of ​​the municipality. In this research we had as basis the study of the following authors: Piaget (1989), Leite (2016); Sarmento (2005); Kramer (2006); Angotti (2006); Moreno (2007), among others. The research shows us how it is happening in the formative process and the professional practice of the teachers of the infantile education. It provides us with data for the basic training of initial and continuing training of early childhood teachers as well as their daily practice.
Keywords: Early Childhood Education. Teacher training. Pedagogical Practice	
LISTA DE GRÁFICOS
	Gráfico1
	Distribuição dos funcionáriosda escola........................................................
	29
	Gráfico 2
	Quadro de pessoal/Função e escolarização...................................................
	29
	Gráfico 3
	Formação dos Professores da Escola Izaura Amorim...................................
	30
	Gráfico 4
	Distribuição dos alunos por ano/idade em 2017..........................................
	31
	Gráfico 5
	Dados de identificação dos professores 2017 –idade e experiência profissional..................................................................................................
	32
LISTA DE SIGLAS
	ECA
	Estatuto da Criança e do Adolescente
	LDB
	Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
	MEC
	Ministério da Educação
	PNE
	Plano Nacional de Educação 
	PW
	Porto Walter
	SEMEC
	Secretaria Municipal de Educação
	TCC
	Trabalho de Conclusão do Curso
SUMÁRIO
	INTRODUÇÃO...............................................................................................................
	11
	1 A EDUCAÇÃO INFANTIL: A FORMAÇÃO E A PRÁTICA DOCENTE.............
	
	1.1 A EDUCAÇÃO INFANTIL COMO UM DIREITO...................................................
	13
	1.2 POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL.......
	16
	1.3 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL.............................
	19
	1.4 PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL.............
	22
	2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..............................................................
	25
	3 RETRATO DA ESCOLA URBANA DO MUNICÍPIO DE PORTO WALTER/AC: A FORMAÇÃO E A PRÁTICA DOCENTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL.......................................................................................................................
	27
	3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA IZAURA AMORIM DE LIMA.....................
	27
	3.2 PERFIL E FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DA ESCOLA IZAURA AMORIM DE LIMA...........................................................................................................................
	31
	3.3 PRÁTICA DOCENTE DOS PROFESSORES DA ESCOLA IZAURA AMORIM DE LIMA...........................................................................................................................
	34
	3.4 ASPECTOS DA OBSERVAÇÃO EM SALA DE AULA............................................
	38
	4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................
	42
	REFERÊNCIAS.............................................................................................................
	44
INTRODUÇÃO 
A Educação Infantil é um assunto que chama a atenção pelo fato de ser o primeiro nível de ensino do cidadão. A educação infantil pode retratar e encaminhar o sujeito para níveis escolares mais elevados, caso seja um ensino de qualidade. Nesse sentido, nos reportamos ao tema deste estudo que é “A formação dos professores do Ensino Infantil na zona urbana no município de Porto Walter”, que busca compreender, de forma geral, a importância da educação infantil.
Há pouco tempo atrás essa modalidade de ensino era considerada sem importância, desnecessária para a vida estudantil da criança; contudo, atualmente, esta concepção tem mudado significativamente. É consenso que a estimulação precoce da criança, desde os primeiros anos de vida, contribuirá para o aprendizado futuro da mesma, sendo que esse estímulo deve ser trabalhado desde muito cedo. 
Quando inserida na escola, o estímulo e o incentivo à criança dependem diretamente da ação e da prática pedagógica de quem está trabalhando com estes sujeitos, na busca de novos conhecimentos. 
Para isso é necessária uma formação específica dos professores de Ensino Infantil, no curso de Pedagogia, para que estes possam oferecer um melhor desenvolvimento da relação ensino-aprendizagem às crianças em idade escolar.
O tema abordado nos exige a reponsabilidade de adquiri informações corretas e viáveis para sabermos como está se desenvolvendo a formação inicial e continuada dos professores de educação infantil no município de Porto Walter. 
Essa pesquisa surgiu da necessidade de compreensão da importância do Ensino Infantil no município de Porto Walter, zona urbana, e consequentemente da formação e prática dos professores que lidam diretamente com as crianças em sala de aula.
Temos como objetivo geral analisar a formação e a prática pedagógica dos professores da educação infantil, que atuam na área urbana do município de PW. Como objetivos específicos temos: traçar e analisar o perfil formativo dos professores da educação infantil do município de PW; compreender e analisar o cotidiano da prática pedagógica do professor da educação infantil; identificar e analisar situações de enfretamento no que se refere à formação e prática pedagógica do professor de educação infantil.
Os lócus dessa pesquisa será a Escola de Ensino Infantil Izaura Amorim de Lima e a Secretaria Municipal de Educação(SEMEC). Primamos por uma pesquisa com abordagem qualitativa, com estudo de campo, de cunho descritivo. Realizamos entrevista semiestruturada com os sujeitos (professores), assim como observação de momentos de aula. 
Nessa pesquisa temos como base o estudo dos seguintes autores: Piaget (1989), Leite(2016); Sarmento(2005); Kramer(2006); Angotti(2006); Moreno(2007); e documentos como: os referenciais teóricos, parâmetros curriculares, leis e normativas que tratam da educação infantil.
A presente pesquisa se divide em três capítulos. Iniciamos com a Introdução, que mostra uma síntese do tema, a problemática, a justificativa, os objetivos, uma síntese da metodologia utilizada, os autores que serviram como base para nosso trabalho e a estrutura organizacional do trabalho.
Na primeira seção apresentamos o referencial teórico sobre a educação infantil vista como direito, as políticas voltadas para a educação infantil, o perfil do professor da educação infantil, sua formação e sua prática pedagógica.
Na segunda seção apresentamos a metodologia que utilizamos nesta pesquisa, descrevendo os caminhos que utilizamos para chegarmos às considerações finais.
Na terceira seção apresentamos a análise e a discussão dos dados coletados, mostrando o material que conseguimos no lócus da pesquisa a partir do estudo com os sujeitos, que são os professores da Escola de Ensino Infantil Izaura Amorim de Lima, tendo como foco a formação e a prática pedagógica, tanto na fala dos sujeitos entrevistas quanto na observação realizada.
Finalmente apresentamos nossas considerações finais, o que consideramos como resultado da pesquisa realizada à luz dos objetivos inicialmente traçados para este trabalho monográfico, ressaltando o que esta pesquisa pode trazer de importante para nosso município.
Com o estudo sobre o tema colhemos dados dentro de um ambiente natural, onde compreendemos como funciona a educação infantil no município. É possível percebermos, pelo resultado do trabalho, o nível de formação dos professores e como acontecem as práticas pedagógicas dos professores deste nível de ensino.
Por meio desta pesquisa podemos compreender melhor a realidade do ensino oferecido na única escola de educação infantil do município de PW, e com os dados obtidos é possível traçar caminhos para uma educação que atenda melhor a clientela deste nível de ensino. Acreditamos que, sendo a educação infantil a primeira fase da Educação Básica, merece de nós, pesquisadores e pais, um olhar mais atento para a escolarização de nossos alunos e/ou filhos.
1 A EDUCAÇÃO INFANTIL: A FORMAÇÃO E A PRÁTICA DOCENTE 
1.1A EDUCAÇÃO INFANTIL COMO UM DIREITO
A educação infantil é uma das etapas mais importantes na vida da criança, considerando seu desenvolvimento físico, intelectual, emocional e social, pois permite que a criança aprenda, mas respeitando sua condição de infância. É importante ressaltar que as crianças aprendem de uma maneira e em um tempo diferente dos adultos.
Segundo os Referenciais Curriculares para o Ensino Infantil, a criança:
[...] é sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticascotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura. (BRASIL,1998, p. 12).
Portanto, a criança precisa ser respeitada nessa fase, a infância, principalmente sua imaturidade e dependência de terceiros. Inclusive este respeito à infância, a garantia do trabalho com brincadeiras e jogos, está descrito em todos os referenciais curriculares para a educação infantil. Sabemos que a criança aprende brincando e que isto acontece porque ela ainda não tem maturidade suficiente para perceber a importância do que está sendo ensinado, nem a seriedade dos problemas sociais.
Assim apresenta-se a necessidade de preparados profissionais da educação infantil, que eles dominem as fases do desenvolvimento cognitivo da criança, estudados por Piaget (1989), e saibam como estimular o seu desenvolvimento de forma natural em todas as áreas, sejam elas a afetiva, a cognitiva ou a social. Quando citamos infância ou mesmo infantil, parece que é algo sem muita importância, que podemos nos preocupar menos; geralmente esta é a visão, principalmente, dos professores que acreditam que o trabalho é menor, os planejamentos são mais fáceis. Porém, segundo Leite:
O conceito de infância é resultado de construção social, mas se percebe que sempre existiu a criança, porém nem sempre existira a infância. São diversos os tempos da infância, e se apresentam em realidades e representações variadas, porque a sociedade humana foi constituindo-se de forma gradativa e a criança passou a ganhar relevância e suas necessidades passaram a ser valorizadas, e enfocadas para seu melhor desenvolvimento, e para que tudo aconteça no seu verdadeiro tempo (LEITE,2016, p. 1).
Certamente que a infância precisa ser respeitada, mas, sobretudo, a criança precisa receber esse respeito, devemos ter consciência de seus sentimentos, que elas também têm necessidades e que não é só porque é criança que não se deve levar em consideração seus anseios. A escola deve saber reconhecer e trabalhar isso nas crianças, para que não se tornem adolescentes ou adultos frustrados e incompreendidos socialmente. Dentre esses anseios surge a necessidade das brincadeiras, que na maioria das vezes são vistas como rebeldia da criança, que só quer brincar e se divertir, e então tanto a família quanto a escola tentam controlar essa necessidade da criança. 
A criança, principalmente durante o Ensino Infantil, precisa ser vista como um todo, com necessidade de ser orientada e ajudada na construção de seu conhecimento. 
A sociologia da infância propõe-se a constituir a infância como objeto sociológico, resgatando-a das perspectivas biologistas, que a reduzem a um estado intermédio de maturação e desenvolvimento humano, e psicologizantes, que tendem a interpretar as crianças como indivíduos que se desenvolvem independentemente da construção social das suas condições de existência e das representações e imagens historicamente construídas sobre e para eles. Porém, mais do que isso, a sociologia da infância propõe-se a interrogar a sociedade a partir de um ponto de vista que toma as crianças como objeto de investigação sociológica por direito próprio, fazendo acrescer o conhecimento, não apenas sobre infância, mas sobre o conjunto da sociedade globalmente considerada (SARMENTO, 2005, p. 20). 
Portanto, durante o Ensino Infantil, tudo se torna importante, principalmente a formação e a prática dos profissionais que estão trabalhando com as crianças, que devem ser os melhores professores, com perfil ideal para este trabalho, e que, sobretudo, tenham consciência da importância desse momento para o futuro da criança e seu desenvolvimento social, emocional, psicológico, afetivo, enfim, para formação de todos seus valores.
De acordo com os Referenciais Curriculares para a Educação Infantil:
Primeira etapa da educação básica, oferecida em creches e pré-escolas, às quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social (BRASIL, 1998, p. 12).
Assim, como primeira etapa, esta é uma das mais importantes, pois é a base: tudo o que a criança terá como visão de escola e de professor começa a se formar no Ensino Infantil. Nesta etapa a criança precisa ser compreendida como ela é, respeitando sua faixa etária e seu desenvolvimento cognitivo.
Nos Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil está definido que:
É obrigatória a matrícula na Educação Infantil de crianças que completam quatro ou cinco anos até o dia 31 de março do ano em que ocorrer matrícula. As crianças que completam seis anos após o dia 31 de março devem ser matriculadas na Educação Infantil. A frequência na Educação Infantil não é pré-requisito para a matrícula no Ensino Fundamental. As vagas em creches e pré-escolas devem ser oferecidas próximas às residências das crianças. É considerada Educação Infantil em tempo parcial, a jornada de, no mínimo, quatro horas diárias e, em tempo integral, a jornada com duração igual ou superior a sete horas diárias, compreendendo o tempo total que acriança permanece na instituição (BRASIL, 1998, p. 15).
A obrigatoriedade da matricula das crianças no Ensino Infantil é exatamente para garantir que essa etapa seja respeitada, visto que muitos pais não acham importante que o aluno estude antes dos seis anos e, como foi citado acima, o Ensino Infantil não é requisito para ingressar no Ensino Fundamental.
São inúmeros os documentos que norteiam o trabalho da educação infantil, garantido e prevendo direitos e deveres quanto a esse nível de ensino. A Constituição Federal de 1988, em seu capítulo III, seção I, prevê que a educação é direito da criança (e da família); dever do Estado/Poder Público (e da família); não obrigatória (obrigatório é apenas o ensino fundamental, a partir dos sete anos); gratuita nos estabelecimentos oficiais (BRASIL, 1988).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional(LDB), quanto ao Ensino Infantil, define que:
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, completando a ação da família e da comunidade.
Art. 30. A educação infantil será oferecida em:
I – creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade;
II – pré-escolas, para crianças de quatro a seis anos de idade.
Art. 31. Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental (BRASIL, 1996, p.11).
São leis que garantem a viabilidade da educação brasileira e asseguram que a educação infantil também é importante, assim como todas as outras modalidades. Porém, é necessário fazer uma observação que todos esses documentos apresentam a necessidade de que essas crianças realmente tenham acesso ao ensino, inclusive com facilidades que garantam realmente sua participação. Para nortear e garantir com mais rigor os direitos e deveres da criança, inclusive quanto ao acesso ao Ensino Infantil, temos o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que prevê, quanto à educação:
Art. 53 – A criança e o adolescente têm direito à educação, visando pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho assegurando-lhes:
I – Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II – Direito de ser respeitado por seus educadores;
III – Direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;
IV – Direito de organização e participação em entidades estudantis;
V – Acesso à escola pública e gratuitapróxima de sua residência.
Parágrafo Único – É direito dos pais os responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais.
Art. 54 – É dever de o estado assegurar à criança e ao adolescente:
IV – Atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade (BRASIL, 1990, s/p).
Em relação à garantia dos direitos e deveres das crianças quanto à educação e ao Ensino Infantil, existem muitos documentos que os normatizam, porém algumas realidades são diferentes e esse acesso é negado, principalmente quanto à educação infantil que nem sempre é vista como sendo importante e realmente necessária à criança. 
1.2 POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
As políticas voltadas para a educação infantil nem sempre foram claras e bem definidas, até porque está nem sempre foi uma modalidade considerada importante. Muitas políticas começaram a ser pensadas a partir do surgimento do capitalismo, como afirma Silva quando descreve que:
A Educação Infantil, inserida no âmbito do capitalismo monopolista, obteve diversos enfoques que determinaram a forma do atendimento à infância no Brasil, mediante as contradições imanentes do capital transnacional. Com a regulação econômica ditada pelo mercado internacional, as contradições expressas pela crise de superprodução geraram um quadro de crise de regulações frente às novas reorganizações. A doutrina do neoliberalismo inspirou as reorientações para a promoção de riqueza aos super ricos a serviço da apropriação do excedente. A educação infantil baseou-se nesses ideais, dos quais a política neoliberal propagou receituários visando ao desenvolvimento econômico sustentável. (Silva,2006, p. 51). 
A partir de então o Ensino Infantil passou a ser percebido como importante para os ideais econômicos, sendo então necessária a criação de políticas públicas voltadas para a melhoria do acesso e da qualidade. Nos anos 70 esta começou a ser vista como uma forma de suprir as falhas sociais e culturais da criança, como diz Kramer:
Nos anos de 1970, as políticas educacionais voltadas à educação de crianças de 0 a 6 anos defendiam a educação compensatória com vistas à compensação de carências culturais, deficiências linguísticas e defasagens afetivas das crianças provenientes das camadas populares. Influenciados por orientações de agências internacionais e por programas desenvolvidos nos Estados Unidos e na Europa, documentos oficiais do MEC e pareceres do então Conselho Federal de Educação defendiam a ideia de que a pré-escola poderia, por antecipação, salvar a escola dos problemas relativos ao fracasso escolar (KRAMER, 2006, p.799).
A educação infantil, até então, era vista apenas voltada para os interesses da sociedade, sem se pensar nas necessidades das crianças, sujeitos principal neste processo, em nenhum momento. No entanto, ainda nos anos 70, a educação infantil passa a fazer parte das políticas públicas do Ministério da Educação (MEC), tendo como foco as crianças, inclusive as mais carentes e com maiores dificuldades de acesso, como está posto nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Infantil:
A educação da criança de 4 a 6 anos insere-se nas ações do Ministério da Educação (MEC) desde 1975, quando foi criada a Coordenação de Educação Pré-Escolar. Na área da Assistência Social do Governo Federal outro órgão também se incumbia do atendimento ao “pré-escolar” por meio de programa específico de convênio direto com instituições comunitárias, filantrópicas e confessionais que atendiam crianças de 0 a 6 anos das camadas mais pobres da população. O Programa, que previa o auxílio financeiro e algum apoio técnico, foi desenvolvido pela Legião Brasileira de Assistência (LBA) do então Ministério da Previdência e Assistência Social, desde 1977. A LBA foi extinta em 1995, prevalecendo, no entanto, programa e dotação orçamentária para creche no âmbito da assistência social federal(BRASIL, 2006, p. 7). 
No entanto, apenas com a Constituição de 1988 a educação infantil passou realmente a ser afirmada como dever e obrigação do Estado, responsável por ofertar e garantir o acesso, visto que antes era mais vista como uma forma de assistência à criança:
Na Constituição Federal de 1988, a educação das crianças de 0 a 6 anos, concebida, muitas vezes, como amparo e assistência, passou a figurar como direito do cidadão e dever do Estado, numa perspectiva educacional, em resposta aos movimentos sociais em defesa dos direitos das crianças. Nesse contexto, a proteção integral às crianças deve ser assegurada, com absoluta prioridade, pela família, pela sociedade e pelo poder público. A Lei afirma, portanto, o dever do Estado com a educação das crianças de 0 a 6 anos de idade. A inclusão da creche no capítulo da educação explicita a função eminentemente educativa desta, da qual é parte intrínseca a função de cuidar. Essa inclusão constituiu um ganho, sem precedentes, na história da Educação Infantil em nosso país (BRASIL, 2006, p. 9).
Daí então as políticas públicas voltadas para a educação infantil só evoluíram, passando a constar em todos os documentos oficiais que tratam da educação nacional. Atualmente essa preocupação só aumentou, pois, a necessidade de que a criança viva esse momento, de acordo com suas etapas, ficou evidente. Como exemplo temos o Plano Nacional de Educação(PNE) que, em sua Meta 1, propõe:
Plano nacional, estadual e municipal Meta 1: Universalizar, até a metade da vigência deste Plano, a Educação Infantil na pré-escola para as crianças de quatro a cinco anos de idade e ampliar a oferta de Educação Infantil em creches de forma a atender, no mínimo, trinta e cinco por cento das crianças, de até três anos, até o final da vigência deste PEE (BRASIL, 2001, p. 1).
Porém, para garantir que a meta seja cumprida, ficaram definidas estratégias, no mesmo documento, para serem realizadas ao longo dos dez anos que trata o Plano Nacional de Educação:
1.1. Matricular cem por cento das crianças com quatro e cinco anos de idade na pré-escola, até a metade da vigência deste PNE;
1.2. Realizar, a cada dois anos, até o mês de julho, levantamento da demanda para o atendimento das crianças de zero a três anos em creche, em cada um dos municípios, por bairro, alcançando até o final da vigência deste plano a meta de atender trinta e cinco por cento das crianças dessa faixa etária; [...].
1.10. Definir, em legislação específica, no âmbito do regime de colaboração do Estado e seus municípios, a forma de cooperação técnica, administrativa e financeira para o cumprimento da meta e respectivas estratégias relacionadas à educação infantil (BRASIL, 2001, p. 5-6).
Como vimos, apesar das políticas públicas para a educação infantil terem crescido a curtos passos, sempre com ressalvas, tendo sempre outros objetivos, que não eram exatamente o desenvolvimento das crianças, hoje podemos perceber que as políticas públicas estão totalmente organizadas, pensando no desenvolvimento da criança, respeitando suas necessidades e considerando sua formação como um futuro cidadão. Como previsto nos Referenciais Nacionais para o Ensino Infantil, essas políticas devem prevenir que as crianças se tornem adultos violentos ou problemáticos na sociedade.
Os programas de primeira infância previnem que criança se tornem pessoas violentas. Hoje sabemos que o comportamento antissocial pode ser classificado de acordo com a fase da vida onde ele surge: antes da puberdade (durante a infância) e apos a puberdade (durante a adolescência). 17 O comportamento violento que surge na infância ocorre com baixa frequência na população, mas se trata de um problema sério: tais crianças exibem um comportamento violento comas demais crianças e uma crueldade extrema com os animais. O comportamento antissocial que surge na adolescência tende a ser mais comum, mas também menos extremo. A maior parte desses adolescentes tende a cometer pequenos roubos e furtos e a mentir para os pais e professores (BRASIL, 1998, p. 25).
Enfim, precisamos olhar para as criançasdo Ensino Infantil e projetar a pessoa que queremos entregar para a sociedade, mesmo considerando que isto não depende só do Ensino Infantil e que precisa ser uma preocupação de todas as modalidades de ensino.
1.3 AFORMAÇÃO DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL
O professor do Ensino Infantil deve, acima de tudo, compreender a criança como ela é e como ela se desenvolve. Deve ser paciente, compreensivo, conhecer as fases do desenvolvimento da criança, sua necessidade de brincar e do lúdico, seu processo de amadurecimento, sem esquecer que esta será um futuro cidadão. De acordo com os Referenciais Curriculares para a Educação Infantil:
O trabalho direto com crianças pequenas exige que o professor tenha uma competência polivalente. Ser polivalente significa que ao professor cabe trabalhar com conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento. Este caráter polivalente demanda, por sua vez, uma formação bastante ampla do profissional que deve tornar-se, ele também, um aprendiz, refletindo constantemente sobre sua prática, debatendo com seus pares, dialogando com as famílias e a comunidade e buscando informações necessárias para o trabalho que desenvolve. São instrumentos essenciais para a reflexão sobre a prática direta com as crianças a observação, o registro, o planejamento e a avaliação(BRASIL, 1998, p. 41).
Ser polivalente na educação infantil é ter diferentes habilidades, dominar muitas técnicas, inclusive de jogos e brincadeiras, além de ter competências físicas e intelectuais para saber reconhecer, na criança, sua personalidade e seus sentimentos. Para Angotti:
A definição de uma profissionalidade para educadores infantis deverá considerar o fundamental da natureza da criança que é a ludicidade, entendida na sua perspectiva de liberdade, prazer e do brincar enquanto condição básica para promover o desenvolvimento infantil [...] de atendê-la em suas necessidades e exigências essenciais desde a sua mais tenra idade em atividades, espaços e tempos de ludicidade (ANGOTTI, 2006, p. 26).
Saber brincar não é uma característica comum em todas as pessoas, pois há necessidade de participar, ser divertido e engraçado, e nem sempre os professores sabem ser assim, desenvolver jogos e atividades dinâmicas. Assim, para o Ensino Infantil, devem ser levadas em conta, ao selecionar esses profissionais, pessoas que tenham esse espírito lúdico, que saibam desenvolver estas atividades, que possam criar e proporcionar às crianças não só a aprendizagem, mas também as brincadeiras, mantendo sempre a atenção nas crianças, pois sabemos que muitas vezes elas são descuidadas, de forma que não se machuquem. Silva (2010, p. 35) diz que “a ação pedagógica deve, também, ter como comprometimento o cuidar, o educar e o brincar, caminhando junto e tendo por objetivo a criança, como um indivíduo em desenvolvimento”.
A prática pedagógica do professor precisa ser pautada na ideia de que a criança está na infância, fato que precisa ser respeitado; assim, o lúdico deve fazer parte da rotina, a preocupação não deve ser apenas em ensinar, mas ensinar brincando, com jogos, de forma que a criança se divirta e não perca sua infância. Tudo isso deve ser feito lembrando que estamos lidando com alguém indefeso, que ainda não sabe se cuidar, e essa responsabilidade na escola passa a ser do professor e da equipe.
Além de saber desenvolver o lúdico junto com a aprendizagem, os profissionais do Ensino Infantil devem manter uma relação de companheirismo, pois a criança percebe quando há conflitos, e isto pode desenvolver na criança sentimentos de rebeldia e reservas. Todos precisam estar preparados, não podendo haver sentimentos de preconceito ou discriminação, principalmente na sala de aula. De acordo com os Referenciais Curriculares: “As professoras e professores e os outros profissionais que atuam na Educação Infantil exercem um papel socioeducativo, devendo ser qualificados especialmente para o desempenho de suas funções com as crianças de 0 a 6 anos” (BRASIL, 1998, p. 18).
Portanto, o professor do Ensino Infantil deve ter uma personalidade diversificada, coerente, desempenhar sua função com responsabilidade e compromisso, principalmente por estar lidando com crianças. Neste sentido, as formações continuadas são imprescindíveis para despertar no professor esse prazer em trabalhar com a infância.
Como previsto no Art. 62 da LDB: “A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, [...] como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental” (BRASIL, 1996). Percebe-se que os professores da educação infantil devem ter formação mínima no magistério; no entanto, o que vemos na realidade é que os professores que geralmente trabalham nessa modalidade são aqueles mais velhos, mais cansados, muitas vezes com menor formação, menos compromisso e responsabilidade, ou seja, escolhem aqueles professores considerados menos capazes. 
A LDB em seu título V, capítulo II, seção II, artigo 29, ainda prevê que “a educação infantil parte da educação básica, considerada primeira etapa desta e tendo como a finalidade o desenvolvimento integral da criança de zero a seis anos” (BRASIL, 1996). Deste modo, é necessária uma formação docente diferenciada, pois a criança do Ensino Infantil tem comportamentos e necessidades diferentes das crianças das outras modalidades de ensino, principalmente no que tange às etapas e aos comportamentos específicos da faixa etária. As formações devem ser voltadas para o conhecimento das crianças pelos professores e para a forma como os docentes devem se comportar e agir diante delas. As Diretrizes Curriculares trazem sobre essa formação profissional:
Aspectos que tornam essa formação bastante abrangente no que diz respeito aquilo que se espera de um professor de Educação Básica, ao mesmo tempo em que buscam garantir a especificidade da educação que acontece nas varias etapas e modalidades desse nível educacional (BRASIL, 2010, p. 40).
Quanto a essa formação voltada para a criança, que deve ser diferenciada e dar maior importância à fase na qual a criança se encontra, respeitando sua infância sem esquecer do adulto que pretende formar, Silva afirma:
É essencial que a sua formação parta da sua pesquisa reflexiva sobre a área de atuação docente, onde é convidado a optar por uma educação de qualidade que o faça transmissor e mediador do conhecimento infantil. Considerando que este profissional irá trabalhar diretamente com a criança, e em um período de total importância para a infância, este deve também atingir as necessidades, encontradas, o que requer uma formação mais transformadora e eficaz, de competência (SILVA, 2010, p. 43).
Então o professor precisa ter uma formação transformadora, sendo capaz de guiar e seguir com a criança, mas com a cautela de não fazer por ela, pois Piaget (1989) ressalta que:
Os professores podem guiá-las proporcionando-lhes os materiais apropriados mais o essencial é que, para que uma criança entenda, deve construir ela mesma, deve reinventar. Cada vez que ensinamos algo a uma criança estamos impedindo que ela descubra por si mesma. Por outro lado, aquilo que permitimos que descubra por si mesma, permanecerá com ela (PIAGET, 1989, p. 53).
É importante que o professor tenha consciência que a criança nesta fase precisa fazer suas próprias descobertas e, como sabemos, esse é um momento no qual tudo é novo e importante para ela, e deve ter um significado próprio.
Para que os professores do Ensino Infantil estejam realmente preparados e sejam capazes de trabalhar de acordo com o que é proposto aos mesmos, as formações continuadas devem fazer parte de sua rotina. Por isto os Referenciais Curriculares (BRASIL 1998, p. 18) preveem que “a formação inicial e a continuada das professoras e professores de Educação Infantil são direitos e devem ser asseguradas a todospelos sistemas de ensino com a inclusão nos planos de cargos e salários do magistério”. 
O professor, além de ter vocação, precisa ter formação, inicial e continuada, o que está garantido em documentos como a LDB, sendo assim um direito, como está nos Referenciais. Portanto, os sistemas de ensino e entes governamentais devem respeitar esse direito e proporcionar aos professores momentos de formações nos quais possam aprimorar e ampliar seus conhecimentos e, consequentemente, sua prática pedagógica.
1.4PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL 
Ser professor do Ensino Infantil não requer apenas formação, mas amor, carinho pela profissão e pela fase da infância. A prática pedagógica de um professor da educação infantil é totalmente diferente da prática dos professores de outros níveis de ensino, pois além de ensinar deve-se ter como rotina pedagógica o brincar e o cuidar. Assim, uma boa prática pedagógica não se aprende apenas nas formações, mas deve ser uma característica; é afinidade, o prazer em lidar com as crianças, que faz a diferença na prática pedagógica. Os Referenciais Curriculares Nacionais para o Ensino Infantil sugerem que:
As propostas pedagógicas de Educação Infantil devem respeitar os seguintes princípios: Éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e singularidades. Políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática. Estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais (BRASIL,1998, p. 16). 
A prática pedagógica do professor do Ensino Infantil precisa ser pautada em princípios voltados para o desenvolvimento cognitivo da criança. De acordo com o Referencial Curricular (BRASIL, 1998), essas práticas devem ter intenções educativas que estabelecem capacidades que as crianças poderão desenvolver como consequência de ações intencionais do professor. 
Essa prática, voltada para o respeito às fases da criança, respeita também sua necessidade do lúdico; assim, o professor deve desenvolver habilidades nas crianças de acordo com as necessidades que elas apresentam. Moreno ressalta que:
O trabalho pedagógico na educação infantil deve respeitar a criança quanto aos seus direitos e especificidades, isto é sua essência lúdica; sua constante curiosidade; seu desenvolvimento físico. Cognitivo. Afetivo e social; sua dependência e / ou necessidade de ajuda no cuidado com seu corpo, com sua alimentação, seus pertences etc. (MORENO, 2007, p. 57).
Para facilitar e nortear essa prática foram elaborados os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, que apresentam e viabilizam metodologias de trabalho para os professores. Esses Referenciais estão divididos em três volumes, organizados da seguinte forma:
um documento Introdução, que apresenta uma reflexão sobre creches e pré-escolas no Brasil, situando e fundamentando concepções de criança, de educação, de instituição e do profissional, que foram utilizadas para definir os objetivos gerais da educação infantil e orientaram a organização dos documentos de eixos de trabalho que estão agrupados em dois volumes relacionados aos seguintes âmbitos de experiência: Formação Pessoal e Social e Conhecimento de Mundo (BRASIL, 1998, p. 9, grifo do autor).
Esse documento introdutório traz informações para os professores sobre a educação infantil, sobre a criança e sobre a importância de respeitar sua condição de criança. Apresenta os objetivos que devem ser trabalhados com a criança nesta modalidade, assim como orientações para os professores e para a equipe da educação infantil sobre como respeitar e trabalhar levando em consideração o cuidar, o educar e o brincar. É nesse documento que conhecemos o perfil dos professores da educação infantil, bem como das instituições que oferecem essa modalidade de ensino. Também podemos encontrar ainda todas as orientações curriculares referentes a como trabalhar levando em conta a idade, os eixos temáticos, o tempo e os conteúdos.
O segundo volume é mais específico quando se trata de conteúdo, mostrando quais conteúdos a criança pode ver de acordo com a faixa etária. Além disso, traz orientações direcionadas especificamente aos professores sobre jogos e brincadeiras, organização do tempo, proteção, alimentação, cuidados, organização do ambiente, ideias de atividades que devem ser rotinas na escola, exemplos de atividades e orientações sobre registro e observações nesta modalidade de ensino.
Um volume relativo ao âmbito de experiência Conhecimento de Mundo que contém seis documentos referentes aos eixos de trabalho orientados para a construção das diferentes linguagens pelas crianças e para as relações que estabelecem com os objetos de conhecimento: Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática. (BRASIL, 1998, p. 9, grifo do autor).
O terceiro volume destaca os conteúdos e como devem ser trabalhados de acordo com os eixos: movimento, música, artes visuais, linguagem, natureza e sociedade e matemática, mostrando uma introdução sobre cada um, como eles se fazem presentes na vida das crianças, os objetivos e conteúdo que devem ser trabalhados dentro de cada área e orientações para o professor sobre como trabalhar, dando ideias de jogos e brincadeiras e mostrando como organizar seu tempo.
Os Referenciais, além de nortearem a prática pedagógica, ainda permitem ao professor a compreensão da criança, das suas peculiaridades, do seu processo de formação, da importância das brincadeiras e do lúdico, trazendo ideias para a prática cotidiana. Salienta-se que todos na escola precisam compreender a prática pedagógica para trabalhar o Ensino Infantil, assim o Referencial Curricular para a Educação Infantil assegura que:
Gestoras, gestores, professoras e professores, profissionais de apoio e especialistas das instituições de Educação Infantil estabelecem entre si uma relação de confiança colaboração recíproca. Elaboram e/ou recebem informações sobre a proposta pedagógica da instituição de Educação Infantil antes de nela começar a trabalhar. Desenvolvem atitudes mútuas de compreensão e respeito a solicitações, sugestões e reclamações. Promovem e/ou participam de encontros coletivos periódicos. Têm a responsabilidade de respeitar as regras estabelecidas nas instituições às quais estão vinculados. Participam ativamente da implementação e da avaliação da proposta pedagógica e da gestão da instituição. Garantem as condições de trabalho necessárias ao desempenho de suas funções: tempo, espaço, equipamentos e materiais. Participam de programas de formação regular e continuada promovidos pelos sistemas de ensino ou pelas instituições nas quais trabalham. Disponibilizam entre si informações relevantes para a realização de suas funções (BRASIL, 1998, p.41-42).
Todos dentro da escola de Ensino Infantil precisam falar a mesma língua, ter o mesmo compromisso e a consciência de que estão lidando com crianças, que devem ser cuidadas, orientadas e ainda se divertir. Como em todas as demais instituições, existem regras e orientações dentro das escolas de Ensino Infantil e estas devem ser respeitadas por todos, independentemente de suas funções. Principalmente nas escolas de educação infantil, as relações devem ser respeitadas, devem ser de confiança, onde todos tenham a liberdade de opinar, concordando ou discordando, de acordo com sua opinião. Por isto são importantes as formações continuadas, que devem acontecer sempre, de modo a fortalecer e aprimorar essas relações. 
Todos precisam colaborar nesta prática pedagógica, permitindo assim o melhor desempenho das crianças. Em síntese, é importante, na prática pedagógica, o trabalho com jogos, brincadeiras, o lúdico, respeitando as habilidades da criança, suas necessidades, seu desenvolvimento cognitivo e sua personalidade.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Nossa pesquisa se insere na área educacionale tem foco na formação e prática docente dos professores da educação infantil. Os lócus de nossa pesquisa se situam na única escola municipal de Ensino Infantil, a Izaura Amorim de Lima, que funciona no período matutino e vespertino, com crianças de três a cinco anos de idade.
A abordagem utiliza é de uma pesquisa é qualitativa, na qual buscamos conhecer mais perto os sujeitos em questão.
Considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem. (SILVA; MENEZES, 2005, p.21).
Nossa pesquisa não tem a necessidade de expor dados, pois estamos preocupados com os fatos qualitativos, e optamos por esse modelo de pesquisa principalmente por estarmos buscando informações de uma situação real, na qual nós, como pesquisadores, temos a oportunidade de estar presentes, conviver com os sujeitos pesquisados, sendo o próprio ambiente a nossa fonte de pesquisa.
Esta é uma pesquisa de campo, pois os lócus faz parte do nosso cotidiano, e podemos estar presentes observando o espaço e os fatos, também é de cunho descritivo, visando descrever os fatos da forma como forem observados. Segundo Gil:
As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sobestem título e uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática (GIL, 2002, p. 42).
Faremos uma descrição da situação real, da forma como observarmos, e de acordo com as informações que nos serão fornecidas com os instrumentos de pesquisa. Faremos uma descrição do ambiente pesquisado, bem como dos sujeitos da pesquisa. Quanto ao estudo de campo, Gil observa que:
No estudo de campo, o pesquisador realiza a maior parte do trabalho pessoalmente, pois é enfatizada importância de o pesquisador ter tido ele mesmo uma experiência direta com a situação de estudo. Também se exige do pesquisador que permaneça o maior tempo possível na comunidade, pois somente com essa imersão na realidade é que se podem entender as regras, os costumes e as convenções que regem o grupo estudado (GIL,2002, p. 53).
Nossa participação na pesquisa é intensa, pois estamos constantemente no ambiente pesquisado, buscando informações e observando as situações que podem nos ajudar. É uma pesquisa de campo, pois estamos tendo esse contato direto, estamos vivenciando a realidade pesquisada, vivendo experiências que colaboram para desenvolvermos nossa pesquisa.
Como instrumento de produção de dados usaremos a entrevista estruturada que, segundo Silva e Menezes (2005), ocorre quando, para a obtenção das informações, é estabelecido um roteiro previamente. Ainda como instrumento de coleta de dados usaremos a observação não participante que, para as autoras acima citadas, ocorre quando o pesquisador presencia o fato, mas não participa. A partir desses instrumentos teremos as informações e a noção da realidade dos lócus pesquisados.
 A entrevista será destinada aos sujeitos professores das salas de educação infantil da escola. A observação será feita durante algumas aulas de educação infantil, nas quais buscaremos perceber a dinamicidade da prática pedagógica dos professores: momentos de aula, relacionamento professor-aluno, as atividades de ensino-aprendizagem, recursos didáticos, momentos de lazer, uso de jogos e como desenvolvem o lúdico nesta prática.
Os dados coletados nas entrevistas e observações realizadas durante a pesquisa foram tabulados e as informações, cruzadas, permitindo, posteriormente, a descrição e análise à luz do referencial teórico selecionado para o estudo sobre o tema.
3 RETRATO DA ESCOLA URBANA DO MUNICÍPIO DE PORTO WALTER/AC: A FORMAÇÃO E A PRÁTICA DOCENTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLAIZAURA AMORIM DE LIMA
A escola Izaura Amorim de Lima foi fundada em 1985. Recebeu o nome de Izaura Amorim de Lima, em homenagem à senhora que doou o terreno para a construção da escola, que também era a mãe da primeira e mais antiga professora da escola.
Ficava localizada no centro da cidade, que na época ainda não tinha identificação de ruas ou bairros. Sua estrutura inicial era de apenas uma sala de aula, uma pequena cozinha e dois banheiros, sendo um masculino e um feminino; inicialmente atendia as crianças de forma multisseriada, ou seja, independentemente da idade todos estudavam na mesma sala de aula. Depois, a escola teve uma ampliação, na qual foi construído um chapéu de palha que serviu para separar os alunos de quatro e cinco anos em uma sala e os de seis em outra, sendo um espaço mais adequado, visto que o chapéu de palha possibilitava um ambiente mais descontraído e propício ao lazer e aprendizagem das crianças. Durante muitos anos esse atendimento ocorreu neste espaço que, apesar de não ser o ideal, supria as necessidades de nossas crianças. Com o aumento da demanda de alunos, o crescimento do município e o processo de organização da educação municipal, surgiu a necessidade de um novo espaço.
Assim, foi construída a atual escola, pelo governo do estado, que foi entregue à prefeitura para utilização e manutenção. A escola atualmente está localizada na Rua Alfredo Sales, bairro da Pista Velha, um local no centro da cidade e acessível para todas as crianças, inclusive com um acesso estruturado, com ruas asfaltadas. Em sua estrutura original, a escola contava com salas de aulas, salas de jogos e um playground para que as crianças pudessem se divertir e trabalhar a parte lúdica. 
No ano de 2017, a escola contava com sete salas de aulas, uma sala de recreação e jogos, um auditório, uma sala dos professores, uma sala da direção, uma secretaria, uma sala dos professores, uma sala da inclusão, dois banheiros masculinos e dois femininos, além de um para crianças com necessidades especiais, uma cozinha e um espaço livre, que serve como refeitório e pátio, mas não existe mais um espaço que seja propício ao lazer e recreação das crianças, como o playground. 
Possui um total de 53 funcionários, conforme demonstrado no Gráfico 1, sendo 26 professores, 14 do quadro de apoio de serviços diversos, duas merendeiras, quatro vigias, sendo estes distribuídos nos turnos matutino e vespertino.
Gráfico 1: Distribuição dos funcionários da escola
Fonte: Elaborado pelos autores.
A equipe gestora é composta pela diretora, formada em Letras Vernáculas; uma coordenadora de ensino, também formada em Letras; duas coordenadoras pedagógicas, formadas também em Letras Vernáculas; um coordenador administrativo, com formação em Ciências Biológicas; e dois auxiliares de secretaria, com nível médio.
Gráfico 2: Quadro de pessoal/Função e escolarização
Fonte: Elaborado pelos autores.
A equipe gestora, como mostra o Gráfico2, é bem distribuída e possui um quadro suficiente para atender a demanda da escola, sendo que foi ressaltada, pela diretora, apenas a necessidade de um digitador. 
Dos 26 professores, dois são formados em Ciências Biológicas, 12 possuem formação em Letras Vernáculas (inclusive os três que compõem a equipe gestora), cinco são formados em Pedagogia, um é formado em Matemática e cinco são formados apenas no Nível Médio, conforme demonstrado no Gráfico 3. É importante ressaltar que os professores regentes são todos formados em nível superior e os que possuem formação em nível médio são professores auxiliares.
Gráfico 3:Formação dos Professores da Escola Izaura AmorimFonte: Elaborado pelos autores.
Vemos, então, que a escola possui um quadro onde a maioria dos professores é formada em um curso superior. Sabemos que a formação adequada para quem atende as crianças deve ser Pedagogia, mas infelizmente apenas uma minoria possui esta formação, o que não significa que o atendimento perde sua qualidade, visto que a experiência e as formações continuadas são tão importantes quanto a formação inicial. 
A escola Izaura Amorim de Lima atende, em seu cotidiano escolar, 324 alunos de três a cinco anos, estando assim distribuídos: 90 são alunos de três anos, 115, de quatro anos e 119, de cinco anos, distribuídos em dois turnos de atendimento, matutino e vespertino, conforme demonstrado no Gráfico 4.
Gráfico 4: Distribuição dos alunos por ano/idade em 2017
Fonte: Elaborado pelos autores.
Percebe-se que as maiorias das crianças atendidas são de cinco anos de idade, embora não com uma diferença alarmante, visto que podemos ver no Gráfico 4 que a clientela está bem distribuída. Podemos perceber também que a escola atende alunos de creche, que são os de três anos, visto que ainda não temos uma creche em nosso município, assim como alunos de pré-escola, na faixa etária de quatro e cinco anos.
As aulas se iniciam, no turno matutino, às 07h30 e termina às 11h; no turno vespertino, iniciam às 13h e terminam às 17h. A escola está preparada para receber alunos com necessidades especiais, dispondo, além de banheiro, de cadeiras e de mesas adaptadas, assim como de rampas de acesso. As salas são ventiladas, iluminadas, com cadeiras e mesas adequadas ao Ensino Infantil. A sala de jogos é climatizada com ar condicionado, tornando o ambiente agradável para as crianças. A maioria das crianças, cerca de 70%, faz uso do transporte escolar, que é composto por dois ônibus e dois micro-ônibus escolares. 
Os alunos de quatro e cinco anos atendidos pela escola vêm, em sua maioria, de famílias nas quais os pais possuem idade entre vinte e trinta e cinco anos, com cerca de quatro a cinco filhos, e que não terminaram nem o Ensino Fundamental. São pessoas que vieram da zona rural do município e que têm como renda básica o benefício do Bolsa Família. São crianças com diferentes problemas familiares, vivendo em sua maioria em um ambiente inadequado, que muitas vezes trazem essas frustações para dentro do espaço escolar. Quanto aos alunos de três anos, em sua maioria, são filhos de professores ou de mães que trabalham fora de casa e que encontram na escola o ambiente ideal para deixar os seus filhos. 
A escola Izaura Amorim de Lima é a única escola de Ensino Infantil em nosso município, atendendo assim toda a demanda, por isto precisa limitar as vagas a cada início de ano letivo. Para melhorar a qualidade do atendimento e da merenda escolar, a escola também fez uma horta que é diariamente cultivada pelos próprios funcionários.
3.2 PERFIL E FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DA ESCOLA IZAURA AMORIM DE LIMA
Todos os professores da escola Izaura Amorim de Lima possuem formação superior, sendo que, como demonstrado, a grande maioria não possui formação em Pedagogia, conforme orienta a legislação brasileira. Dos 26 professores lotados na escola pesquisada apenas 12 estão em sala de aula como professores regentes, sendo 11 do sexo feminino e apenas um do sexo masculino; destes 10 possuem contrato permanente com a Secretaria de Educação de Porto Walter e dois são contratados temporariamente. O Gráfico 5 nos mostra a idade desses professores e suas experiências como docentes, assim como com a educação infantil especificamente.
Gráfico 5: Dados de identificação dos professores 2017 –idade e experiência profissional
Fonte: Elaborado pelos autores.
Analisando o Gráfico 5 percebemos que a maioria deles possui idade entre 21 e 40 anos, com muita experiência na educação, visto que a maioria possui de 11 a 20 anos em sala de aula. É importante ressaltar que a grande maioria tem de um a dez anos de experiência com o Ensino Infantil, o que facilita o trabalho, visto que esse contato com a criança não é algo novo para a grande maioria.
Na lotação, é dada prioridade para que os professores formados em Pedagogia estejam na escola, para atender na sala de jogos, pois se sabe que esta é a formação ideal para se trabalhar com crianças, priorizando o lúdico, e com a consciência de que neste nível de ensino a prioridade é cuidar, brincar e ensinar. Sabemos que o professor pedagogo é preparado para compreender a criança em toda a sua especificidade, respeitando seu estado de infância, sua necessidade do lúdico, tendo conhecimento que o Ensino Infantil, acima de tudo, é o momento inicial de contato da criança com a aprendizagem sistematizada, sendo necessário que esta seja uma experiência prazerosa e motivadora.
Os professores, nesta modalidade de ensino, precisam se identificar e ter habilidades específicas, assim priorizam-se também os professores mais experientes, pela habilidade em lidar com a criança que ainda não vai ser totalmente alfabetizada, mas que já precisa ser apresentada ao conhecimento sistematizado. 
Por ser uma escola urbana, todos os professores também são da sede do município, embora alguns já tenham trabalhado durante muitos anos em escolas rurais.
Na lotação, a gestão da escola prioriza a escolha por professores que tenham vocação para a profissão, que gostem de crianças, que saibam desenvolver atividades criativas, jogos e dinâmicas atrativas e, sobretudo, que estejam dispostos a respeitar a criança e sua infância.
Dos 12 professores que estão em sala de aula, 11 responderam às entrevistas[footnoteRef:1].Um dos questionamentos realizado foi quanto à sua formação, se foi a desejada, sendo que a maioria declarou que sim, apesar de não ter tido a oportunidade de escolher o curso superior, visto que se formaram em um programa do governo do estado do Acre. Mesmo assim, se identificaram com o curso que concluíram, como citou o professor P2 (2017): “Minha formação foi muito desejada, pois desde pequena eu já sonhava em ser professora”. Contudo, existem aqueles que não estão satisfeitos com sua formação, apenas fizeram o curso que tiveram oportunidade, como citou o professor P6(2017): “Infelizmente não tive muita opção em escolher, mas mesmo assim me sinto feliz em já ter uma formação completa”. [1: A fim de manter o sigilo dos dados, os professores, em seus relatos, serão identificados apenas como “P” e o número correspondente às suas entrevistas.] 
Quando questionados sobre as dificuldades enfrentadas para estudar e concluir sua formação, alguns disseram que enfrentaram muitos desafios, principalmente por morarem na zona rural e ter que se deslocar para as formações.
Tive muita dificuldade, pois morava na zona rural e lá não tinha estudo, tive que estudar no colégio interno aqui mesmo em Porto Walter. Minha mãe trabalhava na agricultura para custear as despesas do colégio e comprar as coisas, pois éramos quatro filhos só para uma mãe sustentar e educar. Assim, com o ensino superior, tive que vir com a família morar aqui [na zona urbana] para poder estudar (P3, 2017).
A dificuldade em ter que se deslocar das suas residências na zona rural é comum, pois nem todas as comunidades oferecem estudo completo, como hoje ainda existem algumas comunidades que não oferecem o Ensino Médio. Quanto à graduação que foi oferecida nos períodos de férias dos professores, também foi um problema para a maioria dos docentes, que tinham moradia na zona rural e precisavam, nesse período, se deslocar com toda a família para a zona urbana, tendo que ficar nas casas de parentes ou amigos, o que sabemos que não é confortável, principalmente quando isso se estende por um período longo, como era o caso. Ainda tinha o problema das dificuldades quanto aos recursos tecnológicos, que na época eram mais difíceis.
Tive algumas dificuldades em pesquisar os conteúdos que eram trabalhados na internet, porque não tinha como digitar os trabalhos, e por ter filhos pequenos que às vezes não tinha com que ficar, mas graças a Deus que deu tudo certo,os obstáculos foram vencidos, mas teve colegas minhas que desistiram(P7, 2017).
É importante ressaltar que, apesar das dificuldades, todos os professores enfatizaram que foi prazeroso seu processo formativo, pois estavam realizando o sonho de concluir seus estudos. Como foi citado pelo professor acima, as dificuldades foram muitas, principalmente no que se refere às questões familiares, como filhos pequenos que não tinham com quem ficar, maridos que algumas vezes não compreendiam a ausência das esposas, assim como em relação à questão do acesso aos recursos tecnológicos, que no nosso município é difícil e na época era ainda mais precário. 
Porém, como foi dito, mesmo com todas as dificuldades foi um processo prazeroso, pois estavam realizando um sonho que para eles era impossível, visto que pensar em um curso superior em Porto Walter parecia utopia, até porque o município não tinha estrutura para um campus universitário. Mas aconteceu e as dificuldades passaram a ser pequenas diante da realização de um sonho que já estava adormecido. 
3.3 PRÁTICA DOCENTE DOS PROFESSORES DA ESCOLA IZAURA AMORIM DE LIMA
Trabalhar com crianças não é uma tarefa fácil, pois é preciso entendê-las em toda sua personalidade ainda infantil. Sabemos que a prática docente merece empenho e dedicação por parte de todos os envolvidos no processo educativo, principalmente nos dias atuais, nos quais as crianças têm tantas outras atrações. 
A tarefa do professor no dia-a-dia de sala de aula é extremamente complexa, exigindo decisões imediatas e ações, muitas vezes, imprevisíveis. Nem sempre há tempo para distanciamento e para uma atitude analítica como na atividade de pesquisa. É extremamente importante que ele aprenda a observar, a formular questões e hipóteses e a selecionar instrumentos e dados que o ajudem a elucidar seus problemas e a encontrar caminhos alternativos na sua prática docente. E nesse particular os cursos de formação tem um importante papel: o de desenvolver, com os professores, essa atitude vigilante e indagativa, que o leve a tomar decisões sobre o que fazer e como fazer nas suas situações de ensino, marcadas pela urgência e pela incerteza (ANDRÉ, 2001, p. 59).
A prática do professor no cotidiano da educação infantil precisa ser extremamente versátil, pois, para o aluno, o cotidiano escolar pode facilmente se tornar cansativo e monótono. Lidar com crianças é muito diferente de trabalhar com adolescentes e jovens, as crianças se espelham nos professores, confiam absolutamente e desenvolvem sentimentos, assim como sentem rejeição ou afeição, de acordo com como são tratadas, com muito mais facilidade.
Assim, é imprescindível que o professor do Ensino Infantil tenha afinidade com as crianças, experiências com as situações da infância, tenha disponibilidade para desenvolver o lúdico, saber aplicar brincadeiras, sendo parte delas, e ainda ter domínio dos conhecimentos básicos de acordo com a faixa etária das crianças, pois, nesta fase, o que o professor diz é compreendido como verdade absoluta pelas crianças.
Por isto é importante que os professores sejam selecionados levando em consideração muitos fatores, até o fato de ser mulher, mãe e ter simpatia deve ser observado neste momento, pois estes fatores fazem a diferença na sala de aula e na prática do professor.
Os professores da escola Izaura Amorim, de Lima foram responderam perguntas sobre sua prática. Quando questionados sobre como preparam suas aulas, ou seja, como realizam seus planejamentos, as respostas ficaram muito divididas: alguns o fazem diariamente, outros semanalmente, alguns quinzenalmente e ainda outros, mensalmente, o que nos deixa a impressão que a questão do planejamento é um pouco solta na escola, que o pedagógico não acompanha esses planejamentos de acordo com os calendários pré-estabelecidos, deixando, assim, os professores muito livres para preparar suas aulas. Acreditamos que isto não apresenta necessariamente ser um problema, já que os professores são experientes e a escola é bem pequena, possibilitando que os coordenadores observem as aulas sem precisar adentrar a sala, podendo acompanhar de perto o que o professor está desenvolvendo cotidianamente com os alunos.
Questionados sobre se conseguem colocar em prática seus planos, a maioria respondeu que conseguem planejar e executar suas aulas com sucesso, como disse o P7 (2017) ao afirmar que “[...] só planejo o que realmente vou trabalhar, de acordo com nossa realidade e nível de aprendizado dos alunos”. No entanto, enquanto a maioria está satisfeita com o resultado da prática de seus planejamentos, existem aqueles que ainda não conseguem colocar em prática o que esquematizam por diferentes motivos, ou internos à sala, como quando os alunos não colaboram, ou externos, como a falta de recursos didáticos. Quanto a isso os sujeitos entrevistados argumentam que “Nem sempre consigo executar o que planejei, pois às vezes as crianças não conseguem se controlar e temos que repetir novamente as aulas” (P2, 2017).
Pode ser observado que existem dificuldades na execução dos planejamentos e na prática de alguns professores, como o fato de estarem lidando com crianças e não ser fácil controlá-las e mantê-las calmas e participativas. Sobre essas dificuldades, a maioria ressaltou que não enfrentam muitas, pois já planejam pensando nos alunos que têm, mas alguns apresentaram ainda como dificuldade, além da falta de concentração dos alunos e da falta de recursos didáticos na escola, a ausência dos pais, que não acompanham a educação das crianças, tornando o trabalho do professor mais cansativo.
Vimos que a falta de recursos pedagógicos é um problema na prática diária desses professores. Questionados sobre a disponibilidade desses recursos, nos disseram que faltam materiais essenciais, como livros e jogos que são necessários ao desenvolvimento da criança, tanto o cognitivo quanto a coordenação motora, que é o físico, como destacou P6 (2017)ao afirmar que “nem sempre os recursos estão disponíveis, faltam jogos, livros infantis e até mesmo um espaço adequado para acolher as crianças”. A falta de recursos dificulta a prática, mas não a impede, pois todos enfatizaram que trabalham com o que têm, mesmo sentindo falta de melhores condições.
Os recursos realmente são importantes, principalmente quando se trabalha com crianças, pois estas precisam estar sempre ocupadas, envolvidas com alguma atividade, se não criam confusões uns com os outros.
Quanto ao que é necessário para que os professores possam melhorar sua prática, as respostas foram variadas, mas todas com as mesmas situações, apresentando como estratégias de melhoria, primeiro, mudanças no ambiente físico da escola, que na opinião dos mesmos ainda não é adequado a crianças de três a cinco anos. Além de um espaço adequado e melhor estruturado, também foi citada a questão dos recursos didáticos, que são essenciais para o desenvolvimento de uma aula atrativa e motivadora no Ensino Infantil, inclusive com um espaço ideal para o lazer, como ressaltou a P10 (2017): “Um parquinho seria ótimo, brinquedos para usar de vez em quando, jogos educativos, entre outros”.
Enfim, na educação infantil não é possível trabalhar apenas com quadro e giz, os alunos nessa faixa etária ainda não têm maturidade para compreender a necessidade de se adquirir conhecimentos; assim, os conteúdos precisam ser desenvolvidos de forma cautelosa e prazerosa, por meio de aulas dinâmicas, jogos que despertem seus interesses, brinquedos educativos e específicos para crianças, ou seja, é importante o respeito à condição de infância desses alunos e a prática do professor só pode ser melhorada com recursos adequados. No entanto, o professor não precisa esperar apenas pela atitude da escola, pois existem muitos jogos que podem ser confeccionados. O professor precisa ter consciência que a maneira como essa criança verá a educação no futuro é responsabilidade dele agora, da forma como desempenha sua prática, do amor e prazer que demonstra ao ministrá-la.
É importante dizer que todos os professoresentrevistados realizam outras atividades como profissão além de trabalhar no Ensino Infantil, grande parte em outras escolas, o que pode dificultar ainda mais sua prática, pois falta tempo disponível para preparar e confeccionar materiais adequados para melhorar suas aulas.
Todos os professores entrevistados vão para escola a pé, não usam nenhum meio de transporte e não enfrentam grandes obstáculos, a não ser o sol que é muito quente e, quando chove, a lama, pois existem ruas que não são asfaltadas. Porém, nenhum desses obstáculos atrapalha a prática dos professores.
Alguns professores deixaram informações nos questionários que julgam ser importantes para quem ler este trabalho e desejar entender melhor o trabalho coma educação infantil. O P4 fez a seguinte ressalva
Minha formação é em Letras, mas isso não me atrapalha em fazer um bom trabalho, pois minha experiência com a educação Infantil sempre foi excelente. Mesmo trabalhando há muitos anos com Ensino Fundamental, também não tive dificuldade, pois acredito que, para uma boa prática, é necessário compromisso e responsabilidade (P4, 2017).
Realmente, como citado pelo professor, a formação nem sempre é o mais importante, às vezes o que faz a diferença é a experiência e a vontade de melhorar a qualidade do ensino, de modo a colaborar na vida estudantil dessas crianças. Sobre o prazer em trabalhar com crianças, o P5 (2017) deixou o seguinte relato: “Executar o trabalho infantil é muito, bom me sinto realizada, pois através do trabalho com essas crianças vejo como é importante trabalhar com as mesmas, pois sempre obtemos resultados maravilhosos”.
O professor do Ensino Infantil precisa ter muito amor e prazer no que faz, pois as crianças estão em um momento da vida que necessitam de carinho, de se sentirem protegidas e amparadas, e é também na escola que devem encontrar esse amparo, essa proteção. Se o professor não gostar do que faz não conseguirá despertar na criança o prazer em estar na escola, pois ela sentirá a frustração do professor e, em alguns casos, chega até a interpretar que o professor não gosta dela. Por isso as formações continuadas são importantes, para fazer o professor refletir sobre essa prática e sobre como a está desenvolvendo, bem como os recursos didáticos adequados, como enfatizou oP7:
Eu fui formada para trabalhar com alunos do 6° o do 9º ano, mas fui lotada na escola de ensino infantil, já trabalho há 10 anos e tenho experiência, sempre participei de vários cursos ou planejamento na referida área e adoro trabalhar com crianças de 3 a 5 anos de idade. Apesar disso, acredito que ainda precisamos de mais cursos sobre educação infantil, salas de aulas maiores, mais recursos didáticos, jogos, brinquedos, pois procuramos fazer um excelente trabalho, mas às vezes a escola não oferece espaço e condições (P7, 2017).
Sabemos que a formação inicial do professor não é a única importante, sua formação continuada e principalmente seu prazer no exercício da função faz muita diferença. O professor acima, apesar de não ter formação para o Ensino Infantil, acredita que sua experiência faz diferença de forma positiva. O P8 (2017) argumentou que, além dessa formação, também é essencial que, para “ensinar nossos alunos da melhor maneira, precisamos de oportunidade de aprender e condições de ensinar, pois sabemos que a criança deve aprender brincando e ter uma boa educação com qualidade”.
Assim como nas outras modalidades de ensino, tudo é um conjunto, desde a formação inicial e continuada até as condições dentro da escola, porém, no Ensino Infantil, isso se torna ainda mais visível, pois as crianças sentem falta de condições de acesso ao lúdico dentro da escola e perdem a vontade de ir estudar e, diferente dos jovens, não podemos obrigar as crianças a irem para a escola, porque elas vão mas não colaboram, choram, fazem birra e atrapalham todo o planejamento do professor, e essa é uma situação que não se resolve mandando para direção. 
É muito delicado o trabalho no Ensino Infantil, pois nessa fase a criança está começando a ver o mundo e seu comportamento e personalidade serão diretamente influenciados pelo que ela vivenciar no ambiente escolar, como descreve o P10:
Posso dizer que é muito bom trabalhar com a educação Infantil e poder estar contribuindo de forma significativa para a formação dessas crianças, visto que é nesta etapa da educação que a criança adquire valores como respeito, responsabilidade, solidariedade etc., bem como interage, brinca, aprende a ter limites, obedecer às regras e assim por diante. E é aqui que temos que despertar na criança o interesse pela leitura e pela escrita (P10, 2017).
É importante que o professor do Ensino Infantil tenha essa consciência do seu papel na formação da criança, dos seus valores, da sua personalidade. É preciso saber que a escola de Ensino Infantil é o local onde a criança pode socializar, conhecer outras crianças, compreender que nem todas são iguais, que existem diferenças, mas que essas precisam ser respeitadas e compreendidas.
3.4ASPECTOS DA OBSERVAÇÃO EM SALA DE AULA
Este trabalho nos direcionou à observação em sala de aula, no sentido de termos noção real da prática dos professores dentro das salas de aula. Dividimo-nos em três equipes, uma foi para a turma de alunos de três anos, outra foi para a turma de quatro anos e outra ficou na turma de cinco anos, para entendermos as diferenças de uma faixa etária para a outra.
Na turma de três anos, a professora trabalhou como conteúdo a letra J e o pré-nome.A professora recebeu os alunos na porta da sala, cumprimentando-os com uma saudação, a seguir fez a oração do dia e a chamada, que foi realizada por meio de uma ficha com o nome de cada criança que, ao ser chamada, levantava, levava a ficha e a colocava no quadro de pregas. Depois perguntou sobre como foi o dia anterior e iniciou sua aula com a leitura de um texto, seguida de uma sondagem dos conhecimentos prévios dos alunos através de questionamentos que estes iam respondendo. Todas as atividades desenvolvidas no decorrer das aulas estavam de acordo com a realidade dos alunos.
No decorrer da aula pode ser observado que houve aprendizagem por parte dos alunos. Sabemos que as crianças nessa idade estão em uma fase na qual o que define sua aprendizagem é o interesse do professor e a atenção que este dedica aos alunos; assim, o professor observado demonstrou muito cuidado quanto ao tempo dedicado às crianças, sempre estando disposto a atendê-las de forma individualizada.
O professor demonstrou muita criatividade, desenvolvendo atividades interessantes e despertando a participação dos alunos, o que facilita sua compreensão. Outro fator interessante a ressaltar na aula é a relação professor-aluno, sendo que houve muita interação nesta relação; o professor, além do atendimento individual, permitiu que na correção da atividade cada aluno pudesse ir ao quadro, acompanhado de perto por ele, além das intervenções dos alunos que estavam sempre fazendo perguntas ao professor e tendo suas dúvidas tiradas, sendo possível perceber sua satisfação ao receber uma resposta.
Sobre a prática do professor, não poderíamos acrescentar nenhuma observação, visto que teve um excelente desempenho, não apresentou dificuldades no decorrer das atividades realizadas, demonstrou um grande domínio do conteúdo e da rotina da aula, teve muito domínio de sala, conseguindo ministrar sua aula sem muitas interrupções ou bagunça por parte dos alunos.
O apoio pedagógico prestado às crianças foi muito bom, o professor estava sempre nas carteiras, perguntando e ensinando aos alunos individualmente. Consideramos uma ótima aula, na qual o professor conseguiu atingir todos seus objetivos e os alunos aprenderam brincando e se divertindo, pois o professor realizou muitas brincadeiras no decorrer da aula, não apenas para descontrair, mas para que as crianças fixassem melhor o conteúdo, de maneira lúdica e descontraída.
É interessante perceber que os alunos, apesar de ter apenas três anos de idade, conseguem seguir uma rotina e, principalmente,

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