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Câncer de próstata

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Aldillany Maria 
 
Câncer de próstata 
Definição 
O câncer de próstata é uma neoplasia que afeta a próstata, que é uma glândula que envolve a uretra, canal 
que liga a bexiga ao orifício externo do pênis. 
 
Epidemiologia 
 O câncer de próstata (CaP) é o segundo tipo de câncer mais frequente em homens no mundo, com cerca 
de 1,1 milhão de novos casos diagnosticados pelo último levantamento em 2012. 
 A taxa de incidência é maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento. 
 No Brasil, excluindo-se os tumores de pele não melanoma, é o mais incidente entre os homens em todas 
as regiões do país, com maiores índices nas regiões Sul e Sudeste. 
 Um fator de risco bem estabelecido para o desenvolvimento do câncer de próstata é a idade. Cerca de 
75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. 
 Aspectos étnicos e geográficos também são fatores de risco: o câncer de próstata é aproximadamente 
duas vezes mais comum em homens negros se comparados aos brancos. 
 A hereditariedade também apresenta importância: se um parente de primeiro grau tem a doença, o risco 
é, no mínimo, duas vezes maior do indivíduo ter CaP. Se dois ou mais indivíduos da mesma família são 
afetados, o risco aumenta em cinco a 11 vezes. 
 Estimativa de novos casos: 65.840 (2020 - INCA), correspondendo a 29,2% dos tumores incidentes no 
sexo masculino. 
 Número de mortes: 15.983 (2019 - Atlas de Mortalidade por Câncer - SIM). 
 
Sinais e sintomas 
 Em sua fase inicial, o câncer da próstata tem evolução silenciosa. 
 Muitos pacientes não apresentam nenhum sintoma ou, quando apresentam, são semelhantes aos do 
crescimento benigno da próstata: 
o Dificuldade de urinar, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite. 
o Sangue na urina (hematúria). 
o Diminuição do jato da urina (volume eliminado). 
 Na fase avançada, pode provocar: 
o Dor óssea, sintomas urinários ou, quando mais grave, infecção generalizada ou insuficiência 
renal. 
 
Fatores de risco 
 Idade 
o A frequência de adenocarcinoma aumenta com a idade, chegando a ser de cerca de 70% em 
indivíduos com mais de 80 anos. 
 Raça 
o O adenocarcinoma da próstata é mais frequente em brancos e negros do que em amarelos, 
particularmente japoneses; 
 Fatores genéticos 
o Os fatores genéticos provavelmente estão envolvidos em 90% dos adenocarcinomas que surgem 
em indivíduos abaixo de 55 anos de idade. 
o Em algumas famílias, a herança é de padrão autossômico dominante; nesses casos, o risco de 
um homem desenvolver adenocarcinoma prostático se o pai ou um irmão tiverem o tumor é duas 
vezes maior e, se ambos o têm, nove vezes maior. 
 
 Hormônios 
Os andrógenos são necessários para o crescimento e o desenvolvimento da próstata normal e do 
adenocarcinoma prostático. 
Aldillany Maria 
 
o Indivíduos castrados antes da puberdade têm risco mínimo de desenvolver câncer da próstata. 
o Alguns estudos clínicos mostram que andrógenos circulantes em níveis aumentados são capazes 
de estimular o crescimento de câncer prostático (por estímulo androgênico, o volume tumoral 
pode aumentar). Não se conhece, entretanto, o papel exato dos andrógenos na carcinogênese 
da próstata. 
 Paradoxalmente, com o avançar da idade os níveis de testosterona (T) diminuem, enquanto a incidência 
de carcinoma prostático aumenta. 
o Uma explicação é que os eventos carcinogênicos que requerem ou envolvem estimulação 
androgênica teriam ocorrido muito antes do aparecimento da neoplasia, num momento em que 
os níveis de testosterona ainda eram elevados. 
o Outra possibilidade é maior disponibilidade dos receptores de andrógenos nas células 
prostáticas, possivelmente por amplificação dos genes que os codificam. 
 
Diagnóstico 
Toque retal 
o Apesar de desconfortável e constrangedor, ainda constitui uma importante ferramenta no diagnóstico e 
estadiamento do câncer de próstata, já que cerca de 80% dos tumores encontram-se na zona periférica 
da glândula prostática. 
o Em cerca de 18% dos pacientes, o câncer de próstata é detectado pelo toque retal, independentemente 
da concentração sérica de PSA. 
 
PSA 
o Ainda é o marcador mais empregado no rastreamento e no acompanhamento do câncer de próstata. 
o Trata-se de uma proteína identificada no líquido seminal, produzido principalmente pelo tecido prostático, 
não sendo um marcador câncer-específico. 
o Um valor de PSA abaixo de 4,0 ng/mL é aceito como normal. 
o Entretanto, outros fatores podem causar elevação de PSA – como prostatites, isquemias e infartos 
prostáticos, hiperplasia prostática benigna, manipulação (biópsias prostáticas, RTU de próstata, 
cistoscopias) – e causar redução de PSA, como medicações (inibidores da 5 alfa redutase e 
antiandrogênicos). 
o Tendo em vista estes diversos fatores que podem alterar o valor sérico do PSA, algumas estratégias 
foram propostas para incrementar a acurácia do PSA, podendo-se utilizar alguns artifícios como: a 
velocidade do PSA, ajuste do PSA à idade e a relação entre PSA livre e total (rPSA l/t). 
o O aumento do valor do PSA acima de 0,75 ng/mL ao ano nos pacientes com PSA acima de 4,0 ng/mL 
parece estar associado a alto risco para câncer de próstata. 
o Já nos pacientes com PSA inferior a 4,0 ng/mL, variações de 4 ng/mL podem ser consideradas 
significativas, principalmente nos mais jovens. 
o O ajuste do valor do PSA de acordo com a idade tem como objetivo aumentar a sensibilidade da 
detecção de câncer nas camadas mais jovens da população e aumentar a especificidade nas mais 
idosas. 
o Desta forma, optou-se por reduzir o ponto de corte de PSA para 2,5 ng/mL até a sexta década de vida. 
o A maioria dos PSAs encontrados em pacientes com câncer de próstata ocorre na forma complexada à 
alfa-1-antiquimotripsina e sua concentração estimada subtraindo-se o PSA livre do PSA total. 
o Dessa forma, a relação PSA l/t pode ser aplicada para melhorar a especificidade do PSA. 
o Aqueles homens com a relação PSA l/t menor ou igual a 15% têm maior detecção de câncer de próstata 
em relação àqueles com valores maiores que 15%, principalmente nos pacientes com PSA entre 4,0 e 
10,0 ng/mL. 
 
 
 
 
Aldillany Maria 
 
PET-scan (PET-CT) 
O PET (Tomografia por Emissão de Pósitrons) é uma técnica de imagem que revela as alterações do 
metabolismo celular por todo o corpo. 
 Ela permite a detecção precoce de mínimas lesões tumorais ou novos focos da doença. 
 Consiste na injeção de uma pequena quantidade de radiofármaco (glicose marcada pelo material 
radioativo Flúor 18 FDG), que após sua distribuição pelo corpo, gera informações únicas, que nenhum 
outro exame de imagens consegue. 
 
A CT (Tomografia Computadorizada) utiliza-se dos recursos de Raios-X e tecnologia computacional para 
produzir imagens diagnósticas detalhadas que determinam, com precisão, a localização e a forma das 
lesões num determinado órgão. 
 
Os dois exames, PET e CT, são realizados em um único aparelho (PET-CT). 
 Avaliam o metabolismo e a anatomia do corpo inteiro, possibilitando diagnósticos mais precisos, 
detecção precoce de alterações celulares, planejamento, monitoramento e escolha do tratamento mais 
eficaz para cada caso. 
 
A fusão do PET e CT permite a integração e visualização de imagens de Medicina Nuclear e tomografia. 
 Enquanto o PET detecta atividades metabólicas com detalhes do nível de atividade celular do órgão, o 
CT mostra imagens detalhadas da anatomia interna, como localização, tamanho e formato do tumor. 
 Além do diagnóstico oncológico, o PET-CT também é útil na avaliação e acompanhamento de doenças 
neurológicas e cardiológicas. 
 
Em relação à oncologia, o PET-scan pode ser usado para: 
 Diagnóstico precoce. 
 Estadiamento 
o O PET é um exame extremamente sensível na determinação da real extensão dos tumores. 
o E por ser um exame que avalia o corpo inteiro, a procura de metástases é mais eficiente. 
 Avaliação da resposta terapêutica de diversos tumores tais como:câncer de próstata. 
 Avaliação de recorrência/recidiva do câncer. 
 
Testes genéticos 
o Com os avanços na medicina, é possível estimar o desenvolvimento de tumores prostáticos com um 
simples exame que analisa fluidos como sangue e saliva. 
o O maior benefício do teste de rastreamento genético é a eficácia na identificação das chances 
de apresentação do câncer de próstata em algum momento da vida do homem. 
o A realização do teste de rastreamento genético é muito importante quando já existe histórico da doença 
em nível mais agressivo (predisposição familiar). 
o O exame pode ser feito por qualquer homem, em qualquer idade. 
o No entanto, o teste é mais indicado para parentes (de primeiro ou segundo grau) de pessoas que já 
apresentaram formas agressivas da doença. 
o Além disso, o rastreamento genético pode indicar chances de desenvolvimento do câncer mesmo em 
homens sem histórico familiar da doença. 
o Segundo estudos na área de urologia, a mutação genética pode ocorrer em 11% dos casos em grupos 
de homens com PSA alto. 
 
 
 
 
Aldillany Maria 
 
Outros exames 
PCA3 
o Na busca de marcadores mais específicos para o câncer de próstata, surge um novo marcador chamado 
prostate cancer antigen 3 (PCA3). 
o Este marcador apareceu como um teste diagnóstico para o câncer de próstata não relacionado ao PSA. 
o Trata-se de RNA não codificante específico da próstata, que é altamente expressivo no CaP e expresso 
em baixos níveis em amostras de tecidos prostáticos não tumorais. 
o Apesar de ser um marcador proeminente, a metodologia para sua medida apresenta ainda dificuldades, 
pois ensaios de imuno-histoquímica não podem ser realizados para sua detecção. 
o A fonte de material biológico para estas avaliações envolve sedimentos do primeiro jato de urina após 
intensa massagem prostática. 
 
Ressonância magnética 
o A ressonância magnética é uma modalidade de imagem que não envolve radiação ionizante, e fornece 
imagens de alta resolução com excelente contraste de tecidos moles. 
o As novas técnicas funcionais de ressonância magnética (espectroscopia de prótons e contraste 
dinâmico), além de ressonância magnética ponderada em difusão, contribuíram muito na identificação, 
localização e estadiamento do CaP. 
o Estes exames são úteis principalmente nos casos de múltiplas biópsias prévias negativas. 
o Caso exista área suspeita para o tumor, sua localização precisa deve ser referida e o paciente 
rebiopsiado com orientação do ultrassom e atenção especial para esta região. 
 
Ultrassonografia transretal com biópsia prostática por agulha 
o O diagnóstico definitivo do CaP é feito através da ultrassonografia transretal com biópsia prostática por 
agulha. 
o Este exame está indicado em qualquer situação de alterações isoladas ou conjuntas de PSA, toque retal 
e imagem. 
o Durante este exame são coletados em média de dez a 12 fragmentos prostáticos, que serão enviados 
para análise histopatológica. 
o Podem ocorrer, após este exame, algumas complicações imediatas, como sangramento retal, hematúria, 
além de outras complicações tardias, como febre, hematospermia, disúria persistente, infecção, 
prostatite aguda e sepse urinária. 
o Na vigência destas complicações, o paciente deverá procurar o médico e realizar o procedimento o mais 
breve possível. 
o O resultado histopatológico identificará o grau de displasia e percentual de comprometimento das 
amostras, o que auxiliará no estadiamento do CaP. 
 
Tratamento 
Para doença localizada (que só atingiu a próstata e não se espalhou para outros órgãos): 
 Cirurgia, radioterapia e até mesmo observação vigilante (em algumas situações especiais) podem ser 
oferecidos. 
Para doença localmente avançada: 
 Radioterapia ou cirurgia em combinação com tratamento hormonal. 
Para doença metastática (quando o tumor já se espalhou para outras partes do corpo): 
 O tratamento mais indicado é a terapia hormonal. 
 Cuidados paliativos. 
A escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada e definida após médico e paciente 
discutirem os riscos e benefícios de cada um.

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