Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Interações e Incompatibilidades Farmacêuticas ❖ ações que se exercem mutua- mente entre duas ou mais substâncias ❖ qualidade do que não pode ser harmonizado ou combinado, podendo pre- judicar a atividade, impedir a dosificação exata do medicamento e influenciar no aspecto da formulação, tornando-a inaceitável até mesmo do ponto de vista estético ❖ ▪ Físico-químicas ▪ Farmacológicas ou Terapêuticas: farma- cocinéticas (ADME) e farmacodinâmicas (receptores – sítio de efeito) ❖ ▪ Alterações no pH – podem conduzir à precipitação ▪ Alterações das características do solvente na diluição – resultam em precipitação ▪ Interações cátion-ânion – causam forma- ção de complexos ▪ Salting-out e salting-in – influência dos sais no decréscimo ou no aumento da solubi- lidade de determinadas substâncias na for- mulação, respectivamente ▪ Quelação – a molécula quelante liga-se ao íon metálico para formar um complexo ▪ Outros tipos de quelação – interação com ciclodextrinas, interações de troca iônica (drogas ionizadas interagem com resinas carregadas com cargas opostas) ▪ Formação de complexos orgânicos ▪ Reações de oxirredução ▪ Reações de hidrólise ▪ Adsorção de drogas a excipientes e aos recipientes com perda de sua atividade, como interações com plásticos que cau- sam perda de material ▪ Ligação a proteínas – reduz a concentra- ção de droga livre in vivo pela ligação com proteínas plasmáticas ❖ ▪ O pH do meio, seja na formulação ou no organismo, pode ser determinante primá- rio no comportamento da droga ▪ Por conveniência, os efeitos de pH serão separados em efeitos de pH in vitro e efeitos de pH in vivo ▪ In vitro: Instabilidades químicas e/ou físicas podem resultar de mudanças de pH, capacidade tamponante, formação de sais ou complexação Instabilidade química pode conduzir à formação de produtos inativos ou tóxicos Aumento ou decréscimo do pH po- de produzir alterações físicas ou químicas no sistema O pH não só influencia na solubilida- de, mas também na estabilidade (prazo de validade) Benzoato de sódio + HCl – suspen- são de ácido benzoico, que é inso- lúvel em água – quando se coloca hidróxido de sódio, a solução volta a ficar transparente (pH > 7), forman- do novamente o benzoato de sódio Bicarbonatos e/ou carbonatos + áci- dos ou sais em geral – útil na prepa- ração de comprimidos efervescen- tes por causa da liberação de CO2 e O2 – na presença de umidade re- lativa elevada ou de água, o bicarbo- nato de sódio é progressivamente convertido em carbonato de sódio ▪ Carbômero (polímero carboxivinílico) e Carbopol (polímero aniônico): Polímeros que dão lugar a um gel dependendo do pH do meio A dispersão do polímero em água tem um pH ácido A baixos valores de pH, uma peque- na proporção de grupos carboxíli- cos do polímero se dissocia forman- do uma espiral flexível A adição de uma base, como trieta- nolamina ou NH4+, produz a ioniza- ção dos grupos carboxílicos, criando repulsão eletrostática entre as re- giões carregadas, expandindo a mo- lécula, tornando o sistema mais rígi- do, gelificando-o Passa de uma estrutura espiralada a uma estrutura extendida Quando se adiciona um excesso de base à estrutura gelificada do carbô- mero, pode ocorrer uma perda de viscosidade ao neutralizar-se os gru- pos carboxílicos, com o desapareci- mento das cargas eletrostáticas Ao agregar-se eletrólitos a esses géis, como cloreto de sódio, ocorre diminuição da viscosidade, pois os grupos carboxílicos carregados ro- deiam-se de cátions metálicos, pro- duzindo uma neutralização de car- gas que impedem a formação de uma matriz rígida ❖ ▪ Produtos injetáveis formulados com sol- ventes não-aquosos, porém miscíveis em água, como uma mistura álcool-água ou uma preparação solubilizada (micelar) ▪ A adição de água à formulação pode re- sultar na precipitação da droga ▪ Exemplos: fenitoína, digoxina e diazepam injetáveis ❖ ▪ A interação entre ânions orgânicos volu- mosos e cátions orgânicos pode resultar na formação de precipitado relativamente insolúvel ▪ Pode ocorrer complexação, precipitação ou separação de fases ▪ Sulfato de neomicina e Lauril sulfato de sódio (tensoativo aniônico) presente no creme usado como veículo para o antibió- tico – formação de complexo ▪ Tensoativos catiônicos – incompatíveis com tensoativos aniônicos, como cloreto de benzalcônio e Lauril sulfato de sódio e como oleato de potássio e brometo de cetrimônio ▪ Ativos catiônicos não podem ser veicula- dos com tensoativos, géis, agentes sus- pensores ou polímeros aniônicos, como digluconato de clorexidina e carmelose Na+ e como sulfato de salbutamol e car- bopol ▪ Nitrofurantoína sódica (ácido fraco) preci- pita na presença de p-hidroxibenzoatos de alquila (parabenos), cresóis e fenóis ❖ ▪ Complexos com íons metálicos: Tipo inorgânico: iodo + iodeto de potássio – aumento da solubilidade e forma complexo inorgânico Quelatos (tipo orgânico): interação entre um átomo ou íon metálico e outras espécies, conhecidas como li- gantes, pelo qual um anel hétero- atômico é formado, além de modifi- car as características físicas e quími- cas do íon metálico e do ligante Para que ocorra a quelação, é ne- cessário existir pelo menos dois áto- mos doadores capazes de se liga- rem ao mesmo íon metálico, ou seja, a formação do anel precisa ser estericamente possível, como a eti- lenodiamina, que possui dois átomos de nitrogênio doadores e atua como um ligante bidentado Quando a droga forma um quelato metálico, a solubilidade e absorção da droga e do íon podem ser afeta- das e a quelação da droga pode conduzir a uma maior ou menor absorção Quelação na Medicina: pode condu- zir a problemas como a ligação das tetraciclinas, que são quelantes, aos dentes (Ca2+ dos ossos) e quelantes terapêuticos são empregados em síndromes nas quais há uma sobre- carga de íons metálicos A desferrioxamina, assim como o mesilato, é usada como uma droga sequestradora de ferro, em caso de envenenamento por ferro ou so- brecarga crônica de ferro Dimercaptopropanol, usado na Do- ença de Wilson ou degeneração he- patolenticular, é um quelante de co- bre que, usado por via intramuscu- lar, aumenta consideravelmente a excreção de cobre por via renal, re- querindo tratamento diário e sendo muito dolorosa Penicilamina ou dimetilcisteína ou penicilina, por via oral, é usada para auxiliar a eliminação de cobre na DW, mas também causa muitos efeitos colaterais Trientine (dicloridrato de trietileno- tetramina) é um quelante de cobre que pode ser empregado como al- ternativa segura nos pacientes que desenvolveram graves efeitos cola- terais com a penicilamina EDTA: como sal monocálcico dissó- dico, é usado no tratamento de en- venenamento por chumbo; usado para remover e sequestrar íons Fe3+ e Cu2+, evitando que estes ca- talisem a degradação por oxidação do ácido ascórbico em suco de fru- tas e na preparação de medicamen- tos; usado em análises clínicas para quelar o Ca2+ do sangue; usado para quelar e remover Ca2+ de águas duras; minerais quelados pelo EDTA: cálcio, magnésio, cobre, fer- ro, alumínio e zinco O exemplo mais citado de formação de complexos que levam à redução da absorção de drogas é o da quela- ção das tetraciclinas com íons me- tálicos, como cátions polivalentes (cálcio, magnésio, ferro, alumínio e zinco) e ânions, (tricloroacetato ou fosfato), interferem na absorção da tetraciclina A natureza do sal de ferro ingerido é importante A complexação de tetraciclinas com cálcio é uma incompatibilidade pro- blemática na medicina pediátrica, pois a descoloração dos dentes re- sulta da formação de um complexo colorido com o cálcio dos dentes, e a deposição da droga nosossos de bebês em crescimento pode con- duzir a problemas de formação óssea Ácido nalidíxico e outras quinolonas (ciprofloxacina, ofloxacina, enoxacina e norfloxacina) interagem com sais contendo cálcio, magnésio, ferro, alumínio e zinco ▪ Complexos moleculares orgânicos: Tipo polimérico: CMC Na – formam complexos com diversos fármacos (ácido salicílico, quinina) Poliéteres como polietilenoglicóis, polissorbatos (Tweens), poloxâme- ros – incompatíveis com ácido tâni- co, ácido salicílico, parabenos e fenol e podendo se manifestar como pre- cipitado, floculado, retardamento da absorção, perda da atividade con- servante ou por efeitos físicos, quí- micos e farmacológicos indesejáveis Interação de drogas com ciclodex- trinas: compostos com cavidades in- ternas suficientemente amplas em sua estrutura podem encerrar mo- léculas orgânicas (hóspedes), cha- mados containers moleculares, pois vão hospedar outra molécula, geral- mente melhorando sua solubilidade, sua absorção e seu efeito farmaco- lógico; interior da cavidade é de na- tureza hidrofóbica e liga a porção hidrofóbica da molécula hospede; in- clusão de drogas (incluindo peptí- deos) – aumento da solubilidade, es- tabilidade química e absorção Complexos de cafeína e outros fár- macos ▪ Compostos de inclusão/oclusão ▪ Compostos de inclusão/adição: Tipo tubular: amido-iodo Tipo estratificado: argila montmorilo- nita – principal constituinte da ben- tonita e pode reter hidrocarbonetos, álcoois e glicóis entre as lamelas dos seus retículos ❖ ▪ Adsorvem as moléculas de princípio ativo e reduzem a sua absorção ▪ São usados para reduzir intoxicação, agin- do como antídotos Carvão ativado – promazina Bentonita (montemorilonita, mineral natural constituído principalmente silicato de alumínio) – rifampicina Caulim e ácido pectínico (kaopecta- to) – lincomicina Pectina – lindomicina Atapulgita – promazina ▪ Geralmente não são específicos e podem adsorver muitos nutrientes, drogas e en- zimas quando administrados oralmente Antiácidos – reduzem drasticamen- te a biodisponibilidade da Digoxina Ácido benzoico (conservante) – adsorve a sulfonamida em 94% Talco (deslizante) – cianocobalamina ❖ ▪ Caracterizam-se pela não uniformidade, por serem desagradáveis ao paladar e pelo risco potencial de dosificações não uniformes: mudança no estado físico, so- lubilidade, pH e tamanho de partículas ▪ Misturas eutéticas – sólido + sólido = líqui- do – abaixamento do ponto de fusão, como mentol, cânfora, timol, fenol, fenilsa- licilato, ácido acetilsalicílico, macrogóis (PEG), ácido salicílico, fenóis e ácido tânico ▪ Mudanças do pH – associação de solu- ções parenterais pode originar mudança no pH da solução final ▪ Alteração de viscosidade e de consistên- cia – Hidrocoloides (géis): Adição de etanol: altas concentra- ções (ocorre floculação), acima de 30% (ocorre diminuição da viscosi- dade) e baixas concentrações (me- nor que 30% – aumenta a viscosi- dade) Hidroxietilcelulose, carboximetilcelu- lose (pH 3 – 11) – elevação do pH di- minui a viscosidade Adição de eletrólitos (Ca2+, Mg2+) – goma arábica – desidratação – dimi- nuição da viscosidade (exceção: AlCl3) ▪ Em pomadas, alterações de espalhabilida- de geram bases inadequadas, como ace- tato de hidrocortisona 1% + PEG ▪ Gel de Carbopol + Ácido Salicílico – pHs de estabilidade incompatíveis: pH do gel 6 a 11 – o ácido reduz drasticamente o pH e ocorre desgeleificação (quebra da viscosi- dade) ▪ Gel de Carbopol: incompatível com fenol, resorcinol, polímeros catiônicos, ácidos fortes e altas concentrações de eletrólitos, além de traços de ferro e outros metais de transição poderem cataliticamente de- gradar as dispersões de carbopol ▪ Gel de Carbopol + Clorexidina: o ativo ca- tiônico reage com o gel aniônico, precipi- tando ou desestabilizando a base, fazendo com que o gel perca o brilho e a transpa- rência ▪ Clorexidina (catiônico): incompatível com nitrato de prata, cloranfenicol, alginato de sódio, carmelose sódica, sulfamidas sódi- cas, penicilinas, íons cloreto, fosfato e sul- fato ▪ Clorexidina (catiônico) + Sacarina Na+ (aniônica) – forma uma suspensão branca, formação de sais pouco solúveis com substância aniônica ▪ Digluconato de Clorexidina – muito amar- go, podendo usar outro edulcorante que não seja aniônico ▪ Gelatina + Álcool + Formaldeído (menor solubilidade no estômago) – cápsulas gas- trorresistentes (também há formação de ligações cruzadas, chamadas de crosslin- king, formando um gel mais duro e mais difícil de ser dissolvido no estômago) ▪ Álcool Polivinílico (caráter não-iônico – uso em revestimentos, gel diluído) + Bo- rato de Sódio (Bórax) – gel fica muito duro (forma ligações cruzadas com sais de boro ▪ Alginato de Sódio + Cloreto de Cálcio (ambos em solução aquosa) – gelificação iontrópica – BEADS de alginato de cálcio – liberação lenta ❖ ▪ H2O2 + KMnO4 → Dióxido de Mn + O2 (liberação) → Cor parda Juntos perdem atividade antissépti- ca Ambos são oxidantes, mas o H2O2 age mais como redutor (se decom- põe, liberando O2) ▪ H2O2 + KI – promove a degradação do iodeto de potássio, liberando iodo livre ▪ H2O2 (oxidante) + Na2S2O3 (tiossulfato de sódio – agente redutor) – ocorre forma- ção de sulfeto de hidrogênio, que é um gás corrosivo, inflamável e venenoso, com odor de matéria orgânica em de- composição ▪ Na2S2O3 (em água) + Ácido salicílico (em álcool) – separa o ácido salicílico da solu- ção ▪ Tiossulfato de sódio (Na2S2O3 – redutor) + KMnO4 (oxidante) – MnO2 (dióxido de Mn, IV) sem formação de gás, porque se forma sulfato (Na2SO4) e não O2 ▪ Peróxido de Benzoíla (atividade antimicro- biana – redutor) + Isotretinoína (reduz formação de sebo, aumenta a descama- ção e renovação celular – oxidante) – perdem o efeito quando manipulados jun- tos ▪ PEGs e Propilenoglicol – catalisam a de- gradação do Peróxido de Benzoíla – Áci- do Benzóico e CO2 ▪ Parabenos (propil, metil, butilparabeno): Podem ser inativados em comple- xos com derivados de polietilenogli- col (PEG) São incompatíveis com polissorbato 80 e pH > 8 Géis de Metilcelulose ▪ Triiodeto de Potássio (KI3) + Tiossulfato de sódio (Na2S2O3 – redutor) – forma iodeto de sódio (NaI) – o tiossulfato reduz o iodo a iodeto – o iodo perde seu efeito oxidante – forma-se uma solução trans- parente de iodeto de sódio ▪ I2 + Amido – Iodeto de amido de colora- ção azul ❖ ▪ Sacarose – Glicose + Levulose ▪ Ácido acetilsalicílico – ácido salicílico + áci- do acético ▪ Procaína – ácido p-aminobenzoico + die- tilaminoetila
Compartilhar