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APS EXECUÇÕES CÍVEIS CA-N1 - 202110

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AIM1433 EXECUÇÕES CÍVEIS CA-N1 - 202110.118893.05
APS - Atividade 1 - Análise do julgado 2164638-26.2017.8.26.0000
A responsabilidade patrimonial está ligada ao descumprimento de obrigações Em
nosso ordenamento jurídico atual, quando uma obrigação não é cumprida, é o
patrimônio do devedor que responde pela obrigação, e não mais o seu corpo.
No entanto, em homenagem ao príncípio da efetividade, em algumas situações é
permitido o uso de técnicas que extrapolam a esfera patrimonial, atuando sobre a
vontade do executado. A medida coercitiva busca pressionar psicologicamente o
devedor, para que seja compelido a cumprir a obrigação inadimplida, por temor de
sofrer a sanção prevista. Entre as medidas típicas temos multas, astreintes, a
inclusão do nome do devedor em cadastro de inadimplentes (art. 782, §3º,
CPC/2015), viabilidade de levar a protesto decisão judicial e, somente nos casos de
inadimplemento de prestação de alimentos, a prisão. Entre as medidas atípicas,
encontramos comumente a apreensão de passaporte, bloqueio de CNH e cartões
de crédito. Devem ser seguidos também os princípios a adequação e da menor
onerosidade, que estabelecem limites para a execução e buscam proteger os
direitos do executado, além dos princípios gerais de proporcionalidade e
razoabilidade que devem nortear todas as decisões judiciais.
Embora o código anterior já permitisse o uso de medidas coercitivas atípicas, o CPC
2015 inovou, em seu art. 139, ao estender a possibilidade de utilização destas
também às obrigações pecuniárias.
Há divergência na doutrina quanto a se a aplicação destas medidas deve ser
subsidiária e excepcional, com prevalência das medidas expressamente previstas
no código, ou se podem ser aplicadas de forma concomitante.
A jurisprudência dos tribunais é predominante no primeiro sentido, conforme
julgado da 3ª Turma do STJ, unânime em sua decisão de que "para que o julgador
se utilize de meios executivos atípicos, a decisão deve ser fundamentada e sujeita
ao contraditório, demonstrando-se a excepcionalidade da medida adotada em razão
da ineficácia das que foram deferidas anteriormente" (REsp nº 1.785.726-DF) . A
mesma 3ª Turma determinou, também por unanimidade de votos, que a "adoção de
meios executivos atípicos é cabível desde que, verificando-se a existência de
indícios de que o devedor possua patrimônio expropriável, tais medidas sejam
adotadas de modo subsidiário, por meio de decisão que contenha fundamentação
adequada às especificidades da hipótese concreta, com observância do
contraditório substancial e do postulado da proporcionalidade." (REsp nº
1.788.950-MT)
O julgado em questão segue claramente este posicionamento, ao defender que as
medidas coercitivas não podem violar direitos e garantias fundamentais previstas na
Constituição, especialmente, no caso, o direito de ir e vir.
Trata-se de um equilíbrio delicado e difícil. Conforme afirma Fredie Didier Jr : “a
execução é um dos ambientes mais propícios para a prática de comportamentos
desleais, abusivos ou fraudulentos”, razão pela qual o poder judiciário deve envidar
seus melhores esforços para que as determinações sejam cumpridas, seguindo o
princípio da efetividade, e é neste sentido que o Art. 139 dá ao magistrado ampla
margem de atuação. Ao mesmo tempo, e em sentido oposto, não se pode
negligenciar a proteção às garantias constitucionais, razão pela qual os tribunais
têm buscado definir parâmetros de atuação.
Ao contrário da argumentação da relatora do presente caso, de que “essa previsão
legal, que consagra a atipicidade das medidas coercitivas e subrogatórias, não dá
ao juiz o poder de determinar toda e qualquer medida, muito menos aquelas que
violem direitos e garantias fundamentais previstas na Constituição Federal, como o
direito de locomoção (CF, art. 5º, XV)”, o STJ admitiu a suspensão de CNH do
devedor inadimplente, considerando que essa medida coercitiva não impede o
direito de locomoção (RHC 88.490/DF e HC 428.553/SP).
O STJ afastou, porém, a possibilidade de aplicação de medidas coercitivas atípicas
em Execuções Fiscais, argumentando que os Entes Públicos já dispõem de muitos
privilégios na cobrança dos seus créditos, e buscou definir alguns critérios objetivos
para a aplicação das medidas em demais casos:
“i) existência de indícios de que o devedor possua patrimônio apto a cumprir com
a obrigação a ele imposta;
ii) decisão devidamente fundamentada com base nas especificidades
constatadas;
iii) a medida atípica deve ser utilizada de forma subsidiária, dada a menção de
que foram promovidas diligências à exaustão para a satisfação do crédito; e iv)
observância do contraditório e o postulado da proporcionalidade “(REsp
1.894.170/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, Terceira Turma, julgado em
27/10/2020, DJe 12/11/2020)
No caso em tela, observamos que foi avaliada a proporcionalidade, embora apenas
com uma análise aprofundada, com acesso ao processo de 1º grau e leitura da
sentença de origem, poderíamos verificar se foram observados os demais critérios
definidos pelo STJ.
Referências
ABELHA, Marcelo. Manual de Execução Civil. Grupo GEN, 2019. [Minha Biblioteca].
DIDIER JR., Fredie et. al. Curso de Direito Processual Civil. v. 5. 5ª ed. Salvador:
JusPodivim, p. 50.

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