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CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO GIULIANO MAIELLARO EXECUÇÕES CÍVEIS ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA SÃO PAULO 2023 GIULIANO MAIELLARO DIREITO CIVIL: EXECUÇÕES CÍVEIS MITIGAÇÃO DA IMPENHORABILIDADE DOS BENS Monografia apresentada à matéria em Direito Civil da FMU, como requisito para avaliação de Atividade Prática Supervisionada. Disciplina: Execuções Cíveis Orientador: Gustavo Henrique Pacheco Belucci SÃO PAULO 2023 MITIGAÇÃO DA IMPENHORABILIDADE DOS BENS Trata-se de sentença de prestação pecuniária sem caráter alimentar. Avaliou-se tanto ordenou penhora do montante de 30% dos vencimentos não extrapolantes da faixa limite de 50 salários-mínimos, conforme inscrição do Artigo 833, § 2º do CPC, que versa natureza não alimentícia nem excedente quantia limite supracitada. Ademais, pode-se requerer o Cumprimento de Sentença visando Mandado de Levantamento Eletrônico: Artigo 528, § 8º: O exequente pode optar por promover o cumprimento da sentença ou decisão desde logo, nos termos do disposto neste Livro, Título II, Capítulo III, caso em que não será admissível a prisão do executado, e, recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de efeito suspensivo à impugnação não obsta a que o exequente levante mensalmente a importância da prestação. Outrossim, a forma de débito em folha ao assalariado está prevista no Artigo 529, § 3º do CPC, no tocante: Artigo 529, § 3º: Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o débito objeto de execução pode ser descontado dos rendimentos ou rendas do executado, de forma parcelada, nos termos do caput deste artigo, contanto que, somado à parcela devida, não ultrapasse cinquenta por cento de seus ganhos líquidos. Quando o Artigo 833 aduz bens impenhoráveis, excetua ação, se provado adequado e contínuo meio de exercício familiar além do limite de 50 salários-mínimos. Sobre a ponderação dos envolvidos, pende a balança jurídica a equilibrar proteção à dignidade do devedor concomitante ao recebimento do que se faz por direito, o credor. De acordo com o Artigo 789, do CPC, o devedor responde com seus bens para cumprimento de obrigações, sendo considerada fraude sua alienação ou oneração (Artigo 792, CPC); eis o princípio da realidade da execução. Se tratando de verba alimentar, subtraída à manutenção necessária familiar, este resíduo é passível de execução, conforme trecho do EREsp 1.330.567/RS em 2018, pelo Ministro Relator Luís Felipe Salomão: Expõe que a ora embargante não conseguiu provar que o valor penhorado era oriundo do FGTS” e que, "ainda que se tratasse de valor oriundo de conta de FGTS, havendo o saque dos valores e depósito destes em conta particular, deixariam de ser impenhoráveis". Observa que, após a retirada, a verba rescisória, outrora alimentar, perde esta natureza, assumindo caráter indenizatório, ensejando eventual constrição. Sob o modo de buscar o princípio da medida menos gravosa, ensina o Artigo 805, do CPC: Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado. Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa incumbe indicar outros meios mais eficazes e menos onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já determinados. No referido caso deste trabalho acadêmico, o enunciado trata de sentença prolatada totalmente adequada à realidade e perfectibilidade da marcha processual. Neste diapasão, o novel marco do STJ deu-se pelo eminente Ministro Benedito Gonçalves, na cadeira de relator, da egrégia Corte Especial, proferindo acórdão sobre EREsp 1.582.475/MG, com o seguinte grifo: A regra geral da impenhorabilidade de salários, vencimentos, proventos etc. (art. 833, IV, do CPC), pode ser excepcionada quando for preservado percentual de tais verbas capaz de dar guarida à dignidade do devedor e de sua família. Consuetudinária à jurisprudência, o Des. Alfeu Machado, sob acórdão 132.665 ao julgar AgInt, no intento de cobrança de título extrajudicial há mais de 10 anos e, em sua fundamentação, demonstrou pisamento legal alicerçado no AgInt do REsp 1.518.169/DF, relator Min. Paulo de Tarso Sanseverino, no trecho: A regra geral da impenhorabilidade dos valores depositados na conta bancária em que o executado recebe a sua remuneração, situação abarcada pelo art. 649, IV, do CPC/73, pode ser excepcionada quando o montante do bloqueio se revele razoável em relação à remuneração por ele percebida, não afrontando a dignidade ou a subsistência do devedor e de sua família. Outrossim, destacou relatório do Min. Humberto Martins, no EREsp 1518169/DF: Em situações excepcionais, admite-se a relativização da regra de impenhorabilidade das verbas salariais prevista no art. 649, IV, do CPC/73, a fim de alcançar parte da remuneração do devedor para a satisfação do crédito não alimentar, preservando-se o suficiente para garantir a sua subsistência digna e a de sua família. O excelsior Ministro Luiz Fux, por excelência, quando militante no STJ, proferiu acórdão, no REsp 1.184.765/PA, por estas frases: Contudo, impende ressalvar que a penhora eletrônica dos valores depositados nas contas bancárias não pode descurar-se da norma inserta no artigo 649, IV, do CPC (com a redação dada pela Lei 11.382/2006), segundo a qual são absolutamente impenhoráveis "os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal. (...) Recurso especial fazendário provido, declarando-se a legalidade da ordem judicial que importou no bloqueio liminar dos depósitos e aplicações financeiras constantes das contas bancárias dos executados. Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Obsta-se, pelo regramento do Estado Democrático de Direito, corrente minoritária da doutrina sob percalços ao engarrafamento da marcha processual; conclui-se, a despeito, com os óculos do professor trabalhista Dr Alício Petiz, “infelizmente, no Direito, cada um fala o que quer”.
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