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DO CASAMENTO NULO DIREITO CIVIL V | Prof. Ícaro Emanoel Do casamento nulo • O art. 1.548 do CC em vigor preconiza, de forma inicialmente taxativa, as hipóteses de nulidade absoluta do casamento. Advirta-se, contudo, que a primeira delas foi revogada pela Lei 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), restando apenas a segunda. Do casamento nulo • a) Casamento contraído por enfermo mental sem o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil (art. 1.548, I, do CC; revogado) • A norma jurídica visava a proteger aqueles que não têm vontade relevante para o ato a ser celebrado. Do casamento nulo • Com vistas à plena inclusão das pessoas com deficiência, esse dispositivo foi revogado expressamente pelo art. 114 da Lei 13.146/2015. • Assim, as pessoas antes descritas no comando podem se casar livremente, não sendo mais consideradas como absolutamente incapazes no sistema civil brasileiro. Do casamento nulo • A possibilidade atual de casamento dessas pessoas parece tender a alcançar tais objetivos, especialmente pelo que consta do art. 6.º da mesma norma. • Alguns juristas entendem que é preciso retomar a antiga previsão constante originalmente no art. 3.º do CC/02, no sentido de ser reconhecida como absolutamente incapaz a pessoa que não tenha qualquer condição de exprimir vontade. Do casamento nulo • Porém, com a mudança do sistema pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência esse panorama mudou consideravelmente, o que parece afastar toda a polêmica anterior. • As pessoas que por causa transitória ou definitiva não puderem exprimir vontade passaram a ser tratadas como relativamente incapazes, pelo novo art. 4.º, III, do Código Civil. Do casamento nulo • b) Casamento celebrado com infringência a impedimento matrimonial (art. 1.548, II, do CC) • Os únicos impedimentos matrimoniais estão previstos no art. 1.521 do CC (impedimentos decorrentes de parentesco consanguíneo, de parentesco por afinidade, de parentesco civil, de vínculo matrimonial e de crime cometido). Efeitos e procedimentos • A eventual ação correspondente é denominada ação declaratória de nulidade absoluta de casamento. • A ação é imprescritível, além de envolver preceitos de ordem pública e de Direito de Família. Efeitos e procedimentos • A decretação de nulidade pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado ou mesmo pelo Ministério Público, igualmente por envolver preceitos de ordem pública Efeitos e procedimentos • Quanto ao foro competente - residência da mulher, antigo art. 100, inciso I, do CPC/1973 • A regra passou a ser o foro de domicílio do guardião do incapaz, pelo Novo CPC. Não o havendo, o foro competente é o do último domicílio do casal. Por fim, será competente o foro de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal. Efeitos e procedimentos • Na linha do que leciona a doutrina quase com unanimidade, a nulidade absoluta não pode ser reconhecida de ofício, mas apenas o impedimento matrimonial, de acordo com o art. 1.522 do CC. Efeitos e procedimentos • Essa ação declaratória de nulidade poderá ainda ser precedida de medida cautelar de separação de corpos, assim como a ação anulatória, devendo o juiz conceder a liminar com maior brevidade possível se for constatada a sua necessidade. Efeitos e procedimentos • Em ambos os casos – de nulidade ou anulabilidade do casamento –, como se trata de ação de estado, haveria a necessidade de atuação do Ministério Público como fiscal da lei, nos termos do art. 82, inc. II, do CPC/73. • Todavia, como esse dispositivo processual não foi reproduzido pelo Novo CPC. Efeitos e procedimentos • Os efeitos da sentença da ação declaratória de nulidade são retroativos, ou seja, ex tunc, conforme prevê o art. 1.563 da atual codificação Efeitos e procedimentos • Com essa proteção, a boa-fé objetiva, no que tange ao Direito de Família, é elevada ao posto de preceito de ordem pública. Primeiro, por estar ao lado da coisa julgada. Segundo, porque consegue vencer o ato nulo, a exemplo do que ocorre pela previsão do citado art. 167, § 2.º, do CC. Efeitos e procedimentos • o Novo Código de Processo Civil traz um tópico próprio a respeito das ações de Direito de Família, atribuindo um rito especial a tais demandas (arts. 693 a 699 do CPC/2015) • Não há previsão expressa de aplicação dessas normas específicas às ações de invalidade do casamento (nulidade absoluta ou relativa). Efeitos e procedimentos • É possível entender que o rol previsto no artigo é meramente exemplificativo (numerus apertus), e não taxativo (numerus clausus). Fixada tal premissa, o procedimento especial pode ser perfeitamente aplicado à ação de nulidade do casamento. • Enunciado n. 19 - X Congresso Brasileiro do IBDFAM
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