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CURRÍCULO ESCOLAR UNIDADE 1 – O QUE SIGNIFICA CURRÍCULO 1. APRESENTAÇÃO DA UNIDADE DE APRENDIZAGEM Etimologicamente, currículo vem do latim curriculum: ato de correr, cumprir um percurso. Representa a caminhada que o sujeito fará ao longo da sua vida escolar. Ainda, pode ser entendido como o conjunto de conhecimentos, de matérias a serem superadas pelo aluno dentro de um ciclo (...) entendido, muitas vezes, como resultados pretendidos de aprendizagem. (SACRISTAN, 2000, p. 14) Segundo David Hamilton (1989) o termo remonta ao século XVI e está vinculado às novas concepções de eficiência escolar e social. Na Renascença essas unidades menores favoreciam a aprendizagem e tornavam o sistema de ensino mais eficiente. A classe compreendia uma unidade pedagógica e servia para controlar professores e alunos. Já no Ensino Superior o termo passou a fazer referência à coerência estrutural (disciplina) e sequência interna (ordem). Assim, o currículo era racionalmente proposto e deveria ter uma padronização e um controle. O currículo a ser seguido servia para qualquer curso ou estudo. De acordo com pesquisadores do currículo, como Hamilton (1989) e Contreras (1989), o currículo deveria ser seguido e concluído e, pensando mais especificamente em um conceito definido, o currículo pode ser entendido como um de decisões educativas para a escola. Nenhum currículo está decolado das questões institucionais, históricas e sociais. Ele é, em última instância, fruto de uma época. E, tanto para um quanto para o outro, o currículo nasce para ser cumprido, realizado. O uso do termo currículo nos Estados Unidos Os primeiros estudos referentes ao currículo surgiram nos Estados Unidos, com Franklin Bobbit, no início do século XX. São obras do autor, The curriculum, 1918 e How to make a curriculum, 1924. Em grande medida o que Bobbit escreve sobre o currículo tem influência dos princípios científicos de administração das indústrias, sendo adaptado para a administração da escola e seu espaço físico. O autor chega a defender a racionalidade do currículo escolar pensando nas potencialidades dos alunos e de suas ocupações futuras dentro da sociedade. Dessa forma a escola é quase um espaço de fábrica, com etapas, funcionários, dinâmicas e capacidades de produção. A burocratização e a técnica ocupam o espaço escolar. Por fim, o que se vê é uma teoria curricular impregnada dessa visão burocrática. De forma geral as teorias do currículo, em um primeiro momento, procuravam ordenar o conhecimento escolar por meio de uma intervenção científica e política Abordagens revigoradas e perspectivas críticas A antiga concepção foi revigorada na década de 1940, também nos Estados Unidos, com a publicação de Ralph Tyler, em 1949, denominada “Basic principles of curriculum and instruction”. Na obra o autor propõe o currículo como uma atividade racional e neutra. Seu modelo é seguido por Hilda Taba e Popham. Eles aliavam a qualidade do ensino ao planejamento e aos objetivos que queriam alcançar (elaborado pelo professor). Nesse modelo, as decisões sobre o que deve ser ensinado sem feitas antes de como deve ser ensinado. Nesse sentido, o currículo passa a ser um instrumento de racionalização da atividade educativa. Esse tipo de proposta de currículo sobre críticas nas décadas de 1960 e 1970, tanto nos Estados Unidos, quanto na Inglaterra, lugares responsáveis por uma renovação dos estudos nessa área. A crítica a essa modelo propõe que eram descontextualizados e a-históricos. Na década de 1970 surge a Nova sociologia da educação, corrente para problematizar o currículo. Ela coloca em discussão os pressupostos do currículo, questionando seus pressupostos e relacionando a sua composição às estruturas de poder na sociedade, cujo foco está sobre o funcionamento interno nas escolas. Nos EUA dois movimentos aparecem na década de 1970: 1) Influenciado por Paulo Freire – o aluno como sujeito do processo de aprendizagem; 2) Michael Apple e Henry Giroux - neomarxismo e escola de Frankfurt – o currículo não pode ser separado da totalidade social; o currículo é ato político e objetiva a emancipação da camadas populares; a crise que atinge o currículo é estrutural e não conjuntural . Os estudos de currículo no Brasil No Brasil o termo currículo é recente. Muitos deles estão relacionados aos planos de ensino e aos programas escolares. Ainda, professores que o relacionam à grade curricular (distribuição do número de aulas de cada matéria). Sem dúvida, existe um significativo número de abordagens sobre o conceito e um campo de abrangência e problematização sobre ele. O importante é salientar que há essa pluralidade e que não há uma definição posta como única. É salutar e benéfica a discussão, bem como a teorização do termo e de sua aplicabilidade. Referências: CONTRERAS, J. El curriculum como formación. Cuadernos de pedagogia. V. 194, p. 22-25. jul./ago. 1991. HAMILTON, D. Sobre as origens dos termos classe e currículo. Teoria e educação. V. 6, 1992. LIMA, M. F.; ZANLORENZI, C. M. P; PINHEIRO, L. R. A função do currículo no contexto escolar. Curitiba: Ibpex, 2011. SACRISTAN, J. O. O currículo: uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre: Artmed, 2000. VASCONCELLOS, C. S. Construção do conhecimento em sala de aula. 13. ed. São Paulo: Libertad, 2002. 2. OJETIVOS ✓ Compreender o que significa o currículo; ✓ Conhecer a trajetória de constituição do conceito de currículo; ✓ Apontar as principais abordagens e releituras do conceito de currículo. 3. CONTEÚDOS ✓ O conceito de currículo; ✓ A origem do termo; ✓ O uso do termo nos Estados Unidos e as novas abordagens. 4. APLICAÇÃO PRÁTICA Pensando um pouco a respeito das mudanças que aconteceram com o currículo e com o seu conceito ao longo da história, responda: a) Como o currículo foi pensado ao longo da história? b) Atualmente, qual o papel do currículo escolar? 5. INTERAÇÃO Promova um debate com os seus colegas de polo a respeito do modelo atual dos currículos escolares. Procure identificar pontos positivos e pontos negativos na forma com que os currículos são elaborados e, ao mesmo tempo, na sua aplicabilidade. 6. AUTOESTUDO CAPÍTULO NORTEADOR LIMA, M. F.; ZANLORENZI, C. M. P; PINHEIRO, L. R. A função do currículo no contexto escolar. Curitiba: Ibpex, 2011. Capítulos 1 e 2. https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/6172/pdf/0 PAULA, Deborah Helenise Lemes de. Currículo na Escola e Currículo da Escola: reflexões e proposições. Curitiba: Intersaberes, 2016. Capítulo 1. https://bv4.digitalpages.com.br/?term=curriculo&searchpage=1&filtro=todos&fro m=busca#/legacy/37398 SUGESTÃO DE LEITURA https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/6172/pdf/0 https://bv4.digitalpages.com.br/?term=curriculo&searchpage=1&filtro=todos&from=busca https://bv4.digitalpages.com.br/?term=curriculo&searchpage=1&filtro=todos&from=busca ARROYO, Miguel G. Currículo, Território em Disputa. 5 ed. Petrópolis (RJ): Vozes, 2013. Biblioteca Virtual. Disponível em: https://bv4.digitalpages.com.br/?term=curriculo&searchpage=1&filtro=todos&fro m=busca&page=1§ion=0#/legacy/49261 SUGESTÃO DE VÍDEOS https://www.youtube.com/watch?v=elqdmXCGVAw Organize-se: Disponha de um tempo para seus estudos. Você tem autonomia e flexibilidade para isso, portanto use-os para seu aprimoramento e aprofundamento. REFERÊNCIAS CONTRERAS, J. El curriculum como formación. Cuadernos de pedagogia. V. 194, p. 22-25. jul./ago. 1991. HAMILTON, D. Sobre as origens dos termos classe e currículo. Teoria e educação. V. 6, 1992. LIMA, M. F.; ZANLORENZI, C. M. P; PINHEIRO, L. R. A função do currículo no contexto escolar. Curitiba: Ibpex, 2011. SACRISTAN, J. O. O currículo: uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre: Artmed, 2000. VASCONCELLOS,C. S. Construção do conhecimento em sala de aula. 13. ed. São Paulo: Libertad, 2002. https://bv4.digitalpages.com.br/?term=curriculo&searchpage=1&filtro=todos&from=busca&page=1§ion=0#/legacy/49261 https://bv4.digitalpages.com.br/?term=curriculo&searchpage=1&filtro=todos&from=busca&page=1§ion=0#/legacy/49261 https://www.youtube.com/watch?v=elqdmXCGVAw
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