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Transição epidemiológica e demográfica 2

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HELOÁ, ISABELA E MANU – MED99
EPIDEMIOLOGIA – P1.
AULA ZOOM
9
Transição epidemiológica e demográfica 
Transição demográfica
· No processo de transição demográfica, observa-se queda da taxa de fecundidade e natalidade e, um progressivo aumento da proporão de idosos (queda da taxa de mortalidade geral) favorecem o aumento de doenças crônico-degenerativas. Ou seja, menos indivíduos tem nascido em contrapartida, a expectativa de vida tem aumentado e devido a isso as pessoas tem vivido mais tempo logo, a população deixa de ser basicamente jovem e passa a ser mais idosa, dessa forma, há uma mudança etária da população. Como consequência da velhice, ou seja, de se viver mais, vem as doenças crônico-degenerativas. 
· De acordo com Perez, ao final do século XIX e princípios do XX, partindo dos interesses por aprofundar nas tendências da população, sobretudo na procura de uma explicação na diminuição dos níveis fecundidade em muitos países da Europa Ocidental, tinha lugar o surgimento que se denomina a “Teoria da Transição Demográfica”.
	No eixo vertical está representada a população (bilhões), enquanto no eixo horizontal está representada a cronologia (anos).
O gráfico representa a estimativa do crescimento histórico da população mundial, em diferentes períodos históricos de acordo com os modos de produção. 
Nas fases que antecedem a revolução industrial há um crescimento vegetativo estável e baixo da população. O padrão desse crescimento se deve ao fato de tanto a taxa de natalidade quanto a de mortalidade serem altas, ou seja, ao mesmo tempo que nasce muita gente também morre muita gente mantendo assim, um crescimento populacional estável. 
É valido destacar que morriam pessoas de todas faixas etárias, no entanto, a mortalidade infantil era a principal. 
A partir da revolução industrial (idade contemporânea) a população sofre uma aceleração, ou seja, há um crescimento considerável da mesma (fase intermediária 1). 
A ideia que a revolução industrial traz é que a população que anteriormente era rural passa a ser tornar uma população urbana, ou seja, as pessoas saem dos campos e vão para as grandes cidades para procurar trabalho, melhores condições de vida e várias outras questões relacionadas com melhor qualidade de vida.
	Esse gráfico representa um esquema clássico da transição demográfica.
Fase 1: pré industrial nenhum país se encontra mais nessa fase. Nessa fase, o coeficiente de natalidade era muito elevado, além disso, o coeficiente de mortalidade também era alto por conta das doenças, má qualidade de vida, guerra e tudo isso levava a muitas mortes em todas as faixas etárias. Dessa forma, a expectativa de vida era mais baixa gerando uma população jovem e constante.
Fase 2: início do crescimento explosivo Uganda, Nigéria e Angola se encontram nessa fase. Lembrar que esses países são subdesenvolvidos. Nessa fase, a natalidade permanece bem alta, entretanto, há uma queda brusca da mortalidade, ou seja, tem muita gente nascendo e pouca gente morrendo logo, ocorre esse boom populacional. Essa redução da mortalidade ocorre, porque a população passa a sair da zona rural e ir para as áreas urbanas em busca de melhor qualidade de vida logo, na área urbana eles tem uma melhor alimentação, higiene etc. reduzindo assim, as mortes (revolução industrial). Esse êxodo rural ocorre de forma diferente em cada país, pois essa migração da área rural para urbana ocorre de acordo com as condições econômicas, sociais, culturais e os determinantes de saúde de cada país.
No entanto, isso tudo não significa que a expectativa de vida aumentou, ou seja, que há mais idosos, pois ainda há uma natalidade muita alta e várias questões que levam a morte que ainda precisam passar por melhorias. 
Fase 3: em crescimento Índia, Brasil, Bangladesh e EUA se encontram nessa fase. Nessa fase, os coeficientes de natalidade e mortalidade começam a convergir, ou seja, a natalidade começa a cair assim como a mortalidade já havia caído. Essa redução da natalidade se deve ao fato de que a mulher deixa de ser apenas dona de casa e passa a ser inserida no mercado de trabalho. Isso leva a redução da fecundidade e consequentemente redução da natalidade. O crescimento vegetativo ainda acontece, pois, a taxa de natalidade apesar de cair ainda continua mais elevada do que a de mortalidade. Importante destacar que aqui não tem boom populacional, isso ocorre na fase de cima, aqui só tem um crescimento populacional normal. 
Já nessa fase, há um aumento da expectativa de vida (mudança etária), ou seja, começam a ter mais idosos. 
Fase 4: abrandamento Japão, China, Rússia e Itália se encontram nessa fase. Nessa fase, tanto a natalidade quanto a mortalidade caem muito e chegam a um nível de se igualar, ou seja, de haver substituição de população, que significa que as pessoas que nascem substituem aquelas que estão morrendo. Devido a isso, a população se estabiliza. 
Fase 5 Nessa fase, a taxa de natalidade diminui tanto que fica menor do que a de mortalidade, ou seja, tem menos gente nascendo do que morrendo. Isso leva a diminuição da população sem reposição da mesma, e com isso vários problemas aparecem: econômicos, sociais, de saúde etc. 
	O gráfico representa o coeficiente de mortalidade infantil por 1.000 nascidos vivos.
Percebe-se que no Brasil, em 1930 o coeficiente era de 162,4 por 1.000 nascidos vivos, ou seja, era extremamente elevado, no entanto, a partir da década de 40 as pessoas começaram a sair das áreas rurais e irem para as áreas urbanas em busca de melhores condições de vida.
Nas áreas urbanas, essas pessoas começam a ter mais acesso a informação, empregos que proporcionam melhores qualidades de vida, acesso à médicos e medicamentos, saneamento básico etc. levando a queda do coeficiente de mortalidade infantil.
A partir da década de 70 há uma queda mais considerável desse coeficiente devido aos movimentos sociais, quando chega em 85 há o surgimento do PAC´s (programa de agentes comunitários) até que em 90 surge o SUS (sistema único de saúde). Com o surgimento do SUS, a população tem um melhor acesso à saúde, como pré-natal, melhor cuidado com as gestantes etc. fazendo com que esse coeficiente caia mais ainda.
No atual momento, 2020, o coeficiente de mortalidade infantil encontra-se em 14,3 por 1.000 nascidos vivos. Obviamente ainda se busca por melhorias e projeções são feitas para os próximos anos. 
Importante destacar que o coeficiente de mortalidade infantil funciona como um indicador de qualidade de vida.
	Esse gráfico representa a migração das pessoas da área rural para a área urbana (revolução industrial). 
	Esse gráfico representa os coeficientes gerais de natalidade, mortalidade e fecundidade. 
No início da revolução industrial (êxodo rural), que foi a fase onde começou a transição demográfica, tanto o coeficiente de natalidade quanto o de mortalidade eram elevados resultando num crescimento populacional baixo. No entanto, a partir dessa época, ambos coeficientes foram reduzindo. 
No atual momento, 2020, a taxa média de natalidade é de 15 enquanto a de mortalidade é de 6, 46 e a de fecundidade é de 2,02. 
Porque em 2023, 2040 e 2050 a mortalidade começa a aumentar um pouco? Porque a população está envelhecendo, ou seja, a expectativa de vida ao nascer aumentou e consequentemente quando se vive mais aparecem doenças relacionadas a velhice. Além disso, a taxa natalidade não está na mesma proporção. 
	Essa pirâmide etária mostra uma redução da taxa de natalidade, porém, essa taxa ainda se encontra um pouco acima do que é preconizado devido a diferenças econômicas e sociais como o número elevado de gravidez na adolescência.
Percebe-se também que uma quantidade maior mulheres chegam em idade avançada quando se comparada aos homens, não é que os homens morram mais do que as mulheres, é que eles possuem anos potencias de vida perdidos maiores que as mulheres, ou seja, eles morrem de forma mais precoce sendo um dos principais motivos as causas externas.Nessa projeção da pirâmide etária para 2060, baseada nos dados atuais, percebe-se que nunca haverá uma pirâmide invertida, ou seja, base estreita indicando que menos pessoas estão nascendo (baixa natalidade) e um ápice largo indicando que as pessoas estão envelhecendo mais (alta mortalidade). O ideal esperado é que base e ápice se igualem, indicando que há uma equivalência entre as pessoas que estão nascendo e as que estão envelhecendo. E essas pessoas que estão envelhecendo devem envelhecer com qualidade de vida. 
Pirâmide etária = pirâmide de Thompson
	Esse gráfico representa a esperança/expectativa de vida ao nascer.
Perceba que em 1900 essa expectativa era de 33 anos, e um século depois passou para 70 anos, ou seja, muita coisa mudou nesse espaço de tempo, como por exemplo o surgimento da reforma sanitária, acesso à saúde etc.
Existem questões diferentes no Brasil, como o fato dele apresentar uma característica continental, onde dentro de uma mesma metrópole como por exemplo, o Rio de Janeiro e São Paulo, existem lugares onde tem pessoas que vivem mais e outras que vivem menos devido a desigualdade social. 
Esses dados representam uma média, pois as mulheres possuem uma expectativa de vida maior que gira em torno de 79 enquanto, os homens possuem uma expectativa menor que gira em torno de 73 (referente ao ano de 2020) gerando assim, uma média de 76.1.
A expectativa esperada para o ano de 2050 é de 81 anos. 
Transição epidemiológica 
· Laurenti define como transição epidemiológica o processo de mudança na incidência ou na prevalência de doença, bem como nas principais causas de morte, ao longo do tempo. (Essa é a principal definição)
· Segundo Miguel, a transição epidemiológica refere-se às modificações, em longo prazo, dos padrões de morbidade, invalidez e morte que caracterizam uma população específica e que, em geral, ocorrem em conjunto com outras transformações demográficas, sociais e econômicas. 
Mudanças básicas:
· Substituição de doenças transmissíveis por doenças não transmissíveis e causas externas;
· Deslocamento da carga de morbimortalidade dos grupos mais jovens para os mais idosos;
· Predominância da morbidade
· Obs 1: Paradoxalmente para medir a saúde a gente usa a taxa mortalidade ou de doença (morbidade). 
· Obs 2: antigamente a gente trabalhava muito com os indicadores de mortalidade e hoje em dia a gente usa mais os indicadores de morbidade, que diz respeito às doenças crônicas (hipertensão, diabetes etc.) e causa externas. Não que hoje em dia não se utilize mais os indicadores de mortalidade, pelo contrário, eles ainda são utilizados, mas com menos frequência do que era utilizado antigamente. 
Estágios da transição epidemiológica:
· Estágio 1: período das pragas e da fome níveis de mortalidade e fertilidade elevados, predomínio de doenças infecciosas e parasitárias, desnutrição, problemas de saúde reprodutiva. Encaixando esse estágio 1 da transição epidemiológica dentro daquele gráfico de transição demográfica, ele estaria dentro na fase 1, que é a fase pré-industrial. 
· Estágio 2: período do desaparecimento das pandemias. Apesar de hoje estarmos vivendo uma pandemia, a globalização, o nível de informação, a medicina baseada em evidencia é completamente diferente da de antigamente e isso nos proporciona um enfrentamento muito melhor, ou seja, temos uma forma muito melhor de lidar com a pandemia do que antigamente. 
Encaixando esse estágio 2 da transição epidemiológica dentro daquele gráfico de transição demográfica, ele estaria dentro na fase 2, que é a fase do início do crescimento explosivo.
· Estágio 3: período das doenças degenerativas e provocadas pelo homem (causas externas).
· Estágio 4: período do declínio da mortalidade por DCV, envelhecimento populacional, modificações no estilo de vida, doenças emergentes e ressurgimento de doenças.
OBS: no Brasil existe uma sobreposição de estágios, em que os estágios 3 e 4 se sobrepõe. Ou seja, o brasil tem tanto a substituição das doenças transmissíveis por doenças crônicas e causas externas como também já começamos a ter declínio da mortalidade por DCV, a população começou a envelhecer mais, há uma preocupação maior com o estilo de vida como exercícios físicos e uma alimentação mais saudável. No entanto, a gente ainda possui doenças emergentes como dengue, malária, hanseníase, febre amarela, sífilis, sarampo etc. Ou seja, não atendemos todos os critérios da fase 4, por isso a gente oscila entre a fase 3 e 4. Além disso, o Brasil vive também uma transição nutricional onde antes morriam mais crianças por desnutrição e hoje a gente encontra um quadro de crianças obesas e as consequências disso, como doenças do aparelho circulatório, no entanto, ainda morrem crianças por desnutrição. 
· Estágio 5: período de longevidade paradoxal, emergência de doenças enigmáticas e capacitação tecnológica para a sobrevivência do inapto.
As 5 principais causas de morte no Brasil
Indicadores nutricionais: utilizados para a avaliação das condições de saúde e nutrição de populações. Como exemplo, podemos citar a proporção de recém-nascidos com baixo peso ao nascer e a proporção de crianças com peso e altura inferiores para o esperado, expressa pelo peso/idade e, mais especificamente, peso/altura e altura/idade. É importante notar que alguns dos dados utilizados para gerar esses indicadores são coletados na rotina da Unidade de Saúde da Família.
Indicadores demográficos: são indicadores cruciais para a construção e compreensão de outros indicadores de saúde, pois trabalham com dados demográficos como fonte primária de informação. Alguns exemplos desses indicadores são: população total, razão de gênero, taxa de crescimento da população, proporção de idosos na população, razão de nascidos vivos estimados e informados, etc. 
Estudo dirigido
No gráfico abaixo, representa-se o processo de transição demográfica, vivenciado, de forma diferente, nos países desenvolvidos e nos subdesenvolvidos.
1. Identifique, a partir do gráfico, uma fase em que há reduzido índice de crescimento vegetativo e outra em que ocorre a elevação desse índice. 
2. Em seguida, apresente 2 fatores que justificam, em países subdesenvolvidos, a queda da mortalidade na fase 2.
OBS: esse gráfico representa a mesma coisa daquele gráfico das fases da transição demográfica mundial. 
Respostas:
1. O crescimento vegetativo corresponde à diferença entre as taxas de natalidade e taxa de mortalidade e, obviamente, esse crescimento será menor quando a diferença entre essas taxas for pequena. Isso corre na fase 1, onde tanto a taxa natalidade quanto a mortalidade estão muito elevadas, ou seja, ao mesmo tempo que nasce muita gente também morre muita gente para compensar e com isso a população cresce menos. Isso ocorre também na fase 4, onde tanto a taxa de natalidade quanto a de mortalidade estão muito baixas, ou seja, ao mesmo tempo que pouca gente nasce algumas poucas pessoas também morrem para compensar e com isso a população cresce menos.
O crescimento vegetativo é mais efetivo na fase 2, quando a curva da taxa de natalidade no gráfico apresenta-se muito acima da curva da mortalidade, ou seja, nasce mais gente do que morre e com isso a população cresce mais. Não estaria errado responder que a fase 3 também se encaixa nesse perfil pois ela também apresenta crescimento populacional (menor que o da fase 2), no entanto, o destaque da fase 2 é o boom populacional enquanto que o destaque da fase 3 é a mudança da faixa etária (aumento da expectativa de vida). 
2. A queda da mortalidade nos países subdesenvolvidos, mesmo que de forma tardia, ocorre pela evolução das condições de higiene, saúde e alimentação, incluindo avanços em saneamento básico e políticas sociais. 
Considerem a pirâmide de Thompson (Pirâmides etárias) e responda:
1. Denomine e explique o processo demonstrado nos gráficos.
2. Explique como se dá o processo de transição epidemiológica no Brasil. 
Respostas:
1- Transição demográfica. Antes existia uma base mais larga e um ápice mais estreito com um predomínioda população mais jovem e conforme foi passando o tempo, a base foi se estreitando e o ápice se largando predominando uma população mais idosa. Isso representa a queda da taxa de fecundidade, natalidade e mortalidade em todas as faixas etárias. 
2- Existe uma super/sobreposição entre as etapas 3 e 4 nas quais predominam as doenças transmissíveis e crônico-degenerativas. A reintrodução de doenças como dengue, febre amarela e um recrudescimento de outras como malária, hanseníase e as leishmanioses indicam uma natureza não unidirecional chamada contra transição, ou seja, você fica indo e voltando entre a fase 3 e 4. 
A morbimortalidade persiste elevada para ambos padrões transição prolongada também chamada de tripla carga de doença. 
O brasil tem todos os fatores da fase 3, mas não completou todos os fatores da fase 4 por isso ele fica oscilando entre ambas. 
Tripla carga de doença:
1. Agenda não concluída de infecções, desnutrição e problemas de saúde reprodutiva;
2. Desafio de doenças crônicas e de seus fatores de risco (tabagismo, sobrepeso, obesidade, estresse, alimentação inadequada) – transição nutricional;
3. Forte crescimento de causas externas.
Obs: repare que tem os extremos, desnutrição e obesidade!!
PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇO.

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