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Artigo Processo Civil

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O CUMPRIMENTO DE SENTENÇA NOS CASOS DE EXECUÇÃO DE ALIMENTOS
Bruna Dinorah Foster[footnoteRef:1] [1: Bruna Dinorah Foster. Graduanda do 8º período do curso de Direito da Universidade do Vale de Itajaí - UNIVALI. Telefone para contato: (47) 999997781. E-mail: brunafoster2@gmail.com 
] 
SUMÁRIO: Introdução; 1. Conceito de Alimento; 1.1. Natureza do Alimento; 1.2. Caracterização dos Alimentos; 1.3. Da Obrigação Alimentar; 2. Execução de Alimentos; 2.1. Conceito; 2.2. Tipos de Execução; 3. Discussão sobre sentença e o CPC; 3.1. Requisitos do Cumprimento de Sentença; 4. Sentença de Execução de Alimentos; 4.1. O Cumprimento; 4.2. Classificações; 4.3. Alterações pela Lei nº 11.232/2005; Considerações Finais; Referências. 
RESUMO: Esse trabalho, tem como objetivo, dissertar sobre o cumprimento de sentença nas execuções de alimentos. Para que se tenha um entendimento do assunto tratado aqui teremos que compreender como funciona o processo de execução alimentícia. Sendo assim, irei destacar primeiramente, sobre a importância da obrigação alimentar, e oque o nosso ordenamento jurídico estabelece. A execução alimentícia sofre diversas alterações processuais, visando torná-la, dessa forma, mais clara, objetiva e justa para o beneficiário e até mesmo para o beneficiador. Desse modo, devido a alteração processual para execução alimentícia o tema tratado nesse artigo é de extrema importância. A execução de alimentos é prevista no Código De Processo Civil e na Lei de Alimentos (Lei 5.478/68). O credor alimentar dispõe de dois modos de execução: a coercitiva, exposta no artigo 733, do Código De Processo Civil e a expropriatória, exposta no artigo 732, do Código De Processo Civil. O Capítulo V do Código de Processo Civil expõe que a execução de alimentos far-se-á recaindo em juízo e deverá ser cumprida dentro do prazo e pressupostos por este estabelecido, podendo-se, o devedor, ser condenado a medidas cabíveis caso não cumpra as exigências impostas. A execução de um título judicial, em regra, é feita por um processo distinto, não sendo necessário a instauração de um processo autônomo. No entanto, quando o assunto é a execução de alimentos, o assunto é totalmente diferente.
A ideia aqui é fazer com que o leitor tenha melhor compreensão sobre o assunto e fazer com que seja claro o funcionamento de todo este processo.
Palavras-chave: Execução. Alimentos. Execução Alimentícia.
INTRODUÇÃO
No novo Código de Processo Civil a execução dos alimentos se consolidou na dicotomia “execução tradicional” e “execução imediata” para a exigibilidade das mais diversas obrigações (dar, fazer, não fazer e pagar quantia), inclusive no que se refere pagar alimentos. Essas técnicas são importantes no nosso sistema processual, porque a expropriação, ou mesmo o emprego de alguma técnica coativa, será feita em processo autônomo de execução ou em processo híbrido, no módulo de cumprimento de sentença.
No entanto, se tratando de obrigação alimentar, a relevância da matéria desponta porque se permite ao credor utilizar-se do meio de execução do tipo coação, com a obtenção de tutela jurisdicional hábil a ensejar o cerceamento do direito de liberdade do devedor dos alimentos.	Não podemos esquecer que a prisão civil do devedor, no Brasil, constitui regime de exceção, sendo inclusive limitada a sua aplicação pelo Supremo Tribunal Federal aos casos de dívida de alimentos. 
1. CONCEITO DE ALIMENTO
É de entendimento de todos que o alimento é algo imprescindível em nossas vidas, sem ele não somos capazes de sobreviver.
O Dicionário Aurélio traz a seguinte definição: 
“O que serve para a alimentação: o pão é o primeiro dos alimentos. Direito Recursos necessários ao sustento, habitação, vestuário, educação de uma pessoa, a que se obrigam parentes de certo grau: os alimentos são fixados em função das necessidades daquele que os reclama e dos meios daquele que os dá”2.
É importante que nós tenhamos em mente os conceitos que são apresentados pela legislação e jurisdição, para que não nos atenhamos apenas a significados básicos.
No mundo jurídico o alimento não está apenas vinculado ao ato de comer, ou de manter a subsistência com alimentação básica, mas sim toda a diversidade de fatores que poderão assim ser chamados de alimentos e que deverão constituir mais que a subsistência do homem, mas uma vida social digna.
Sendo assim, devemos ter em mente que a definição de alimento perante a jurisprudência é bem ampla e deve ser analisada para que sua execução seja eficaz e coerente, sem que haja negligências por falta de compreensão e entendimento da mesma.
Segundo a escritora Pereira[footnoteRef:2] é válido ressaltar, ainda, que: [2: PEREIRA, Mariana Viale. A execução de alimentos e o cumprimento da sentença.] 
“Os alimentos são devidos quando há vínculo de parentesco entre o que pleiteia e o que é obrigado a prestar os alimentos, de acordo com as possibilidades deste e as necessidades essenciais de moradia, alimentação, vestuário, tratamento de saúde e, se for menor, educação daquele. Mostrando-se, assim, a obrigação alimentar como “uma manifestação de solidariedade econômica que existe em vida entre os membros de um mesmo grupo, substituindo a solidariedade política de outrora”.
Sendo assim, podemos concluir que no direito brasileiro a obrigação de alimentos tem um cunho assistencial e não indenizatório.
1.1. NATUREZA DO ALIMENTO
Juridicamente, a palavra alimentos faz menção às prestações periódicas pertinentes à uma determinada pessoa, que pode ser feita em dinheiro ou espécie, em virtude de ato ilícito, da manifestação de vontade ou em decorrência do Direito de Família, para prover a sobrevivência do mesmo. 
Para Pereira[footnoteRef:3] os alimentos possuem duas naturezas distintas: a natureza jurídica e a natureza natural e civil sobre as quais destaca: [3: PEREIRA, Maria Berenice. Obrigação alimentar de tios, sobrinhos e primos.] 
“O dever de prestar alimentos está embasado na solidariedade humana e econômica que deve predominar entre os membros da família ou os parentes. É o dever legal de mútuo auxílio familiar transformado em norma jurídica. Ademais, a obrigação alimentícia funda-se sobre um interesse de natureza superior, que trata da preservação da vida e da necessidade de dar às pessoas certas garantias no que concerne aos meios de subsistência. Havendo um tratamento especial reservado pelo Estado aos alimentos, que lhe reflete o caráter de ordem pública.
Os alimentos naturais são aqueles necessários à vida de qualquer ser humano, e os civis são os relativos aos haveres e à qualidade das pessoas”.
Existem aqueles que defendem a tese de que o alimentando não tem nenhum interesse econômico, visto que a verba recebida não aumenta seu patrimônio, nem serve de garantia a seus credores, apresentando-se, então, como uma das manifestações do direito à vida que é algo personalíssimo.
1.2. CARACTERIZAÇÃO DOS ALIMENTOS
	
Os alimentos podem ser divididos em diversas espécies, sendo estes classificados pela doutrina de acordo com vários critérios. 
Segundo Gonçalves[footnoteRef:4], os critérios são: [4: GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 8ed. São Paulo: Saraiva, 2011.] 
a) Os naturais ou necessários, que se restringem ao indispensável à satisfação das necessidades primárias da vida; os civis ou côngruos que destinam-se a manter a condição social, o status da família.
b) Alimentos “compensatórios”, visam evitar o descomunal desequilíbrio econômico-financeiro do consorte dependente, impossível de ser afastado com modestas pensões mensais e que ocorre geralmente nos casos em que um dos parceiros não agrega nenhum bem em sua meação, seja porque não houve nenhuma aquisição patrimonial na constância da união ou porque o regime de bens livremente convencionado afasta a comunhão de bens.
c) Alimentos de causa jurídica, dividem-se em legais ou legítimos, voluntários e indenizatórios. Os legítimos são devidos em virtude de uma obrigação legal, que pode decorrer do parentesco do casamento ou do companheirismo (CC, art. 1.694).Os voluntários emanam de uma declaração de vontade inter-vivos, como na obrigação assumida contratualmente por quem não tinha a obrigação legal de pagar alimentos, ou causa mortis, manifestada em testamento, em geral sob a forma de legado de alimentos, e prevista no art. 1.920 do Código Civil. Os indenizatórios ou ressarcitórios resultam da prática de um ato ilícito e constituem forma de indenização do dano. Pertencem também ao direito das obrigações e são previstos nos artigos. 948, II, e 950 do Código Civil.
d) Alimentos Definitivos são os de caráter permanente, estabelecidos pelo juiz na sentença ou em acordo das partes devidamente homologado, malgrado possam ser revistos (CC, art. 1.699).
e) Provisórios são os fixados liminarmente no despacho inicial proferido na ação de alimentos, de rito especial estabelecido pela Lei n. 5.478/68 — Lei de Alimentos. Provisionais ou ad litem que são os determinados em medida cautelar, preparatória ou incidental, de ação de separação judicial, de divórcio, de nulidade ou anulação de casamento ou de alimentos. Destinam-se a manter o suplicante, geralmente a mulher, e a prole, durante a tramitação da lide principal, e ao pagamento das despesas judiciais, inclusive honorários advocatícios (CPC, art. 852). Daí a razão do nome ad litem ou alimenta in litem.
f) Os provisórios exigem prova pré-constituída do parentesco, casamento ou companheirismo. Apresentada essa prova, o juiz “fixará” os alimentos provisórios, se requeridos.
g) Provisionais depende da comprovação dos requisitos inerentes a toda medida cautelar: o fumus boni juris e o periculum in mora. Estão sujeitos, pois, à discrição do juiz. Podem ser fixados, por exemplo, em ação de alimentos cumulada com investigação de paternidade, liminar e excepcionalmente, se houver indícios veementes desta. Não assim os provisórios, por falta de prova pré-constituída da filiação.
Em termos jurídicos é difícil, mensurarmos quanto de alimentos, por exemplo são devidos no período da gravidez e os alimentos devidos para o momento posterior a essa gravidez. Como o modelo brasileiro e do tipo rígido, não é possível permitir que, a partir do nascimento, sejam alterados os fatos, constitutivos da pretensão e do pedido.
1.3. DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR
Quem necessitar de alimentos deverá pedi-los, primeiramente, ao pai ou à mãe. Na falta dos mesmos, por morte ou invalidez, ou não havendo condição de os genitores suportarem o encargo tal incumbência passará aos avós paternos ou maternos; na ausência destes, aos bisavós e assim sucessivamente. Temos, portanto, uma responsabilidade subsidiária, pois somente caberá ação de alimento contra avó se o pai estiver ausente, impossibilitado de exercer atividade laborativa ou não tiver recursos econômicos.
Não havendo ascendentes, compete a prestação de alimentos aos descendentes, ou seja, filhos maiores, independentemente de qualidade de filiação. O filho havido fora do casamento para efeito de prestação de alimentos, poderá acionar o genitor em segredos de justiça. Se ainda não foi reconhecido, os alimentos poderão ser pleiteados em rito ordinário, cumulativamente como o pedido de reconhecimento de filiação. Não havendo impugnação, há presunção de veracidade de existência do vínculo biológico, tornando mais fácil o reconhecimento da filiação. E se já foi reconhecido, a ação de alimentos segue o rito especial previsto na Lei nº 5.478/68, por haver prova pré-constituída da relação de parentesco e do dever de prestar alimentos. 
A Lei nº 6.515/77 alterando o art. 4º, parágrafo único, da Lei nº 883/49, dispõe que, dissolvida a sociedade conjugal do devedor de alimentos, que os obteve não precisará propor ação de investigação de paternidade para se fazer reconhecer, cabendo ao interessado o direito de impugnar a filiação[footnoteRef:5]. [5: DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 22ed. São Paulo: Saraiva, 2007.] 
2. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS
Com a Lei Lei n° 11.232 de 22/12/05, a execução de sentença deixou de ser um processo autônomo e passou a ser apenas uma etapa do processo de conhecimento, denominada cumprimento de sentença. 
Essa mudança, apesar de acabar com o processo autônomo de execução de título judicial, não mencionou a execução da obrigação alimentar, disciplinada nos artigos 732 a 735 do Código de Processo Civil.
2.1. CONCEITO
Executar uma obrigação é dar-lhe cumprimento, isto é, realizar a prestação que o devedor incumbe. A execução é uma obrigação sob a qual não pairam incertezas quanto a sua existência e titularidade, cabendo ao Estado forçar aquele que tem o dever de cumpri-la a fazê-la. 
Constitui-se de três elementos: obrigação impassível de discussão (título executivo), o titular desta (exequente) e aquele que deve cumpri-la (executado).
2.2. TIPOS DE EXECUÇÕES
Atualmente em nosso cenário jurídico existem vários tipos de execuções, são eles: 
A execução de obrigação de fazer e não fazer, a de fazer tem por objeto a realização de um ato do devedor já a de não fazer importa no dever de abstenção do obrigado.
Execução para a entrega de coisa, que corresponde as obrigações de dar, que tanto pode ser real como pessoal.
Execução contra a Fazenda Pública, que está prevista nos artigos 910 do CPC/2015, aplicando-se, no que couber, o disposto nos artigos 534 e 535, que trata do cumprimento de sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa pela Fazenda Pública.
3. DISCUSSÃO SOBRE SENTENÇA E O CPC.
Sentença é o pronunciamento pelo qual o juiz, com base nos artigos 485 e 487 do CPC põe fim à fase cognitiva do procedimento comum ou extingue a execução, conforme exposto no artigo 203, §1º do CPC.
O novo CPC trouxe mudanças em relação ao de 1973. No antigo, depois da sentença da fase de conhecimento, havia duas possibilidades ao autor da ação: pedir o cumprimento de sentença ou entrar com uma ação de título judicial. A primeira valia para quando a sentença estabelecia obrigações de pagar quantia certa, entregar, dar e fazer coisas. A segunda alternativa era necessária em casos envolvendo alimentos e contra a fazenda pública.
Sendo assim, o novo CPC, eliminou a ação de execução de título judicial, estabelecendo que casos de alimentos e contra a fazenda pública também passassem a ser tratados com cumprimento de sentença.
3.1 REQUISITOS DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
O primeiro requisito para o cumprimento de sentença é a existência de um título executivo judicial. Este título não é um documento, mas um ato: uma decisão ou sentença de um juiz durante a etapa de conhecimento, o artigo 515 do CPC traz em seu texto todos os títulos executivos judiciais.
Já o segundo requisito para o cumprimento de sentença é a existência de uma obrigação certa, líquida e exigível. É preciso que haja a certeza da existência da tal obrigação, quem é o devedor, e quando haverá o cumprimento. A mesma deve ter liquidez, ou seja, deve ter valores exatos para que o devedor saiba quanto deve pagar. E por fim, deve ser exigível, para que não seja suspensa.
Essas duas características garantem que o cumprimento de sentença seja definitivo, para que o próximo passo seja dar continuidade ao processo.
Com a sentença transitada em julgado e em caso de o credor não cumprir com a obrigação voluntariamente, cabe o pedido de cumprimento de sentença. Esse pedido não se dá por iniciativa do juiz. O primeiro passo é protocolar um requerimento em que conste o título de execução judicial e o demonstrativo de pagamento atualizado com juros e correção monetária.
Com isso, o juiz deve intimar o devedor na pessoa do advogado constituído nos autos. 
Após a intimação, o devedor terá 15 dias para realizar o pagamento espontâneo, lembrando que cabe ao juiz determinar se os 15 dias serão corridos ou úteis. 
Caso o pagamento seja efetuado, o credor ficará satisfeito e o processo será extinto.
Porém, passados os 15 dias, e o credor não realizar o pagamento, o mesmo sofrerá multa de 10% e cobrança de 10% dos honorários advocatícios. 
Após o fim dos 15 dias o credor pode solicitar a penhora dos bens,a fim de garantir a quitação da dívida. 
A partir disso passa a contar o prazo para o credor oferecer impugnação ao cumprimento. Essa impugnação não possui efeito suspensivo, uma vez que a sentença já transitou em julgado, mas ela serve para que ele possa se defender de possíveis irregularidades na penhora dos bens ou contestar o valor da dívida.
4. SENTENÇA DE EXECUÇÃO DE ALIMENTOS
A competência para o cumprimento de sentença que estabelece obrigação alimentar é funcional. Cabe ao prolator da decisão que estabeleceu alimentos processar o módulo executivo, em conformidade com o que está exposto no artigo 516, inc. II, do Código de Processo Civil. Também é possível executar aquela decisão, conforme estabelece o parágrafo único do art. 516 do CPC, no atual domicílio do executado ou mesmo no local onde se encontrem os bens sujeitos à execução. O art. 528, § 9º, do CPC, possibilita também a instauração do módulo executivo perante o domicílio do exequente. 
Os alimentos vencidos, ou seja, aqueles que não foram adimplidos a despeito da sua prévia fixação em título judicial ou extrajudicial, poderão ser executados de dois modos: sob pena de penhora ou sob pena de prisão. Vale lembrar que a utilização da execução sob pena de prisão tem aplicação apenas em relação aos alimentos decorrentes do direito de família, e não em relação aos alimentos indenizatórios.
Em relação à execução de título extrajudicial ou ao cumprimento de sentença do título que prevê obrigação alimentar sob pena de penhora, não há limitação à cobrança das prestações, salvo, em relação àquelas que já estiverem prescritas. 
Vale destacar que, em conformidade com o art. 206, § 2º, do Código Civil, o prazo de prescrição dos alimentos é de 2 (dois) anos. 
Caso o credor pretenda executar alimentos sob pena de prisão, deverá ser levado em consideração o disposto no artigo 528, § 7º, do CPC, que estabelece que “o débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende até as 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo”. 
4.1. O CUMPRIMENTO 
O Código de Processo Civil entrou em vigor em 18 de março de 2016, mas ainda é importante lembrar sobre as considerações para cumprimento de sentença referente à obrigação de alimentos, que se fundamenta com o princípio da solidariedade familiar, previsto no Artigo 229 da Constituição Federal de 1988 onde menciona que “os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade”. 
O CPC de 1973 estabelecia uma forma rígida de que a sentença deveria ser recorrível por apelação, as decisões interlocutórias por agravo de instrumento ou retido e os despachos seriam irrecorríveis. Diante da nova redação, surgiram ideias no sentido de que seria cabível “apelação por instrumento” quando o juízo decidisse com fundamento nos artigos 267 ou 269 do CPC de 1973, mas não ocorresse a extinção do processo. Seria a situação, por exemplo, de o juízo reconhecer a ilegitimidade passiva de apenas um dos litisconsortes, sem, contudo, determinar a extinção da demanda.
Dias e Larratéa[footnoteRef:6] citam, “há que se mencionar que para a cobrança de condenação imposta judicialmente, o credor não mais precisa passar pelas agruras do processo de execução. O cumprimento da sentença é um prolongamento natural do processo originário que dispensa a propositura da execução. Como mera fase do processo de conhecimento, não há nova demanda a ser iniciada por ato citatório”. [6: DIAS, Maria Berenice; LARRATÉA, Roberta Vieira. O cumprimento da sentença e a execução de alimentos. Disponível em:] 
Enquanto uns entendem que o devedor precisa ser intimado pessoalmente, outros sustentam que a intimação deve ser feita na pessoa do seu procurador pela imprensa oficial, a fim de dar início à contagem do prazo de 15 dias para o cumprimento da condenação. Há ainda os que afirmam ser desnecessária qualquer intimação para dizer ao devedor algo que ele já sabe, o fato de que ele tem que cumprir a obrigação que lhe foi imposta.
4.2. DA CLASSIFICAÇÃO
A autora Camillo[footnoteRef:7] apresenta a classificação da sentença de execução de alimentos como uma tríplice, sendo três as sentenças de mérito: meramente declaratória, constitutiva e condenatória, incluindo nesta última as sentenças executiva e mandamental. [7: CAMILLO, Clarissa Maria Campos de Saboya. Execução dos alimentos sob a égide da Lei n.º 11.232/05: cumprimento da sentença: desnecessidade do processo autônomo de execução. Brasília: IDP, 2008.] 
No que tange à sentença condenatória a autora assim esclarece:
“Sentença condenatória, na definição do autor, é que além de acertar a existência do dever jurídico, impõe ao réu o cumprimento de uma prestação de dar, fazer ou não fazer, assim, tal sentença possui dois momentos lógicos, a saber, o acertamento da existência de uma obrigação e um propriamente condenatório, podendo tal condenação ser executiva (efetivada por meio de sub-rogação – execução forçada) ou mandamental (efetivada por meios de coerção.)”
Nesse sentido, a diferença entre a sentença executiva e a mandamental não é de conteúdo, mas sim na maneira como cada uma delas é efetivada na prática. Dito de outra forma, o modo de cumprir a obrigação é que constitui a variável, mas a sentença é de natureza condenatória. A sentença condenatória mandamental se efetiva exclusivamente através do emprego de meios de coerção. 
Para alguns doutrinadores a natureza da multa é outro ponto de divergência na doutrina, a mesma serve como sanção processual ao sujeito que se nega a cumprir obrigação reconhecida em sentença. Ao ser indicado um montante fixo a ser cobrado, o legislador retirou seu caráter coercitivo. Assim, possui natureza sancionatória, com caráter punitivo, e não meramente coercitivo ou inibitório.
4.3. ALTERAÇÕES PELA LEI Nº 11.232/2005
A Lei nº 11.232/2005 transformou o processo de conhecimento e o de execução numa só ação. Ou seja, pode-se deixar de exigir que a parte, ingresse novamente na Justiça para cobrar direitos, já reconhecidos na fase processual em que se discute o mérito de tal. Muitas vezes a fase de execução é mais longa do que a de conhecimento. 
A lei também prescreve que, a liquidação da sentença seja feita no próprio processo de conhecimento e não mais em uma ação judicial. 
Essas alterações vêem como forma de garantir a efetivação da prestação jurisdicional. Devido à morosidade e até a procrastinação pelas partes, é que às vezes os processos de execução chegam a ser mais longos que o de conhecimento. Vale ressaltar que muitas vezes os processos de execução não passam da fase inicial, porque o credor não dá continuidade ou porque a Justiça não encontra o devedor para a citação. E em outros casos, não terminam porque o credor não encontrou bens e desistiu da ação. 
Para Camillo[footnoteRef:8] o conjunto das reformas processuais foi trazido em um contexto de crise do Poder Judiciário, visando atacar, principalmente, duas deficiências do sistema: a inefetividade processual e a morosidade da execução. [8: CAMILLO, Clarissa Maria Campos de Saboya. Execução dos alimentos sob a égide da Lei n.º 11.232/05: cumprimento da sentença: desnecessidade do processo autônomo de execução. Brasília: IDP, 2008. ] 
A referida escritora aduz que a busca da efetividade do processo e de sua necessária agilização resultou na reforma levada a efeito pela Lei 11.232/2005, por meio do sincretismo processual, que passou, desde então, a ser a regra no sistema processual brasileiro, caracterizado pela fusão dos processos de cognição e de execução, numa unidade procedimental, e por dotar os provimentos judiciais de executoriedade imediata, ainda que provisória.
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Conclui-se, que os alimentos constituem meio de manutenção da vida e da dignidade de certas pessoas. A sua importância justifica a utilização de medidas coercitivas para sua cobrança, em particular, a decretação da prisão civil. Não hádiscussão em relação à constitucionalidade da prisão do devedor de alimentos. 
O objetivo da execução alimentícia é o de obrigar o devedor de alimentos, de forma coercitiva, por meio da prisão civil, autorizada pela Constituição Federal (art. 5, inciso LXVII), a satisfazer, rapidamente, as necessidades do credor de alimentos, não tem caráter punitivo mais é um meio de coerção, que se caracteriza como execução indireta. O que está em jogo é a subsistência do alimentando, e por isso, se autoriza a prisão civil do alimentante. 
É importante ressaltar que a que a prisão civil aqui tratada é cabível tão somente no caso dos alimentos decorrentes da relação de direito de família.
 Tentativas diversas como a execução por quantia certa só trariam prejuízo para o credor alimentado, pois além da demora da satisfação, com penhora quando existem bens, casos há em que o devedor não é encontrado, não possui bens penhoráveis, tudo fazendo para que não se alcance o objetivo da ação que é fazer com que sejam pagos os valores devidos. 
Por esta razão, tem-se como legal a prisão civil do devedor de alimentos exposta no artigo 733 do Código de Processo Civil, bem como o artigo 19 da lei 5478/68. 
Esse assunto é de extrema importância, pois refere-se a norma e os princípios ao cumprimento da obrigação alimentar.
REFERÊNCIAS
CARNELUTTI, Francesco. Instituições do Processo Civil. Ed. Classic Book, 2000.
DIAS, Maria Berenice. Execução dos alimentos e as reformas do CPC. Jus Navigandi, Teresina, ano 12, n. 1290.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: 5º volume: direito de família. 23.ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2006.
MARINONI, Luiz Guilherme e ARENHART, Sérgio Cruz. Execução, São Paulo:RT, 2007.
OLIVEIRA, Carlos Alberto Alvaro. A nova execução, Rio de Janeiro: Forense, Coord. OLIVEIRA, Carlos Alberto Alvaro, 2006.
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et al. Breves comentários ao novo Código de Processo Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.

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