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Métodos de Pesquisa 
em História
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr.Vanderlei Elias Nery
Revisão Textual:
Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin
A História e as Manifestações Artísticas: novas fontes
5
• Introdução
• História e Música
• História e Literatura
• História e Teatro
• História e Cinema
 · Discutir a relação da Música, da Literatura, do Teatro e do Cinema com a História. 
 · Buscaremos analisar como essas artes podem servir de fonte documental para a 
pesquisa na área de História.
Nesta Unidade, analisaremos A História e as manifestações artísticas: novas fontes, 
discutindo a relação da Música, da Literatura, do Teatro e do Cinema com a História.
Faremos também algumas indicações de leitura interessantes para que você compreenda 
melhor o que procuramos apresentar no texto. Não deixe de fazer essas leituras! Certamente 
você irá achá-las bem interessantes!
Nesta Unidade: A História e as manifestações artísticas: novas fontes, você deve estar 
atento à relação da Música, da Literatura, do Teatro e do Cinema com a História e como estas 
artes servem de fonte documental para a pesquisa na área de História.
É importante, também, que você participe dos fóruns propostos e se prepare para as 
avaliações planejadas. 
Nesta unidade haverá um fórum de discussão e três questões de múltipla escolha na Atividade 
de Sistematização. Ao realizá-las, você poderá avaliar seus conhecimentos e se preparar para 
a avaliação presencial que ocorrerá no final do semestre.
A História e as Manifestações Artísticas: 
novas fontes
6
Unidade: A História e as Manifestações Artísticas: novas fontes
Contextualização
Iniciamos os estudos relativos à Disciplina Metodologia da pesquisa em História tratando 
do tema A História e as manifestações artísticas: novas fontes.
Esta Unidade está subdividida em 4 itens:
1 História e Música
2 História e Literatura 
3 História e Teatro 
4 História e Cinema 
Buscamos explicitar a relação dessas artes com a História.
Analisaremos como a Música, a Literatura, o Teatro e o Cinema podem ser utilizados como 
fonte documental para o pesquisador da área de História.
7
Introdução
Nesta Unidade, estudaremos a importância da Música, da Literatura, do Teatro e do Cinema 
como fonte documental. 
As artes, em geral, e a Música, a Literatura, o Teatro e o Cinema, em particular, são 
manifestações artísticas que possibilitam ao historiador ouvir a “voz” dos dominados, pois 
possuem documentos que, na maioria das vezes, distanciam-se dos documentos oficiais, que 
apresentam, em geral, a história dos vencedores.
História e Música
Sons e ruídos estão impregnados no nosso cotidiano de tal forma 
que, na maioria das vezes, não tomamos consciência deles. Eles 
nos acompanham diariamente, como uma autêntica trilha sonora 
de nossas vidas, manifestando-se sem distinção nas experiências 
individuais ou coletivas. Isso ocorre porque a música, a forma 
artística que trabalha com os sons e ritmos nos seus diversos 
modos e gêneros, geralmente permite realizar as mais variadas 
atividades sem exigir atenção centrada do receptor, apresentando-
se no nosso cotidiano de modo permanente, às vezes de maneira 
quase imperceptível.
(MORAES, 2000, p.204).
José Geraldo Vinci de Moraes chama a atenção para importância da música como fonte 
histórica, mas adverte que durante muito tempo as universidades e as agências financiadoras 
privilegiaram os estudos a partir de músicas eruditas e folclóricas, desprezando as canções 
populares como documento histórico. 
Ele afirma: “a canção e a música popular poderiam ser encaradas como uma rica fonte 
para compreender certas realidades da cultura popular e desvendar a história de setores da 
sociedade pouco lembrados pela historiografia” (MORAES, 2000, p.204-5).
No Brasil, podemos citar o samba, entre outros ritmos, como exemplo de música popular, 
que pode revelar certas realidades da cultura popular. Esse gênero musical se desenvolveu a 
partir da influência dos ex-escravos vindos da África e, posteriormente foi e, ainda é, praticado 
nas periferias das cidades, revelando, na maioria das vezes, os hábitos e costumes dos setores 
dominados da sociedade. O samba pode ser uma fonte importante para os historiadores, pois 
dá voz aos dominados.
Outros problemas encontrados pelos historiadores para utilização da Música como fonte 
histórica são: a dispersão das fontes, a desorganização dos arquivos, a falta de especialistas e 
estudos específicos, escassez de apoio institucional etc. (MORAES, 2000, p.205).
8
Unidade: A História e as Manifestações Artísticas: novas fontes
A historiografia da música é bastante conservadora, privilegiando “a bibliografia do grande 
artista, compreendido como uma figura extraordinária e o único capaz de realizar a obra”. 
Em segundo lugar, está a postura centrada na obra de arte, a qual “está interessada 
preponderantemente na obra individual, que contém uma verdade e um sentido em si mesma”. 
E, por último, “existe a linha que foca suas explicações nos estilos, gêneros ou escolas 
artísticas, que contém uma temporalidade própria e estruturas modelares ‘perfeitamente’ 
estabelecidas” (MORAES, 2000, p.206).
Glossário: Historiografia: Investigação e escrita da História.
Essa forma de trabalho com a Música despreza a possibilidade de compreensão da “história 
da arte integrada aos movimentos sociais e históricos”. 
Até o final dos anos 1970, as dificuldades apontadas impediram que emergisse uma 
historiografia voltada para os estudos da música erudita e popular, abrindo caminho para que 
os estudos e pesquisas ficassem “restritos ao universo da crítica, realizados tradicionalmente 
por jornalistas, diletantes e amadores, portanto, distantes das universidades e das investigações 
acadêmicas” (MORAES, 2000, p.206-7).
Apesar da precariedade dos estudos levados a cabo por jornalistas, diletantes e amadores, é 
fundamental que reconheçamos a importância dessas pesquisas, pois constituíram um acervo 
importante para estudos da música popular urbana no Brasil.
No final dos anos 1970 e início dos anos 1980, no Brasil, aconteceu uma virada nas 
pesquisas que tem a música como fonte de pesquisa, principalmente nas áreas de Antropologia, 
Sociologia, Semiótica e literatura e, em menor grau, na História, principalmente a partir da 
produção de teses e dissertações.
Apesar dessa virada, Moraes (2000, p.209) aponta que no campo da História “o uso da 
canção popular urbana como fonte continua bastante restrito e precário e, aparentemente, 
ainda mantém um status de segunda categoria no universo da documentação”.
O autor aponta a dificuldade dos historiadores lidarem com a música como documento 
histórico, mas afirma que é possível ultrapassar esse problema a partir do trabalho interdisciplinar 
com a musicologia, a semiótica etc. Ele afirma também, que:
Ultrapassados os principais obstáculos e aparentes dificuldades 
(linguagem, código, subjetividade e o conceito de popular), creio 
que os procedimentos e indicações gerais metodológicas para 
utilizar a música/canção popular como documento histórico pode 
ser inicialmente encontrado na clássica metodologia desenvolvida 
pela própria história.
(MORAES, 2000, p.214).
Para a análise interna do documento musical “seria interessante estabelecer duas 
instâncias diferentes, mas nunca dissociadas, a da linguagem poética e a da linguagem 
musical” (MORAES, 2000, p.214-5).
9
A análise da música como documento histórico deve estabelecer a diferença entre poética e 
musicalidade, mas sem dissociá-las, pois, “Deste modo, parece que a compreensão do binômio 
melodia-texto seja a forma mais indicada para se ter como referência, sobretudo porque se 
trata, na realidade, da estrutura que dá sentido à canção popular” (MORAES, 2000, p.216). 
Como lembra o autor, é preciso inserir a estrutura da canção popular
[...] aos movimentos históricos e culturais. Na verdade, deve-se 
perceber como se instituem as relações culturais e sociais em que 
se acomodamelementos de gestação de uma dada música/canção 
urbana e da vida do autor, pois, como já vimos anteriormente, elas 
produziram e escolheram uma série de sons e sonoridades que 
constituem uma trilha sonora peculiar de uma dada realidade histórica. 
(MORAES, 2000, p.216).
Em relação à análise externa do documento, é preciso fazer o trabalho que os historiadores 
estão acostumados. Começando pela análise do contexto histórico, verificando “os vínculos 
e relações do documento e seu(s) produtor(es) com seu tempo e espaço”. É preciso, ainda, 
realizar a “especificidade da documentação. Isto é, do processo social de criação, produção, 
circulação e recepção da música popular”. 
Para o autor “Mais do que regras gerais, tanto criação como recepção somente poderão 
ser compreendidos nas suas nuanças e especificidades históricas (MORAES, 2000, p.216)”.
Outra questão importante a ser observada pelo pesquisador da área de História é que a produção, 
difusão e circulação estão diretamente ligadas aos meios de comunicação e ao mercado. 
Essa observação é importante, pois, “As relações com os meios de comunicação foram, e 
ainda são, contraditórias, variando da mais profunda pobreza estética, passando pelos mais 
nítidos e fortes interesses comerciais ou ideológicos, chegando a uma incrível e rica divulgação 
da produção cultural” (MORAES, 2000, p.216-7).
Os filósofos da Escola de Frankfurt, principalmente Adorno, afirmavam que os meios 
de comunicação de massa determinavam e criavam gostos, “impondo gêneros e certa 
estandardização na música popular”. 
Sem discordar totalmente do filósofo alemão, é possível perceber que, além da afirmação 
acima, os meios de comunicação de massa acabaram propiciando a divulgação da música 
popular, mesmo que este não fosse seu objetivo. 
Como demonstra Moraes, “[...] os meios de comunicação também abriram espaços para 
que gêneros e estilos regionais urbanos originários nas camadas mais pobres emergissem para 
um quadro cultural mais amplo e pluralizado” (MORAES, 2000, p.217), como é o caso, no 
Brasil, da divulgação de ritmos populares como o samba, choro, baião etc.
Sobre a Escola de Frankfurt e a indústria cultural em: 
http://www.brasilescola.com/cultura/industria-cultural.htm
 https://www.youtube.com/watch?v=GIn1ZcoM9Rs
 https://www.youtube.com/watch?v=xBVUBJXWXWY
http://www.brasilescola.com/cultura/industria-cultural.htm
https://www.youtube.com/watch?v=GIn1ZcoM9Rs
https://www.youtube.com/watch?v=xBVUBJXWXWY
10
Unidade: A História e as Manifestações Artísticas: novas fontes
É preciso se afastar dos pré-conceitos e admitir que mesmo a imposição de gêneros pelos 
meios de comunicação de massa pode ser fonte de pesquisa para os historiadores, pois 
apresenta um quadro de disputa entre dominados e dominantes.
Para isso, basta lembrar de que muitos dos gêneros impostos pelos meios de comunicação 
de massa derivam de produções populares e, portanto, de certa forma, retratam o cotidiano 
dos dominados.
José Geraldo Vinci de Moraes levanta três aspectos importantes para a reflexão dos 
historiadores quando estes utilizam a música popular como documento histórico: “a linguagem 
da canção, a visão de mundo que ela incorpora e traduz e, finalmente, a perspectiva social e 
histórica que ela revela e constrói”. 
Para o autor, as questões levantadas podem orientar a “discussão das relações entre História 
e Música”. Para ele, cabe ao pesquisador “compreender melhor as múltiplas relações entre a 
canção popular e o conhecimento histórico”. 
O autor lembra que a música popular pode trazer à tona, na contemporaneidade, coisas 
“que às vezes se supõem mortas ou perdidas na memória coletiva” (MORAES, 2000, p.218).
Apesar do empenho de alguns historiadores para romper os pré-conceitos e estabelecer a 
música em geral e a música popular em particular como fonte documental, podemos afirmar 
que, nesse início de século XXI, “o estudo científico da música brasileira ainda está por” ser 
feito, “sobretudo, a história cultural da música popular brasileira, que ainda formula e ajusta 
seus primeiros acordes. E é nesse tom que deve seguir a discussão” (MORAES, 2000, p.218). 
Daí a importância do apoio das universidades e agências de fomento às pesquisas que 
tenham como fonte documental a música, em geral, e a música popular, em particular.
11
História e Literatura
A ficcionalidade da história e a historicidade da 
literatura mostram-se presentes desde as primeiras 
manifestações de um e de outro discurso, de modo 
que se torna uma tarefa complexa diferenciar o que 
seja história e o que seja literatura, uma vez que a 
fronteira que separa uma e outra se mostra tênue e, 
por vezes, quase imperceptível 
(GOMES E OLIVEIRA, 2012, p.2).
A Nova História Cultural colocou o problema de estudar as representações, como demonstra 
Sandra Jathy Pesavento:
A categoria de representação tornou-se central para 
as análises da nova história cultural, que busca resgatar 
o modo como, através do tempo, em momentos 
e lugares diferentes, os homens foram capazes de 
perceber a si próprios e ao mundo, construindo um 
sistema de ideias e imagens de representação coletiva 
e se atribuindo identidade.
(PESAVENTO 1995, p.116).
Construir identidades, sejam elas de cidadania ou nacional, envolve relações de poder, pois são 
historicamente construídas. É nesse contexto que enxergamos a relação de história e literatura, 
“que apresentam caminhos diversos, mas convergentes, na construção de uma identidade, 
vez que se apresentam como representação do mundo social ou como práticas discursivas 
significativas que atuam com métodos e fins diferentes” (PESAVENTO, 1995, p.116).
Nessa perspectiva, a literatura pode ser considerada fonte histórica, pois a ficção não é o 
avesso do real, mas sim a busca por uma verossimilhança, “onde os limites de criação e fantasia 
são mais amplos do que aqueles permitidos ao historiador” (PESAVENTO, 1995, p.117).
Podemos afirmar, então, que mesmo a obra ficcional está inserida em um determinado 
espaço e tempo, marcado por condições socioculturais específicas e, que, portanto, pode 
oferecer elementos importantes para a pesquisa histórica.
Neste sentido, torna-se importante destacar o fato 
de que a produção da obra literária está associada ao 
seu tempo, refletindo em suas narrativas angústias 
e sonhos de agentes sociais contemporâneos à sua 
criação e mesclando elementos de ficção e das possíveis 
realidades existentes no momento da criação literária.
(SENA JUNIOR, 2010, p.5).
12
Unidade: A História e as Manifestações Artísticas: novas fontes
O historiador, ao utilizar a literatura como fonte histórica, deve buscar “a representação 
que ela comporta. Ou seja, a leitura da Literatura pela História não se faz de maneira literal, 
e o que nela se resgata é a re-presentação do mundo que comporta a forma narrativa” 
(PESAVENTO, 1995, p.117).
História e Literatura são narrativas diferentes, dado que a primeira busca a análise do 
real, mas é importante lembrar de que ao narrar ou descrever fatos históricos, o pesquisador 
apresenta uma possível leitura dos fatos, e não uma verdade incontestável (GOMES & 
OLIVEIRA, 2012).
Segundo Gomes e Oliveira (2012, p.4), a literatura deve ser pensada “como parte integrante 
da história, ou, ainda, em alguns casos, como o contra-discurso da história oficial”.
Para Pesavento (1995, p.118) “a literatura tem se revelado o veículo por excelência para 
captar sensações e fornecer imagens da sociedade por vezes não admitidas por esta ou que 
não são perceptíveis nas tradicionais fontes documentais utilizadas pelo historiador”.
Como exemplo do exposto acima, podemos citar a obra: Memórias de um sargento de 
milícias, de Manuel Antônio de Almeida, que faz uma bela descrição da vida urbana no Rio de 
Janeiro do século XIX.
Este exemplo exprime muito bem a análise realizada por Pesavento (2012, p.118), quando 
ela afirma que é no século XIX que, com o desenvolvimento econômico capitalista, com o 
surgimento das primeiras indústriase a consequente urbanização, “as cidades passam a ter 
uma presença mais marcante na vida brasileira, tanto enquanto concretude, quando como 
objeto de representação”.
Segundo Pesavento (2012, p.118), os estudos, em geral, ficaram presos aos aspectos 
econômicos, sociais e políticos da sociedade.
Não é o caso de ignorar esses estudos; entretanto, é possível, a partir da incorporação da 
literatura como fonte histórica, “retomar a cidade sob outro aspecto: como ela é pensada, 
vivida, imaginada, representada, em suma, reconhecida e identificada pelos seus habitantes. 
Dotada de uma personalidade própria, específica e particular, no jogo da identidade/alteridade, 
a torna única frente às demais”. 
É nesse sentido que obras, como Memórias de um sargento de milícia auxiliam as pesquisas 
históricas, no sentido de revelar o que, na maioria das vezes, a história oficial oculta, ou seja, 
pode dar voz às classes sociais dominadas. Como demonstra Pesavento ao analisar a obra de 
Manuel Antônio de Almeida:
Não se trata, porém, de uma identidade arquetípica do Rio atribuída 
“desde cima” pelos dirigentes da urbe, nem designada pelo Império 
brasileiro que nascia. Para estes interessava, sobremodo, que o Rio 
de Janeiro crescesse e se desenvolvesse em vista de sua condição 
de sede da Corte e importante centro comercial. Trata-se de uma 
identidade insinuada pelo olho do escritor, espectador do social, que 
intui e capta as regras implícitas que regiam a vida de “cidade-gente” 
(PESAVENTO, 1995, p.118-9).
Como dito anteriormente, a análise dessa obra, entre outras, permite a percepção, por 
exemplo, de certo caráter brasileiro, questão esta que não está posta “nos documentos oficiais, 
nem enunciada pelo poder público, mas que a narrativa ficcional expõe como um sintoma da 
época” (PESAVENTO, 1995, p.120).
13
História e Teatro
Em um processo investigativo envolvendo as interlocuções 
entre História e Literatura, História e Cinema, História e Artes 
Plásticas, História e Teatro, esta última ainda em proporções 
reduzidas, se comparada às pesquisas desenvolvidas nas áreas 
de Letras e de Artes Cênicas, o pesquisador deverá sempre estar 
atento a alguns pressupostos, pois, além das dificuldades que 
envolvem essa área de atuação, de acordo com Robert Paris, 
este profissional, ao contrário de seus colegas que, via de regra, 
recuperam originais inéditos nos arquivos, dificilmente será o 
primeiro leitor do documento selecionado 
(PATRIOTA, 2005, p.79).
A utilização do teatro como fonte histórica ainda é incipiente na historiografia, mas vários 
pesquisadores vêm buscando inserir esses estudos nas universidades brasileiras. 
Segundo Rosangela Patriota, o objetivo do historiador, ao utilizar como fonte de pesquisa 
as artes em geral e o teatro em particular, não deve, “em hipótese alguma, construir ‘Histórias 
de...’; ao contrário”, ele deve
[...] recuperar a historicidade inerente a eles. Devolvê-los ao seu 
momento e, concomitante a este, buscar constituir um diálogo 
possível, a partir de séries documentais que permitam uma maior 
inteligibilidade destes em relação ao processo vivenciado, assim 
como este fornecerá elementos que auxiliem na compreensão das 
especificidades do objeto estudado 
(PATRIOTA, 2005, p.80).
Como afirmado anteriormente, mas nunca é demais lembrar, pois este é um ponto muito 
importante para o pesquisador da área de história, “o referencial teórico mobilizado pelo 
estudioso, na maioria das vezes, inspira possibilidades e pistas, mas é somente no trato com a 
documentação que o diálogo entre historiador e o momento histórico selecionado se viabiliza 
(PATRIOTA, 2005, p.80).
A autora lembra que os embates teóricos e as pesquisas que giram em torno das artes 
em geral e, do teatro em particular, tem contribuído para a recuperação da História Cultural 
do Brasil. Isso é muito relevante, pois a partir das artes é possível reconstituir a história dos 
dominados, que na maioria das vezes não aparece na história “oficial”.
O pesquisador da área de história deve ter em mente que: “O conhecimento histórico é 
uma construção refinada que dialoga com diferentes fontes documentais e discursos pretéritos” 
(DELGADO, 2013, p.371). Depois do Annales, esse diálogo se dá com um gama bastante 
variada de materiais e, sem dúvida, o teatro é uma importante fonte de pesquisa, como afirma 
Lucilia de Almeida Neves Delgado:
14
Unidade: A História e as Manifestações Artísticas: novas fontes
O teatro, em sua diversidade, é simultaneamente objeto de 
pesquisa, narrativa histórica e fonte documental. Nesse sentido, as 
relações do teatro com a História são necessariamente complexas 
e exigem do pesquisador competência para construção de trânsito 
interdisciplinar e sensibilidade para compreensão da narrativa 
teatral em si mesma. Exige também formação capaz de fazer da 
arte teatral um recurso epistemológico possível, na construção de 
abordagens históricas, que possibilitem compreender o tempo, as 
espacialidades e as relações sociais constitutivas da própria História 
(DELGADO, 2013, p.371).
Analisando a obra:
Teatro, História e Política, organizada por Kátia Paranhos, Delgado 
(2013, p.372) afirma que o texto teatral não deve ser visto apenas “como 
documento ou fonte, mas também como elemento constitutivo da própria 
trama da História, uma vez que como fato é também ato”.
Fonte: Wolfgang Glock/Wikimedia Commons
O pesquisador da área de história, ao analisar o teatro, como fonte documental, deve 
“avançar para além do discurso teatral hegemônico e voltar o olhar para discursos teatrais 
não iluminados pela crítica”. Para que essa abordagem seja efetiva é necessário considerar 
“o fenômeno teatral em toda sua amplitude, incorporando análises sobre dramaturgia 
e dramaturgos, experiências cênicas, escrita teatral, gêneros do teatro, relações entre 
escolas de pensamento e práticas teatrais e, finalmente, relação entre teatro e sociedade” 
(DELGADO, 2013, p.372).
No Brasil, vários autores têm afirmado a importância do teatro como fonte documental, 
principalmente em análises referentes ao período da ditadura militar, período este em 
que o teatro foi fonte de resistência, traduzindo as mais variadas formas de luta contra o 
regime ditatorial.
15
História e Cinema
Desde o início da Escola dos Annales, na França, os objetos de 
estudo da História vêm se modificando, exigindo novas fontes 
documentais que deem conta desses novos temas e fazendo com 
que o conceito de documento seja ampliado. (…) nesse processo 
de ampliação das fontes que as imagens, em suas variadas formas 
de apresentação, no caso deste ensaio – os filmes, têm alcançado 
espaço na historiografia recente 
(PINTO, 2004, p.1).
A relação do homem com a imagem é antiga, datando das épocas primitivas, passando pela 
Idade Média e chegando aos tempos atuais. Apesar da existência do Cinema há mais de um 
século, os estudos históricos que partem da produção fílmica são bastante recentes. 
“O pioneirismo destes estudos é atribuído a Marc Ferro, com a École de Ferro que, na 
década de 60, começa a difundir e legitimar o uso do cinema nas academias historiográficas” 
(PINTO, 2004, p.3).
A partir dos estudos de Marc Ferro, ficou evidente que o historiador não pode ficar alheio 
à produção cinematográfica como fonte de pesquisa. 
Luciana Pinto dá exemplos de trabalhos de décadas recentes:
[...] que relacionam imagem-história: a história da imagem; a 
imagem como agente da história; a imagem como testemunho 
(documento) do presente; a imagem como modalidade de discursos 
sobre o passado; a produção de discursos audiovisuais como meio 
de expressão do historiador; a utilização das imagens no ensino 
da história 
(PINTO, 2004, p.3).
A escolha de um filme-documento deve levar em consideração a classificação destes, já 
realizada por historiadores como documentários ou ficção. 
Segundo Michèle Lagny:
Os cines-jornal e os filmes documentários são tradicionalmente 
compostos por montagem de imagens tomadas do mundo real eassemelhadas a outras fontes familiares aos historiadores (textos, da 
imprensa notadamente, fotos, desenhos). As obras de ficção contam 
histórias imaginárias (“o grande filme”): elas supõem a redação de 
um argumento, a encenação de atores com paletó e gravata e um 
ambiente especialmente fabricado, filmagens em estúdio ou em 
locais escolhidos por sua adequação à história contada.
(LAGNY, 2009, p.111).
16
Unidade: A História e as Manifestações Artísticas: novas fontes
Num primeiro momento, os historiadores dão preferência ao documentário, pois parecem 
representar melhor o real; porém, as coisas não são tão simples assim, e os pesquisadores 
já perceberam o valor histórico dos filmes de ficção, pois estes “impõem questões 
contemporâneas, ou mesmo tentam testemunhar diretamente, sobretudo nos períodos de 
crise, para informar, registrar uma memória visual e sonora dos eventos cada vez mais 
regularmente” (LAGNY, 2009, p.112).
Segundo Luciana Pinto, Marc Ferro apresenta duas possibilidades de análise do cinema: 
“como testemunho presente (o filme lido por meio da História) ou como discurso sobre o 
passado (a História lida por meio do cinema). Neste aspecto, o filme é considerado documento 
secundário; naquele, documento primário” (PINTO, 2004, p.5).
Fonte: Cena do filme: “Amistad”, Steven Spielberg; DreamWorks SKG, 1998
De qualquer forma, é preciso lembrar que o filme deve ser tratado como qualquer outro 
documento histórico e, portanto, deve responder às questões postas pelo historiador, bem 
como deve ser situado num determinado contexto.
Contudo, certas dificuldades de uso provêm da metodologia 
histórica propriamente dita, a qual todo historiador está habituado: 
a pesquisa das fontes, a crítica documentária, com o estudo da 
origem e da autenticidade das bandas fílmicas, a colocação 
cronológica e a construção das relações com o contexto, que 
necessitam da pesquisa de fontes escritas complementares .
(LAGNY, 2009, p.116).
Luciana Pinto levanta duas questões fundamentais para análise fílmica:
1. Seleção dos títulos a serem trabalhados, levando em consideração 
o objeto e objetivos da pesquisa.
2. Análise individual de cada filme que é feita baseando-se na sua 
crítica externa que se refere a todos os elementos relacionados 
à cronologia, censura, custos, público, produção, produtores. 
(PINTO, 2004, p.6)
Somente após cumprir essas duas etapas, o historiador deve “passar para a análise do 
conteúdo do filme, que faz parte da crítica interna”. A observação do que está explícito é 
outra fase da análise, mas deve-se procurar, também, “o que está presente implicitamente, 
17
aquilo que os produtores tencionavam passar, mas não o fizeram diretamente; por último, os 
elementos inconscientes existentes no filme” (PINTO, 2004, p.6).
Para que o filme se torne um documento historiográfico, é importante, após cumprir as etapas 
acima, que o historiador compare “o conteúdo apreendido do filme com os conhecimentos 
histórico-sociológico acerca da sociedade que produziu o filme”. 
É importante, também, que o filme que está sendo analisado seja comparado “com outros 
tipos de filme, para então sintetizar os pontos em que o filme reproduz esses conhecimentos 
e, por outro lado, os elementos novos que ele apresenta para a compreensão histórica da 
mesma” (PINTO, 2004, p.6).
A partir do exposto, podemos afirmar que o Cinema é uma fonte documental para a 
pesquisa histórica e deve ser utilizada pelos pesquisadores da área. Entretanto, é preciso 
reconhecer que, “o cinema possui suas limitações e tem sua própria forma de verificação 
que cabe ao historiador se interar (sic), procurando conhecer suas regras para poder melhor 
utilizá-lo” (PINTO, 2004, p.7).
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Unidade: A História e as Manifestações Artísticas: novas fontes
Material Complementar
Vídeos:
E assista aos seguintes vídeos:
https://www.youtube.com/watch?v=V-Cdqp3vrpI;
https://www.youtube.com/watch?v=6nd9VtOUXbU;
https://www.youtube.com/watch?v=cpPeDnDg_mo;
https://www.youtube.com/watch?v=lQxfgAsSliU.
Sites:
Para complementar os conhecimentos adquiridos nesta Unidade, leia os textos 
disponibilizados nos links abaixo:
http://goo.gl/XK6U5C
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/1940;
http://www.historia.uff.br/estadoepoder/6snepc/GT13/GT13-GILBERTO.pdf;
http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/18572.
https://www.youtube.com/watch?v=V-Cdqp3vrpI
https://www.youtube.com/watch?v=6nd9VtOUXbU
https://www.youtube.com/watch?v=cpPeDnDg_mo
https://www.youtube.com/watch?v=lQxfgAsSliU
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/1940
http://www.historia.uff.br/estadoepoder/6snepc/GT13/GT13-GILBERTO.pdf
http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/18572
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Referências
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Horizonte, vol. 29, nº 49, p.371-373, jan/abr, 2013.
GOMES, Maria Letícia; OLIVEIRA, Maria Rita Berto de. História e Literatura. VII Connepi, 
Palmas, out, 2012. Disponível em: http://propi.ifto.edu.br/ocs/index.php/connepi/vii/
paper/view/3757/1266. Acesso em: 13 abr. 2015.
LAGNY, Michèle. O cinema como fonte de história. In: NÓVOA, Jorge, FRESSATO, 
Soleni Biscouto; FEIGELSON, Kristian (orgs.). Cinematógrafo: um olhar sobre a história. 
Salvador: EDUFBA/São Paulo: UNESP, 2009, p.99-131. Disponível em: https://repositorio.
ufba.br/ri/bitstream/ufba/164/1/Cinematografo.pdf, Acesso em: 6 abr. 2015.
MORAES, José Geraldo Vinci de. História e música: canção popular e conhecimento histórico. 
Rev. Bras. Hist. vol. 20, nº 39, São Paulo, 2000. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.
php?pid=S0102-01882000000100009&script=sci_arttext. Acesso em: 6 abr. 2015.
PATRIOTA, Rosangela. A escrita da história do teatro no Brasil: questões temáticas e 
aspectos metodológicos. História, São Paulo, v.24, nº.2, p.79-110, 2005.
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view/6158/3652. Acesso em: 13 abr. 2015.
PINTO, Luciana. O historiador e sua relação com o cinema. Revista Eletrônica O Olho da 
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para a escrita da história. VI Simpósio Nacional Estado e poder: cultura, 2010, São 
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http://propi.ifto.edu.br/ocs/index.php/connepi/vii/paper/view/3757/1266
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https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ufba/164/1/Cinematografo.pdf
https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ufba/164/1/Cinematografo.pdf
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01882000000100009&script=sci_arttext
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http://seer.ufrgs.br/index.php/anos90/article/view/6158/3652
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http://www.oolhodahistoria.ufba.br/artigos/historiadoreocinema.pdf
http://www.oolhodahistoria.ufba.br/artigos/historiadoreocinema.pdf
http://www.historia.uff.br/estadoepoder/6snepc/GT13/GT13-GILBERTO.pdf
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