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CCoooorrddeennaaççããoo PPeeddaaggóóggiiccaa Módulo II Parabéns por participar de um curso dos Cursos 24 Horas. Você está investindo no seu futuro! Esperamos que este seja o começo de um grande sucesso em sua carreira. Desejamos boa sorte e bom estudo! Em caso de dúvidas, contate-nos pelo site www.Cursos24Horas.com.br Atenciosamente Equipe Cursos 24 Horas Sumário Unidade 3 - Relação entre Coordenadores, Diretores e Professores ............................... 3 3.1 - Gestão Pedagógica ................................................................................................................ 4 3.2 - Modelos de Gestão Eficaz .................................................................................................. 19 3.3 - Qual é o Papel do Diretor?.................................................................................................. 22 3.4 - Qual é o Papel do Professor? .............................................................................................. 32 3.5 - Integração entre Diretores, Coordenadores Pedagógicos e Supervisores de Ensino .......... 36 Unidade 4 - Formação, Planejamento e a Escola no Brasil Hoje .................................. 44 4.1 - O Coordenador Pedagógico e a Formação de Professores ................................................. 45 4.2 – Aula de Trabalho Pedagógico Coletivo (ATPC)................................................................ 59 4.3 - O Coordenador e o Treinamento Docente. ......................................................................... 67 4.4 - A Educação no Brasil Hoje................................................................................................. 73 Encerramento.............................................................................................................. 81 Referências Bibliográficas .......................................................................................... 82 3 Unidade 3 - Relação entre Coordenadores, Diretores e Professores Olá aluno. Nesta unidade, veremos o que é o conceito de gestão pedagógica, e alguns modelos de gestão eficientes que podem ser utilizados na sua instituição de ensino. Também estudaremos qual é o papel do professor e do diretor no cotidiano escolar e, no final da unidade, veremos como a equipe de coordenação se integra com o supervisor de ensino, representante da Diretoria de Ensino dentro da escola. Bons estudos. 4 3.1 - Gestão Pedagógica A Gestão Pedagógica é o processo de gerenciamento da escola, assim como dos processos que envolvem a educação como um todo, os quais são aplicados em determinada unidade escolar. Na Gestão Pedagógica são estabelecidos os objetivos da escola, a curto, médio e longo prazo. Este processo está centralizado no Diretor da escola, que tem a responsabilidade de articular as diferentes áreas da escola a fim de estabelecer uma meta que atenda às particularidades daquela instituição. Ele não trabalha sozinho, mas em parceria com o coordenador pedagógico e as demais forças que integram a escola. A definição dos objetivos escolares, tanto no curto, médio ou longo prazo, de acordo com as particularidades dela, significa atender às demandas da comunidade em que a escola está inserida, pois seria ineficiente estabelecer objetivos que não sejam compatíveis com a realidade dos alunos e de toda comunidade escolar. O processo de gestão pedagógica resulta na elaboração do conteúdo curricular, que é um apanhado dos conteúdos que devem ser tratados em cada série, assim como os critérios que deverão ser utilizados nas avaliações dos alunos, dos professores e da própria escola. O Plano Pedagógico é o documento que estabelece como se darão as aulas naquele ano e os objetivos que devem ser alcançados, conforme veremos na sequência do curso. Por enquanto, basta que fique claro para o aluno que o papel do Plano Pedagógico é estabelecer os objetivos da escola de forma clara para todo o corpo escolar, assim como será a orientação passada para os professores, qual será o tipo de treinamento empregado para isso e os critérios para a avaliação das metas estabelecidas. 5 Sistema de Bonificação Salarial Antes de falar da interdisciplinaridade, devemos esclarecer um ponto a respeito de uma política estabelecida por muitos governos estaduais em relação aos professores: o sistema de bonificação salarial. Este sistema bonifica financeiramente os professores cujos alunos tenham tido boas notas em determinadas provas, planejadas e aplicadas por órgãos que trabalham no governo, ou seja, que não estão em contato direto com a escola. Este método possui seus defensores e seus críticos. Os defensores alegam que este é um meio eficiente para valorização dos professores, através de incentivos que os recompensem pelo desempenho positivo de seus alunos. Os críticos acreditam que o professor tem a obrigação de melhorar continuamente o desempenho de seus alunos, ou seja, não deve ser recompensado por algo que já faz parte de seu trabalho. Além disso, o processo de aprendizagem do aluno não é responsabilidade exclusiva do professor, uma vez que há toda uma equipe pedagógica que estrutura como o ensino será realizado, e é neste momento que o coordenador pedagógico, juntamente com toda a equipe de coordenação, entra em ação. Desta forma, dar o bônus ao professor seria atribuir a ele unicamente a tarefa de fazer o aluno aprender o conteúdo. Segundo Fernanda Liberali, em entrevista para a Revista Educação, a política do bônus teria o papel de “desresponsabilizar” a escola e o governo da necessidade de ter professores bem qualificados. Para ela, existe uma cultura de apontar os culpados pelo mau desempenho dos alunos, mas falta a todos assumir a 6 dimensão da responsabilidade coletiva em relação ao ensino. Para Fernanda, “Ninguém tem que ganhar prêmio por ser um bom professor ou um bom aluno – a bonificação vem da vida”. A responsabilização dos professores, única e exclusivamente, ignora outras variáveis que são ligadas diretamente à aprendizagem, como as políticas educacionais adotadas em cada escola, a infraestrutura oferecida, as condições de trabalho às quais os professores estão submetidos, entre outras características. Afinal, por melhor que seja o docente, é inimaginável conseguir transmitir todo o conhecimento adquirido ao longo de sua experiência docente se leciona em uma escola sem carteiras, cuja merenda é precária, onde os alunos precisam caminhar quilômetros para chegar à aula, entre outras situações vistas nos jornais cotidianamente. A maior crítica do sistema de bonificação reside no fato de que ele está focado na figura do professor, enquanto ele é integrante de toda uma equipe pedagógica que trabalha em conjunto com o objetivo de que o aluno aprenda e evolua. A Interdisciplinaridade Neste contexto apresentado no item sobre sistema de bonificação salarial, o coordenador pedagógico assume o papel de coordenar a interdisciplinaridade, ou seja, de integrar os conhecimentos das diferentes matérias, para que o aluno seja capaz de conectar diferentes áreas para saber como aplicá-las na sua vida. Uma vez que a escola é, tradicionalmente, dividida por disciplinas, o coordenador pedagógico se torna o responsável por articular as diferentes áreas do 7 conhecimento, fazendo com que os professorabalhem em conjunto, trocando experiências e sugerindo novas formas de como as matérias podem se relacionar. O principal passo é criar situações de trabalho coletivo, com tempo e espaço para que os professores dialoguem, troquem ideias, planejem, produzam materiais a serem usados em sala de aula e façam a avaliaçãodo trabalho. Segundo Renata Cunha, da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), em entrevista para Revista Escola, a articulação do coordenador pedagógico para integrar as matérias: “significa construir espaços de encontro em que os diferentes pontos de vista possam ser discutidos e negociados a favor de uma escola democrática. A interdisciplinaridade, compreendida como articulação entre disciplinas, só pode ser construída a partir desse diálogo entre professores que se propõe a superar a fragmentação do conhecimento e rever as fronteiras entre as disciplinas.” Um bom começo de trabalho para integrar as disciplinas pode partir do coordenador pedagógico, ele pode apresentar a proposta de um projeto temático que agregue diferentes áreas do conhecimento, vá além das particularidades das disciplinas e reflita questões que são parte do cotidiano dos alunos. O Plano Pedagógico O Plano (ou Projeto) Pedagógico é o planejamento anual realizado todo começo de ano na escola, que reflete a personalidade da escola, direcionando seus trabalhos. É no Plano Pedagógico que estão incluídos os objetivos pedagógicos da escola, que devem ser alcançados tanto pelos professores, quanto por todo corpo escolar. 8 Assim como os objetivos devem ser alcançados por todos os participantes do processo de ensino-aprendizagem, o plano pedagógico não é elaborado apenas pelo diretor ou pelo coordenador pedagógico, antes é fruto de uma parceria entre esses dois profissionais e os professores, onde todos expõem suas ideias de como melhorar o processo de ensino para aquele ano. Para elaboração do projeto pedagógico, os profissionais precisam considerar as regras nas quais as escolas se enquadram naquele estado – lembrando que todas as escolas estão sob a legislação da LDB, de 1996. Um projeto pedagógico, para ser bem sucedido, se baseia em nove princípios básicos: - garantia do acesso e permanência dos alunos, garantindo seu sucesso escolar; - gestão escolar democrática; - valorização dos profissionais da educação, ou seja, de todo corpo escolar; - garantia da qualidade do ensino; - organização e integração curricular; - integração entre a escola, a família e a comunidade do aluno; - autonomia escolar. Estes itens não são aleatórios, eles têm relação uns com os outros, pois quando o aluno tem pais que participam do processo escolar, acompanham as reuniões com os professores e os estudos do filho, há menor probabilidade de evasão escolar e aumenta o rendimento do aluno. 9 Da mesma forma, quando a escola está bem relacionada com a comunidade, em geral, ela oferece uma melhor qualidade de educação aos alunos, além de ser capaz de compreender as particularidades daquela comunidade. Podemos distinguir três fases na elaboração de um projeto pedagógico: diagnóstico, identidade da escola e como serão realizadas as ações propostas. Vamos ver mais detalhadamente cada fase. 1° Diagnóstico Na primeira etapa do planejamento do plano pedagógico, o corpo escolar irá levantar as informações sobre o trabalho que a escola realiza e sobre a opinião do corpo escolar dessas práticas, e o que poderia ser eventualmente melhorado. O grupo reunido para elaboração do plano pedagógico deve realizar um debate sobre a opinião de todos sobre alguns temas, como: - como é a comunidade que frequenta a escola? - qual é o contexto econômico e social em que os alunos estão inseridos? - os pais participam da escola? - a escola está afetando a realidade da comunidade de uma forma positiva? - os professores consideram que os alunos estão adquirindo conhecimento de fato? Nesta etapa também serão levantados os problemas que a escola apresenta. Esses problemas podem ser consequências de uma gestão ruim, falta de recursos ou falta de um planejamento adequado do ano anterior. Ao levantar essas fragilidades, o corpo escolar também pode encontrar soluções em conjunto para os problemas. 10 Devem também ser levantados os aspectos financeiros, ou seja, a verba que a escola dispõe para realizar seus projetos, os aspectos jurídicos aos quais a escola está submetida e qual é a sua autonomia de ação. A respeito da pedagogia, deverá ser analisado qual é o conteúdo e o objetivo de ensino, os processos de avaliação, quais as metodologias a serem aplicadas, a idade média dos alunos de cada série e adequar o plano às necessidades, taxa de evasão, repetência escolar e a valorização dos profissionais da educação. Também devem ser levantados os aspectos administrativos da escola: como é composto o corpo administrativo em termos de pessoal, quais são os recursos materiais disponíveis, qual é o nível de organização da escola e qual é a melhor maneira de investir os recursos disponíveis para melhoria contínua do processo de ensino e aprendizagem. Cada escola adotará uma estratégia específica para realização do diagnóstico, mas podemos sugerir alguns parâmetros úteis, tais como: - quantidade de matrículas nos últimos três anos; - índices de aprovação, reprovação e evasão de acordo com as séries; - situação socioeconômica das famílias dos alunos; - análise do desempenho em provas aplicadas pelo governo federal e estadual, tais como SARESP, SAEB, ENEM (por exemplo, pois essas provas variam entre os estados do Brasil, excluindo-se o ENEM); - análise de estudos sobre a educação básica e média no Brasil; 11 - realização de debates com a comunidade escolar, para um melhor conhecimento da realidade social que cerca a escola, assim como das necessidades específicas daquele contexto. 2° Identidade Depois da realização do diagnóstico, a escola precisa de uma fundamentação que oriente suas atividades. As ações escolares precisam ser guiadas por uma orientação específica, e é preciso que todos os membros do corpo escolar conheçam bem essa teoria, a fim de atingir os objetivos que serão estabelecidos no plano pedagógico. Para estabelecer a identidade da escola, é preciso que o assunto seja discutido com o grupo de trabalho quais são as suas concepções sobre a educação e as metodologias que deverão ser empregadas para que, além de identificar qual orientação guiará os trabalhos, seja possível propor inovações no trabalho escolar. Na discussão sobre a identidade escolar, algumas questões devem ser levantadas, como por exemplo: - Que tipo de escola a sociedade deseja? E que tipo de escola queremos construir? 12 - Que tipo de relação a escola visa estabelecer com a comunidade que participa dela? - Que tipo de cidadão a nossa escola pretende formar? - Qual é a concepção do corpo escolar do que é a educação, currículo escolar e plano pedagógico? - Qual é a missão da escola? - O que entendemos como uma avaliação eficiente? - Que tipo de profissional a escola precisa, e que tipo de profissional queremos nela? A partir das respostas e da discussão que se seguirá à colocação dessas perguntas e outras que os profissionais considerarem relevantes, surgirá o posicionamento da escola, que consequentemente levará a um posicionamento político-pedagógico a ser seguido pelo corpo escolar. Como esse posicionamento será resultado do debate entre todos os membros que participam do processo de ensino, ele unificará o trabalho dentro da escola. 3° Execução A última etapa do plano pedagógico se trata da definição de quais serão as prioridades da escola, como serão executadas as atividades e quem irá realizar cada atividade. Nesta etapa é que será definido como o corpo escolar irá superar os desafios do cotidiano, através das propostas apresentadas no debate das fases anteriores. É preciso também que seja estabelecido um sistema de avaliação pedagógica permanente, pois ela identificaráse a escola está tomando o caminho proposto no plano 13 pedagógico, de acordo com a orientação definida nele. A avaliação pedagógica pode se propor a responder algumas perguntas, conforme sugerimos como parâmetro: - Os desafios propostos foram atendidos? - Que tipo de novos desafios se apresentam? - As ações propostas chegaram a ser concretizadas? - Quais foram os efeitos das ações na comunidade? A elaboração do plano pedagógico pode ser resumido no quadro abaixo: A seguir apresentamos um modelo de proposta pedagógica do Ensino Fundamental: 14 (NOME DO COLÉGIO) PROPOSTA PEDAGÓGICA (modelo - ensino fundamental) A proposta pedagógica do (NOME DO COLÉGIO) leva em conta a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB 9.394/96, a Constituição Brasileira, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o disposto nos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN e Deliberação no. 01/99 do Conselho Estadual de Educação de São Paulo. A metodologia de ensino está baseada na proposta construtivista, ou seja, o objetivo é levar a criança a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo, dos objetivos, das relações, do espaço e através disso, desenvolver a sua capacidade de observar, descobrir e pensar. As atividades são programadas de modo a inserir o conteúdo a ser trabalhado dentro do objetivo a ser alcançado pela escola. O (NOME DO COLÉGIO) adota a metodologia pedagógica socioconstrutivista para o trabalho com os alunos de Ensino Fundamental. No Ensino Fundamental, a proposta pedagógica da Escola privilegia o ensino enquanto construção do conhecimento, o desenvolvimento pleno das potencialidades do aluno e sua inserção no ambiente social utilizando, para isso, os conteúdos curriculares da base nacional comum e os temas transversais, trabalhados em sua contextualização. Ensino Fundamental O Ensino Fundamental deve estar comprometido com a democracia e a cidadania. Nesse sentido, baseados no texto da Constituição de 1988, os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs orientam a escola quanto aos 15 princípios gerais que visam a execução dos seguintes objetivos: - respeito aos direitos humanos e exclusão de qualquer tipo de discriminação, nas relações interpessoais, públicas e privadas; - igualdade de direitos, de forma a garantir a equidade em todos os níveis; - participação como elemento fundamental à democracia; - corresponsabilidade pela vida social como compromisso individual e coletivo. A LDB 9.394/96 tem na cidadania seu eixo orientador e se compromete com valores e conhecimentos que viabilizam a participação efetiva do aluno na vida social; em função disso, são 3 nossas diretrizes de ensino: - posicionamento em relação às questões sociais e visão da tarefa educativa como intervenção intencional no presente; - tratamento de valores como conceitos reais, inseridos no contexto do cotidiano; - inclusão dessas perspectivas no ensino dos diversos conteúdos escolares. A inclusão de temas socioculturais no currículo transcende o âmbito das diversas disciplinas e corresponde aos Temas Transversais, preconizados pelos PCNs pra o Ensino fundamental e que se caracterizam por: - urgência social; - abrangência nacional; 16 - possibilidade de ensino e aprendizagem no Ensino Fundamental; - favorecimento na compreensão da realidade social. Na forma de: - ética; - diversidade cultural; - meio-ambiente; - saúde; - orientação sexual; - trabalho e consumo; - temas locais. Serão agregados, sempre que possível, a temáticas que evidenciem os contextos da comunidade onde Escola está inserida. Objetivos gerais para o aluno - domínio de corpo de conhecimentos acadêmicos; - aquisição de habilidades para a vida de trabalho; - aquisição de capacidade de tomar decisões e posições, a partir de análises; 17 - aquisição de habilidades de síntese e aplicação de conhecimentos; - compreensão e uso de tecnologias; - formação de juízos de valor a partir da vivência no ambiente social; - aquisição de leitura e escrita e uso competente de tais habilidades; - cooperação individual e coletiva em situações particulares, locais e globais; - compreensão de deveres e direitos de cidadania. O currículo escolar valorizará, ainda, as seguintes atividades: - estudos do meio; - eventos cívicos e comemorativos; - viagens de integração e socialização; - visitas a exposições, mostras culturais e eventos. Os alunos contarão com um laboratório de informática cuja finalidade é a obtenção de competências e habilidades no uso do computador como instrumento de estudo, pesquisa e trabalho. Avaliação As práticas de avaliação serão, primordialmente, observacionais, com ênfase na avaliação qualitativa sobre a quantitativa, independentemente do critério de 18 atribuição de notas ou conceitos. Os professores utilizarão fichas individuais de acompanhamento e observação dos alunos, com os itens a serem preenchidos e de acordo com os conteúdos passados, as atitudes tomadas pelos alunos e os procedimentos empregados em sala de aula. (CIDADE), (DIA) de (MÊS), (ANO). ________________________________ Diretor (assinatura e carimbo) Obs.: - rubricar todas as vias e assinar a última, apondo carimbo do Diretor, com o Registro no MEC; - entregar 02 vias originais, juntamente com o Plano Escolar, sendo que uma será devolvida à escola, homologada; Fonte de consulta: http://www.conteudoescola.com.br/projetoproposta-pedagogica/55 19 3.2 - Modelos de Gestão Eficaz Cada coordenador pedagógico precisa definir qual o modelo a ser adotado por ele em sua escola, de acordo com as necessidades dessa. A seguir, apresentaremos quatro modelos de gestão escolar que tiveram êxito em cinco escolas diferentes. A partir destes modelos, o coordenador pedagógico poderá definir qual utilizar em sua unidade escolar, ou até mesmo adaptar um modelo de acordo com as necessidades específicas e os desafios que encontrar. Coordenadores de turno O coordenador pedagógico pode definir alguns professores para atuarem como professores coordenadores, atribuindo a eles algumas tarefas para solucionar, pequenos problemas cotidianos, que geralmente sobrecarregam a função do coordenador pedagógico. Os professores coordenadores podem dar aulas quando um docente não puder ir à escola, podem resolver conflitos entre os alunos e preparar espaços especiais para atividades multidisciplinares. Também pode ser montada toda uma equipe para a execução das tarefas pedagógicas e burocráticas, pois quando uma escola conta com um corpo bem estruturado, isso permite que cada profissional execute sua função sem sobrecarga. 20 É importante que os profissionais possam trabalhar com autonomia para tomar suas próprias decisões. Outra característica fundamental desse modelo é que sejam realizadas reuniões semanais entre professores, coordenadores e diretor, a fim de que discutam os problemas enfrentados e proponham novas alternativas para os desafios do cotidiano. Descentralização da burocracia e da administração Como o próprio título já diz, trata-se de adotar um modelo em que a burocracia e a administração da escola não estejam concentradas em um único profissional, articulando coordenadores e diretores na execução dessas tarefas, a fim de não sobrecarregar esses profissionais. Isso pode ser aplicado através da atribuição de autonomia para vice-diretores, por exemplo, assinarem documentos e tomarem decisões relativas à escola e ao contato com os órgãos oficiais. Neste modelo, as questões burocráticas e administrativas são direcionadas a profissionaisespecíficos, que possuem autonomia para resolver os problemas, sem precisar consultar o diretor em toda e qualquer situação. É importante que a direção da escola supervisione o trabalho, e possua ferramentas para avaliar se o trabalho está sendo executado de forma correta, através de questionários e pesquisas sobre a eficiência dos profissionais encarregados, por exemplo. Descentralização das decisões e das ações Esse modelo também é aplicado através da divisão das atribuições em diferentes profissionais. No caso da EMEF Anísio Teixeira, em São Paulo, as funções da direção 21 são compartilhadas com três coordenadores: existe o coordenador geral, o coordenador administrativo e o coordenador pedagógico. O primeiro tem a função de representar a escola em eventos organizados pela Secretaria de Educação, e também é responsável pelo contato com a comunidade. O coordenador administrativo tem a responsabilidade de coordenar os assuntos relacionados ao caixa da escola e a infraestrutura. O coordenador pedagógico é responsável pela formação de professores e o cumprimento do Plano Pedagógico – veremos a frente no curso como são estruturadas essas funções. Mensalmente, estes três gestores se reúnem com a equipe da escola para fazer o levantamento de como está o andamento das atividades e compartilhar experiências. A vantagem deste modelo é que ele faz com que os profissionais se concentrem em suas atribuições e as executem de forma mais eficiente, impedindo que as atividades sejam emperradas por problemas burocráticos ou de sobrecarga de trabalho. Manutenção de uma relação duradoura entre escola e comunidade Este modelo propõe que a escola esteja em constante contato com a comunidade, a fim de entender quais são suas demandas, seus problemas específicos, e qual é a expectativa dela em relação à escola. Uma boa maneira de fazer isso é estruturar um conselho escolar que conte com a presença de alunos, pais e professores, que se reúna periodicamente, a fim de trocar experiências e dar sugestões para a construção de uma escola melhor. Este conselho pode apontar problemas os quais a equipe de gestão nem sempre consegue visualizar, pois é sempre bom que se tenha uma perspectiva diferente a respeito dos trabalhos que estão sendo executados. 22 Estes modelos podem ser aplicados isoladamente, ou fazendo uso de características de cada um, de acordo com as particularidades da escola. O importante é que o gestor seja capaz de identificar quais são as necessidades da sua unidade escolar e implantar as medidas necessárias para resolver os problemas e melhorar a eficiência da escola. 3.3 - Qual é o Papel do Diretor? O diretor escolar exerce papel fundamental na gestão da escola, pois ele é responsável pela coordenação da escola, pelo planejamento e a decisão sobre as atividades e tarefas realizadas pelos professores e especialistas em sua unidade escolar. É ele que deve ser o principal coordenador da unidade administrativa e da ação supervisora que está sob sua responsabilidade, ou seja, ele é o chefe direto do coordenador pedagógico. Um bom diretor também deve ser responsável na identificação das necessidades e problemas da escola, a fim de ser capaz de propor soluções para os problemas e demandas da escola e da comunidade que a participa. 23 Além disso, os diretores devem desempenhar a função de integrar as pessoas que trabalham em diferentes áreas da escola, além de ser elo de conexão entre a comunidade e a unidade escolar. A ligação formal entre as unidades administrativas dos diferentes níveis hierárquicos é realizada pelo diretor da escola. Em relação à formação, em pesquisa realizada pelo Ibope sobre o cotidiano de mais de 400 diretores escolares de 13 capitais, mostra que a maioria desses profissionais acredita que fez uma boa faculdade, mas que ela não ajudou na preparação para o cotidiano da profissão. O MEC e as Secretarias estaduais de educação oferecem cursos a esses profissionais para que eles possam se especializar; segundo a pesquisa do Ibope, 82% dos entrevistados fizeram algum tipo de curso ligado ao tema de gestão escolar entre 2006 e 2010. Apesar da especialização, 20% dos entrevistados se sentem impotentes diante dos desafios enfrentados pela escola que dirigem. Quem hoje está no cargo busca apoio para exercer melhor a função em programas oferecidos pelas redes de ensino das secretarias da Educação e pelo MEC: 82% declaram ter feito algum curso ligado às práticas de gestão escolar de 2006 para cá - sendo que 59% afirmam ter frequentado até três nesse período (daí percebe-se como é recente a atenção dada a essa área). Apesar disso, 20% ainda se sentem impotentes frente às necessidades e carências da escola que comandam. Existem muitos cursos disponíveis para o diretor se aperfeiçoar, mas o importante é que ele procure um curso com foco pedagógico. Além disso, segundo especialistas, é importante que o diretor tenha experiência como professor, pois ele terá o conhecimento necessário para aplicar as medidas necessárias para atender aos desafios da escola que dirige. 24 O diretor é responsável por toda coordenação da escola, e deve estar sempre atento a todos os aspectos que influenciam a vida escolar. Desta forma, ele poderá elaborar uma visão integradora do que está acontecendo na sua unidade de ensino, e terá ferramentas para intervir no sentido de melhorar as falhas que encontrar. Na pesquisa realizada pelo Ibope foi constatado que as escolas com melhor desempenho foram aquelas em que os diretores eram capazes de gerir até oito áreas de ação em suas atividades: - Área Pedagógica; - Área Administrativa; - Setor Financeiro; - Infraestrutura da escola; - Gestão da Comunidade; - Relacionamento pessoal, tanto com professores como com pais de alunos; - Gestão das avaliações e dos resultados escolares; - Gestão do relacionamento com outras escolas. Isso significa dizer que um bom diretor é aquele capaz de lançar uma visão integradora sobre seu trabalho, reunindo diversas áreas sob sua responsabilidade em um mesmo esforço de eficiência. A visão do diretor de que a escola faz parte de um sistema maior, seja no caso da escola pública - que está inserida dentro do contexto burocrático do governo -, seja da escola privada que, no mínimo, deve corresponder às demandas da comunidade escolar, também é um fator importante que o diretor da escola precisa ter em mente para o desenvolvimento da visão integradora. É preciso que as necessidades 25 dos alunos e da comunidade escolar também sejam consideradas, e que a função do diretor não seja meramente burocrática, para que aconteça a integração entre as diferentes áreas. A visão integradora, ainda que ideal para a boa condução da escola, ainda é uma realidade distante para a maioria das escolas brasileiras. A pesquisa do Ibope mostrou que apenas 13% dos diretores entrevistados consideram que um bom gestor escolar é aquele que dá atenção a todos os ambientes da escola, e apenas 4% dos entrevistados procuram debater com a comunidade questões relacionadas à gestão escolar. A seguir, vamos mostrar um exemplo de como uma visão integradora auxilia na função do diretor, e como ela é capaz de solucionar problemas que muitas vezes parecem difíceis. "Mesmo tendo 19 anos de experiência em sala de aula e seis como diretora, quando assumi o atual cargo, em 2005, me senti perdida. A escola tinha um histórico de violência e alta evasão e muitos alunos com baixo desempenho. Eram tantos os problemas que ações isoladas não iam resolvê-los nem evitar que voltassem a ocorrer. Minha primeira ação foi investir na gestão da comunidade, para trazer melhorias em todas as outras áreas. Mobilizeio conselho escolar para elaborarmos juntos projetos de adequação da infraestrutura, como a construção de um muro. Com o grêmio, montamos um programa em que os alunos mais atuantes vão à casa dos colegas que faltam muito para saber o que está acontecendo. A gestão pedagógica foi beneficiada com essas ações - e com a estruturação de um núcleo de atendimento aos estudantes com dificuldade de aprendizagem. Uma das grandes satisfações que tive foi ver meu trabalho 26 reconhecido ao ser reeleita para o cargo, em abril, com 97% dos votos." Depoimento da Diretora Maria Greoleide Alves, diretora do CAIC Maria Felícia Lopes, em Fortaleza, CE. Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/quatro-segredos-gestao- eficaz-escolar-praticas-eficazes-diretor-508635.shtml?page=2 Para que o diretor seja capaz de desenvolver uma visão integradora de seu trabalho, mostramos abaixo alguns conselhos para que ele seja capaz de elaborar essa perspectiva sobre a realidade da escola que está dirigindo: - Observar o cotidiano escolar, a fim de analisar a relação estabelecida entre alunos, professores e funcionários, estando atento a sinais que demonstrem a existência de algum tipo de problema no ambiente. - Montar um esquema que contenha as oito áreas de atividades do diretor escolar, prevendo as rotinas que deverão ser adotadas para cumprir cada função e o que deve ser feito em relação a cada uma delas. - Questionar constantemente as atitudes que estão sendo tomadas por parte de todo o corpo escolar, a fim de verificar se ele está se mobilizando para cumprir as metas propostas no plano pedagógico. - Construir com toda a equipe o plano pedagógico no início do ano letivo, além de debater o mesmo com os coordenadores pedagógicos e professores ao longo do ano, verificando se as metas estão sendo alcançadas, e quais são os desafios encontrados por esses profissionais para atingir os fins estabelecidos. Se o diretor verificar que existem impedimentos, ele deve sempre procurar novas soluções, em parceria com os profissionais que apresentam dificuldades no alcance das metas. - Pedir ao corpo escolar que liste as atividades que estão executando no seu cotidiano, a fim de levantar problemas que são particulares a cada um e aqueles que 27 atingem um número maior de pessoas, para se poder pensar em novas formas de organização e de trabalho que possam resolver os desafios apontados. Leitura Complementar O que faz e o que pensa o gestor escolar Pesquisa mostrou que esses profissionais ainda se preocupam muito mais com a burocracia que com o pedagógico Cinthia Rodrigues Os diretores de escolas públicas no Brasil trabalham aproximadamente dez horas por dia. Eles têm, em média, 46 anos de idade - e menos de oito no exercício da função. Em seu cotidiano, as prioridades da agenda são cuidar da infraestrutura, conferir a merenda, vigiar o comportamento dos alunos, atender os pais, receber as crianças na porta, participar de reuniões com as secretarias de Educação e providenciar material. Sobra pouco tempo para conversar com professores, prestar atenção nas aulas e buscar a melhoria do ensino, a meta essencial da escola. Essas são as principais conclusões de uma pesquisa inédita realizada pelo Ibope entre maio e junho deste ano, a pedido da Fundação Victor Civita. Foram ouvidos 400 diretores de escolas públicas em Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís e São Paulo. Cada entrevista durou cerca de 50 minutos e abordou desde características pessoais até a relação com as redes de ensino e com as equipes dentro das escolas. Nesta reportagem, você vai conhecer um pouco mais do perfil desses profissionais, com base em sete aspectos: - rotina de trabalho, 28 - formação inicial e continuada, - responsabilidades pedagógicas, - autonomia na função, - relação com as políticas públicas, - perspectivas para a Educação - formas de seleção para o cargo. No dia a dia, os diretores passam muito tempo cuidando de tarefas administrativas - e pouco tempo com questões pedagógicas. Segundo a pesquisa, 90% verificam a produção da merenda todos os dias. O mesmo vale para a supervisão dos serviços de limpeza (84%), o fornecimento de lápis e papel (63%) e a conferência das condições das carteiras (58%). Ainda entre as tarefas que são desempenhadas diariamente, 92% afirmam dedicar tempo para atender pais, 74% para receber os alunos na porta e 89% para observar o relacionamento entre os funcionários e a comunidade. Porém 50% não acompanham as reuniões semanais entre os professores e a coordenação pedagógica. E 25% reconhecem que nunca olham os cadernos dos estudantes para verificar a evolução da aprendizagem. Uma parte dos diretores ouvidos reconhece que tem negligenciado as atividades pedagógicas, mas a maioria aprova a rotina que adota. Para Maria Luiza Alessio, diretora de Fortalecimento Institucional e Gestão da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), o gestor que cuida apenas de administração e infraestrutura esquece que isso só faz sentido quando utilizado como meio para melhorar o desempenho das turmas. "É por isso que à frente de quase todas as unidades há diretores que foram professores e deveriam se lembrar da importância do trabalho de sala de aula", afirma. 29 Formação e responsabilidade Questionados sobre a formação, os diretores apontam uma preocupante contradição: 93% acham que sua primeira formação foi boa ou excelente, mas só 15% consideram que o curso (Pedagogia ou licenciatura numa das disciplinas do Ensino Fundamental) os preparou para o exercício da função de diretor. Ou seja, a faculdade é boa, mas não serve para o que acontece nas escolas... Talvez por isso os cursos específicos de gestão escolar oferecidos pelas redes públicas sejam tão bem avaliados: 89% dos diretores dizem que essas atividades colaboraram muito para a melhoria de seu trabalho. Outra contradição aparece quando os diretores são questionados sobre quem é o responsável pelas notas baixas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Pela ordem, os "culpados" são o governo (48%), a comunidade (16%) e o professor (13%). O aluno, que é vítima do mau ensino, aparece com 9% das citações. Em seguida, vem a escola, com 7%. E o próprio diretor, o que ele tem a ver com o mau desempenho dos estudantes? Só 2% dos consultados acham que têm responsabilidade nisso. Numa visão distorcida, se veem como "importantes para a aprendizagem" (66%), mas não se colocam em cena quando o ensino fracassa. O mesmo vale para a questão da autonomia no dia a dia. Diante de múltiplas 30 opções, 57% afirmaram que, se pudessem ter mais poder na condução da escola, melhorariam as condições do prédio. Outros 53% escolheram mais liberdade para contratar ou demitir professores. E os aspectos pedagógicos simplesmente inexistem, segundo a pesquisa do Ibope. Políticas públicas e a Educação Apesar de culparem o governo pelos maus resultados no Ideb, os diretores reconhecem avanços na política educacional. Questionados sobre os principais avanços nos últimos dez anos, as respostas (espontâneas) mais citadas foram: a oferta de cursos de formação em serviço (30%), o surgimento das avaliações externas (22%), a distribuição de materiais didáticos (22%), a compra de equipamentos (17%) e a criação do Bolsa Família (13%). Graças a isso, os diretores brasileiros têm uma visão razoavelmente otimista sobre a Educação - hoje e, sobretudo, no futuro. Para 13%, a situação atual é boa - 53% opinam que é regular, 24% que é ruim, e 9%, péssima. E como estará o país daqui a dez anos nesse setor? Os gestores preveem um cenário ainda maisanimador: 6% acham que o sistema educacional estará excelente, 58% bom, 24% regular, 5% ruim e 7% péssimo. "A princípio, esses números chegam a causar estranheza, diante de tantos problemas no dia a dia das escolas. Mas provavelmente os diretores fazem comparações com a realidade dos anos 1980 e 1990, quando as escolas recebiam muito menos ferramentas e formação de parte dos governos", acredita Adriana Cancella Duarte, do Departamento Escolar da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). 31 Seleção para o cargo Finalmente, as formas de seleção para ocupar o cargo de diretor escolar também fizeram parte do levantamento encomendado pela Fundação Victor Civita ao Ibope. A eleição para diretor passou a ser (nas cidades pesquisadas) a principal forma de seleção para o cargo: 45% dos ouvidos foram eleitos, ante 25% que fizeram concurso público específico para a função e 21% nomeados ou indicados pelo secretário de Educação. Outros 5% afirmaram que passaram por uma seleção técnica e 4% por sistemas mistos, como um concurso prévio que seleciona aqueles que podem ser nomeados. Em seguida, perguntou-se qual é a melhor forma de contratação de um diretor. E, para 49% dos entrevistados, é a eleição, principalmente porque ela garante o respaldo da comunidade e porque a pressão política é menor. Na opinião de 35%, o caminho deveria ser o concurso público, enquanto a nomeação foi apontada por apenas 5% do total (ou seja, nem mesmo os atuais indicados reconhecem que essa é uma boa forma de escolha). Disponível em http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/faz-pensa- gestor-escolar-507667.shtml 32 3.4 - Qual é o Papel do Professor? Para ser um bom professor, os estudiosos na área apontam que existem seis características fundamentais: 1. Boa formação. Os bons professores, aqueles que realmente são capazes de fazer os alunos aprenderem o conteúdo, são os que não param de estudar. Isso pode ser feito através de um curso de especialização, um curso de mestrado, e até mesmo através da leitura de textos pedagógicos, que atualizem constantemente este profissional sobre a área que ele atua. De acordo com a LDB, para que um professor atue no nível médio e superior, ele deve ter, pelo menos, cursado a faculdade, e para a atuação na educação infantil e nos primeiros anos do ensino básico, a exigência é de que se tenha concluído curso superior de graduação em pedagogia. 2. Incorporar novas tecnologias. O uso de tecnologias é importante, pois isso pode facilitar o entendimento dos alunos em muitas matérias, além de despertar um interesse maior neles. Mas é preciso que o professor não adote nenhum extremo em relação ao uso de ferramentas tecnológicas em suas aulas, o que significa que ele não deve usar indiscriminadamente para toda e qualquer atividade, nem que ele deva recusar-se a fazer uso por não querer aprender a utilizar a ferramenta. 3. Conhecimento de novas didáticas. O bom professor deve constantemente ler e se informar sobre novas didáticas que ele pode aplicar em sala de aula. 4. Desenvolvimento do trabalho em equipe. O professor deve estar acostumado a sempre trocar ideias com seus pares, além de conversar constantemente com o diretor e o coordenador pedagógico sobre seu trabalho, desafios que encontra e soluções que podem ser encontradas através da troca de experiências. 33 5. Planejamento e avaliação. É fundamental que o professor planeje a aula e o conteúdo que ele passará para os alunos o ano inteiro. Além disso, ele precisa encarar a avaliação como um método que pode servir de diagnostico sobre o que os alunos estão conseguindo apreender e, a partir desta constatação, replanejar a aula e talvez a forma como ele leciona. 6. Atitude e postura profissionais. É importante que o professor sempre procure se integrar com seus alunos, a partir do diálogo com eles. Por meio dessa conversa, ele passa a entender melhor o cotidiano dos alunos, e passa a desenvolver novas formas de solucionar problemas que muitas vezes parecem impossíveis. Vemos no depoimento do professor de História Leandro Pereira Matos, um exemplo de como essa atitude pode resolver questões muito difíceis: "Meu primeiro trabalho na rede pública foi com turmas de 6º, 7º e 9º anos e, no início, me senti desanimado. Os alunos eram indisciplinados, não tratavam bem uns aos outros e discutiam bastante. O contexto social em que viviam era difícil e cheguei a questionar se seria mesmo possível ensinar diante dessas circunstâncias. Mas, em vez de desistir, resolvi investigar melhor o porquê da indisciplina - e isso fez toda a diferença no meu trabalho. Percebi que, ao não se sentirem ouvidos, os jovens perdiam o interesse pelas aulas. Era necessário valorizar o que eles sabiam e, sobretudo, respeitar seu cotidiano. Fiz isso, por exemplo, quando discuti a situação dos negros hoje, traçando um paralelo com as questões históricas da escravidão. Ouvi o que pensavam sobre isso: muitos citaram o preconceito como um grande problema vivido por eles. Assim, a aprendizagem do conteúdo começou a fazer sentido e eles passaram a ficar mais atentos às aulas. Ainda assim, se surgia alguma briga, eu deixava claro que, como qualquer outro lugar, a sala de aula também tem normas de convivência. Em vez de impor regras, coloquei o tema em discussão e os atritos diminuíram. O que me fez mudar a postura foi a crença de que todos, independentemente de seu histórico e comportamento, têm a capacidade e o direito de aprender e, 34 por isso, devemos sempre esperar o melhor de cada um. Todo docente deve analisar cada caso, olhar para as dificuldades de convivência, pensar em estratégias para sanar os problemas e criar o melhor ambiente para a aprendizagem. Envolver os pais nesse processo ajuda. Deixo claro para eles que é essencial mostrar aos filhos como se importam com a vida escolar deles. O que ocorre na sala de aula é reflexo da Educação como um todo. Para discutir com colegas sobre como as políticas públicas se afastam ou se aproximam do que o docente precisa, me tornei monitor no Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Essa reflexão deveria se estender a todos nós, professores, os principais interessados, juntamente com os alunos, na melhoria da qualidade do ensino." Fonte de consulta: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/seis- caracteristicas-professor-seculo-21-602329.shtml?page=5 Quando um professor recém-formado se vê diante de uma sala cheia de alunos, ele também se depara com muitos desafios pedagógicos que a faculdade não ensinou como poderiam ser contornados. Ao adquirir experiência, esse profissional desenvolve meios de resolver os problemas que se depara cotidianamente. Parceria entre Professores e Coordenadores Pedagógicos Um grande desafio do coordenador pedagógico é trabalhar o currículo escolar juntamente com os professores, para que não aconteça de duas salas diferentes terem a mesma aula. Para isso, o coordenador pedagógico precisa 35 considerar o projeto pedagógico da escola, assim como as particularidades de seu contexto socioeconômico. Muitas gestões de educação adotam apostilas ou programas fixos a serem seguidos, que nem sempre se adequam à realidade da escola. É função da equipe de coordenação pedagógica organizar o programa, em parceria com os professores, de acordo com o processo de aprendizagem que estes identificam em cada sala e em cada série. Muitos coordenadores cobram que os professores sigam à risca o programa elaborado pelas secretarias, pois deverão prestar contas aos superiores quanto à aplicação do material. Mas esta é uma postura inflexível, que dificulta o trabalho do professor e, de maneira geral, atrapalha o processode aprendizagem. Temos o exemplo da cidade de Iporanga, no Vale do Ribeira. Muitos alunos da escola da cidade vêm de zonas rurais do município, e as classes são multisseriadas, ou seja, a mesma sala tem alunos de séries diferentes. Ainda assim, os professores são obrigados a adotar o sistema de ensino Objetivo. Apesar de declararem que a apostila é boa, ela não está adequada à realidade dos alunos, uma vez que o material pede que os alunos façam pesquisa na internet, e muitas crianças sequer têm energia elétrica em suas casas. De acordo com a situação vivenciada em Iporanga, percebemos que um sistema que pretende homogeneizar o método e a forma de ensino não é capaz de atender a todas as realidades vividas pelas escolas brasileiras, uma vez que, dentro de um estado, existem muitas situações diferentes. O papel da coordenação pedagógica de cada escola é, justamente, trabalhar em parceria com o professor para que eles possam adequar o material didático distribuído pelo governo à realidade da escola. Segundo Fernanda Liberali, em entrevista à Revista Escola, “um sistema apostilado prevê que aquele conteúdo, não importa o contexto, vai dar certo”, mas ressalva que, com a intervenção do docente, sempre é possível fazer a conexão entre a apostila e a realidade dos alunos, ainda que algumas partes tenham que ser deixadas de lado. 36 3.5 - Integração entre Diretores, Coordenadores Pedagógicos e Supervisores de Ensino Fazer com que os alunos aprendam é uma tarefa muito complicada, cheia de variáveis para que seja realizada com sucesso. A qualidade da educação é tradicionalmente atribuída única e exclusivamente ao professor dentro da sala de aula, mas, aos poucos, a sociedade foi percebendo que por trás do trabalho do professor existe um conjunto de pessoas que atua para a melhoria da escola. Sem o apoio da instituição, é impossível que o professor consiga realizar sua tarefa de ensinar de forma satisfatória. A partir dos anos de 1970, em pesquisas nos Estados Unidos e na Inglaterra, ficou comprovado que existem três cargos que influenciam diretamente na qualidade do ensino na escola: o diretor, o coordenador pedagógico e o supervisor de ensino. As funções de cada um desses profissionais é: Diretor - É o responsável pela escola sob o ponto de vista legal, judicial e pedagógico. - É o responsável pelo acompanhamento e controle dos materiais da escola, além de ser responsável pelo fluxo de dinheiro da escola, ou seja, como a verba que recebe é gasta. - Responsável pela articulação entre a escola e a sociedade. 37 - Coordena a implementação de políticas públicas na escola, e garantia da sua manutenção. - É liderança na elaboração do Projeto Pedagógico da escola. - Acompanha o dia a dia do corpo escolar, a fim de verificar se os objetivos estão sendo alcançados, e o que pode ser feito de forma diferente para alcançar os objetivos. - Supervisiona o desenvolvimento dos profissionais sob sua supervisão, como os coordenadores pedagógicos e professores. - Acompanha e supervisiona a evolução da aprendizagem dos alunos. - Em parceria com os coordenadores pedagógicos e professores, o diretor auxilia no desenvolvimento de projetos que possam garantir a interdisciplinaridade e a integração da comunidade externa com a escola. - Faz o cronograma de atividades e o planejamento de como será feita a reunião com os pais dos alunos. - Organização do espaço escolar Coordenador pedagógico - Promove a formação dos professores. - Observa as aulas, para auxiliar os professores no desenvolvimento de suas atividades e, se necessário, para aplicar uma didática mais eficiente; - Supervisiona escola como um todo. 38 - Participa da reunião de pais, juntamente com os professores. - Colabora no Projeto Pedagógico da escola. - Acompanha a implantação do Projeto Pedagógico no dia a dia da escola, verificando se as atividades estão sendo realizadas no sentido de cumprir os objetivos pedagógicos estabelecidos. - Acompanha e analisa o desempenho dos alunos, em parceria com os professores. - Realiza reuniões periódicas com o diretor da unidade escolar para que discutam como está sendo realizado o processo de ensino e aprendizagem, e quais são as medidas que podem ser tomadas para a melhoria desse processo. Supervisor de ensino - É o profissional que trabalha na Diretoria de Ensino e supervisiona um conjunto de escolas da rede de ensino. - Dá suporte pedagógico, técnico e administrativo às escolas. - Responsável por garantir a implementação das políticas públicas vindas do Estado. - Organiza e acompanha a formação dos coordenadores pedagógicos e dos diretores. - Faz estudos e pesquisas sobre a eficiência da escola e, a partir dos resultados, avalia como os índices podem ser melhorados. 39 - Acompanha a execução do Projeto Pedagógico na escola. - Acompanha o cumprimento do calendário letivo da escola. De acordo com a Pesquisa Práticas Comuns à Gestão Escolar Eficaz, realizada pela Fundação Victor Civita, que avaliou a eficiência das gestões escolares de instituições de ensino, comprovou que as melhores escolas são as mais próximas à Secretaria de Educação. A relação se torna mais próxima quanto maior for a atuação do supervisor de ensino na unidade escolar. Ele exerce diversos papéis, mas os mais fundamentais são o monitoramento da implantação e a continuidade das políticas públicas que atingem a escola, acompanhando se a escola está se empenhando para que a política seja efetiva. Além disso, o supervisor de ensino é responsável pela formação dos diretores e coordenadores pedagógicos, além de acompanhar a elaboração e implementação do Plano Pedagógico, orientando os diretores e coordenadores no sentido de facilitar a aplicação do projeto. É importante ressaltar que a relação entre coordenadores, diretores e supervisores não é sempre pacífica e construída com base na colaboração, mas que um problema comum enfrentado pelas escolas é que esses profissionais se colocam em oposição, e isso dificulta o aprimoramento do processo de ensino e aprendizagem. Segundo Helenice Maria Sbrogio Muramoto, professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em entrevista para a Revista Escola: "Muitas vezes, existe um embate entre os profissionais e o trabalho simplesmente não sai: o diretor acha que o supervisor não sabe o que ocorre dentro da escola e rejeita orientação, mas, ao mesmo tempo, demanda providências da Secretaria para fazer uma boa gestão". 40 Para que haja um trabalho conjunto objetivando a melhoraria da qualidade de ensino na escola, é preciso que cada um desses profissionais assuma uma posição em relação ao processo educacional ao mesmo tempo em que aceita trabalhar em conjunto com os outros para fazer a escola ter um trabalho de sucesso. A função de cada um deles, neste processo, é: - Diretor. Ele é o gestor da escola, o líder. Seu papel é gerenciar e promover a articulação dos professores e dos funcionários para que atinjam o objetivo estabelecido no Plano Pedagógico. O diretor é o responsável legal e judicial pela escola, assim como tem a responsabilidade pedagógica pelos resultados obtidos por ela. A ação do diretor se realiza em grupo, afinal ele lida com pessoas durante todo seu trabalho. Para que ele seja capaz de realizar um trabalho de sucesso, é preciso que tenha em mente cinco variáveis básicas para o trabalho em grupo: 1) O grupo precisa ter um objetivo, um propósito, uma causa, e todos os componentes devem aceitá-lo e compreendê-lo. 2) Este grupo precisa realmente desejar alcançar o objetivo proposto 3) O grupo precisa conhecer e compreender quais são e como se dá o exercício da autoridade dentro do grupo escolar.4) Os canais de comunicação devem ser claros e acessíveis a todos. 5) A liderança do grupo precisa descobrir e utilizar ao máximo a capacidade criativa de cada um e envolvê-la no trabalho do grupo todo. - Coordenador Pedagógico. Ele é, primeiramente, parceiro do professor, auxiliando-o na resolução de problemas e na aplicação de diferentes didáticas. Perante o diretor, ele também é responsável pela aprendizagem do aluno, uma vez que forma uma relação de parceria para transformar a unidade escolar em um espaço de aprendizagem. 41 - Supervisor de Ensino. É um funcionário da Diretoria de Ensino, órgão subordinado à Secretaria de Educação, em geral com formação na área, que deve ser o intermediário entre o poder central do Estado e as escolas. Ele deve apoiar diariamente os diretores nas questões do dia a dia, e fornecer as orientações formais para implantação das políticas públicas. O supervisor de ensino também pode fazer a formação dos coordenadores pedagógicos, o que aproxima ainda mais a relação deste com a unidade escolar, além de melhorar a qualidade da escola e garantir que ela conseguirá alcançar os objetivos estabelecidos. Mas como essas funções são realizadas na prática? A seguir, você pode conferir três depoimentos fornecidos em entrevista à Revista Nova Escola, em que uma coordenadora pedagógica, uma supervisora de ensino e uma diretora relatam como é sua experiência profissional, como se dá a integração entre diretores, coordenadores pedagógicos e supervisores de ensino e como lidam com os desafios do dia a dia. Diretora Maria Hélia Oliveira Araújo, diretora da EM José Pereira de Araújo, em Ibitiara, BA "Participar das formações oferecidas pela rede municipal foi fundamental, porque adquirimos muito mais conhecimentos e passamos a enxergar o processo de aprendizagem de outra forma. Antes, o método de ensino se resumia a seguir os livros didáticos. Ninguém fazia plano de aula ou avaliação diagnóstica. Em 2000 a escola tinha 60% de reprovação na primeira série do ensino fundamental. Hoje, o trabalho dos professores é desenvolvido em parceria comigo. Compartilho responsabilidades com eles, em prol da 42 aprendizagem. A avaliação tem sido muito importante para nos ajudar a definir os rumos da escola e para apresentar para a comunidade os resultados que conseguimos como o de zerar a reprovação na primeira série do fundamental. Também recebi formação para lidar com programas e políticas públicas como o Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE) e Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). Estudei questões importantes para o funcionamento da unidade, como a merenda escolar, o que diz a legislação, as novas demandas do MEC, entre outros. Em todo esse trabalho, foi fundamental o apoio da coordenadora pedagógica Solange Alves de Souza, que atende a nossa escola e outras sete na região. Gostaria de ter um coordenador só para a EM José Pereira de Araújo." Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/diretora-supervisora- coordenadora-532035.shtml Coordenadora Pedagógica Flávia Viana de Lima Pignataro, coordenadora da escola EE Professora Noemia Garcia Ciciliato, em Florínea, SP “Sigo de perto o trabalho dos professores e faço o registro de tudo, para compartilhar depois com a direção e com a supervisão. Sempre voltamos aos registros para identificar problemas e encontrar boas soluções. Nas reuniões com a supervisora e a diretora, todos participam com análises e sugestões porque o conhecimento não está só nas mãos de uma pessoa. Cada um pode ajudar um pouco. E o interessante é que a diretora não fica só na parte administrativa da escola, nem a supervisora só na fiscalização. Todas as semanas, eu me reúno com a supervisora por pelo menos quatro horas para contar como estão as coisas na escola e receber orientações. Cada ponto fraco do ensino é rediscutido, como pontuação, paragrafação... Assim, as dificuldades dos alunos não ficam para trás e a alfabetização é bem sucedida. 43 Até os professores se sentem mais amparados, pois sabem que não estão sozinhos e que o compromisso da educação de qualidade não é só deles.” Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/diretora-supervisora- coordenadora-532035.shtml Supervisora de Ensino Elianeth Dias Kanthack Hernandez, supervisora da diretoria de ensino de Assis, SP "Na rede paulista de ensino nós, supervisores, somos formadores de formadores. Precisamos entender os modos de aprendizagem daqueles que ensinam. Temos de entender de didática, do currículo escolar e das novas concepções de aprendizagem em diferentes áreas. Atuamos na rotina de acompanhamento das escolas e na proposição de políticas públicas. Somos o complemento possível, não um órgão de fiscalização. Eu tenho um plano de ação, com o cronograma de trabalho do ano. Claro que esse plano é flexível e muda conforme as necessidades das quatro escolas sob minha responsabilidade. Priorizo aquelas com mais dificuldades. Faço acompanhamento, gestão de currículo, avaliação e formação. Uma das minhas principais ações é acompanhar os resultados de avaliações externas e dar significado a eles. Com os resultados em mãos reúno as gestoras da escola e discuto quais expectativas elas tinham e de quais deram conta. A nota não é o final de um processo e, sim, o início dele. É assim que montamos ou refazemos planejamentos, criamos turmas de recuperação, aperfeiçoamos as práticas. As equipes escolares têm clareza que o aluno só aprende quando o ensino é de qualidade. Por isso, todos estão sempre estudando. Promovemos reuniões semanais com os coordenadores pedagógicos, das quais participam também coordenadores de oficinas pedagógicas da Diretoria de Ensino da Secretaria. O objetivo é atender às demandas por conteúdos específicos feitas pelos 44 coordenadores e, também, acompanhar as escolas com baixos índices no SARESP. O foco dos encontros está na construção do saber e nas metodologias de aprendizagem. O coordenador deve ser um especialista da didática, para dar apoio aos professores. Por isso, ele precisa entender as modalidades organizativas dos conteúdos e quais são as boas situações de aprendizagem. Durante as reuniões de formação os coordenadores também participam de oficinas pedagógicas voltadas para temas como leitura e escrita, programas de leitura na contemporaneidade e matemática básica. Os professores da rede de São Paulo recebem a formação dos coordenadores pedagógicos, dentro das escolas. Tudo acontece no mesmo movimento. Toda a formação da rede está integrada no projeto "Rede aprende com a Rede” da Secretaria.". Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/diretora-supervisora- coordenadora-532035.shtml Unidade 4 - Formação, Planejamento e a Escola no Brasil Hoje Olá aluno(a)! Nesta unidade, você verá como o coordenador pedagógico faz a formação contínua de professores, e quais são os critérios que ele deve adotar nesse processo. 45 Veremos também o que é a Aula de Trabalho Pedagógico Coletivo, a ATPC, quais são os erros mais cometidos nestes encontros e como o coordenador pedagógico pode evitá-los. No final, será mostrado um panorama sobre a situação atual da educação no Brasil hoje. Bons estudos. 4.1 - O Coordenador Pedagógico e a Formação de Professores A formação continuada de professores é um processo liderado pelo coordenador pedagógico que visa melhorar os conhecimentos dos professores, a fim de que eles estejam sempre estudando para poderem ser educadores melhores. 46 A melhor formação é aquela realizada dentro da escola, pois o coordenador pedagógico está em contato direto com o professor e pode orientá-lo melhor emrelação aos problemas específicos que este enfrenta dentro da sala de aula. Os especialistas em formação continuada indicam que precisam ser atendidos cinco requisitos para que este processo traga resultados efetivos para o processo de ensino-aprendizagem: Tempo As reuniões devem ter duração predefinida, suficiente para que os conteúdos programados pelo coordenador pedagógico sejam transmitidos e para que haja um debate entre os docentes a respeito das teorias que estão sendo estudadas. Segundo os estudiosos no assunto, é preciso que haja encontros de pelo menos três horas semanais. Muitas escolas estipulam por si o mínimo de horas dos encontros de formação. Organização A rotina do coordenador pedagógico deve priorizar a organização das reuniões de formação dos professores, as atividades que ele utiliza para avaliação do trabalho dos professores como observação da sala de aula, registro das práticas dos docentes, assim como a escolha da referência teórica que deverá orientar o encontro de formação. 47 Como o cotidiano de trabalho do coordenador pedagógico não permite que ele se dedique exclusivamente à formação de professores, ele deve ser capaz de se organizar para conciliar esta atividade com as demais, como a resolução de problemas de indisciplina dos alunos e questões burocráticas. Conhecimento O coordenador pedagógico, como qualquer profissional, que visa transmitir conhecimento, deve estar estudando constantemente novas didáticas e as teorias que estão guiando o debate atual sobre a prática pedagógica, a fim de poder passar esse conhecimento para os professores. Para ilustrar como um coordenador pedagógico pode adquirir conhecimento de várias formas diferentes, vamos apresentar o depoimento da coordenadora pedagógica Paula Bogajo, da EMEF Prof. Antônio Adelino Marques da Silva, em Jundiaí, SP: "Comecei a trabalhar como coordenadora em 2000, quando fui selecionada com outras professoras da rede estadual de São Paulo para fazer parte do Programa de Formação de Professores Alfabetizadores (Profa). Durante cinco anos, tive a oportunidade de trocar experiências com educadores de todo o estado. Paralelamente, a secretaria de Educação disponibilizou consultores da Universidade de São Paulo (USP) que nos capacitavam em didáticas específicas. Foi quando me tornei uma formadora de professores. Mantive alguns hábitos que tinha como docente, como registrar a evolução da aprendizagem das crianças, e desenvolvi as estratégias específicas, como a tematização da prática. Compro livros, 48 entro em sites, participo de seminários e faço parte de grupos de estudo para me aprofundar no processo de alfabetização e nas dificuldades específicas dos professores. Duas horas por semana, recebo formação da secretaria da rede e, sempre que posso, visito outras escolas para trocar experiências com os colegas. Guardo registros escritos dos professores, fitas de vídeo com aulas gravadas e produções de alunos. Quando tenho uma pausa, releio esses materiais, alguns inclusive da época em que era professora, e reflito sobre como evoluiu meu conhecimento e minhas concepções. Essa é uma atividade prazerosa e prova que sou capaz de mudar sempre". Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/coordenador- pedagogico/formacao-continuada-escola-professores-horario-trabalho-coletivo- aprimoramento-profissional-capacitacao-544829.shtml?page=3 Tato pedagógico Para que o coordenador possa estabelecer uma boa relação com todo o corpo escolar, não exclusivamente com os professores, é preciso que ele desenvolva três habilidades: saber ouvir, ser capaz de se comunicar com clareza e respeito, e saber se relacionar. Através dessas habilidades é que ele será capaz de construir uma relação de confiança e respeito entre todos os membros do corpo escolar. Transformação em prática É a habilidade do coordenador pedagógico despertar no professor a vontade de repensar o 49 método que ele vem aplicando e refletir sobre se esta é a melhor maneira de fazer o aluno aprender. Se ele perceber que existe uma maneira melhor de transmitir seus conhecimentos, ele transformará sua prática de aula, o que muitas vezes se traduz em uma melhoria do processo de ensino e aprendizagem. A coordenadora pedagógica da Educação para Jovens e Adultos – EJA – do colégio Santa Cruz, em São Paulo, conseguiu transformar a prática dos professores através do estimulo à reflexão deles de como os alunos do EJA deveriam ter outra forma de serem ensinados. Colocamos o depoimento da coordenadora a seguir para que o aluno perceba como a mudança da didática é necessária em muitas situações, e como a reflexão sobre como melhorar a aula pode ser estimulada. "Por causa da heterogeneidade de idades e de nível de conhecimento dos alunos, é um grande desafio dar aula na Educação de Jovens e Adultos - e um maior ainda ser coordenadora pedagógica desse segmento. Assumi essa tarefa há dez anos, no Colégio Santa Cruz, na capital paulista. A principal dificuldade que os professores enfrentam é descobrir como aproveitar os conhecimentos prévios que os alunos trazem. Isso é muito comum, por exemplo, em Matemática. Os estudantes sabem fazer cálculo mental, porém não têm conhecimento sistemático dessa estratégia. Não adianta o professor seguir os mesmos procedimentos de ensino usados com as crianças. Faço intervenções para que os docentes compreendam o raciocínio dos alunos e como eles aprendem e levem isso em consideração na hora de planejar. Essa reflexão é sempre acompanhada de indicações teóricas para que eles conceitualizem tudo o que fazem. Como é grande o risco de os professores 'infantilizarem' as atividades, acompanho com olhar atento algumas aulas e pelo menos uma vez por semana fazemos reuniões - além do atendimento individual, também semanal. A parte mais 50 gratificante é perceber a alegria do professor ao constatar como um aluno que ele acreditava incapaz de aprender deslancha quando ele muda o jeito de ensinar." Helena Meirelles é coordenadora pedagógica de EJA do Colégio Santa Cruz, em São Paulo, SP. Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/coordenador- pedagogico/formacao-continuada-escola-professores-horario-trabalho-coletivo- aprimoramento-profissional-capacitacao-544829.shtml?page=5 A Prática da Formação Continuada nas Escolas – Recursos e Métodos 1. Recursos Apresentamos abaixo o resultado da pesquisa realizada como coordenadores pedagógicos feita pela Fundação Victor Civita, no que se refere à formação dos professores: FOCO DA APRENDIZAGEM Aprendizagem e desempenho do aluno 71% Conhecimentos didáticos 63% Teorias e fundamentos do ensino 58% Problemas de disciplina 43% Promoção do bem-estar pessoal dos professores 34% 51 Em seguida, a pesquisa levantou quais seriam os métodos mais utilizados para a formação de professores, e qual seria a duração média dos encontros. 52 Fonte: http://www.fvc.org.br/pdf/coordenador-apresentacao.pdf Conforme percebemos, o método mais utilizado na formação de professores são os grupos de discussão com todos os professores, e o tempo médio de duração dos encontros é mais de duas horas. Durante as discussões, são utilizados diversos recursos a fim de melhorar a formação dos professores. De acordo com a pesquisa, os recursos mais utilizados durante os encontros são: Recurso Utilizado Porcentagem (%) Textos teóricos xerocados 91 Vídeos 86 Revistas especializadas em educação 84 Dinâmicas em grupo 82 Livros 80 Recursos de áudio ou músicas 73 Textos literários 71 Apresentações em Power Point 69 Slides em retroprojetor40 Outros recursos 7 2. Métodos 53 Em relação ao método que o coordenador pedagógico pode utilizar nos encontros de formação continuada, ele tem duas opções: a dupla conceitualização e a tematização da prática. Veremos a seguir como podem ser realizados estes dois métodos, e qual é o objetivo na sua utilização. Dupla Conceitualização Este é um método que permite que o professor aprenda a respeito do objeto de ensino e a respeito das didáticas possíveis para ensiná-lo ao mesmo tempo. O processo da dupla conceitualização se dá em duas etapas: na primeira, o professor é colocado no lugar do aluno, para que ele experimente o processo de aprendizagem de outra perspectiva. Dessa forma, o docente é capaz de identificar os conhecimentos que são apresentados e quais são os procedimentos que devem ser aplicados para que os alunos apreendam o conteúdo. Por exemplo, se o coordenador pedagógico propõe ao professor uma atividade relacionada à aprendizagem da escrita, este pode observar que procedimentos como o planejamento e revisão textual são essenciais para construir um texto. Dessa forma, o professor sabe o que deve ser enfatizado para o aluno. Na segunda etapa, o coordenador pedagógico irá mostrar ao professor maneiras diferentes de ensinar. Como a atividade se dá em grupo, os docentes irão debater sobre as condições que possuem para ensinar, como foi feito o planejamento da aula e formulam hipóteses sobre como esse processo poderia ser melhorado. A partir da discussão em grupo, os professores chegarão a um resultado comum, em que estarão habilitados a construir um plano de aula adequado em relação à perspectiva adotada na reunião de formação. 54 Embora essa abordagem seja mais utilizada nas disciplinas de matemática e português, este é um método que pode ser empregado em qualquer matéria, desde que o trabalho do coordenador pedagógico pressuponha a reflexão do professor sobre o método de ensino, ou seja, da transformação da prática, conforme vimos no curso. Tematização da Prática Para poder refletir sobre a prática do professor e ajudá-lo a se aperfeiçoar, o coordenador pedagógico precisa ter domínio das particularidades das disciplinas, ou seja, ele também precisa estudar e se atualizar em encontros de formação. Uma das estratégias mais usadas é a tematização da prática, uma atividade de teorização que é um verdadeiro mergulho nas situações de ensino e aprendizagem para melhor compreendê-las. Isso significa colher material da aula e estudá-lo em conjunto com os professores. O coordenador pedagógico pode fazer uso dos relatórios de aula, por exemplo, mas esses registros sempre passam por uma visão parcial de quem os escreveu. O ideal seria que o coordenador pudesse trabalhar com um material que não passasse por essa visão subjetiva do docente, que está envolvido no processo; isso pode ser feito através de uma gravação em vídeo da aula, por exemplo. É importante ressaltar que o professor deve ser consultado antes de ter seu material utilizado em uma reunião de formação, pois ele tem que concordar com a utilização dos documentos que produziu. O coordenador deve realizar um esforço para não criar uma situação que pareça puramente crítica à atitude do professor, mas seja 55 uma ação afirmativa, que aponta eventuais erros para melhorá-los. E o benefício não é apenas do professor que tem seu material trabalhado, mas é de todos os que participam da reunião, pois eles aprendem novas formas de lidar com os desafios diários da sala de aula. O registro em vídeo é considerado o que tem melhor potencial para ser trabalhado como formação dos professores, uma vez que tira o caráter interpretativo da visão que o professor tem sobre a aula. Se uma proposta pedagógica não funciona, por exemplo, o vídeo é uma boa forma de apontar isso, pois alguns detalhes podem ser despercebidos na perspectiva do professor. A partir da percepção das eventuais falhas didáticas, na reunião de formação podem ser propostas novas formas de se trabalhar os conteúdos, a partir de experiências de outros professores e de sugestões vindas do coordenador pedagógico. Desafios da Formação Continuada Segundo a Professora Dra. Bernadete Gatti, os coordenadores pedagógicos enfrentam oito desafios quanto à formação dos professores. Vamos ver a seguir quais são estes desafios e como o coordenador pode contorná-los. 1) Enfatizar o sentido sócio-cultural do conhecimento - Os professores não consideram da devida maneira a relevância do contexto social e cultural dos alunos, e do sentido social dos conhecimentos aplicados à vida escolar. Muitos docentes ignoram o papel da escola dentro da sociedade, e o fato de que seus alunos não representam uma classe homogênea, mas são pessoas que vêm de contextos socioeconômicos diferenciados, ou seja, de classes, de religiões e valores muito diferenciados entre si. 56 - Para solucionar este problema, o corpo escolar como um todo deveria adquirir noções de antropologia cultural e de sociologia, e observar como estes conceitos se refletem no cotidiano da escola. Desta forma, eles poderiam entender melhor as particularidades de cada grupo com os quais têm que lidar, e como podem construir uma relação de entendimento e respeito com pessoas que não compartilham do mesmo valor que eles. 2) Definir um perfil profissional claro - Antes de o professor entrar na escola, não há uma identidade profissional formada. Essa identidade surge no exercício do magistério, não é anterior a ele. Dessa forma, torna-se fundamental que seja passado para o aluno de pedagogia ou que faz licenciatura qual é a realidade da escola, para que ele possa se preparar da melhor maneira possível para o exercício de sua profissão. Assim, o futuro professor passa a ter uma noção concreta da realidade que encontrará em sala de aula. - As faculdades de pedagogia deveriam discutir mais em seus currículos a questão da realidade da escola brasileira, pois o ato de dar aula não é algo tão simples como parece a muitos: o docente precisa dominar o conteúdo que vai passar, mas, além disso, ele precisa ter boa formação pedagógica para saber lidar com a sala. 3) Formar formadores de professores - Não existem muitas informações sobre quem são as pessoas que formam os formadores de professores. Não é claro nem qual é a formação específica para se trabalhar com isso. O problema se apresenta na forma de que muitos desses formadores jamais entraram na sala de aula – ainda que tenham estudado teorias pedagógicas por toda a sua vida. Assim, a formação dos formadores sempre será deficiente, pois a experiência em sala de aula é insubstituível. 57 - Para contornar esta questão, é preciso que os formadores de professores se certifiquem da formação daquele que irá ser o seu formador, o que significa conhecer sua linha de estudo e seu histórico como docente. 4) Integrar as áreas de conteúdo - Tradicionalmente, o conhecimento é fragmentado desde a formação do professor, as diferentes disciplinas não se integram. Existe uma enorme dificuldade de unir teoria e prática, o que acaba dificultando o entendimento dos alunos. - Para solucionar este problema, é interessante aplicar a multidisciplinaridade aos projetos escolares, conforme vimos no curso. 5) Criação de uma carreira alternativa - A carreira de professor é desvalorizada em dois sentidos: no plano social, onde a profissão é desvalorizada, e na esfera econômica, onde os valores médios de salário de professores não atendem à demanda da maior parte dos segmentos sociais. Desta forma, o professor é incentivado a procurar outras carreiras, ou para complementar seu salário, ou para trocar de profissão. São poucos os lugares no Brasil onde o salário e a carreira de professor
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