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CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA Conteúdo: Ramon Alberto Cunha de Faria Pablo Rojas Coordenador F224c Faria, Ramon Alberto Cunha de. Contabilidade tributária [recurso eletrônico] / Ramon Alberto Cunha de Faria coordenação: Pablo Rojas. – Porto Alegre : SAGAH, 2016. Editado como livro impresso em 2016. ISBN 978-85-69726-12-8 1. Contabilidade tributária. 2. Tributação. I. Título. CDU 657:336.221 Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 © SAGAH EDUCAÇÃO S.A., 2016 Colaboraram nesta edição: Coordenador técnico: Pablo Rojas Capa e projeto gráfico: Equipe SAGAH Imagem da capa: Shutterstock Editoração: Kaka Silocchi Reservados todos os direitos de publicação à SAGAH EDUCAÇÃO S.A., uma empresa do GRUPO A EDUCAÇÃO S.A Av. Jerônimo de Ornelas, 670 - Santana 90040-340 - Porto Alegre, RS Fone: (51) 3027-7000 Fax: (51) 3027-7070 É proibida a duplicação deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, gravação, fotocópia, distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da empresa. 32 INTRODUÇÃO Conhecendo os princípios constitucionais tributários dará embasamento para que se apure devidamente os tributos, até mesmo, será como um guia norteador para quem aplica diariamente as leis tributárias, são esses os pilares do direito tributário. Sempre que houver conflitos na seara tributária, teremos que nos apoiar e sopesar nos princípios constitucionais tributários. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Ao final desta unidade você deve apresentar os seguintes aprendizados: • Identificar alguns dos principais aspectos dos princípios constitucionais tributários, afim de aplica-los as normas de direito tributário; • Através das aplicações dos princípios tributários, ter um embasamento para que se conheça a veracidade do pagamento de um tributo; • Compreender os conceitos devidos princípios, para a obtenção de um entendimento aprimorada da legislação tributária. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS O sistema tributário brasileiro é um dos mais complexos do mundo, pois nossa Constituição Federal não se limitou a dissertar sobre os tributos em seus artigos. Trata-se da Constituição de um pais onde traz relevantes matérias da área tributária como nenhum outro país já fez. Trazendo à sociedade todas as garantias e deveres no momento da geração e do pagamento de um determinado tributo. Pois como se sabe, a maior fonte de riqueza do governo brasileiro, vem dos tributos, fazendo com que se tenha um controle mais rígido, como assim o fez a Constituição Federal de 1.988. A Lei Complementar nº 5.172/1966 é quem estabelece o Código Tributário Nacional, dando diretrizes à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a competência e limitações de se criar tributos para cada um desses órgãos. 33 Temos então por base essa lei como o conjunto de normas que regulamentam o Sistema Tributário Brasileiro. Ao qual traz em seu teor normas e regras que regulamentam a ordem do poder estatal de poder se criar um tributo e até mesmo o impedindo de se ir além, como no caso de se aumentar um tributo sem que a Lei assim o estabeleça. Cada tributo que é criado obedece a princípios, aos quais o legislador estará sempre atento para que não corrompa a Constituição Federal e não ultrapasse o limite de confiscar o contribuinte com o uso indevido dos tributos. Os princípios são guias norteadores para limitação de tributar da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Fazendo seguir uma correta aplicação do uso do tributo como fonte gerada licita de tributos. Não permitindo que nossos representantes venham a usar o tributo em benefício de causa própria e também interferir erroneamente na economia do país, pois sabemos que o Governo no atual estado democrático de direito exige como fonte máxima de riqueza os tributos, pois sem eles o país não conseguiria arcar com seus gastos. Como bem demonstra nosso PIB – que representa 35,95% da fonte de riqueza do país hoje, de acordo com matéria publicada no jornal “Globo”. Citarei aqui alguns dos mais importantes princípios que o legislador devera obedecer no momento de se criar ou até mesmo aumentar um tributo, aos quais são: • Princípio da Capacidade Contributiva: Princípio este que determina que cada contribuinte irá contribuir com tributos de acordo com sua capacidade financeira e econômica, sem que com isso infira no confisco fazendo com que o contribuinte seja prejudicado com a onerosidade do tributo, afetando seu patrimônio e fazendo com que se perca seu poder aquisitivo e até mesmo o prejudique em seus negócios. Vemos que este princípio veio a nortear a alíquota do tributo, a sua base de cálculo e até mesmo o valor que o fisco impõe em suas multas, que por vezes são absurdamente inviáveis. • Princípio da anterioridade ou retroatividade: Determina que determinados tributos não possam ser criados com efeito retroativo, ou seja, não pode se criar imposto ou até mesmo aumentó-lo fazendo valer em data anterior ao de 34 sua publicação, e nem mesmo ser instituído de imediato, causando surpresa desagradável a seu custo patrimonial. Este desagradavel princípio veio a limitar que nossos governantes não nos surpreendam com aumento e criação de tributos e façam com que custos dos produtos se elevem repentinamente, sem um devido planejamento tributário. • Princípio da seletividade: Deve-se ter em mente o legislador que o tributo será gradual, sua alíquota será proporcional à necessidade de uso, como é o caso de tributos que incidam sobre energia elétrica, que é de grande necessidade para a população, devendo então ser aplicada a menor alíquota. Porém em dias atuais não é o que vemos – o ICMS sobre Energia Elétrica sofre sua maior alíquota que é de 25% - ferindo totalmente este princípio. Para fácil compreensão deste princípio, entendamos o seguinte quando mais necessário o bem, menor a alíquota, e quanto mais supérfluo maior será sua alíquota, como é o caso de brinquedos, perfumes, e artigos de luxos. Sabemos que na prática este princípio é o menos aplicado, porém não podemos esquecer que este assunto quem trata é nossa carta magna, e incorrer erroneamente nisso é desacatar nossa constituição, devendo o legislador readequar a lei em seus devidos parâmetros. • Princípio do não confisco: O fiscal não poderá usar o tributo como uma punição ao contribuinte, sob pena de estar cometendo abuso de autoridade, e inviabilidade da economia do país, fazendo com que se trave a atividade financeira de determinada entidade e essa venha até por vezes falir ou se endividar com o montante do valor injusto imposto. Não Confisco: É um Ato pelo qual o fisco tributa o contribuinte de um modo oneroso e ilegal, maior do que se pode contribuir, afetando diretamente seu patrimônio, e fazendo com que o tributo se reverta num mal desnecessário, como é o caso de multas que podem chegar até 200% do valor do imposto devido. DICA 35 • Princípio da não cumulatividade: Principio este que tributaristas consideram como um dos mais importantes, pois fazem com que impostos não tenham efeitos em cascata, ou seja, não deixa que se tenha uma alta carga tributária em produtos e serviços, tributando-os excessivamente. Seria injusto para as empresas, contribuintes e nós cidadãos se as empresas que comprassem das industrias e não pudessem se creditar dos impostos na compra dos produtos e serviços, gerando assim uma altíssima carga tributária. Essa sistemática de crédito (na entrada do produto) e (débito na saída do produto) faz com que se torne justo a tributação dos impostos sobre consumo, tais como o ICMS, IPI, PIS e COFINS. Analisando está sistemática, vemos que o princípio da não cumulatividade nos resguarda da tributação em cascata e um aumento excessivo e expressivo da carga tributária. • Princípio da legalidade estrita: Exigir ou aumentar tributo sem que a lei o estabeleça. • Princípio da irretroatividade: Norteiaque não se poderá criar ou aumentar tributos fazendo valer em períodos anteriores ao da publicação da lei. • Princípio da anterioridade nonagésimal: O imposto que tem por base períodos anuais ou trimestrais, não poderão ser majorados ou criados no mesmo exercício, e se o forem terá de obedecer o prazo de noventa dias, desde que dentro deste prazo não recaia para o ano seguinte. • Princípio da Isonomia: Faz com que contribuintes em situações iguais sofram tributação de maneiras diferentes. Este princípio faz valer o direito constitucional (em matéria tributária) de que todos serão iguais perante a lei. • Princípio da uniformidade geográfica – A tributação da União Federal não poderá criar desigualdades e até mesmo distorções entre seus entes federativos, (Estados, e nem mesmo os estados com os municípios, como vemos hoje, nas chamadas guerras fiscais). • Princípio da competência tributária: Cada ente federativo, como a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não poderão invadir a área de outro ente federado, cada um tem sua competência de se criar tributo sem interferir no âmbito de outro. Se assim o fizessem (como hoje o fazem) veríamos estados criando leis de ICMS diferentemente de outro estado, 36 fazendo distorcer a legislação tributária. Vemos hoje estados criando benefícios fiscais para atrair mais empresas, porém estes estados que criam benefícios ilegais, sem o consentimento dos demais, fazem com que outros percam oportunidades de investimento. • Princípio da tipologia tributária: Os impostos e as taxas não podem incidir sobre a mesma incidência e a mesma base de cálculo, são esses fatores que os distinguem. Se assim não o fosse seriam inconstitucionais um dos devidos tributos. • Princípio da liberdade de tráfego: É vedado aos Estados coibir e estabelecer limitações ao direito de ir e vir de pessoas e bens por meio de tributos, ressalvados o direito de se cobrar pedágios, pela utilização e conservação de vias públicas. Direito constitucional de ir e vir. • Princípio da transparência dos impostos: Um dos pilares da democracia é a transparência das informações para a sociedade em geral, e não estaria fora deste parâmetro a apresentação do gerenciamento dos tributos pelos nossos governantes. Dando a nós a visão de como está sendo gerenciado nosso patrimônio. Infelizmente no Brasil esta lei somente veio tardiamente, em meados do ano de 2013, mas em si já é um enorme avanço. • Princípio das Imunidades tributarias: É vedado a União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituírem impostos sobre: Templos de qualquer culto; Livros, jornais e periódicos; Patrimônio, renda ou serviços, um dos outros; Partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos, sempre obedecendo as normas e regras estabelecidas em nossa Constituição Federal de 1988. Como vemos o Sistema Tributário Nacional não iria prosperar sem os devidos princípios constitucionais expostos acima. Pois sem eles nossos governantes poderiam criar e majorar tributos a regalia, prejudicando excessivamente o bolso da população brasileira e até mesmo limitando o poder da iniciativa privada. Estes princípios vêm resguardar nossos direitos e deveres para com o fisco e demais órgãos reguladores de cobrança e fiscalização dos tributos. Dando competência e limitações aos governantes no momento de se criar e aumentar tributos. 37 Quando uma temática tributária sobe ao judiciário, quer pela falta de regulamentação, ou pela má interpretação da legislação, nossos Juízes, sempre apontam os princípios constitucionais tributários para fazerem uma ponderação em seus julgamentos. REFERÊNCIAS ATALIBA, G. Hipótese de incidência tributária. 5.ed. São Paulo: Malheiros, 1997. ÁVILA, H. Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos princípios jurídicos. 13.ed., revista e ampliada. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 85-141. BORGES, H. B. Planejamento tributário: IPI, ICMS, ISS e IR. 6.ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2001. BRASIL. Código Tributário Nacional: Lei nº 5.172/1966, legislação complementar. 17.ed. São Paulo: Atlas, 1987. CARRAZZA, R. A. Curso de direito constitucional tributário. 19.ed. 2 Tiragem. São Paulo: Malheiros, 2003.
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