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Erros Inatos do Metabolismo DEFINIÇÃO → “Doenças causadas por defeitos genéticos que afetam o funcionamento normal de proteínas envolvidas em reações químicas que ocorrem como parte de um processo contínuo de degradação e renovação de moléculas necessárias ao funcionamento do organismo” → Praticamente qualquer deficiência enzimática pode constituir em tese um erro inato do metabolismo → Definição vaga, e que abre para que qualquer defeito em uma enzima é um erro inato do metabolismo. Com isso qualquer enzima do mapa metabólico pode gerar um erro inato do metabolismo e é isso que acontece mesmo, só que alguns são tão raros e a gente nunca viu, as vezes não consegue fazer o diagnóstico de uma certa deficiência, detectar qual é o problema em questão → Os erros inatos foram descritos há muito tempo, no início do século passado pelo Archibald E. Garrod, em 1908. Ele descreveu 4 erros inatos do metabolismo → Descreveu a alcaptonúria, doença que cursa com um pigmentação com cor de ferro na pele e nas escleras. A pentosúria e cistinúria, que são a presença de pentoses na urina, e o albinismo, de fácil diagnóstico e que consiste na deficiência de formação de melanina → De modo clássico e generalizado temos as enzimas sendo produzidas por genes. Então a alteração genética pode ser detectada por um método diagnostico qualquer, e essa enzima ela realiza uma reação bioquímica. O propósito da existência de enzima é exatamente facilitar uma reação bioquímica, ela só aumenta a velocidade → Uma enzima não consegue tornar uma reação de delta g positiva. Ela não consegue tornar essa reação de para delta g negativa, então uma vez sendo uma reação delta g negativo você consegue aumentar muito a velocidade dessa reação, e é o que as enzimas fazem. Claro que a falta dessa enzima vai gerar problemas bem óbvios, que é o aumento do substrato e a diminuição, ou a falta do produto → Nos erros inatos do metabolismo temos uma fração de aproximadamente 10% do que conhecemos de doença genética, mas curiosamente a maior parte das doenças genéticas tratáveis são erros inatos do metabolismo, então apesar de ser uma fração relativamente pequena é uma fração muito importante em função de algumas serem tratáveis → Os erros inatos, são via de regra doenças recessivas. Um heredograma relativamente limpo nas gerações anteriores e quando você Amanda Barreiros – Medicina Ufes repete uma pessoa afetada na família ela é irmã ou irmão de um membro afetado. Isso ocorre pois os pais no caso são heterozigotos para uma característica qualquer, e cada filho tem portanto 25% de chance de herdar de ambos os lados essa variante sem efeito, sem função, e as duas copias juntas geram uma situação em que aquele individuo não tem capacidade enzimática nenhuma pra realizar aquela reação bioquímica, então ele tem um erro inato do metabolismo. São doenças que os pais não relatam ter muito na família → O heredograma pequeno a direita é diferente, com várias gerações afetadas, mas sempre são homens, erro inato do metabolismo em que o gene está no cromossomo “X”. Nesse caso em particular você acaba vendo mais membros afetados pois só precisa de uma cópia ruim nos homens para serem afetados. Então as mães são no caso portadoras e elas passam eventualmente, 50% de chance, de passar o defeito para o filho e esse filho então é afetado, e 50% de chance de passar para as filhas, e as filhas assim como as mães seriam portadoras com 50% de chance de passar para o filho homem então que seria afetado. O filho homem pode também passar, pois ele passa sempre o “Y” para o filho. Heredograma com mais pessoas afetadas e que lembra de uma doença autossômica dominante, mas percebendo que sempre o homem é afetado é uma doença ligada ao x recessiva. COMPREHENSIVE CARRIER SCREEN → Hoje temos testes que possibilitam diagnosticar se o casal tem alguma possibilidade de ter filho com alguma doença autossômica recessiva, não só um erro inato ao metabolismo, mas outras doença também. Teste não é tão caro e tem uma utilidade grande quando se pretende ter filhos. Muitos casais com algum grau de parentesco querem um aconselhamento genético e saber qual o risco, e o único jeito é fazendo um teste chamado Comprehensive Carrier Screen, teste de portador, completo. Mas não é útil apenas pra quem é casado com parente, é útil pra todo mundo, pois o teste pega cerca 300 doenças autossômicas recessivas e começa a gerar probabilidades. Se ambos os pais são portadores para algum defeito em algum desses 300 genes, você tem a probabilidade de 25% de juntar as duas copias problemáticas num filho, é um teste que dá uma resposta bem buscada pra quem quer ter filho, que é a probabilidade de ter um filho com uma doença autossômica recessiva → Os erros inatos do metabolismo não tem uma frequência alta na população, individualmente são sempre doenças raras → Individualmente estão em menor frequência que 1 caso em 1538, que é a definição de doença rara. Mas somando todos os erros inatos do metabolismo acabam ultrapassando e não caindo mais na definição de doença rara. Então somente quando somados todos juntos ÁREAS DO METABOLISMO → Qualquer área do metabolismo pode ser afetada → A da B-oxidação de ácidos graxos , teria um fenótipo, uma clínica relacionada ao metabolismo energético, uma criança hipotônica, “molinha”, não tem força, geralmente é um erro inato do metabolismo relacionado a oxidação de ácidos graxos. EIM relacionados aos lisossomos, no caso temos as mucopolissacaridoses, são praticamente todas enzimas lisossomais. EI relacionados aos peroxissomos, como a doença do óleo de Lorenzo, com acúmulo de ácidos graxos de cadeias muito longas nos peroxissomos CONCENTRAÇÃO ÉTNICA → Existe uma certa distribuição étnica dos erros inatos, em função um pouco de populações fechadas ainda como os judeus, crenças religiosas, devido a isso uma frequência aumenta de Tay-Sachs e de Gaucher na população dos judeus. Os franco-canadenses têm um aumento de Tirosinemia Hepatorrenal. Os Amish, que é uma pulação americana que não acredita em tecnologia, vivem ainda usar luz elétrica, celular, nada, vivem em ambiente rural, sem nenhuma tecnologia, eles tem um aumento de da doença Urina do Xarope do Bordo, ou Mapple Syrup. Os Sul-africanos caucasóides têm um aumento de porfiria variegata, e os Turcos tem um aumento de Fenilcetonúria. Existe então uma distribuição étnica dessas doenças → Se juntar todos os erros inatos do metabolismo a chance é de 1 em 800 nascimentos, equivalente a frequência de Síndrome de down numa mãe jovem, por volta dos seus 28/30 anos. Pois isso varia muito, em função daquele efeito materno, que vai aumentado a ponto que acima dos 40 anos a chance de ter um filho com Síndrome de down já é cerca de 1 em 50. EIM: HETEROGENEIDADE CLÍNICA → Apresentam heterogeneidade clinica muito grande, característica marcante dos erros inatos. Não é um diagnóstico que você vai ver um paciente e vai ter facilidade já em diagnosticar o segundo, pois as manifestações variam muito. Inclusive, dependendo de que tipo de metabolismo foi afetado, se é uma doença peroxissimal, se é metabolismo de ácidos graxos, se é mitocôndria, o fenótipo, a clínica vai variar muito → Gravidade varia muito, faz parte dessa heterogeneidade, pode ser mais branda ou mais grave e a fase da vida que a doença se apresenta também varia muito. Algumas se apresentam logo ao nascimento e alguns erros inatos que só na adolescência que aparecem em toda sua magnitude → Como a doença evolui também varia. Vemos em via de regra que as doenças que afetam moléculas pequenas geralmente causam toxicidade e o quadro se estabelece meio que de repente, de um dia para o outro a criança piora. Quando é um EIM relacionado a moléculas maiores, como as mucopolissacaridoses, os casos já evoluem gradualmente,cronicamente, criança vai piorando, ganhando aquele abdome por causa de esplenomegalia, a faces vai ficando cada vez mais infiltrada DADOS QUE PODEM SUGERIR UM EIM → Quais seriam as observações que você como médico faria num paciente, ou num caso, que te fariam pensar num erro inato do metabolismo → História de morte precoce em crianças na família, sem que uma causa tivesse sido definida → Não é incomum o paciente te relatar coisas que marcaram a memória dele, nessa primeira fase → “meu primo teve um bebê, que era perfeito e morreu de repente, sem nenhum indício, sem nenhuma clínica” – esse não é um relato tão incomum, e pode-se tratar de um EIM → Consanguinidade entre os pais, já que essas doenças são geralmente autossômicas recessivas. O casamento consanguíneo é um indicativo da possibilidade do filho ter um problema pois os pais são ambos portadores → Encefalopatia inexplicável que pode ocorrer em qualquer idade e de forma recorrente (algumas vezes pode ser intermitente). Seria o caso em que a mãe relata que o filho as vezes tá bem, e as vezes perde a consciência, não te responde, fica sem uma boa noção do que está acontecendo, e depois melhora, volta a ficar normal. E depois passa um tempo e piora de novo. Essas encefalopatias recorrentes provavelmente indicam uma intoxicação por moléculas pequenas. Acontecem rapidamente, o cérebro fica intoxicado, torporoso, e diminui o nível sanguíneo da molécula e ele melhora, piora, até piorar definitivamente → Episódios de hipoglicemia, acidose metabólica e desequilíbrio hidroeletrolítico – uma enzima sem função acaba gerando uma reação em cadeia de tentativa de recuperar ou de diminuir os níveis de substrato acumulado. Então são reações secundarias e terciarias que geram essas situações → Regressão neurológica e retardo mental - intoxicação neuronal por moléculas pequenas, acontece relativamente rápido, de um dia ou semana para outra, caso de fenilcetonúria por ex, na qual aumenta o nível de substrato não convertido, e chega uma hora que isso intoxica o cérebro e a criança começa a apresentar um retardo mental. Atravessou uma linha tênue entre o que é tóxico e o que não é, e a situação se agrava muito rapidamente → Hepatomegalia e/ou esplenomegalia - não acontece rapidamente, ocorre cronicamente, e está mais relacionado com as mucopolissacaridoses, EI de enzimas lisossomais. Lisossomos hepáticos é muito desenvolvido para metabolismo, a falta de uma enzima dessas acaba gerando uma hepatomegalia compensatória e a criança vai aumentando o volume abdominal devido a hepatomegalia → Déficit de crescimento e/ou alterações ósteo-articulares – também são comuns → Criança com mucopolissacaridose – torporosa, letárgica, abdome distendido, não é obesa. Braços e pernas finas, hepatoesplenomegalia, rosto quadrado – faces toscas, faces infiltradas, mucopolissacarídeo infiltrando o rosto dela, olhar meio de “peixe morto” o que gera a dúvida se tem algum acometimento cerebral → Se fizer terapia de reposição enzimática consegue viver normalmente, expectativa boa → Outra situação: criança com caso de hipotonia. Sensação de ser uma criança molinha, fica sem nada contraído. Essas hipotonias são geralmente EIM → Alterações osteoarticulares INVESTIGAÇÃO DE ERROS INATOS DO METABOLISMO → Parte de uma suspeita clínica, pais trazem a você algo que os preocupam, e você vai tentar investigar da melhor forma possível. Segue a partir de uma suspeita clínica para testes de triagem, para saber se existe alguma esfera do metabolismo que você consiga detectar alguma alteração. Testes bem abrangentes e que vão tentar detectar qualquer área do metabolismo que possa ter uma alteração TESTES DE TRIAGEM → Não são muito específicos, tentativa de aumentar a sensibilidade. Realiza algumas baterias de testes, tanto de sangue como de urina para tentar começar a se posicionar com relação se realmente é um erro inato e sendo um erro inato qual a área do metabolismo que esta afetada → Vai dirigir a investigação para uma área mais especifica se encontrar algo alterado e o resultado positivo vai gerar outros testes pra definir qual é exatamente a enzima em questão. → Ex: teste que indica o acúmulo de glicose na urina. Quando tem muita glicose na urina o teste fica amarelado, e sem glicose o teste fica azulado → Alguns testes implicam eletroforese de proteína tanto da urina, quanto do sangue. Ver se está perdendo proteína na urina, vai investigar se está com alguma infecção renal, algo que justifique essa proteinúria. Eliminado isso começa a pensar em hipóteses mais complexas → Análise de aminoácidos no sangue, vê os níveis de tirosina e fenilalanina. Fenilalanina muito alta no sangue, tirosina relativamente baixa indicando que provavelmente tem fenilcetonúria. → Dentre os testes que você pede sempre há necessidade de comparar com indivíduos normais ou indivíduos controle. Por exemplo, teste sorológico, em que ocorre alguma reação bioquímica em que você testa se existe enzima. De maneira genérica, você pode pegar uma reação, você compra o kit, você tem o substrato e você adiciona o soro do paciente para ver se o substrato é convertido em algum produto. Com os grupos controle que vem no kit você vê a reação ou a quantidade por horas, ou por 4 horas, de conversão → Esta entre 120 e 470. Os pacientes normais tem esse tipo de velocidade de conversão, ai você começa a ver seus pacientes com suspeita, heterozigotos aqui. Vamos imaginar que esse fosse um erro inato ligado ao x. As mães seriam heterozigotas e teriam esse tipo de resultado no seu teste. E os seus pacientes não teriam nenhuma função enzimática, não conseguem converter o produto. É um teste que já te daria o resultado, fala a enzima “x, y, z” no meu paciente, então o diagnóstico está dado. → Testes moleculares de sequenciamento de determinados genes, caso sua suspeita se confirme vai mostrar mutações especificas, em posições específicas, e também são testes viáveis para erros inatos CLASSIFICAÇÃO DOS EIM → Pode ser feita em 3 grandes grupos → O primeiro grupo são as doenças que comentei que causam intoxicação, são geralmente moléculas pequenas e que uma vez passando de um limite de sensibilidade neuronal o quadro se instala bem rapidamente. Grupo das crianças irritadas, incomodadas com algo → O segundo grupo é o do metabolismo energético, grupo das crianças hipotônicas, moles que não sustentam o pescoço, não sustenta a cabeça, não fica sentada → Terceiro grupo é o de acumulo de moléculas complexas, criança com abdome distendido e a fácies tosca, geralmente são as doenças que falta alguma enzima lisossomal que acaba acumulando moléculas complexas → Do primeiro grupo da irritabilidade das moléculas pequenas temos a doença da urina do xarope do bordo (DXB). Aqui temos acumulo de aminoácidos de cadeia ramificada no sangue. Então é a leucina, isoleucina e a valina. São crianças letárgicas, tem dificuldade de mamar, tem hipotonia do tronco, hipertonia dos membros e o odor da urina é o que dá o nome da doença, é uma urina que tem cheiro desse xarope. → Doenças do metabolismo energético são aquelas da criança mole, não tem firmeza, na idade de sentar a criança não senta. Criança hipotônica, não cresce bem. Geralmente tem uma cardiomiopatia, pois o musculo cardíaco é afetado, vem a óbito por infarto normalmente. Falta força muscula falta energia e ocorre morte súbita. Criança que você ouve o relato de que era normal, mas nem era tão normal assim, era hipotônica, e acaba vindo a óbito de repente → O terceiro grupo envolve acúmulo de moléculas complexas, no qual observa hepatoesplenomegalia e deformidades osteoarticulares → Criança infiltrada, esplenomegalia em formação, infiltraçãona córnea de moléculas grandes – catarata infantil. Deformidades articulares e ósseas. Ossos do tórax e mão deformados PARA QUE SERVE O DIAGNÓSTICO? → Para tratar, alguns casos tem tratamento. Outros para fazer aconselhamento genético, aconselhamento do casal, hoje já se pode fazer seleção de embrião. Aconselhar os pais sobre o risco de terem outro filho com a doença → Das 5000 doenças 500 são erros inatos e 40% delas tem chance de tratamento e intervenção → Das 5000 doenças genéticas , 500 são EIM, e 40% deles tem algum tipo de tratamento ou intervenção → História da fenilcetonúria é bastante ilustrativa de como a medicina evoluía lentamente. A primeira descrição da fenilcetonúria foi pelo Folling, em 1934. Observou que alguns pacientes dele apresentavam deficiência mental e uma urina escura, que era o ácido fenilpirúvico na urina. Só em 47 que o Jervis descreveu que faltava a fenilalanina hidroxilase, enzima que converte a fenilalanina em tirosina. Ambos os pais tem uma cópia boa e uma ruim e o filho herda as duas cópias ruins. Demorou mais 7 anos para que alguém fizesse a proposta de tentar tratar com uma restrição em fenilalanina. Bickel em 53 lançou um alimento em pó para afetados, que era uma dieta pobre em fenilalanina, para tentar reverter os efeitos maléficos desse erro inato. E o que ele observou foi que quando o quadro já estava estabelecido não adianta, o paciente apresentava uma leve melhora e voltava a piorar. Tinha que começar a tratar antes do quadro se estabelecer. Demorou mais 10 anos para Guthrie estabelecer uma triagem neonatal para fenilcetonúria, que seria a primeira versão do teste do pezinho, estabelecida em 1963, então ai se iniciaria uma dieta com restrição de fenilalanina nos bebês que apresentassem deficiência de fenilalanina hidroxilase. De 34 para 63 temos 30 anos para descrição da doença e uma proposta viável de diagnóstico e tratamento. ADRENOLEUCODISTROFIA → Doença do filme óleo de Lorenzo → Clínica: retardo mental, vai deteriorando neurologicamente, com convulsão também etc → Não tem tratamento até hoje ALCAPTONÚRIA → Acumula ácido homogentísico e esse ácido acaba sendo convertido perifericamente em benxoquinonas, que dão uma coloração que se parece um ferro brilhante na pele e na esclera → Uma doença que também não tem tratamento. Tratam com altas doses de ácido ascórbico, o que melhora um pouco, mas depois piora rapidamente DOENÇA DE GAUCHER → Mucopolissacaridose → Há terapia de reposição enzimática → Causa hepatoesplenomegalia e depois com a terapia melhora muito → Tratamento é a Cerezyme → Empresa Genzyme é uma empresa de Boston que se dedicou a doenças raras, em especial a de deposito lisossomal, então mucopolissacaridose tipo I → A grande sacada dessa empresa, além de produzir essas enzimas, foi entender que que essas enzimas estão dentro do lisossomo hepático, onde essas reações acontecem. Então não adianta você dar em via oral e também não adianta você dar endovenosamente, pois a enzima iria para o sangue, e você deve criar uma forma dela ir para o local onde exerce sua função, que é dentro do lisossomo. A localização das proteínas, não só das enzimas, dentro ou fora da célula, é definida por sinais de localização. Então existe o sinal de localização nuclear, as enzimas com aquele sinal são localizadas dentro do núcleo, de localização mitocondrial. Sem sinal nenhum são sempre exportadas, vão ali pelo retículo endoplasmático, Golgi, que acaba se fundindo com a membrana citoplasmática e caindo no meio extracelular. E existe também o sinal de localização lisossomal, que é uma manose-6-fosfato, que é adicionada depois do término da proteína. O que essa empresa fez foi produzir a enzima e conjugar com uma manose-6-fosfato. Uma vez fazendo isso é surpreendente como mesmo injetando essa enzima no sangue periférico ela vai parar dentro dos lisossomos das células. Inclusive, em especial dos hepatócitos, pois a célula tem mecanismos ativos de relocalizar proteínas perdidas, para evitar ter de produzir proteína nova toda hora. Essa relocalização é feita por meio de receptores, que circulam pela célula inteira, inclusive fora da célula. Então receptor de manose-6-fosfato circula pela membrana celular, com exposição do exterior da célula, e uma vez ele encontrando no meio extracelular a manose- 6-fosfato, que indica que aquela proteína deveria estar no lisossomo, o receptor então internaliza aquela proteína, coloca dentro do lisossomo. Uma coisa fantástica que esses pacientes recebem a enzima no sangue periférico e a enzima vai parar dentro dos lisossomos hepáticos e o tratamento é muito eficiente DOENÇAS CARDIOVASCULARES E HEMATOLÓGICAS → Porfiria aguda intermitente – doença que acomete muito mulheres, com uma dor abdominal muito intensa, por acumulo de alfa fibrinogênio e sensibilidade neuronal → Alfa e beta talassemia que são distúrbios na formação da hemoglobina, causando anemia nas duas → As trombofilias, fator V Leiden, afeta muito mulheres, especialmente as que tomam anticoncepcionais, aumento do risco para episódios de tromboembolismo → Hemofilia A e B, que são distúrbios de sangramento, e ambas são doenças ligadas ao X recessiva, então os homens são acometidos e as mulheres são portadoras → Hemocromatose que é uma doença de acúmulo de ferro, as mulheres são menos afetadas, pois a mulher já menstrua todo mês, então ela diminui a sobrecarga de ferro, já que perde ferro na menstruação → Síndromes com dismorfologia → Síndrome Di George, deleção no cromossomo 22, no braço longo, causando mal formações, inclusive cardíacas, com tetralogia de falo → Alagille é uma síndrome que tem malformação de ductos hepáticos biliares → Brugada que é uma síndrome de morte súbita → Teleangiectasia hemorrágica hereditária, má formação de vasculares, de vasos → Síndrome de Holt-Oram, deformidade dos ossos do carpo e malformação cardíacas → Síndrome de Leopard, cada letra dessa síndrome é uma característica dela. Perda de função de um gene da via do Has → Síndrome de Noonan, é o mesmo gene, só que é ganho de função, ai o fenótipo é bem diferente, mas também tem malformação cardíaca → Síndrome de Williams também é uma deleção grande PORFIRIA AGUDA INTERMITENTE → Síndrome que acomete muito mulheres, e causa dor abdominal intensa e sensibilidade neuronal. Dor tão forte que muitos pacientes são internados com suspeita de apendicite e não tem nada. → Dor neurológica por sensibilidade → Com o acumulo do alfa fibrinogênio você tem uma sensibilidade neuronal que acaba gerando essa sensação de que tem algo muito errado, apendicite, etc → Essa crise acontece, a crise de dor está associada com uma crise meio generalizada. Você observa durante o momento de dor que a urina do paciente fica muito escura → A urina do paciente fica muito escura no momento da crise e é o momento que se você tiver a oportunidade de estar com o paciente na hora da crise, é o momento ideal para fazer um exame de urina e sangue nele. Pois, fora da crise não se tem essa urina escura → E você vai observar também o aumento de ácido deltaaminolevulínico e porfibrinogênio na hora da crise → O que se pode fazer de melhor pelo paciente é tentar descobrir junto dele quais são os gatilhos da crise por que o paciente vai conseguir identificar que tem alguma coisa que desencadeia isso. Por exemplo sabe se que o cigarro, a bebida, infecções, alguns medicamentos, tudo isso pode gerar crise. Então você vai tentar que o paciente evite se expor aquele medicamento, fuma, beba. É a maneira de ajudar o paciente a não ter aqueles episódios de dor tão intensa → O diagnóstico molecularseria o sequenciamento do gene HMBS e a urina do paciente no momento da crise → Gene HMBS. → Proteína: porfobilinogênio deaminase. Clínica: fraqueza, início após a puberdade, ataques agudos de dor abdominal muscular, neuropatia, histeria, ansiedade. Carcinoma hepatocelular. Sem achados cutâneos. → Lab: (durante ataque): urina: aumento de ALA (ácido deltaaminolevulínico) e porfobilinogênio. ALFA E BETA TALASSEMIAS → Distúrbios na formação de hemoglobina, a grande diferença é que para a hemoglobina alfa nós temos dois genes que produzem hemoglobina alfa, portanto cada gene tem 2 alelos, possibilidade de 4 alelos diferentes de hemoglobina alfa. Enquanto para hemoglobina beta só temos um gene. → Como temos 2 genes para hemoglobina alfa, alfa 1 e alfa 2, se você perde 1 alelo de 1 dos genes você tem o estado de portadora assintomático, que praticamente não tem sintoma nenhum. Se você perde 2 dos alelos, dois dos 4 você apresenta o traço talassêmico que também não tem sintoma, mas no exame de sangue você observa uma anemia microcistica e hipocrômica, clinica semelhante a talassemia beta minor. Se você perde 3 dos 4 alelos você tem a chamada doença da hemoglobina H, já é uma doença com anemia franca, anemia hemolítica, esplenomegalia, alterações esqueléticas decorrentes de eritropoiese aumentada, clinica semelhante a talassemia beta intermediaria → A quarta possibilidade é perder todos os 4 alelos. É uma possibilidade incompatível com a vida por que a hemoglobina alfa participa de todas as formas de hemoglobina. Então perdendo todos os 4 alelos o feto vem a óbito, a chamada hemoglobina Bart/Hidropsia fetal. → O diagnostico pode ser feito por eletroforese de hemoglobinas e pode-se pedir o diagnostico molecular, deleções são causas comuns, 90% dos casos são deleções e 10% de mutações. A hemoglobina A1 é formada de 2 cadeias alfa e 2 cadeias beta; a HBA2 2 cadeias alfa e 2 cadeias delta; HbF (fetal) 2 cadeias alfa e 2 cadeias gama. Então 2 cadeias alfa participam de todas hemoglobinas, sem nenhuma possibilidade de produzir alfa não tem como. Agora se você não produz nenhuma cadeia beta você joga sua hemoglobina para A2 e fetal. Muda um pouco a afinidade com oxigênio , muda a dinâmica toda, gera problemas, mas você consegue sobreviver → Cenário de pais com o traço talassemico. Notem que tem duas formas de você perder 2 alelos. Pode perder 2 alelos em trans, 1 em cada cromossomo. Ou você perdeu 2 alelos em cis, os dois no mesmo cromossomo. A única forma de você gerar um feto sem nenhuma hemoglobina alfa é se os pais tiverem a perda em cis de 2 alelos cada um . e no cenário de 25% de chance do filho herdar exatamente os dois alelos ruins do pai em cis e os dois ruins da mãe, você gera a hemoglobina bart TALASSEMIA BETA → É semelhante, mas não é tão grave, e não temos dois genes para hemoglobina beta, você só pode perder um ou os dois alelo. Se você perde um você tem o chamado traço beta-talassemico e se você perde os dois tem a chamada talassemia clássica ou anemia mediterrânea de Cooley. Na situação que você perde os dois alelos que você joga sua hemoglobina pra alfa 2 e fetal → O teste seria também dosagem de hemoglobina, veria uma anemia microcística no exame de sangue comum e na eletroforese redução de hemoglobina beta. Pode se sequenciar mutações também, vai observar que não há formação de cadeia beta. Caso em que o paciente sobrevive, mesmo tendo anemia mediterrânea de cooley, mas eventualmente precisa-se fazer transfusões e ai acaba gerando uma sobrecarga de ferro e você tem que tratar também por quelação de ferro no caso do paciente estar em sobrecarga. Sem tratamento o paciente vive até a década dos 30 anos, com tratamento 50 → Anemia pelo bloqueio da síntese de cadeia beta, gera uma série de problemas com o aumento das outras hemoglobinas, com eritropoiese equivocada e hemólise, esplenomegalia, gerando uma necessidade de transfusão por sobrecarga de ferro e necessidade de quelar ferro também TROMBOFILIAS – FATOR V LEIDEN → Entre as trombofilias, são 3 as mais clássicas. Então o fator V Leiden → Fator V Leiden é o mais comum → É um fator de coagulação → Situação de maior coagubilidade, portanto, maior tendência a trombose → Pacientes que tem que tomar muito cuidado com cirurgias, no pós operatório tem que ser muito bem anticoagulado. E as mulheres tem que tomar muito cuidado ao tomarem anticoncepcional, pois o anticoncepcional por si já aumenta o risco de trombose e associado a uma trombofilia aumenta centenas de vezes o risco de trombose → Clínica é o aumento do risco de tromboembolismo, mas não é incomum pacientes procurarem uma clínica de fertilização, obstetra, pois não conseguem engravidar e a questão é justamente uma trombofilia → Elas não engravidam devido a episódios de microtrombose do endométrio geram uma perda precoce do embrião → Tratando essas pacientes com medicamentos anticoagulantes, diminuindo o risco de trombose essas pacientes conseguem engravidar e ter a criança normalmente → Começa dando heparina e termina no final da gravidez dando aspirina HEMOFILIA A → São distúrbios de sangramento e aqui temos um problema na cascata de coagulação. No caso da hemofilia a é o fator VIII e na hemofilia B o fator 9 IX. Ambos são ligados ao X, portanto o homem é afetado e a mulher é portadora. → A clínica desses pacientes são hemartrose, especialmente nas articulações maiores que suportam mais peso mais lesão então em especial o joelho , mas também sangramento intracraniano, hematomas profundos, sangramento prolongado no pós-operatório, sangramento nasal, especialmente em climas mais secos, climas de deserto, aqui no Brasil seria Brasília e em EUA seria na área mais de deserto, Califórnia, Las Vegas. Mas, via de regra pode sangrar em qualquer situação, de esforço físico, especialmente joelho. → São pacientes que tem que tratar com muito cuidado e são paciente que sempre tem que viajar carregando com sigo o concentrado do fator VIII ou IX, pois se passarem mal podem tomar o concentrado , inoculam via intramuscular e resolvem o problema. → Então a hemofilia A e a B você tem 3 possibilidades e isso com relação a tempo de tromboplastina parcial ativada . a severa você tem o nível abaixo de 1% do normal. A moderada você tem de 1 a 5% do normal e a leve você tem de 5 a 35% sendo normal. Na hemofilia B isso passa a 5 a 30%, diferença muito sutil entre uma e outra, praticamente a mesma coisa. → E o detalhe é que algumas mulheres mães desses pacientes aqui, portanto portadoras, dos 10% dessas mulheres tem uma hemofilia leve pois elas tem TTPA abaixo de 35, então é claro elas tem um X bom e um X ruim, o X bom consegue resolver o problema, produz fator VIII suficiente, mas elas não tem a quantidade fator VIII que elas teriam se elas tivessem os 2 X normais. → Então elas não tem uma clínica, mas ao medir o TTPA você observa que 10% das mulheres portadoras tem TTPA de hemofilia leve. → Aqui no caso da hemofilia A você pode fazer o diagnóstico molecular através de um teste de inversão do íntron 22, isso acontece em quase metade da hemofilia A. não existe inversão praticamente na Hemofilia B. isso é uma característica da hemofilia A. na B não temos essa facilitador do diagnostico, então metade da hemofilia A conseguimos fazer o diagnóstico por meio dessa inversão . e o resto são mutações de todo jeito que encontramos, tem que sequenciar para ver HEMOFILIA B → é a falta do fator IX → Gene F9 → Também uma doença ligada ao X, causada pelos mesmo sintomas: hemartrose, sangramento intracranial, hematomas musculares profundos, sangramentos prolongados pós-trauma, cirurgia, extrações dentarias, etc → Classificação é muito parecida: severa abaixo de 1%; moderada de 1 a 5 e leve de 6 a 30. E também 10% das portadorastem uma atividade menor do que 30%, portanto tendo uma sintomatologia de hemofilia leve. Mesmo sendo portadoras → Diagnostico molecular teria que sequenciar o gene com Fator XI, a gente não tem aquela inversão grande aqui, tratamento também com concentrado de fator 9, esses pacientes tem que viajar com esses concentrados HEMOCROMATOSE HEREDITÁRIA → Doença que causa sobrecarga de ferro → Gene HFE → A proteína produzida pelo gene HFE é uma inibidora do receptor de transferrina e portanto o HFE é um inibidor da absorção de ferro pelo intestino e mutações no HFE geram situação em que muito ferro é absorvido → Esse alto ferro no organismo gera depósitos hepáticos de ferro, na pele, no coração, nas articulações e dependendo da sensibilidade neuronal ao ferro pode provocar dor abdominal também, fraqueza, letargia e perda de peso → Doença que tem uma heterogeneidade de sintoma muito grande, uma penetrância baixa → Tem gente que tem a doença, tem a genética ruim e que não apresenta praticamente sintoma nenhum, já outros que apresentam sintoma → Existe essa sensibilidade individual para o acumulo de ferro. Somado a isso a questão de ser homem ou ser mulher, já que a mulher é menos afetada pelo acúmulo de ferro → Tratamento é a flebotomia, perda de sangue, se o paciente estiver sintomático, a mulher já faz isso durante o período menstrual, e tentar manter a ferritina abaixo de 50 e a saturação abaixo de 50 SÍNDROME DE DI GEORGE → Deleção 22q11, definida através de cariótipos aonde o cariótipo mostra no cromossomo 22 do braço longo uma perda grande, e esse cariótipo correlacionava com alguma clínica na criança , e além do nome estrutural, deleção 22q11, temos alguns codinomes para a doença, síndrome DiGeorge, síndrome Velocardiofacial, síndrome de shprintzen, CATCH22. O que tem dentro dawuele trecho deletado que causa a doença ainda não se tem certeza, tem uns genes ali, mas o gene mais considerado culpado ali é o TBX1. Síndrome muito grave, quase todos os casos são de novo, quer dizer surgem durante a gametogênese de um dos pais. → O que nos interessa na clínica em especial é a tetralogia de Fallot, temos também anomalias conotruncal e interrupção do arco aórtico, são as alterações cardiológicas que nos interessa, que são mais marcantes na síndrome. → Testes diagnósticos a gente em especial, por ser uma deleção grande pode fazer um cariótipo se for o caso, mais FISH ou MLPA, que detectam deleções grandes. Aqui não adianta sequenciar pq não pega, precisa de um teste genético que pega deleções grandes, que são esses ALAGILLE → Síndrome que a criança tem escassez de ductos biliares, então se você fizer uma biopsia de fígado e mandar para o patologista ele vai dizer que a criança provavelmente tem síndrome de alagille pois ela tem uma deficiência na formação dos ductos biliares. Maior parte também é AD novo pois é uma síndrome grave. E além dessa escassez de ductos biliares, temos defeito cardíacos que marcam a síndrome também e são mais comumente a causa de óbito dessa criança → Diagnostico geralmente por biopsia de fígado é mais fácil, mas pode sequenciar os genes jJAQ1 ou NOTCH2, geralmente é o JAG1 o responsável e, detectando mutações no JAg1. Eventualmente você faz um transplante de fígado, que hoje é uma realidade até aqui pra nos. Então é possível pelo menos do ponto de vista hepático resolver o problema dessa criança BRUGADA → Síndrome de morte súbita, se o paciente relata que na família dele já tem alguns casos de morte por volta dos 40 anos dormindo de noite você deve ficar muito atento a possibilidade dele ser um paciente com síndrome de brugada. Em especial se ele tiver uma carinha de chines, pois essa síndrome é muito mia comum em pacientes com descendência asiática. É causada por uma deficiência num canal de sódio, o que faz sentido, já que o paciente tem morte súbita pois ele infarta, tem uma fibrilação e infarta. Esse é um paciente que respira de noite e parece que está morrendo, deve se ficar atendo. → Diagnóstico é o sequenciamento do gene SCN5A, subunidade 5A do canal de sódio e esse paciente precisa andar com um desfibrilador implantado se não ele vai morrer fibrilando, então tem que estar com a possibilidade de desfibrilar numa crise, é sua chance de não morrer, e morre por volta dos 40 anos de idade. TELEANGIECTASIA → Distúrbio na formação vascular, tanto de vasos pequenos como grandes → Sangue oculto nas fezes → Anemia → Risco de sangramento volumoso levar o paciente a óbito, por má formação de vasos grandes → Tratamento complexo, vai ter que detectar essas má formações de vasos grandes para evitar que causem sangramento profuso e letal SÍNDROME DE HOLT-ORAM → Má formação dos ossos do carpo e má formações cardiológicas com arritmias cardíacas → A mão das crianças permite fazer o diagnóstico na maioria das vezes e um exame cardiológico, um eco, vai nos permitir fazer o diagnostico LEOPARD → Alteração da via do HAS , só que aqui é uma perda de função do gene PTPN11 ou do gene RAF1 → As letras do nome da síndrome dão nome aos achados da síndrome. L vem de lentigo, manchas na pele que lembram sarda. E de alterações no eletrocardiograma, O de hipertelorismo ocular, P de estenose da valva pulmonar. A de anomalias na genitália, R de retardo no crescimento e D de surdez sensorial → E aqui é via do RAS só que é perda de função → Mesmo gene que causa a síndrome de noonan NOONAN → Ganho d função da via, de PTPN11, SOS1... ou de outros membros da via, como o próprio RAF que também causa a síndrome de leopardo → Cardiomiopatia hipertrófica e má formação renal são as principais características SÍNDROME DE WILLIANS → Deleção grande, semelhante a síndrome Di George no cromossomo 22 → Aqui é uma deleção grande no cromossomo 7, no braço longo → Deleção de genes contíguos, então tem vários genes naquela região e não sabemos exatamente qual gene causador do problema, mas considera-se esse gene da elastina um provável causador → Clinica principal é estenose aórtica supravalvar que acontece em b75 % dos casos → Se o cariótipo não pegar vamos fazer teste de MLPA ou de FISH → Tratamento tem que monitorar essas estenoses e alterações cardíacas para tentar tratar
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