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Pedro Henrique Araújo Vilela
História da América II
Questão 1: As reformas bourbônicas tiveram forte impacto tanto na Espanha quanto na América. Explique, com base nos textos e nas discussões desenvolvidas, as principais motivações para a adoção da mesma pela monarquia espanhola e trace um paralelo entre a adoção das reformas e a independência da América hispânica.
De acordo com John Lynch em seu texto “As origens da Independência da América Espanhola”, a Espanha nos séculos XVII-XVIII ainda era uma metrópole subdesenvolvida, em paralelo com outros lugares na Europa, como Inglaterra e França. Sendo um Império que ainda era marcado por um imobilismo cultural e econômico, onde as mentalidades dinásticas não valorizavam o comércio e que dificultava as dinâmicas econômicas do  país, a Espanha via seu declínio de produtividade, como afirma Leslie Bethell: “tínhamos um caso raro na história moderna: uma economia colonial dependente de uma metrópole subdesenvolvida” (p. 19), forçando assim medidas de modernização administrativas, culturais, burocráticas e comerciais de Carlos III, como a historiografia chama de  Reformas Bourbônicas. Contudo, durante a segunda metade do século XVIII, a casa Bourbon toma consciência da situação em que a Espanha se encontrava, uma metrópole com fortes raízes fisiocratas, em que enobrecem donos de terras que adquiriram a partir da compra ou pela coroa real e sua má administração dos recursos advindos da América,  isso é evidente em diversas situações da Espanha e sua relação com as colônias americanas, mostrando dificuldades em explorar suas colônias por falta de infraestruturas, como as navegações mercantes, que muita das vezes a Espanha dependia da marinha de outros países, já que seus navios eram atacados em alto mar. A negligência que a coroa tinha com a América Espanhola nas questões tanto na administração destas como na burocracia, fez com que os Bourbons buscassem pensamentos e filosofias liberais para tentar modernizar sua economia e sua produtividade.
        	A mentalidade Fisiocrata que era predominante na monarquia espanhola, uma vez que, a terra era o maior fruto de  riquezas que o Homem podia ter, fez com que na tentativa de modernização administrativa e burocrática para um maior desenvolvimento de produtividade, chamada de Reformas Bourbônicas, remodelaram o governo imperial e alterou as relações entre os principais grupos de poder (LYNCH, p. 25). Ou seja, criaram-se novos vice-reinados, nomearam novos funcionários com uma administração e vigilância mais rigorosa na população da América (muita das vezes quando peninsulares eram casados com criollos, eles perdoavam ou abaixavam preços dos impostos da coroa), implementaram novos métodos de governo, tudo isso, claro, aumentou de forma lucrativa a renda da monarquia espanhola, de acordo com Lynch a renda da coroa quintuplicou, mas aos olhos das elites locais, essas medidas foram causando mágoas e descontentamento com a Espanha. “O que para a metrópole era desenvolvimento racional, as elites locais interpretavam como um ataque aos interesses locais. É que os intendentes substituíram os alcaldes mayores e os corregidores, funcionários que por muito tempo haviam conseguido conciliar com perícia grandes interesses variados.” (LYNCH, p. 25).
        	Uma das medidas impostas pela Reforma Bourbônica, e de acordo com John Lynch esta medida foi um ato de despotismo e um ataque direto a seus compatriotas em seus próprios países (p.27), a expulsão em 1767 cerca de 2.500 jesuítas das terras americanas, muito deles nativos da América. Em função do status de semi-independência que os jesuítas gozavam e também de organizadores da sociedade, fornecendo alimentos e empréstimos à população hispânica com suas grandes haciendas e independência econômica, fez com que as medidas tomada pela coroa fosse uma afirmação de um controle imperial, utilizando-se essas terras já expropriadas do clero regular, foram vendidas aos grupos mais ricos da colônia, ou seja, para a elite criolla que dispunham desse dinheiro. Claro que, com a expulsão do clero das terras coloniais, quando o mesmo tinha um papel fundamental para a sociedade em volta, como empréstimos para indígenas e a população local, deixou uma enorme mágoa e crise econômica dessas pessoas que dependiam do clero, de forma que, com uma política de estado assumida pela coroa, aumentando os juros de seus próprios empréstimos à esses povos, fazendo com que endividaram com os juros e tornando assim uma mão-de-obra barata para o governo.
        	A negligência que a Espanha havia feito com a mal administração de suas colônias americanas, possibilitou os criollos um certo grau de crescimento autônomo, entretanto, a coroa com as Reformas Bourbônicas tenta controlar esse comercio libre, ferindo assim a elite criolla que já produziam mercadorias e matérias que a Espanha também já comercializa, forçando assim a colônia ficar dependente dessas importações. Portanto, essas indústrias locais não conseguiram competir com as entradas de produtos importados mais baratos e de melhor qualidade.
“As indústrias têxteis de Puebla e de Querétaro, as abrajes de Cuzcu e de Tucumán, foram todas atingidas pela concorrência daninha da Europa. As exportações de Guayaquil, fonte tradicional de produtos têxteis, para muitas partes da América declinou de 440 fardos, em 1768, para 157, em 1788,” (LYNCH, p. 36).
Com toda essa situação delicada que a coroa Espanhola impôs em suas colônias, trouxe junto uma grande tensão dos povos hispânicos em frente à essas medidas administrativas e burocráticas, principalmente com as elites criollas que era o grupo mais sensível entre os povos hispânicos, um grupo que tinha muito a perder em relação à outros grupos, como os peninsulares, que se perdessem tudo poderiam voltar para Espanha e ocupar algum cargo para a coroa. Essa desamericanização do poder público e do comércio livre, destruindo industrias e aumentando impostos sobre a transição comercial em 6% (imposto alcabala), revelando-se dentro dessas medidas um conflito e uma permanente frustração dos povos coloniais e principalmente o poder de iniciativa da elite criolla em industrializar e modernizar a produção agrícola. 
Questão2: No contexto do pós-independência , as balanças comerciais das antigas colônias espanholas ficaram negativas. Discorra sobre as causas levando em consideração os diferentes contextos.
	Em 1808 é um marco temporal histórico para a América. As colônias espanholas começam uma transição de guerras pela independência de suas colônias quando no mesmo período na Espanha, o exercíto francês começa uma invasão pela Península Ibérica que desencadeou uma separação de relações comerciais entre a Espanha e também com Portugual em suas colônias, forçando a coroa portuguesa ir de mudanaça para o Rio de Janeiro. Portanto, começa em mais ou menos entre 1808 até 1825 processos de separação definitivas da América espanhola com a Espanha, ou seja, guerras de independência e formação dos Estados Nações. Este foi um processo longo e bastante danoso para as regiões hispânicas, onde cada lugar tinha suas elites locais com seus próprios interesses e movimentos, mesmo Bolivár com sua tentativa que foi falha em unificar essas nações no Congresso do Panamá em 1826, chamada de Unionismo.
	Por consequência dessas guerras de independências e os interesses próprios de muitas elites criollas em diferentes regiões que estavam em constantes conflitos, a balança comercial fica desfavorável sem a dinâmica de relações com a Espanha que se disfez nesse mesmo período. Muitos fatores levou à essa destabilização ecônomica, principalmente aos estragos causado pelas guerras de independência que, em muitos lugares duraram quase uma década, como no caso da Bolívia. Toda essa situação de guerras, até mesmo conflitos internos para atestar a superioridades das elites dominantes, criou-se uma crise muito profunda na América espanhola, como a fuga de capitais locais para outros lugares com medo de acabar investindo nessas terras e perder tudo.Entretanto, a relutância desse capital local e o investimento estrangeiro não foram as principais razões para o lento crescimento das economias de exportação da América Latina período pós-independência (DONGHI. p. 286), e que, de acordo com Donghi, o que devemos nos concentrar para analisar a escassez de capital na América Latina é sobre os danos causados pelas guerras, isto é, a perda de recursos naturais como minas de metais preciosos, gados e plantações que foram queimadas, mas também sua instabilidade nos sistemas econômicos, jurídicos e sociais que esses eventos causaram.
	Contudo, visto que a América acaba redefinindo no pós-independência suas relações com mundo, abrindo suas redes comerciais para outros lugares, foi necessário empréstimos para que houvesse um equilíbrio dessas relações. Por volta de 1820 e adiante, a América recebeu capital estrangeiro necessário para a retomada do sistema mercantil como armazéns, meios de transporte, e mais tarde nos centros comerciais (DONGHI, p. 284). Mas quase todos os países deixaram de pagar os juros colocados pelos ingleses, devido que, o capital estrangeiro deu apenas para suprir o desequilíbrio que a América sofria pós-independência. Estas dívidas que não foram pagas ficou chamada de bancarrota. É interessante notar que, com as redes comerciais totalmente abertas para a Inglaterra e seus produtos, houve também um enorme grau de consumismo pela população latino americana, uma vez que, quando suas relações comerciais eram ligadas a Espanha, os impostos colocados pela coroa eram muito maiores quando a América consquistou sua independência, podendo assim, comprar produtos direto de países como a Inglaterra pelo menor preço. Claro que, a Inglaterra explorou de todas as formas essse método lucrativo nas terras americanas, e como consequência, os produtos produzidos aqui não conseguiam concorrer com produtos vindo de fora, como fez os Estados Unidos e Inglaterra na primeira metade do século XIX.
	Já no terceiro quarto do século XIX, por volta dos anos 1850 à 1875, ocorreu na América sua primeira estagnação econômica pós-independência, já que as relações econômicas e os conflitos internos estavam abaixando suas tensões e o setor industrial começou a dar seus primeiros passos novamente. O surgimento de novas tecnologias como o telegráfo, as novas linhas comerciais, o interesse de capitalistas para investir na América, fez com que a América Latina perdurasse suas relações econômicas com o mundo.
“Na década de 1860, foram fundados os primeiros bancos privados estrangeiros especializados no crédito ao comércio ultramarino e na transferência de fundos entre a América espanhola e a Europa: bancos ingleses que se fundiram mais tarde sob a designação de Banco de Londres, México e América do Sul.” (DONGHI, p. 312).
Referências Bibliográficas
LYNCH, John. As origens da Independência da América Espanhola. In: BETHELL, Leslie Ed. (Org.). História da América Latina. Da Independência até 1870. São Paulo: EDUSP; Imprensa Oficial do Estado; Brasília, DF: Fundação Alexandre Gusmão, Vol. III, 2001.

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